De Arsénio de Sousa Pires a 30 de Março de 2020 às 16:02
Sr. Sarin, boa tarde.
Espero que a nossa luta contra o inimigo comum, a Covid-19, esteja a ter êxito tanto pelos aportes que a ciência consegue e nos comunica como pela atitude responsável de cada um de nós.
Este é o nosso objectivo único.
Todas as minhas intervenções vão nesse sentido. Se o Sr. Sarin as entendeu em sentido diverso, peço desculpa. Nunca foi minha intenção que tal acontecesse.
Assim entendidos, quero concluir este nosso diálogo do modo seguinte:
1. Ao público em geral, ao qual pertenço, não interessam os processos e respectiva nomenclatura por que se regem, neste caso, os cientistas da área da saúde.
A nós só interessa saber o que, segundo o entender deles, nós temos de fazer para contribuirmos nesta luta contra a Covid-19 que se quer seja um luta de todos em favor de todos.
2. Uma PROVA de que o termo MITIGAÇÃO não me parece ser o mais adequado para transmitir ao grande público a mensagem que se pretende é que, entre os que intervieram neste post e noutros em que estou envolvido, não há uniformidade. Aliás, a grande maioria não o entende.
Logo, apesar de tudo o que possamos dizer, o termo não é claramente perceptível tendo em conta o objectivo que se pretende. Ou seja, apalavra MITIGAÇÃO é incorrecta segundo os bons princípios duma boa comunicação. Daqui, é difícil fugir se tivermos em conta, e temos de ter, o público a que se têm dirigido sem qualquer pedagogia explicativa de tal palavra.
Nada mais me apetece acrescentar sobre este tema.
Peço-lhe que não me interprete mal pois a minha intervenção foi, e é, só a favor da luta pelo bem comum. Aliás, foi assim que terminei o meu post como resposta à sua primeira intervenção aqui neste blogue.
Sr. Sarin, não é meu hábito combater ou acusar pessoas mas tão só, discutir ideias. As pessoas são, para mim, um valor absoluto. As ideias são discutíveis e... muito relativas.
Estou bem ciente de que o meu ponto de vista é só a vista que eu tenho a partir dos meus valores e experiências. Aqui, sou claramente assertivo mas parto sempre do princípios que os outros têm igual direito e dever.
Foi bom falar consigo. Li o seu postal no blogue. Vi pontos de vista que ainda não tinha visto. Obrigado.
Os meus cumprimentos com votos de boa saúde e bem-estar nesta quarentena que a todos protege.
Arsénio Pires
De
Sarin a 30 de Março de 2020 às 20:03
Olá, mais uma vez.
Como disse já à Isabel, li vários textos a ecoarem tal dúvida e, na maioria, esta foi usada como questionando a credibilidade da DGS. Não me referia a este diálogo a três, o único que encetei pois, quando comecei a ler outros autores, percebi que ou me repetia ou abordava o tema no meu blogue. Aliás, tive o cuidado de apontar que haveria quem levantasse a dúvida por genuíno interesse. Quanto a este ponto, nem tem de pedir desculpa nem eu espero ter de pedir pois os "tirinhos" não se vos referiam.
Quanto ao seu ponto 2, volto a frisar que as autoridades explicaram, e muito bem e muitas vezes e em muitos canais, o que é a FASE DE MITIGAÇÃO. Que é uma fase e não um acto, e suponho que começa logo aqui a confusão para quem conheça o termo. Depois, e pegando num exemplo dado pela Isabel, o verbo MITIGAR é usado em "mitigar a fome" exactamente com o mesmo significado que em "mitigar a doença". A confusão será por insistirem em, neste caso, ver a mitigação do lado das medidas e não do lado do agente. Mas no caso da mitigação da fome já vêm do lado do agente porquê, se o agente é a fome e não o alimento? Mais uma vez, a dúvida surge não por uma questão de linguística mas por falta de compreensão dos fenómenos.
Nunca ninguém disse que a Fase de Contenção se chamava "de contenção" por conterem as pessoas. Pelo contrário, sempre ouvi Graça Freitas explicar muito bem o que era cada uma das fases, o que representava para a população e quais as resposta das autoridades e do próprio sistema de saúde, tendo o cuidado de explicar, também, os poucos termos técnicos usados.
Permita ainda que discorde sobre a questão de quem tem de adaptar o léxico: estamos em plena mitigação de uma das mais virulentas pandemias dos últimos 120 anos. As autoridades têm comunicado recorrendo a bastante menos termos técnicos do que seria expectável no meio de uma guerra, o que denota uma preocupação com a comunicação. Se, ainda assim, subsistem dúvidas quanto à terminologia, são os linguistas e os jornalistas que as devem esclarecer, pois estes é que são os profissionais da comunicação. Esclarecer passa por perceber o porquê de tal termo antes de, liminarmente, o classificar como inadequado - exactamente o contrário do que li à maioria dos tais outros autores e que, de alguma forma, o Arsénio também sustenta. Por outro lado, o Arsénio diz que à população apenas interessa saber o que deve fazer. Lamento contradizê-lo, mas é fundamental que as autoridades expliquem os processos, pois a era das tecnologias de informação é, também, a era da desinformação. Particularmente, defendo que todos os cidadãos devam (sublinho a escolha do verbo) ter formação anual sobre temas vários da cidadania - incluindo resposta a emergências e catástrofes, o que pouparia este desconhecimento sobre higienização das mãos e etiqueta respiratória ou estas questões sobre a terminologia técnica. Mais, defendo que tais matérias deveriam ser de ensino obrigatório a partir dos 4 anos de idade e durante toda a escolaridade, mas este é já um tema paralelo à discussão.
Estamos unidos no combate a vários vírus, não apenas ao SARS-CoV-2 mas também ao da má comunicação e a outros similares. Que não nos faltem as forças nem a calma.
Cumprimentos, e mantenha-se seguro
[Já agora, não gosto de Sarin antecedido de abreviaturas mas, se insistir, será mais adequado "Sr.a" :)]
De
Sarin a 31 de Março de 2020 às 00:03
Verifiquei agora que tenho um erro grosseiro mas não intencional na minha última resposta.
Lamento, escrever no telemóvel nem sempre é fácil.
Por favor, onde está
"Mas no caso da mitigação da fome já vêm do lado do agente porquê, se o agente é a fome e não o alimento? " leia-se
Mas no caso da mitigação da fome já vêem do lado do agente porquê, se o agente é a fome e não o alimento?"
Boa continuação, obrigada por este debate a três e mantenham-se seguros
Obrigada, Sarin.
Quando uma pessoa escreve correCtamente a nossa Língua Portuguesa, as "gralhas" podem acontecer inadvertidamente, e quem lê imediatamente leva o "erro" para a "gralha" e não para o "erro".
Obrigada nós, pela sua disponibilidade, e que esteja em segurança também.
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