Agradeço encarecidamente a sua explicação, Sarin.
O texto em causa, saiu publicado no Facebook, e foram muitas as pessoas comuns, não habituadas à especificidade dos termos que os técnicos usam entre si, que, em mensagem privada, puseram a questão.
A Língua Portuguesa tem destas coisas, e numa época em que a Língua é usada atabalhoadamente, até por quem tem o DEVER profissional de a usar adequadamente, é muito natural que as pessoas se interroguem, até porque o termo MITIGAÇÃO é usado noutros contextos, em que a percepção do comum dos mortais é que “algo está a ser atenuado”.
O Sarin diz que “os termos técnicos não se destinam ao grande público, mas aos técnicos e à perspectiva em que laboram”. Concebe-se que os técnicos lá terão as suas explicações para usar a “mitigação”, nesta nova fase do combate à Covid-19, mas que o termo induz em erro, os que não estão habituados a termos tão técnicos, induz. E o momento não será apropriado para induzir em erro, mas para ser-se absolutamente claro na mensagem que se quer passar, às pessoas que, avidamente, esperam ouvir uma palavra de esperança. Ora a palavra MITIGAÇÃO é uma palavra de esperança, mas, ao que parece, NÃO É. E isto causa uma certa confusão.
Daí que, como perguntar não ofende, e nem todos são obrigados a ser peritos em termos técnicos, que têm um significado específico, para os técnicos, mas podem significar o seu contrário, penso que, portuguesmente falando, foi útil levantar esta questão, porque de iliteratos todos temos um pouco, quando se trata de matérias que não dominamos. Já lá dizia Einstein. Por isso, a clareza é fundamental, em tempos em que o desconhecido nos cerca.
De
Sarin a 27 de Março de 2020 às 12:37
Concordo plenamente com a necessidade de clareza e de veicular devidamente a informação. Mas os técnicos explicaram e muito bem o que é a fase de mitigação. Caberia aos linguistas, eventualmente também aos jornalistas, explicarem que a palavra é usada num contexto técnico específico e sob um prisma diferente do normalmente usado. Cada técnico na sua área, portanto.
O meu alerta foi também um relembrar que a nossa língua tem palavras homónimas com significados quase opostos - relevar, por exemplo - e que o papel do linguista pode ser determinante no esclarecimento destas aparentes contradições.
A iliteracia advém do excesso de notícias e artigos com défice de informação, porque os termos são propalados sem esclarecimento por parte de quem deve esclarecer - mais uma vez, cada técnico na sua área. Porque, como muito bem diz, quem comunica deve fazê-lo de forma clara e ninguém é obrigado a conhecer conceitos técnicos.
Exactamente, Sarin.
As mensagens, num momento destes, em que todos os olhos e ouvidos estão postos nas televisões e nos técnicos de saúde, deveriam ser absolutamente claras, e os técnicos deixarem um pouco de lado a tecnicidade, até porque não estão a comunicar entre eles, mas com um povo de vários estratos literários.
De qualquer modo, a "mitigation phase" existe, está a ser implementada, e as pessoas não podem ter a mínima dúvida.
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