Ontem, e uma vez mais, a TVI demonstrou estar de pedra e cal na senda do retrocesso.
No Jornal das 8, apresentou uma reportagem que, camuflada na Festa das Vindimas, em Palmela, fez a apologia da selvajaria tauromáquica, entrevistando crianças a quem fizeram lavagem cerebral.
Foi triste, muito triste, ver aquelas crianças sem perspectiva de um futuro civilizado, com o aval da TVI… um canal para continuar a boicotar.
Na referida reportagem, vê-se um terreiro medieval, para onde atiraram um Touro embolado, completamente perdido, fora do seu habitat, rodeado por criaturas histéricas.
Tal cenário remeteu-nos para a Idade Média, quando o povo inculto, se divertia a maltratar animais, anões e gente desfigurada.
Uma rapariga, a quem a jornalista perguntou se alguém se fere nestas largadas, respondeu que o “um senhor levou porrada, mas faz parte…».
Faz parte. Leva-se porrada, fica-se estropiado e até se chega a morrer, nestas imbecis largadas de Touros. Mas… faz parte. E o fatalismo deste “faz parte” diz da mentalidade pobre e podre desta gente, criada para ser imbecil o resto da vida.
O que mais me chocou, ao ver esta reportagem, foi a lavagem cerebral a que são submetidas as crianças, que crescem naquele ambiente selvático, e para quem o sofrimento do Touro é completamente indiferente.
Um pai, com um filho ao colo, chegou a perguntar-lhe em frente à câmara da TVI: «diz o que queres ser quando fores grande». O miúdo hesitou. Hesitou… mas lá foi dizendo com dificuldade: «quero ser bandarilheiro» (é que bandarilheiro é uma palavra penosa até na pronúncia). E o pai riu-se, satisfeito com esta futura “profissão” do seu filho. E a esta crueldade a CPCJ não está atenta.
Bem, isto foi de uma miséria moral, cultural e social extraordinária.
Se não soubesse que a TVI está comprometida com o retrocesso, diria que esta reportagem foi realizada com a intenção de chamar a atenção precisamente para essa miséria.
Mas infelizmente não foi.
A TVI está a promover a selvajaria tauromáquica.
E nós, Portugueses, comprometidos com a excelência, temos de a despromover, como já a despromovemos na RTP1 e na CMTV.
Isabel A. Ferreira