Quando me vi com Tiiti de Gayport – Tributo ao Amor, o livro de Maria Helena Capeto, nas minhas mãos, o meu primeiro gesto foi acariciar o rosto de Tiiti, na capa do livro, numa espécie de ritual de boas vindas. E mal sabia eu o que esperar desta leitura.
Este é um livro que todas as pessoas devem ler, porque aprenderão a viver em harmonia com a Vida, com a Natureza e a compreender melhor o Universo, não o Universo que nos “mostra” a Ciência, mas o outro, aquele que é o verdadeiro Universo, onde toda a Vida está entrelaçada, e que apenas uns poucos alcançam.
Li este livro avidamente.
Trata-se de uma fascinante declaração de amor eterno a um ser que escolheu a autora para com ela partilhar as alegrias e as tristezas da própria existência.
Quando temos um animal, não somos nós que o escolhemos. É ele que nos escolhe. É ele que, de um modo ou de outro, vem ter connosco, ou leva-nos até ele, para que o recebamos e com ele partilhemos a vida e as emoções, com uma cumplicidade única e inevitável.
Mas Tiiti é também um ponto de partida para uma reflexão intimista de uma outra realidade que foge aos nossos sentidos mais terrenos.
Com Tiiti, Maria Helena Capeto compreendeu que «tudo faz parte do mesmo tecido cósmico, tudo nele está entretecido e entrelaçado», e a partir daqui, reescreveu magistralmente os conceitos que temos da Vida, da Natureza, do Cosmos, da Ciência que não nos diz nada, ou quase nada, porque a essência do mistério da Vida não é para dizer, mas para sentir. Para intuir. Para ser, sem ter como ser provado.
Com Tiiti de Gayport confirmei o que sempre havia intuído: os homens não têm a capacidade de compreender a linguagem da Natureza, como têm os animais não-humanos, que o homem tanto nega e menospreza. E no entanto, considera-se uma espécie “superior” a todas as outras espécies. E não tem motivo algum para tanto.
Saberá realmente o Homem quem é o Homem, de onde vem e para onde vai, e qual o seu verdadeiro lugar no Cosmos?
O animal humano vê o mundo à medida da sua estreiteza de espírito.
Fascinei-me com a lucidez com que Maria Helena Capeto nos coloca diante da nossa insignificante “civilização”, que pode ser destruída num segundo, se assim o entender a Mãe Natureza.
E o que é o homem perante a força ingovernável dessa Natureza?
O homem julga-se o dono do mundo, o dominador do mundo.
Como se engana!
Quem domina o Planeta são as poderosas forças da Natureza, que o homem não tem como vencer.
O homem é apenas uma pequena porção daquela poeira cósmica de que todas as coisas terrenas e não-terrenas são feitas. Todas, incluindo os animais, ditos não-humanos, tão desvalorizados pelo homem.
Se a humanidade, e apenas a humanidade fosse exterminada hoje, os restantes animais e as plantas continuariam a viver, agora mais tranquilamente sem a predação humana.
O que dizer mais sobre Tiiti de Gayport?
Ocorre-me declarar que, a partir desta leitura, fiquei com a certeza de que a Natureza é a medida de todas as coisas, e não o homem, como ele julga que é.
Sejamos humildes.
Termos consciência de nós próprios é sabermos que não fazemos qualquer falta a nenhuma outra criatura. Pelo contrário, o homem sem a restante vida planetária não sobreviveria nem um só dia.
Obrigada, Maria Helena Capeto, por esta bela lição de Amor, que tão profundamente me tocou.
Isabel A. Ferreira