Vou aqui transcrever duas cartas escritas por jovens, e dirigidas ao governo central, em 2013, esperando, até hoje, uma resposta que não veio, e nunca virá, porque os governantes são assim: quando precisam de votos, andam pelas ruas a mendigar os votos; mas quando já estão no poleiro, desprezam os votos, que hipocritamente mendigaram com beijinhos e abraços e promessas, e põem-se ao serviço dos Grupos de Pressão Económica, esquecendo o Povo que neles votou.
E isto tem um nome (muito feio).
Isabel A. Ferreira
«Exmos. Senhores,
O Homem evolui em muitas coisas, mas insiste em manter outras.
Nas touradas há interesses instalados. Normal.
Touradas são actos próprios de uma época medieval, em que não havia sensibilidade nem conhecimento científico.
Não será o caso, no tempo actual. Todos sabem do sofrimento dos animais.
Mas há aqueles que fazem de conta que não vêem. Tudo porque têm interesses, ou não querem pôr em causa os tais interesses instalados.
Estes, se não tiverem influência no poder, são meras marionetas que se limitam a vegetar na sociedade. Sem causas, sem valores, sem respeito pelo sofrimento. São seres humanos que servem apenas de estrume à sociedade deixando um cheiro pestilento de neutralidade.
Mas os que têm influência no poder e nada fazem para alterar esta questão – como será o vosso caso – esses, se nada fizerem para alterar esta realidade, o que serão? Com que consciência vivem? O que conta para eles? Será apenas o aplauso de uma minoria que trata o sofrimento de forma descartável que lhes enche o ego? Não conseguem ter causas, para não afrontar os interesses instalados?
Por favor, reflictam e ajam conforme o valor que, de facto, tendes.
Cumprimentos,
Pedro Gouveia
***
«Exmos. Senhores,
Venho apelar à vossa sensibilidade para que termine a tourada no nosso país. Além do dinheiro público ter fins bem mais dignos do que apoiar esta barbárie, é importante que de uma vez por todas este país entenda que torturar animais inocentes não é forma de divertimento.
Como não se pode mudar mentalidades de um dia para o outro, pelo menos que existam leis que proíbam esta carnificina. As leis existem, aliás, unicamente porque o ser humano não respeita os valores fundamentais.
Não vinga já a questão da tradição, uma vez que tal não pode aplicar-se a algo absolutamente imoral. Tradição era a escravatura de seres humanos, a pena de morte ou a mulher não ter direitos.
Há tradições que são cultura e há outras, como a tourada, que remontam a estádios de vivências pré-históricas de que o homem civilizado se deve envergonhar e não deve transmitir aos seus descendentes (aliás este é o significado de tradição).
Peço apenas para que defendam o direito à vida e a não sofrer maus-tratos que todos temos na lei, inclusive os outros animais (não percebo porquê a distinção entre eles e os touros e cavalos intervenientes nas touradas). Esta excepção aliás, parece-me tudo menos ética.
O que está em causa na tourada é a tortura lenta e sádica de seres vivos como nós, capazes de sentir dor como todos os seres humanos, os cães e os gatos que temos em casa.
A vós, que tendes o poder de alterar a lei para que esta tortura tenha um fim, apelo para que não continuemos a ser a vergonha dos países civilizados da Europa. Vários já nos excluíram das suas rotas de turismo enquanto tivermos este espectáculo degradante!
Têm aqui uma oportunidade de fazer História e os vossos nomes ficarem lembrados como aqueles que aboliram a tourada em Portugal.
Agradeço a vossa atenção e reflexão.
Lígia Pires
Nem tudo o que reluz é ouro...
Leiam e pasmem!
«É uma imagem poucas vezes vista, infelizmente, não porque não estejam lá mas porque muitas vezes não se querem deixar ver. Os políticos gostam da Festa dos Toiros mas nem sempre dão a cara pela mesma com medo, ainda assim, não percam meia dúzia de votos.
No entanto, existe sempre quem não tenha qualquer pudor e vergonha de assumir aquilo que gosta e exprimir a sua liberdade de opinião.
Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, um dos mais conhecidos e queridos políticos portugueses, esteve ontem na trincheira da bonita Praça de Toiros de Sobral de Monte Agraço, onde não só assistiu ao Festival Taurino Misto, como apoiou os jovens toureiros!»
in:
***
Então? Mas que contradição é esta?
«É uma imagem poucas vezes vista, infelizmente, não porque não estejam lá mas porque muitas vezes não se querem deixar ver? Os políticos gostam da Festa dos Toiros mas nem sempre dão a cara pela mesma, com medo de perderem meia dúzia (só meia dúzia?) de votos?
Muitas vezes não querem deixar-se ver nas touradas, porquê?
Nem sempre gostam de dar a cara com medo de perder votos, porquê?
Então a “festa dos toiros” não é ARTE? Não é CULTURA? Não é a identidade cultural dos portugueses? Não é o que dizem os pró-touradas? Não é o que pensa Marcelo Rebelo de Sousa, candidato a presidente da república (assim com letra minúscula… porque… porque… ora porque sim…)?
A tourada é lá coisa de que alguém como Marcelo Rebelo de Sousa tenha de se envergonhar?
Então e os políticos que gostam de ópera, teatro, ballet, cinema, que também é tudo Arte e Cultura, ao nível da “festa dos toiros” também esconderão a cara quando lá vão?
Nãooooo!
Então por que haveria Marcelo Rebelo de Sousa de não dar a cara por tão nobre, tão elevada manifestação cultural, no Sobral Monte Agraço, que é assim uma espécie de Viena d’Áustria da cultura portuguesa?
Por que razão Marcelo Rebelo de Sousa não haveria de apoiar os torturadores de bovinos, que são a nata da sociedade portuguesa?
Isso não faz parte da cultura culta de um professor universitário?
***
Portugueses,
Seria vergonhoso, Portugal ter como presidente da República um indivíduo assumidamente aficionado de selvajaria tauromáquica; um indivíduo que aplaude a tortura de um ser vivo; um indivíduo que se diverte com o sofrimento atroz de um ser senciente, indefeso, inocente e inofensivo.
Colocar Marcelo Rebelo de Sousa no poder é desrespeitar a dignidade da República Portuguesa.
Pensem nisto.
Isabel A. Ferreira
Lembrem-se de que a abstenção só favorece os maus políticos
Não queremos que Portugal se afunde mais do que já está afundado.
É URGENTE EVOLUIRMOS…
Pensem nisto.
Chega de mais do mesmo.
Não vou apelar ao voto deste ou daquele partido.
Só apelo para que não votem nos que já passaram pelo poder e nos deram razões mais do que suficientes para não confiarmos neles.
É necessário e urgente mudar o rumo político do nosso país.
Lembrem-se de que os ideais de Abril ainda não foram cumpridos.
Vivemos numa falsa democracia, constituída por um governo que foi eleito por uma minoria votante. Graças à abstenção, aos votos brancos e aos votos nulos.
Não queremos, não merecemos mais do mesmo.
Mudem o rumo do vosso voto.
Milhares de portugueses têm todas as razões para não votarem nos partidos que já passaram pelo poder e destruíram o país.
As sondagens (nas quais não acredito, de todo) dizem que milhares de portugueses, apesar de terem todas as razões para não votarem nos mesmos de sempre, vão escolhê-los para que fatalmente se continue a destruir Direitos e a esmagar a Honra de Portugal.
No próximo dia 4 de Outubro, sejam lúcidos.
Tenham bom senso.
Votem. Mas não nos dêem mais do mesmo.
Por favor!
ESCLARECIMENTO SOBRE VOTOS BRANCOS E NULOS
Acerca dos votos em branco e nulos, a bem do esclarecimento público, esclarece-se em termos jurídicos o seguinte:
"É verdade que os votos em branco e nulos são contabilizados.
Porém, são à partida separados dos restantes votos: veja-se o art. 102.º, n.º 1, da Lei Eleitoral da AR, a respeito da “Contagem dos votos”:
"1 — Um dos escrutinadores desdobra os boletins, um a um, e anuncia em voz alta qual a lista votada. O outro escrutinador regista numa folha branca ou, de preferência, num quadro bem visível, e separadamente, os votos atribuídos a cada lista, os votos em branco e os votos nulos.”
O art. 103.º regula o destino dos boletins de voto nulos: “Os boletins de voto nulos (…) são, depois de rubricados, remetidos à assembleia de apuramento geral, com os documentos que lhes digam respeito.”
Isto significa que o voto nulo e o voto em branco nem sequer são englobados na percentagem, não contam em termos de eleger ou impedir a eleição de nenhum candidato:
Ler mais neste link:
http://www.publico.pt/politica/noticia/o-sentido-do-voto-em-eleicoes-parlamentares-1635335?page=-1
«Enquanto eu conseguir discernir, recuso-me a engrossar rebanhos»
Uma vez que, depois de longos anos a pugnar pelos direitos dos seres humanos nascidos e por nascer, com muitas mais vitórias pessoais do que derrotas, decidi abraçar a causa da Abolição da Tauromaquia em Portugal e nos outros oito países que ainda não saíram das trevas medievais em que continuam mergulhados por mera incapacidade mental dos seus governantes se libertarem dessa maldição, e de um sistema político onde impera a corrupção, a falta de vergonha na cara e a inexistência total de brio pessoal, profissional e humano, os meus votos concentram-se no mais profundo desejo de que todos os deuses de todos os olimpos abram, nas mentes desses governantes (que por qualquer razão desconhecida ainda não se aperceberam de que o ano de 2015, que agora se inicia, não é o do tempo dos hurritas, que viveram na antiga Suméria, mas sim o ano de 2015 depois de Cristo) um caminho para que a humanização, a lucidez, a lógica, a racionalidade, a ética, o bom senso, a sensibilidade, a cultura culta, a evolução e principalmente a luz do conhecimento possam ser assimiladas e postas em prática nos mais básicos actos da governação.
Basta de tanta escuridão.
Basta de tanta ignorância.
Basta de tanta incultura.
Basta de tanta insanidade.
Basta de tanta desumanidade.
Isabel A. Ferreira
Explicações que não alteram em nada a imoralidade de se continuar a subsidiar ganadeiros, para que inocentes e indefesos bovinos sejam torturados até à morte, e enriquecer e divertir uma minoria absolutamente inculta
No seguimento da minha Carta Aberta dirigida aos deputados portugueses do Parlamento Europeu, que votaram contra (ou se abstiveram ou simplesmente não votaram) o fim dos subsídios a ganadeiros, para que estes possam continuar a enriquecer à custa da tortura de bovinos e divertir sádicos, conforme consta neste link:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/carta-aberta-aos-deputados-portugueses-481639
recebi as seguintes mensagens:
«Cara conterrânea, não é verdade que eu tenha votado contra. Abstive-me até em sentido diferente da posição oficial do grupo político que integro.
cump. F. Ruas
Enviado do tablet Samsung»
***
Sr. Fernando Ruas,
A minha carta foi dirigida aos que votaram a favor dos subsídios, aos que se abstiveram, e aos que simplesmente não votaram.
Nos documentos oficiais consta que V. Exa. votou a favor de subsidiar ganadeiros para que se continue a torturar seres vivos, para divertir gente que não evoluiu.
Limitei-me apenas a transmitir as informações que vieram do Parlamento Europeu.
Se não é verdade, terá de tornar pública a posição de V. Exa.
Sempre ao dispor,
Isabel A. Ferreira
***
«Exmo(a). Senhor(a)
Em resposta ao email que me enviou, cumpre-me informar que há uma contra-informação quanto ao meu sentido de voto, não tendo este sido contra a emenda apresentada. A proposta que foi sujeita a votação não introduziria qualquer alteração no que respeita à defesa dos animais, traduzindo-se numa proposta vazia e populista, que ilude os cidadãos europeus. Não podendo, por esse motivo, votar favoravelmente, também não quis votar contra (tal como o indicava o PPE) para não ficar associada ao que, ainda que de uma forma implícita, se critica, o que justificou a minha abstenção. Por exigir precisão na acção política em todas as áreas de actuação, tive o cuidado de apresentar ao Parlamento Europeu uma declaração que enquadra e justifica o meu sentido de voto, que pode ser consultada em
Com os melhores cumprimentos
Sofia Ribeiro
***
Exma. Sra. Deputada Sofia Ribeiro,
Agradeço a resposta de V. Excelência.
Tornarei pública esta informação, embora não altere a crítica que fiz à postura dos deputados europeus, que viabilizaram a continuidade de subsídios a ganadeiros, para que estes possam enriquecer à custa da tortura de seres vivos e divertir sádicos.
Isto é imoral e desumano.
Sempre ao dispor,
Isabel A. Ferreira
***
Senhores deputados, vejam aqui a imoralidade do que ajudam a manter:
http://apodrecetuga.blogspot.pt/2012/05/agora-vai-saber-verdadeira-razao-porque.html#.VE_DBbcqWmw
Transpondo a realidade brasileira para a realidade portuguesa, eis o que também gostaria de dizer
NEM TODOS EM PORTUGAL PASSAM ATESTADOS DE IGNORÂNCIA A SI PRÓPRIOS
A Moção do Bloco de Esquerda intitulada “Tauromaquia como Património Cultural Imaterial da Região de Évora? Não!”, apresentada à Assembleia Municipal de Évora, foi APROVADA.
Acreditam?
Pois é verdade. Nem todos os autarcas das terrinhas tauricidas vivem na Idade Média. Nem todos são incultos.
Transcrevemos aqui o texto da Moção, para que se “beba” estas palavras que dizem tudo o que deve ser dito numa moção destas.
Ainda bem que há gente inteligente no meio de tantos inscientes, que existem por esse país fora, e que não têm a noção do ridículo, ao declarar tortura de seres vivos como um património de INTERESSE municipal.
«É hoje inegável, face ao que são evidências científicas, que a maioria dos animais, incluindo cavalos e touros, são seres sencientes, capazes de sentir dor e prazer. É, também, inegável, que os actos que decorrem nas touradas provocam dor e sofrimento aos animais.
Considerar que a tourada é uma manifestação cultural, que faz parte da nossa identidade é de um determinismo atroz. A cultura não é uma realidade estática, mas dinâmica, e está em permanente processo de construção. Muitas tradições se têm perdido e não foi por isso que perdemos a nossa identidade. Aliás, o progressivo abandono de tradições retrógradas, contrárias a um sentido humanista de cultura, como aquilo que contribui para nos tornarmos melhores seres humanos, é o que caracteriza a evolução mental e civilizacional das sociedades e melhor corresponde à sensibilidade contemporânea.
Uma cultura que ritualiza e glorifica exercícios de domínio, de subjugação e de violência não é aceitável em pleno século XXI.
Assim, e sabendo que o Município de Évora reconhece a importância dos direitos dos animais, consagrados na Declaração Universal Dos Direitos dos Animais, a Assembleia Municipal de Évora recomenda à Câmara Municipal de Évora que rejeite reconhecer a tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal, comunicando esta rejeição à Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central.
Évora, 28 de Setembro de 2012
O deputado municipal eleito pelo Bloco de Esquerda
Bruno Manuel dos Santos Martins»
Votos a favor - 17 (1 BE + 11 CDU + 5 PS);
Abstenções - 9 (3 CDU + 6 PS);
Votos Contra - 13 (1 CDU + 7 PS + 5 PSD