Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os deputados Mariana Silva e José Luís Ferreira, do Partido Ecologista “Os Verdes” solicitaram ao Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte questão, para que o Ministério do Ambiente e da Acção Climática possa prestar os seguintes esclarecimentos:
Teve o Ministério do Ambiente conhecimento da organização e ocorrência da referida montaria na Quinta da Torre Bela na Azambuja? Quando e de que forma?; A concessão da presente Zona de Caça Turística foi feita por que período?; Tem o ministério, ou o organismo responsável feito o acompanhamento e fiscalização da actividade cinegética nesta ZCT ao longo da sua concessão, e é feita a contabilidade do número de animais abatidos por ano nesta como nas restantes Zonas de Caça Turísticas?; No plano de ordenamento e exploração cinegética da Zona de Caça Turística da Quinta da Torre Bela não há um limite para o número de animais abatidos por caçador e por jornada de caça? E nas restantes Zonas de Caça Turística?; Numa actividade desta natureza qual é a o procedimento que é feito nomeadamente em: autorização, acompanhamento e fiscalização, inspecção veterinária dos animais abatidos, censo das populações dos animais abatidos?; Como está a ser feito o censo anual das populações cinegéticas e que impacto tem tido a caça nestas populações?; Quantos efectivos do corpo de Vigilantes da Natureza e ou Guardas Florestais estão afectos à zona onde se localiza a Zona de Caça Turística da Quinta da Torre e que condições têm para monitorizar as actividades cinegéticas que aí decorrem?; Que outros espaços no país têm condições para que aconteçam situações semelhantes sem o conhecimento público?
Questões que também todos nós, que lutamos pela defesa dos Direitos de TODOS os Animais, queremos ver respondidas.
Os rostos destas crianças pintados de sangue dos animais mortos, diz da imoralidade desta actividade.
Fonte das imagens:
https://www.facebook.com/photo?fbid=3384483391648990&set=pcb.3384483481648981
De acordo com o requerimento enviado pelo “Os Verdes” ao presidente da Assembleia da República, a organização de batidas e montarias à caça grossa, num acto de tamanha dimensão, chocou aquele Partido Ecologista, tal como chocaram igualmente a opinião pública as notícias e imagens que vieram a público dando conta de uma massiva matança de ungulados na Zona de Caça Turística da Quinta da Torre Bela, no Concelho da Azambuja, pela violência e exibicionismo do acto, pela ostentação das imagens e, sobretudo, pela sensação de impunidade associada ao acto e nítida ausência de uma autoridade monitorizadora e fiscalizadora da actividade cinegética.
A “Os Verdes” também chocou o facto de que as autoridades competentes tivessem tido conhecimento deste massacre através da comunicação social, sem que tenha sido dado qualquer parecer ou autorização pelo organismo que tutela a caça, para que esta actividade pudesse ter tido lugar. Ao que tudo indica nem antes nem depois da contabilidade feita ao número de animais abatidos, refere o requerimento.
De acordo com as várias notícias saídas a público, nos órgãos de comunicação social, a montaria ou batida terá tido lugar no passado dia 17 de Dezembro, na quinta feira, na Zona de Caça Turística da Quinta da Torre Bela, na qual terão participado 16 caçadores, que terão abatido na jornada de caça, cerca de 540 animais, entre javalis (Sus scrofa) veado europeu (Cervus elaphus) e gamos (Dama dama).
De acordo com “Os Verdes” «a enormidade de indivíduos abatidos torna esta ocorrência de facto condenável, podendo mesmo ser apelidado de um verdadeiro massacre de veados e javalis.»
Para os deputados ecologistas, se é um facto que há uma percepção que as populações de javali e até mesmo de veado, estão a aumentar em Portugal, por variadas razões, seria fundamental conhecer em concreto o estado das populações, e conhecer o impacte que esta acção irá ter nesta mesma população nacional. Por outro lado, interessa saber se no plano de ordenamento e exploração cinegética da referida Zona de Caça consta a possibilidade de abater tantos animais e se a autoridade responsável, nomeadamente o ICNF, aprovou este plano.
A caça e a sua prática são cada vez menos, na nossa sociedade, um assunto consensual. Este acto condenável, que agora veio a público gera a sensação de que de facto o exercício da caça ocorre no nosso país sem o devido acompanhamento e monitorização. Este facto, bem como os montantes envolvidos nestas caçadas, que são públicos no sítio da Internet da empresa concessionária, levanta ainda a questão de saber se não haverá outros locais no país, com a descrição suficiente para acontecimentos deste tipo terem lugar sem que isso chegue a público.
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Conclusão:
Parece que NADA, em Portugal, é fiscalizado e que TUDO, em Portugal, anda à balda.
Isabel A. Ferreira
Depois de uma grande viagem realizada pelo Falcão-Peregrino, chega a Portugal e recebe a pior recepção que se poderá dar a um viajante: levou um tiro.
Após um encontro imediato com um caçador, a ave foi levada para o RIAS (Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, em Olhão), por Vigilantes da Natureza do Parque Natural do Vale do Guadiana (PNVG) e está em recuperaçãoo.
Origem da imagem: http://armindoalves.blogspot.com/2011/02/falcao-peregrino.html
Depois de observada a ave, que estava em estado bastante debilitado, verificou-se a existência de um chumbo junto à cauda, e apresentava ainda uma inflamação numa asa, naturalmente consequência do disparo, o que só vem confirmar a tentativa de abater a tiro esta ave protegida.
Mas algum caçador lá está preocupado se as aves são protegidas ou não são protegidas? Tudo o que mexe na Natureza leva um tiro, estando um caçador por perto, mais a sua caçadeira, que também serve para atirar contra mulheres indefesas.
Devido à anilha que trazia, ficou a saber-se que este Falcão-Peregrino foi anilhado na Lapónia Finlandesa, há 12 anos, a cerca de 3600 km de onde foi encontrado, perto de Beja.
Veio de tão longe, traçando um caminho, que era o seu, para levar um tiro em Portugal, um país onde a violência contra seres não-humanos é permitida, e em consequência disto os seres humanos também levam por tabela.
Sabemos que abater espécies protegidas é crime. Tal como é crime abater seres humanos. Mas quase nunca se pune os culpados.
O Falcão-Peregrino é a ave mais rápida do Mundo. O seu voo picado pode atingir até 300 km/h, quando anda a perseguir outras aves para se alimentar. Trata-se de uma ave que existe em todos os continentes, excepto na Antárctida. No Inverno enceta longas migrações para Sul.
Em Portugal pode ser encontrado todo o ano, contudo, é difícil a sua observação, por esquivar-se das zonas com actividade humana.
Pudera! O Falcão-Peregrino sabe onde se encontra o seu maior inimigo: o animal-homem caçador!
Isabel A. Ferreira