Envergonha o MATP e todas as pessoas providas de bom senso e sensibilidade
É assim… trogloditamente…que em Lagoa se festeja o São Martinho…
Origem da imagem:
http://lagoa-acores.pt/Site/frontoffice/default.aspx?module=article/article&id=498
Está marcada para o próximo dia 12 de Novembro uma “vacada” integrada nas festas em honra de São Martinho.
O Movimento para a Abolição da Tauromaquia de Portugal (MATP) manifesta o seu total repúdio por tal acontecimento que em nada dignifica o concelho da Lagoa e envergonha todos os cidadãos de bom senso e bom coração de qualquer parte do mundo.
Sobre vacadas, o MATP subscreve as seguintes afirmações do Médico Veterinário Vasco Reis que a propósito de algumas práticas tauromáquicas afirmou o seguinte:
«Vacadas e garraiadas contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais e pessoas.
A utilização de animais juvenis submetidos à violência de multidões, não pode ser branqueada como “espectáculo que não tem sangue e é só para as crianças se divertirem". Mesmo que não tenha sangue, é responsável por muito sofrimento dos animais. E contribui, certamente, para a perda de sensibilidade das pessoas, principalmente de crianças, e para o gosto pela cruel tauromaquia. É indissociável de futilidade, sadismo, covardia.»
Atendendo a que a Lagoa Integra a Rede de Cidades Educativas e que no dizer da sua presidente tal facto constitui uma mais-valia para o concelho «pois através do desenvolvimento de vários projectos verificados nas áreas da promoção da leitura, educação ambiental, educação para a saúde, promoção do conhecimento da cultura local, inclusão social e a animação cultural, a edilidade tem demonstrado activamente aos diferentes públicos a sua componente educativa e cultural em ambientes de educação não formal»,
Vimos apelar aos responsáveis autárquicos para sensibilizar os organizadores no sentido de retirarem a vacada do programa previsto e fazerem como os habitantes da freguesia do Cabouco, que comemoram o São Martinho sem recurso a práticas desumanas e deseducativas como são as vacadas.
Com os melhores cumprimentos
A Direcção do MATP
Fonte:
É este o tipo de conteúdo que a RTP transmite frequentemente… Isto aconteceu a 15 de Agosto de 2105, dia em que se celebra a Nossa Senhora da Assunção.
Mais um cavalo foi colhido em directo na televisão pública. Imagens de grande violência que chocaram até os repórteres. Para os comentadores (um deles veterinário) "não se passou nada"...
Não é inacreditável?
Fonte:
«Esclarecimento»
O Município de Amarante viu-se confrontado, nos últimos dias, com uma polémica gerada nas Redes Sociais acerca do alegado abate de animais na via pública. Perante a falsidade das afirmações ali proferidas, cumpre-nos esclarecer todos os interessados. Assim, reproduz-se a informação prestada por Rolando Azevedo, médico-veterinário municipal, a quem, nos termos da lei compete o exercício do poder de autoridade sanitária veterinária concelhia, o qual, de resto, se traduz na competência de, sem dependência hierárquica, tomar qualquer decisão, por necessidade técnica ou científica:
"Face à quantidade de animais abandonados no centro da cidade, nomeadamente nas proximidades das escolas, as orientações que recebi do Senhor Presidente da Câmara foram, única e exclusivamente, no sentido de avaliar se havia risco para a saúde pública, e a nossa intervenção resumiu-se aos normais procedimentos de prevenção, havendo, em alguns casos, necessidade de administração de tranquilizantes nos animais. Foi isto que aconteceu."
Quando confrontado com as afirmações que lhe foram atribuídas, o referido médico-veterinário foi peremptório: “As acusações que têm sido feitas são falsas, assim como são falsas insinuações que me foram atribuídas. Relembro que é da nossa responsabilidade retirar da rua os animais com doenças infecto-contagiosas como é o caso da Leishmaniose, extremamente perigosa para as pessoas, e que em Amarante, devido à proximidade do rio, tem uma incidência de cerca de 63% nos animais abandonados."
Como já foi referido nas Redes Sociais por alguns dos intervenientes, foram estabelecidos contactos, há já vários meses, entre a Autarquia e alguns munícipes [que se estão a organizar no sentido da criação de uma associação local de defesa dos animais], com vista à criação de um Abrigo para acolher os animais abandonados de Amarante.
Neste sentido, o Município de Amarante vem expressar o seu repúdio pela falsidade levantada, nas redes sociais, à volta deste assunto, reiterando que a decisão de construção do abrigo municipal está tomada e que este será executado tão brevemente quanto possível. É, de resto, um paradoxo que esta polémica surja depois de, finalmente, o Município de Amarante assumir medidas concretas em defesa dos animais. No entanto, tal facto só reforça a convicção da necessidade deste investimento.»
OOO
O que me ocorre dizer aos representantes do Município de Amarante
Não fui das que tomei parte no “desarrazoado” de que fala o representante do Município de Amarante.
Estou a ter conhecimento do assunto, neste momento (9h30, do dia 30 de Outubro de 2014).
Mas a verdade é que todos os animais não-humanos sofrem horrores às mãos de criaturas que se dizem humanas, mas não passam de gente de plástico, bastamente cobarde para abandonar e maltratar cruelmente seres tão sencientes.
No caso de cães abandonados na via pública, compete, de facto, às Câmaras Municipais acolhê-los e tratá-los com a dignidade e humanidade que lhes é devida.
Porém, a maior parte das vezes, não é isso que acontece, dada a cultura da morte e da violência e da crueldade que se pratica em Portugal, a coberto de leis completamente absurdas e primitivas; e devido também à indiferença da Ordem dos Médicos-Veterinários que é cúmplice das maiores barbaridades que se cometem contra os animais nos matadouros, nos circos, nas arenas, nas ruas, nas lutas, na caça, na pesca desportiva, no tiro aos pombos, etc., etc., etc..
Por isso, não é admirar que os animalistas se preocupem com o destino dos animais que vão para os canis municipais, normalmente para serem abatidos com crueldade (e digo isto com conhecimento de causa), onde nem sempre existem veterinários competentes e acima de tudo cumpridores do juramento que fazem ao receber o diploma de “Médicos”, que nem todos são.
Um animal doente, que é retirado da rua, não merece a morte. Antes da morte assistida, tem o direito de ser avaliado pelo MÉDICO-Veterinário, e se houver modo de lhe salvar a vida, salvá-la. Não é isso que se faz aos animais humanos?
Pois é isso que todos os veterinários que, acima de tudo, devem ser MÉDICOS e não carniceiros (que os há por aí…) têm o dever de fazer.
Se o senhor veterinário da Câmara Municipal de Amarante é MÉDICO deve saber exactamente o que deve fazer com os animais abandonados nas ruas, por energúmenos que deviam estar na prisão (e esta parte será da competência da PSP).
As leis injustas devem ser repudiadas.
Mas as leis justas devem ser aplicadas, principalmente a Lei Natural, que é a Lei da Vida, de qualquer vida…
Isabel A. Ferreira
Um magnífico texto a propósito do programa da RTP «Prós e Contras» sobre touradas, publicado no Blog Anima Sentiens, um lugar onde se respira sensibilidade, bom senso e fina ironia, da autoria de Filomena Marta.
Por Filomena Marta
Uma redução, em termos culinários, é algo que se deixa ferver até que a humidade evapore e fiquem os ingredientes reduzidos e concentrados. Foi precisamente isto que se passou no programa “Prós e Contras” sobre a “Festa Brava”, que passou a 12 de Maio na RTP1. O sofrimento a que um animal é sujeito foi reduzido. Mas ao sê-lo foi também concentrado.
Um debate triste de tristes figuras. Fugiu-se do tema “sofrimento” como o diabo da cruz e até se vestiu o touro como um super-herói.
Desculpem, é mentira. Estou a faltar à verdade. Falou-se de sofrimento sim, do sofrimento comovente e tocante daquelas pobres famílias, dizem que são umas cinco mil, que quase de lágrima ao canto do olho contam a grande beleza, a estética e a ética que a tourada tem. A ética ninguém nunca lhes explicou o que significa e é usada abusivamente, agora a estética é uma coisa discutível: aqueles riquíssimos e caríssimos fatos são francamente bonitos… o sangue a escorrer nas costas do boi é que já me deixa dúvidas.
A teoria dos toureiros, dos aficionados e de uma coisa vagamente parecida com um veterinário é a de que o touro não sente dor. Ficamos a saber que o touro não faz parte dos mamíferos, classe a que o ser humano também pertence, não tem uma anatomia e morfologia comum a todos os mamíferos e é uma espécie de ser supra-terrestre que tem a capacidade de ter um ferro enterrado no lombo sem sentir dor. Pressupomos também que é um mestre em efeitos especiais e que aquela coisa vermelha que lhe escorre pelo lombo não é sangue, mas uma qualquer espécie de molho de tomate apenas para dar emoção aos aficionados.
Na sequência de afirmações supremamente científicas como estas temos, obrigatoriamente, de ir mais longe. Existe uma outra classe de seres no planeta à margem dos vulgares mamíferos. São seres especiais e também eles não sentem dor. É perfeitamente aceitável que no recinto de brincadeira, festa e confraternização onde se encontram para jantaradas touros e toureiros haja umas picardias mais atrevidas e ora agora te enfio eu um ferro, ora agora te enterro eu um corno. Tudo bons amigos e que ninguém se preocupe nem com uns, nem com outros, porque são ambos seres especiais. Nem o touro sente dor, nem o toureiro sofre com a cornada. É tudo a fingir.
Pois a verdade é que até ontem não se tinha a certeza que há quatro divisões diferentes no reino animal: os Homens, os Animais, os Touros e os Toureiros. Ah, mil perdões, esqueci-me de uma quinta divisão! Aquela divisão referida por uma toureira ao dizer “os meus cavalos divertem-se”.
Óbvio! Mas existem dúvidas que seja divertido ter uma criatura montada no lombo, a bater com esporas na barriga e a fazer avançar contra o perigo?! Nenhumas! É de rir até às lágrimas de tanto prazer e alegria.
Portanto está estabelecido: os touros não sentem dor, os cavalos divertem-se, os toureiros são um ramo paralelo dos humanos com capacidades especiais e os outros todos, gente e bichos, são umas aberrações que por aqui andam neste mundo a sentir dor, medo e a ter sentimentos.
Mas uma coisa é certa, ainda bem que os tauromáquicos não precisam de ajuda para denegrir a sua imagem, porque se os touros dependessem dos “amigos dos animais” estavam francamente “feitos ao bife”. Houve três intervenções com substrato, a de Rita Silva, a de uma veterinária e a de uma jurista. Mas isso nem sequer se tornou importante, porque um rufia sentado no painel encarregou-se de enterrar a Festa Brava com bravura e dar um belo exemplo do que é realmente um aficionado… mas eu, se fosse aficionada, não tinha gostado nada daquela representação. A menos que gostem de ser conotados com expressões pouco simpáticas.
Houve duas alturas muito interessantes no debate:
1. Um toureiro acesamente defendia a sua liberdade. Porque a liberdade dos abolicionistas terminava onde começava a dele… pois é, tal como a dele termina onde começa a dos abolicionistas. Mas ó criaturas!!!! E onde fica a liberdade do touro?!
2. Aquela coisa vagamente parecida com um veterinário, um senhor de ar “grave” e idade suficiente para pensar antes de falar, entre muitas outras pérolas de sabedoria arrancou um “os animais não têm direitos, porque não têm deveres”. Ora bem, como é que se escreve uma gargalhada…? É que já cansa ter de explicar que uma criança de dois anos também não tem deveres e tem direitos… mas como isto tem matéria para uma crónica inteira, passando pelos trabalhos forçados de todos os animais ao “serviço” do Homem, terá de ficar para outra altura.
Mas ver homens feitos a dizer disparates como “o touro não sente dor” e a queixarem-se de ser coitadinhos porque não os deixam fazer a sua “Festa” e os chamam de “assassinos” seria bastante triste, se não fosse primeiramente ridículo.
Depois há a tradição. Ah… a tradição! Um toureiro, aquele que defendia a sua liberdade, mostrou-se chocado com a comparação feita com a escravatura e a menção ao filme “12 anos escravo”. Um choque incompreensível, de facto, pois tratava-se de tradição. O negro não era considerado sequer um ser humano, não sentia dor como os seres humanos e não tinha alma. E era uma tradição. Tal como era tradição o circo romano, os gladiadores (geralmente escravos) e os cristãos na arena com os leões. Como é ainda hoje tradição a mutilação genital feminina, a lapidação e o casamento infantil.
As outras “tradições” inevitavelmente terminaram e duvido que houvesse alguém naquele programa, tauromáquicos incluídos, que defendesse a tradição da lapidação e da mutilação e do casamento infantil.
O ser humano tem evoluído. Nem sempre no bom sentido, também a maldade tem ganhado requinte, mas sem evolução ainda viveríamos em cavernas. Se calhar… ainda há quem viva, num plano mental e civilizacional. Mas estes são perigosos, pois andam por aí disfarçados de “gente moderna” e muitos até têm “cursos superiores”. O que nunca ninguém lhes disse é que na Faculdade não se ensina nem se aprende carácter, sensibilidade, humanidade ou sensatez.
***
Fadgen era um touro de lide até Christophe Thomas, um activista anti-touradas, o salvar. Fadgen era um touro de lide, até se tornar um animal de estimação. Todos os seres vivos têm direito a uma vida sem tortura e sem sofrimento, o touro não é uma excepção.
Nunca nos enganaram a esse respeito, porque sempre aqui dissemos que o Touro dito "bravo" nunca existiu na Natureza.
O que existe é um bovino manso que, torturado por carrascos cobardes, desde a nascença, quando é atirado para as arenas, enfurece-se e arremete para se defender, seguindo um instinto comum a todos os animais existentes à face da Terra, incluindo o animal humano.
A tauromaquia é uma falácia: quem a pratica são uns cobardes, quem a aplaude são uns sádicos, e quem a apoia são uns ignorantes.
Origem da foto: http://local.pt/portugal/alentejo/coloquio-sobre-o-toiro-de-lide-e-o-espetaculo/
A Associação de Solidariedade Cultura e Recreio Gentes do Cartaxo organizou um colóquio sob o título «O Toiro de Lide e o Espectáculo - Os mistérios da bravura», e o que se disse neste colóquio, por indivíduos ligados a esta actividade degradante, não surpreendeu quem, há muito tempo, sabe o que é um Touro e o que é a tauromaquia.
Os aficionados viveram até agora no tempo dos mitos, das crendices, das intrigas rocambolescas, e obviamente que «um animal por melhor que seja nunca agrada a todos os intervenientes de uma tourada», como foi dito.
E também se disse que «a influência da genética na bravura de um toiro de lide é pouco significativa». Pois é.
O “veterinário” Vasco Brito Paes chegou mesmo a defender que «a genética representa apenas um terço do que o toiro é», e garantiu que “há uma grande componente na produção de um toiro que não depende do ganadeiro nem de muitos estudos e investigações que possam ser feitos. É difícil saber qual é a vaca que irá dar os melhores toiros. A melhor vaca nem sempre dá o toiro mais bravo, isso é o mais difícil de uma ganadaria.
Os grandes toiros são normalmente filhos de vacas regulares e não de vacas de bandeira”, afirmou esse “veterinário”.
Por sua vez, o montador tauromáquico, João Telles, representante das ganadarias David Ribeiro Telles e Vale Sorraia confessou «que ao longo da sua carreira foram poucos os toiros bravos que lidou».
Pudera! Que touros bravos poderia lidar, se eles são “fabricados” e na maioria das vezes “mal fabricados”, nas ganadarias, à custa de muita tortura?
Por sua vez, João Folque, que marcou presença em representação da Ganadaria Palha, disse esta coisa espantosa: «O toiro é um animal enigmático mas à medida que o vou observando encontro mais paralelismos ao comportamento do homem. A manifestação da bravura é um acto de coragem, tal como no homem. A mansidão é um acto de cobardia, tal como no homem. Penso que o toiro investe para se defender e não para atacar».
A mansidão é um acto de cobardia, tal como no homem? Mas isto é de uma ignorância atroz.
A mansidão, tanto no animal como no homem, é um atributo natural, de grandeza elevada, a abeirar o divino. Jesus Cristo era um ser de uma mansidão extrema.
E quando se referiu a bravura, quis dizer violência, que não é de todo um acto de coragem, mas um acto de grande cobardia. Trocou tudo. Quando se vai falar num colóquio tem de se saber o mínimo sobre o que se vai dizer.
Quanto ao paralelismo de Touro e homem, que referiu, existe sim, não só nos comportamentos, mas também no sofrimento, na dor, nas emoções. Um Touro será “humano” na sua condição de ser vivo.
Apenas quando disse: «penso que o toiro investe para se defender e não para atacar» pensou bem. Um Touro, tal como um ser humano, se é atacado tem o instinto natural de se defender.
Para demonstrar o que é a natureza dos animais, vou contar-vos a minha própria experiência: quando tinha uns 15 anos, fui atacada pelo terror do colégio masculino lá da minha terra, um matulão, que dava tareias aos rapazes e às meninas para “mostrar a sua valentia”.
Quando chegou a minha vez de apanhar, eu, que tenho um instinto animal apuradíssimo, dei-lhe uma tareia monstra que o coloquei debaixo de uma mesa a pedir para eu parar.
Depois disto, nunca mais este cobarde se meteu a valentão com meninas e muito menos com alguém da sua estatura física.
Lidar um bovino manso, bastamente torturado nos bastidores, é também de uma imensurável cobardia. E naturalmente, o instinto apurado do Touro, leva-o a defender-se, e muitas vezes muito bem, mutilando os seus carrascos.
O ganadeiro Jorge Carvalho também querendo dar o ar da sua graça, disse algo mirabolante: «um toiro bravo de verdade é o que no campo não se incomoda quando nos aproximamos dele e que nas corridas tem mobilidade, nobreza e humilha. Na sua opinião, se não houvesse intervenção do homem na selecção o que se teria era um toiro bravio».
Ora bravio e bravo têm o mesmíssimo significado.
Além disso confirma que há uma intervenção do homem predador no fabrico do bovino manso, que eles querem transformar em “Touro bravo”.
Depois temos a hipocrisia ao mais alto grau, que demonstra uma certa distorção mental destes falsos adoradores de Touros.
Pois não é que Jorge Carvalho diz esta coisa que seria anedota, se não fosse trágica: «A maior parte das praças não tem condições para receber os toiros. Não gosto de ver, por exemplo, a gritaria que muita gente faz em cima dos curros, as varadas desnecessárias que são dadas».
Bem… penso que a gritaria não se vê, ouve-se, mas com certeza o Jorge Carvalho gosta de ouvir a gritaria dos cobardes forcados, que investem com fúria e ódio, quando o animal já está mais morto do que vivo. Não gostará?
E temos ainda mais esta: «entre os aspectos que mais deixam os ganadeiros consternados estão a distância a que os bandarilheiros “cortam” (atentem no termo) os toiros ao entrarem na praça e também o processo de embolamento que muitas vezes causa lesões na coluna do animal» e mesmo assim, lá vai o animal para a arena, já em bastante sofrimento, ser lidado por cobardes.
E a isto chamam “paixão pelos animais”, quando se diz: «A paixão pelos animais gerou unanimidade entre os oradores relativamente à falta de condições das praças».
Quanta hipocrisia! Quanta estupidez!
E agora atentem neste absurdo: «Aficionado e habituado a acompanhar os toiros em todo o processo, desde o seu nascimento até ao embarcamento, o veterinário Vasco Brito Paes considera essencial que um toiro quando entra em praça esteja pleno de faculdades para mostrar a bravura ou mansidão que tem, sendo fundamental não lhe provocar stress adicional, sobretudo no dia do embarque e não fazendo manobras que lhe possam causar lesões.»
Um veterinário aficionado? Não! Isto não é um veterinário. Tem outro nome, que aqui não digo. Se estivéssemos num país com leis a sério, este que se diz veterinário seria expulso da Ordem dos Médicos-Veterinários de Portugal, a qual, vergonhosamente, também é cúmplice deste biocídio, contrariando o Código Deontológico dos Médicos-Veterinários.
Quando um Bovino entra na arena já vai massacrado quase ao limite. E o que faz dentro da arena é simplesmente reunir as forças, que ainda lhe restam, para defender-se dos seus cobardes carrascos.
E agora apreciem mais esta:
«João Andrade, da Ganadaria Prudêncio Silva, diz que se não fosse a paixão pelos animais já não existiriam ganadeiros, porque com os preços praticados actualmente a actividade não dá lucro.»
Não dá pouco lucro aos ganadeiros que se fartam de receber subsídios chorudos, enquanto o povo passa fome, porque para haver dinheiro para os ganadeiros, tem de ser cortar nos salários e nas reformas do povo.
Isto é monstruoso.
E finalizamos com esta, não menos incrível:
João Folque, da Ganadaria Palha, defende que a “condição número um para se ser ganadeiro é ter-se uma paixão louca pelo animal”.
Veja-se nesta imagem a paixão louca que os ganadeiros têm pelo animal… É uma loucura, sim, doentia, mórbida, patológica, que merece internamento psiquiátrico.
Resumindo: tudo isto só abona em favor do fim da tauromaquia, que está tão podre, tão podre que, sem a menor dúvida, cairá a qualquer momento...
Fonte: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=642&id=98687&idSeccao=11248&Action=noticia
A entrevistadora não teve o mínimo sentido crítico, o entrevistado mostrou que não vale nada... E a revista "Caras" demonstrou estar ao serviço do lobby tauromáquico.
Ó Ordem dos Médicos-Veterinários, de que estão à espera para banir da Ordem quem assim é apenas uma "espécie" de veterinário? Que vergonha!!!
Isabel A. Ferreira
***
Em entrevista à revista “Caras”, publicada na edição de 18 de Maio de 2013, Murteira Grave responde a questões colocadas por Rita Ferro e fala na “espécie dos toiros de lide”. Se essa classificação viesse de um aficionado comum, apesar de errada do ponto de vista da taxonomia, não seria muito extraordinária, tendo em conta os elevados índices de analfabetismo entre a população aficionada. Mas a afirmação é de um suposto veterinário, um perito em touros, pelo que a gafe é de uma gravidade estrondosa. Um veterinário inserido na indústria tauromáquica revelar esta incapacidade para proceder à classificação biológica dos touros é verdadeiramente sintomático da impossibilidade dos aficionados alicerçarem a defesa da tauromaquia com argumentação coerente, racional e verdadeira. E mais, tal lapso imperdoável pode potenciar dúvidas legítimas em relação ao diploma académico do ganadeiro em questão.
Uma criança que frequente o 5.º ano de escolaridade, altura em que aprende a classificar os seres vivos, sabe que os touros não são uma espécie, mas sim os indivíduos machos de uma espécie designada por Bos Tauros, à qual pertencem todos os bovinos, incluindo aqueles que são torturados em espectáculos tauromáquicos. Ou seja, os touros que existem no planeta são todos da mesma espécie, o que pode variar é a raça, que é algo bem diferente.
Os touros ditos de “lide” não são uma espécie com toda a certeza e nem sequer reúnem os requisitos para serem classificados como uma raça distinta entre os bovinos. Por conseguinte, a “bíblia” tauromáquica "El Cossío" não se atreve a determinar que o touro dito de “lide” constitui uma raça, como se pode constatar na ficha zoológica que apresenta relativamente a estes animais.
http://www.animanaturalis.org/704
Ficha zoológica do touro dito de “lide” segundo a enciclopédia tauromáquica “El Cossío”:
Tipo – Vertebrados
Classe – Mamíferos
Subclasse – Monodelfos
Ordem – Ungulados
Subordem – Artiodáctilos
Secção – Ruminantes
Família – Cavicórnios
Subfamília – Bovinos
Género – Bos
Espécie – Bos Tauros
Raça – Bos Tauros Africanus
Sub-raça ou Variedade – Andaluza, Navarra etc.
Este caso de ignorância relativamente à classificação biológica dos touros deveria ter como desfecho o regresso do suposto veterinário à escola, para aprender que os touros não são uma espécie e para aprender a definição de espécie.
Espécie - grupo de seres vivos com características semelhantes, que se cruzam entre si dando origem a descendentes férteis.
Em comentário acerca do antropomorfismo, o ganadeiro Murteira Grave diz que "antropomorfismo é a teoria que extrapola para os animais os sentimentos humanos”. Acusa os anti touradas de padecerem desse antropomorfismo mas, no mesmo comentário, acaba por antropomorfizar o touro dizendo que o touro “realiza o seu grande bem lutando” e que “realiza-se plenamente na corrida”. Ou seja, o perito tauromáquico explica que “o toiro é um profissional da fúria” e que as touradas são o culminar da realização profissional dos bovinos, numa clara e absurda antropomorfização dos animais. Como todos sabem, os animais não têm uma especial preocupação em realizar um grande bem ou em realizarem-se pessoal e profissionalmente, sendo estas afirmações do ganadeiro um exemplo crasso da visão antropomórfica subjectiva distorcida dos bovinos. É uma visão distorcida porque atribuí características a um animal herbívoro que contradizem a natureza dos herbívoros, tal como é descrita pelos etólogos.
“O Sofrimento implica zonas mais profundas do organismo e supõe uma consciência reflexiva que, naturalmente, o animal não possui” – Murteira Grave in entrevista da revista Caras, publicada na edição de 18 de Maio de 2013.
Esta poderia ser uma consideração de algum nazi-fascista, numa tentativa desesperada de justificar as macabras experiências científicas em seres humanos ou a eliminação física dos deficientes levadas a cabo durante o holocausto perpetrado pelo regime nazi. Mas não, é um suposto veterinário da indústria tauromáquica negando a capacidade dos animais sofrerem. Para este perito tauromáquico, o sistema nervoso central é algo inútil no caso dos animais porque neles a dor não se traduz em sofrimento. Por isso, certamente considerará sem sentido toda a panóplia de legislação comunitária no sentido de evitar ou minimizar o sofrimento dos animais. Diria ele, que esta legislação e considerações científicas são obra de animalistas que desconhecem a realidade dos animais:
- Legislação europeia para evitar e minimizar o sofrimento dos animais
http://europa.eu/legislation_summaries/food_safety/animal_welfare/index_pt.htm
- O sofrimento do Touro de lide explicado pelo veterinário José Enrique Zaldívar Laguía
http://mmedia.uv.es/buildhtml/19860
- ‘Suffering’ in bullfighting bulls; An ethologist’s perspective - By Jordi Casamitjana
- Adaptive Metabolic Responses in Females of the Fighting Breed Submitted to Different Sequences of Stress Stimuli
Segundo Murteira Grave, infligir cortes de pouca profundidade não é coisa que cause sofrimento, porque este implica zonas mais profundas. Para o ganadeiro, não existindo “consciência reflexiva” não há sofrimento, pelo que deve deduzir que os bebés e os deficientes profundos não têm capacidade para sofrer.
O que se pode dizer destas teorias aberrantes que tentam justificar a injustificável tortura de seres inocentes? São aberrações, nada mais do que isso.
E ainda por cima, os aficionados não se entendem uns com os outros, como se isto se tratasse de uma brincadeira de opiniões. Uns dizem que os touros não sofrem, e outros dizem que sim, como é o caso deste empresário tauromáquico:
“Eu acho que de facto existe sofrimento. E esse sofrimento tem de ser assumido.” - Carlos Pegado, empresário tauromáquico no debate do programa Aqui & Agora na SIC sobre direitos dos animais.
Fonte:
http://pelostourosvivos.blogspot.com/2013/05/o-perito-tauromaquico-que-nao-sabe.html
Quando li o texto, não queria acreditar!
O que li é de uma tão inenarrável cretinice, que não pode ter vindo de alguém que se diz “veterinário”, de alguém que frequentou uma Universidade. Não pode ser. É impossível!
Este sujeito enganou-se. Devia ter frequentado uma escola onde a disciplina principal foi a Estupidez, e pensou que era uma Faculdade de Medicina Veterinária.
Espero que não esteja ligado à Ordem dos Médicos Veterinários Portugueses, porque se está, e sendo a VERGONHA da classe, a Ordem será um órgão sem brio e prestígio.
É por estas e por outras como estas que a tauromaquia está a afundar-se vertiginosamente.
Obrigada, Joaquim Grave, pela excelente contribuição que deu com esta declaração parva, para a aceleração da Abolição das Touradas.
E não se esqueça: enterrá-la-emos até ao final deste ano de 2013. Por isso, lá se vai o seu sonho de ser Deus e CRIAR um Touro à medida da sua ganância e da sua ignorância.
Mas vamos ler o texto, que vem publicado no blog PRÓTOURO, e o qual eu subscrevo inteiramente:
O VETERINÁRIO QUE SE CRÊ UM DEUS
«O veterinário Joaquim Grave, numa entrevista dada dia 9 de Janeiro a um website tauromáquica, crê-se um deus, senão atente-se nestes desvarios:
"Procuro criar o toiro dos meus sonhos, não no sentido de criar, produzir, alimentar, mas sim no sentido de criar um animal novo, único, uma obra, um ser diferente que se comporte como eu quero, como eu sinto".
"O toiro murteira grave está em contínua evolução, é assim que entendo o meu toiro. Procuro que seja cada vez mais bravo, mais entregado, mais enclassado, mas sempre sério e sobrado de trapío. De momento, é muito sério e exige que se lhe façam as coisas bem-feitas; de uma forma geral tem trapío suficiente para as praças mais exigentes".
"Busco doentiamente a bravura, privilegiando a fijeza, o humilhar, a repetição com motor, a transmissão, a entrega e a duração, isto é, o animal que luta até ao fim, que morre investindo".
O que ele devia buscar urgentemente, era ajuda para curar a doença de que padece, a de acreditar que que pode manipular a seu belo prazer animais para encher os bolsos.
Prótouro
Pelos touros em liberdade»
(Leiam os comentários que vêm no link).
Esta é a expressão da morte, depois de um sofrimento atroz... É a “arte” e a “cultura” gloriosas que as “mentes brilhantes” portuguesas defendem...
Um texto do Médico Veterinário português DR. VASCO REIS
«Eu tento combater a tauromaquia em todas as frentes e acho que isso vale a pena.
Sem tomar posição, porque para mim tudo isto é cruel e abjecto, lembro que, quanto ao ponto restrito "morte do touro", seja na tourada de morte ou após a tourada, num matadouro:
No matadouro o animal deve ser atordoado/paralisado por um disparo que destrói o lobo frontal do cérebro, antes de ser sangrado por golpe na veia jugular, ev.te artéria carótida, o que lhe provoca a morte pela perda de sangue.
Na arena, sem qualquer atordoamento, com o golpe (ou golpes) da espada pelo tórax dentro, o animal é rasgado, perfurado, posto a sangrar e mais ou menos asfixiado no próprio sangue, por vezes em repetidas tentativas até se acertar.
Outra diferença é que, na tourada de morte, embora com um fim de tremendo sofrimento, este acaba ali com a morte.
Na outra, à portuguesa, antes de ser libertado do sofrimento pela morte, o touro vai ter que sofrer bastante tempo na sequência dos ferimentos infligidos na lide e nas acções de confinamento e condução ao sítio do abate.
Obviamente, a "festa dos touros" só pode ser considerada uma festa para os tauromáquicos e para quem negoceie com isso.
Para os touros e cavalos não é um festejo, certamente, nem para pessoas conscientes e compassivas.»
Observe-se bem o ESTADO DEPAUPERADO em que se encontra este desventurado animal, que foi levado à força para servir de joguete, a um bando de bêbados...
Um testemunho valioso e didáctico para aqueles quem ainda pensam que um animal é uma simples “coisa”...
Por Dr. Vasco Reis (Médico-Veterinário)
«Na tauromaquia são várias as modalidades de abuso de bovinos, tanto em âmbitos privados, como em espectáculos organizados para diversão, desde touradas até garraiadas, vacadas, etc..
Para quem não saiba do que se trata, pode informar-se por vídeo no YouTube.
Sofrimento começa na captura e possível “preparação” do bovino para o espectáculo com acções, intervenções para enfraquecer o animal. Prossegue no transporte causador de pânico, claustrofobia, desgaste, até chegar à arena.
O sofrimento prossegue aqui com susto, provocação por muita gente, ludíbrio por muita gente, violência física por muita gente, esgotamento anímico e físico, ferimentos (por vezes morte). Prossegue depois com mais violência na recolha, no transporte, etc.
Em algumas intituladas garraiadas, acontece o cravar de bandarilhas, farpas.
É fundamental argumentar científica, ética, cultural, socialmente ou seja, civilizadamente, para justificar o ponto de vista dos respeitadores dos animais e opositores da tauromaquia e, assim, contribuir para diminuir o sofrimento provocado pelo Homem sobre os animais não humanos.
É muito fácil rebater os argumentos do lobby tauromáquico, que para branquear o espectáculo cruel, faz uso de afirmações fantasiosas e não respeita o senso comum, a ciência e a ética.
Plantas são seres sem sistema nervoso, não sencientes e sem consciência.
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa, ausentes nas plantas. Portanto, medo e dor são essenciais e condições de sobrevivência.
A ciência revela que a constituição anatómica, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
Eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto, ao prazer e à dor.
Descobertas recentes confirmam que animais, muito para além de mamíferos, aves, polvos, são seres inteligentes e conscientes.
O senso comum apreende isto e a ciência confirma.
É, portanto, nosso dever ético não lhes causar sofrimento desnecessário.
"A compaixão universal é o fundamento da ética" - um pensamento profundo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.
Na tourada, o homem faz espectáculo e demonstração de arrogância, de poder, de "superioridade", mas também de crueldade, provocando, fintando, ferindo com panóplia de ferros que cortam, cravam, atravessam, esgotam, por vezes matam o touro, em suma lhe provocam enorme e prolongado sofrimento, para gozo de uma assistência que se diverte com o sofrimento de um animal nesta aberração designada por arte, desporto, espectáculo, tradição. O cavalo sofre enorme ansiedade, que por vezes lhe provoca a morte por paragem cardíaca, é incitado e castigado pelo cavaleiro para que enfrente o touro, sofre frequentemente ferimentos, que até lhe podem provocar a morte.
Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti educativa, fonte de enorme vergonha para o país, lesivo de reputação internacional, obstáculo que dissuade o turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem!
Muitos turistas aparecem nestes espectáculos por engano e por curiosidade.
De lá saem impressionados e pensando muito negativamente sobre o que presenciaram e sobre a gente portuguesa que, neste nosso permissivo país, tal coisa apoia.
Vacadas e garraiadas contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais e pessoas. Por isso, elas não devem sequer realizar-se onde já não são novidade e, muito menos, em sítios onde não existe tradição, como é o caso de Estoi, freguesia de Faro, na sua Feira do Cavalo.
A utilização de animais juvenis submetidos à violência de multidões, não pode ser branqueada como “espectáculo que não tem sangue e é só para as crianças se divertirem". Mesmo que não tenha sangue, é responsável por muito sofrimento dos animais. Contribui, certamente, para a perda de sensibilidade de pessoas, principalmente de crianças, e para o gosto pela cruel tauromaquia. É indissociável de futilidade, sadismo, covardia.
A brincar, a brincar, se viciam pessoas, como sabemos.
Até serve a estratégia dos tauromáquicos visando a manutenção e a expansão da tauromaquia.
Vasco Reis,
Médico-veterinário
Aljezur
21.08.2012»
Um importante testemunho sobre o que é, verddaeiramente, uma tourada.
«A pior forma de cobardia, é testar o poder na fraqueza dos outros»
(Um texto do Doutor Vasco Reis, Médico-Veterinário, que subscrevo inteiramente e que transcrevo com a devida vénia)
Importa debater a questão da Tauromaquia em Portugal, abordando-a com toda a objectividade e publicitar este debate, para que os portugueses compreendam bem do que se trata e formem uma opinião sobre a sua utilidade, o seu mérito ou demérito e a sua aceitação ou repúdio.
...
Para isso é preciso argumentar profunda, científica, ética, cultural, socialmente.
O touro é o elemento sempre massacrado da tauromaquia, desde intensa prolongada ansiedade, repetidos e dolorosos ferimentos, esgotamento anímico e físico e quase sempre a morte em longa agonia.
O cavalo, dominado e violentado pelo cavaleiro tauromáquico é o elemento obrigado a arriscar tudo e a sofrer perante o touro, desde ansiedade, ferimento físico até a morte.
Estes factos, inegáveis e indissociáveis da tauromaquia, seriam suficientes para interditar a sua existência numa sociedade culta, consciente, pacífica e compassiva.
É esta a opinião dos anti-tauromáquicos, que dispõem de imensos argumentos ditados pelo senso comum e confirmados pela ciência.
Da parte dos tauromáquicos e dos seus aficionados colhem-se argumentos falaciosos, não ditados pelo senso comum, não confirmados pela ciência, baseando-se na tradição, no gosto pelo “espectáculo”, em interesses económicos, omitindo praticamente (ignorado ou não) o sofrimento sempre presente destes condenados a serem “actores” à força - o touro e, no toureio montado - o cavalo.
Na verdade, plantas não têm sistema nervoso, não têm sensibilidade, não têm consciência.
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga para poderem sobreviver. Sem essas capacidades não poderiam sobreviver.
Portanto, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência.
É testemunho da maior ignorância ou intenção de ludíbrio o afirmar que algum animal em qualquer situação possa não sentir medo e dor, se for ameaçado ou ferido.
A ciência revela que a constituição anatómica e a fisiologia do touro, do cavalo e do homem são extremamente semelhantes. Os ADN são quase coincidentes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
O senso comum apreende isto e a ciência o confirma.
O especismo é uma atitude que, arrogantemente coloca o Homem numa posição de superioridade, que lhe permite dispor sobre os animais como entender.
A compaixão selectiva visa tratar bem certas espécies (em geral cães e gatos) e menos outras, quase consideradas como objectos.
Os animais não humanos são considerados menos inteligentes do que os seres humanos. Podem estar mais ou menos próximos e mais ou menos familiarizados connosco, mas eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo ao susto e à dor.
É, portanto, nosso dever ético não lhes causar sofrimento desnecessário.
"A compaixão universal é o fundamento da ética" - um belo pensamento do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.
A tauromaquia está eivada de especismo sobre o touro e sobre o cavalo.
O homem faz espectáculo e demonstração da sua "superioridade" provocando, fintando, ferindo com panóplia de ferros que cortam, cravam, atravessam, esgotam, por vezes matam o touro, em suma lhe provocam enorme e prolongado sofrimento, para gaúdio de uma assistência que se diverte com o sofrimento, a agonia e morte de um animal.
Isto é comparável aos espectáculos de circo romano, há muito considerado espectáculo bárbaro, onde escravos e cristãos eram obrigados a lutarem e matarem-se uns aos outros ou eram atirados aos leões para serem devorados.
O cavalo é dominado com ferros castigando as gengivas bucais e por esporas mais ou menos agressivas, até cortantes, no ventre.
Esta montada é posta em risco de mais ferimento e de morte pelo cavaleiro tauromáquico, que o utiliza como veículo para combater e vencer o touro.
O sofrimento do cavalo soma-se aqui ao do touro.
Na tauromaquia, touro e cavalo são excluídos de qualquer compaixão, antes pelo contrário estão completamente submetidos à violência e ao sofrimento.
E o espectáculo é legal em Portugal, publicitado e mostrado na comunicação social, aclamado, fonte de negócio.
Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas, que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti-educativa, fonte de enorme vergonha para o país, atentatório de reputação internacional, obstáculo dissuasor do turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem!
Com certeza que existem boas e inócuas alternativas para os aficionados, para os trabalhadores tauromáquicos, para os "artistas", para os campos e para os touros e cavalos.
Será positivo para os aficionados irem ver e até pagar bilhete para assistir ao sofrimento de animais?
Chamar arte à tauromaquia e compará-la ao ballet, ao teatro, etc., é falacioso.
Afirmar comparativamente que o ballet também provoca dor é infeliz e despropositado.
O que se assiste no enredo do teatro, de uma peça de ballet é representação, sem provocação real, sem ferimento, sem morte e os actores estão ali voluntariamente.
Porque fazem sofrer os animais os chamados “artistas”? Dar-lhes-à isso algum gozo?
Será isso admirável, corajoso, heróico?
Porque não fazer o espectáculo teatralmente e com o belo aparato visual e musical, mas sem os touros e sem o sofrimento animal?
Eu seria espectador para isso.
Os campos podem ser utilizados de outro modo e continuar a serem subsidiados.
A raça pode ser mantida sem a cruel tauromaquia e continuar a ser subsidiada.
Os trabalhadores, campinos e ganadeiros podem continuar o seu trabalho.
Os forcados, cujo papel só surge depois do touro ter sido massacrado previamente, podem dedicar-se a actividades ou desportos onde valentia, luta corpo a corpo são fulcrais, como boxe, luta livre e outros e acrescidos de espírito de grupo, como o rugby, por exemplo.
Creiam, que eu tenho conhecimentos e experiência para escrever este texto.
Sou médico-veterinário desde 1967. Estudei em Portugal e na Alemanha. Trabalhei na Suíça sete anos, na Alemanha 10 anos, nos Açores três anos (na Praia da Vitória, Ilha Terceira, onde existe aficción e onde tive de intervir obrigatoriamente no acompanhamento dos touros nas touradas, na minha qualidade de médico veterinário municipal), 22 anos em Aljezur em Portugal Continental.
Trabalhei sempre com gado bovino e cavalos.
Fui cavaleiro de concurso hípico completo e detentor de dois cavalos polivalentes. Conheço bem cavalos, a sua personalidade e as suas aptidões.
Fui entusiástico jogador de rugby durante três, anos, o que interrompi por acidente, que me impossibilitou a continuação da prática.
Aconselho, pela sua superior qualidade, alguns vídeos extremamente informativos, muito influentes no processo que teve lugar no Parlamento da Catalunha.
(*) Médico-Veterinário municipal aposentado.