Os professores do Conservatório Regional de Portalegre estão com salários em atraso e “alguns já nem sequer têm dinheiro para ir trabalhar».
Em 2014, o Conservatório esteve em risco de fechar, pelo mesmo motivo.
Mas para o clube taurino e escola de toureio de Alter do Chão, para as galas taurinas que aí vêem, há verbas que chegam e sobram…
Em Portalegre, não há verbas para a aprendizagem de música…
… mas para a aprendizagem da selvajaria tauromáquica as verbas surgem de todos os lados…
Que governantes serão os que privilegiam a formação de sádicos torturadores de seres vivos, em detrimento da elevada arte musical?
Para Aristóteles, assim como para qualquer ser humano que se preze, «a música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.»
Para Mahatma Gandhi, e para todos nós, que amamos os animais, «os que os torturam deveriam recusar-se a viver, se o preço dessa vida é a tortura de seres sensíveis»…
Haja racionalidade, senhores governantes!
Este novo governo, dito de esquerda, liderado por António Costa, ou é novo e realmente de esquerda, e muda tudo o que é desprezível, que é urgente mudar, ou não se arvore em salvador de uma Pátria, que está a ajudar a afundar-se…
(Origem das imagens: Internet)
Não há falta de médicos e enfermeiros em Portugal, o que há é falta de verbas para lhes pagar e evitar que emigrem para o estrangeiro.
E para onde vai uma boa fatia do dinheiro dos impostos pagos pelos portugueses?
Exactamente: para a tortura de touros.
E depois acontece o que aconteceu: cidadãos morrem nas urgências dos hospitais por falta de assistência médica.
Fotografia © DR
Entretanto, milhares de jovens médicos e enfermeiros licenciados e bem qualificados são obrigados a emigrar, porque os governantes portugueses decidem que apenas duas dezenas de famílias incultas e inúteis para a sociedade “merecem” apoio financeiro para o negócio da tortura e da morte de bovinos.
Também por falta de verbas, vários serviços em hospitais públicos foram encerrados.
Foram encerrados vários Centros de Saúde no interior do País, onde se encontra a maior percentagem de população envelhecida e mais necessitada de cuidados médicos.
Milhares de portugueses estão a ser “empurrados” para fora de Portugal em busca de melhores condições de vida.
Milhares de portugueses sofrem e muitos morrem à fome por não poderem alimentar-se e tratar-se como é de seu direito.
Muitos estudantes ficam sem bolsas de estudo, tendo de abandonar as escolas.
As Artes e as Letras são deitadas ao caixote do lixo como se fossem o rebotalho da sociedade.
Enquanto toda esta tragédia acontece, nas herdades de cerca de 24 famílias portuguesas vive-se à tripa-forra, circula-se em carros topo de gama, esbanja-se os dinheiros que deveriam ser canalizados para o essencial da vida dos portugueses, dos outros portugueses, daqueles portugueses que querem apenas o que é de seu direito: trabalho, assistência médica adequada, educação, habitação, enfim, uma vida condiga, que não colide com a existência pacífica dos outros seres vivos.
Origem da imagem: http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
Dezasseis milhões de euros esbanjados na tauromaquia, não será um atentado contra os direitos mais básicos dos portugueses?
Apetece-me gritar como Voltaire:
«Povo, desperta, quebra as tuas cadeias!»
Rejeita o governo que te traz cativo da ignomínia.
Isto é imoral, é inversão de valores, é privilegiar a violência e a crueldade, é marginalizar crianças inocentes, é capar o futuro.
(Origem da foto: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/colegios-de-ensino-especial-reabrem-sem-dinheiro-1681250
É inadmissível que num Estado que se diz de Direito se pratique uma política tão distorcida, tão prejudicial à camada mais frágil da sociedade, ou seja, às crianças dependentes dos adultos para progredirem moralmente e intelectualmente, tanto as que necessitam de um ensino especializado, para poderem viver com dignidade e serem integradas na comunidade, como é de seu direito, como as que são forçadas a entrar numa arena para aprenderem a ser algozes e assassinas de seres vivos para mera diversão de alienados.
Que governantes e dirigentes são estes que, deste modo vil, violam a Constituição da República Portuguesa e os mais elementares Direitos das Crianças e permitem que a umas falte o ensino de que necessitam, e a outras lhes incutam sementes de violência e crueldade para que no futuro próximo (já livre da praga da tauromaquia), sejam marginalizadas por continuarem ligadas a um passado sangrento e vergonhoso, que não fará parte desse futuro?
O que pretenderão os actuais governantes e dirigentes portugueses com esta postura obscura que não pugna pela evolução da sociedade, muito pelo contrário, enterra-a num passado que o 25 de Abril não conseguiu destruir, porque não foram cortadas pela raiz as ervas daninhas que, durante anos a fio, impediram o crescimento das árvores do conhecimento e da liberdade, que são a base da evolução de um povo?
Essas ervas daninhas continuam por aí, infiltradas em partidos políticos com assento na Assembleia da República, lugar onde não se pratica uma Política de Estado, mas uma potiliquice de partidos vendidos a lobbies.
E eis-nos chegados a 2015 ainda com cenas do calibre desta que vemos na imagem: uma criança que frequenta o Clube Taurino de Alter do Chão, integrado no Agrupamento de Escolas daquele concelho alentejano, o qual é uma estrutura de “ensino” estatal (não é insólito?), onde cerca de 50 menores, alguns deles com 4/5 anos aprendem as disciplinas da violência, da crueldade, da tortura, da insensibilidade, da desumanidade praticadas contra um bovino bebé, indefeso, inocente e inofensivo, quase tanto como os seus pequenos algozes, a quem não é perguntado se querem ou não querem aquela vida de malfeitores.
Criança de Alter do Chão aprende como maltratar um bovino bebé
(Origem da foto: http://diariotaurino.blogspot.pt/2011/07/alter-do-chao-parrita-ja-e-professor.html
Numa época em que por todo o mundo milhares de pessoas contestam esta forma cruel e primitiva de divertir uma minoria ridícula e inculta, e muitas cidades estão a rejeitar este costume bárbaro que envergonha a modernidade, os governantes e dirigentes portugueses teimam em continuar a fomentar e a apoiar antros de tortura de bovinos bebés e a formar monstrinhos para os lançar num futuro sem futuro.
E para que se tenha uma ideia de quão ridícula e perniciosa é esta politiquice de apoio a antros de toureio, deixo aqui alguns dos que eles chamam “objectivos” para “moldar a personalidade” de crianças que nada sabem da vida e nunca virão a saber se as condenarem a esta violência e obscuridade, praticados (por exemplo) na Escola de Toureio de Alter do Chão (com dinheiros públicos):
- Fazem colóquios e visitas a ganadarias e coudelarias (onde lhes falam de ética e de como devemos respeitar os touros e os cavalos, que também são animais, tanto quanto (agora por lei) devemos respeitar os animais cães e gatos?)
- Formar bons aficionados, fomentar o espírito de grupo e o contacto directo com a realidade tauromáquica (onde lhes falam de ser bom aficionado da empatia para com todos os seres vivos? Do espírito de grupo para construírem um futuro onde a violência e a crueldade não têm lugar? Contacto directo com a tortura, o sangue, a dor, o sofrimento dos bovinos nas arenas para divertir sádicos, algo que devem rejeitar veementemente se querem ser gente?)
- (Esta é a mais caricata) Melhorar a formação intelectual e social dos jovens, fomentar o espírito de partilha e prestigiar a escola e a comunidade de Alter do Chão (formação intelectual com a leitura de bons livros de Ciências Sociais, História, Literatura, Filosofia, Política? Melhorar a formação social levando as crianças a teatros, ou a visitar museus, exposições de arte? Partilhar conhecimentos e saberes sobre os mais básicos direitos dos Homens, das Crianças e dos Animais? Prestigiar a Escola de Alter do Chão, colocando-a ao nível do Colégio Luso-Francês do Porto, por exemplo?)
- Reunião semanal para analisar as notícias taurinas que marcaram os últimos dias e, nesses encontros, são projectadas novas iniciativas a desenvolver em prol da tauromaquia (falar-lhes-ão dos fracassos da tourada, da falta de público, da abolição dessa tragédia bovina em muitas cidades, e dos estropiamentos e das mortes dos toureiros nas arenas? Projectam iniciativas para incutir nas crianças a empatia pelos seres vivos que sofrem como elas, quando são feridas nas suas próprias carnes?)
- Um dos momentos altos da vida do clube taurino é a recepção a toureiros na escola (dirão às crianças que os toureiros ou os forcados não passam de cobardes que atacam e torturam animais indefesos para exibirem uma virilidade que não têm? Levarão á escola escritores ou poetas para lhes falarem de palavras benévolas e da poesia das flores?)
Francamente!
Que futuro pretenderão os governantes e dirigentes portugueses para as crianças portuguesas mais desprotegidas: as portadoras de deficiências e as que são obrigadas a frequentar antros de violência, crueldade e tortura?
Seria pedir muito que respondessem a esta pergunta tão simples?
É é legítimo perguntarmos: por quê?
Eduardo Jorge diz: «Se nada mudar para melhor eu faço greve até morrer»
Vejam a entrevista aqui:
http://observador.pt/episodio/se-nada-mudar-para-melhor-eu-faco-greve-ate-morrer/
«Eduardo Jorge, paraplégico, luta por uma vida independente e por apoios do Estado que permitam aos deficientes não serem institucionalizados compulsivamente. Quer ser activo sem se sentir humilhado».
Mas o Estado Português não tem verbas para apoiar os deficientes.
O Estado Português não tem verbas para apoiar a Educação, o Ensino, a Cultura, as Artes, os Velhos ou as Crianças com fome (que segundo as estatísticas rondam os 30%).
O Estado Português não tem verbas para o essencial.
O Estado Português não tem verbas para apoiar a Vida.
Mas o Estado Português tem verbas para apoiar duas dezenas de famílias de ganadeiros que fomentam a selvajaria tauromáquica.
Vejam aqui onde o Estado Português gasta as verbas que faltam para o essencial:
http://apodrecetuga.blogspot.pt/2012/05/agora-vai-saber-verdadeira-razao-porque.html#.VF5iV08qWmw
E as autarquias também.
Mas para apoiar os deficientes não há verbas.
Vejam mais neste link:
http://apodrecetuga.blogspot.pt/p/dos-crimes-de-corrupcao.html#.VF5jtE8qWmw
Isto revolta-nos.
Isto insulta-nos.
Isto é ou não uma imoralidade, uma afronta, uma insanidade?
Isabel A. Ferreira
expresso.sapo.pt