Domingo, 21 de Março de 2021

Celebrando o Dia Mundial da Poesia

 

Rosa Silvestre 1.png

 

Auto-retrato

 

Sou rosa silvestre

Nascida em Janeiro.

 

Sou folha caída

Em tarde invernosa.

 

Sou vento forte

Que sopra do Norte.

 

Sou tarde chuvosa,

Sou triste,

Sou só.

 

Sou vida

De Outono

Que vem e que vai.

 

Sou Sol que

Não nasce,

Sou nuvem escura,

Sou chuva que cai.

 

Sou lágrima,

Sou dor,

Sou noite sem lua,

Sou charco da rua,

Sou luz que apagou.

 

Sou rosa silvestre,

Sou flor delicada,

Que entre a penedia

O tempo esmagou...

 

Isabel A. Ferreira

 

***

 

pôr-do-sol.jpg

 

Esperança…

 

A Noite veio

e trouxe o silêncio…

 

As Estrelas vieram

e cintilaram no céu…

 

A Lua veio

e iluminou os caminhos…

 

O Vento veio

e soprou de mansinho…

 

A Chuva veio

e humedeceu as campinas…

 

As Aves vieram

e cantaram baixinho…

 

Vieram depois

os sonhos,

os medos,

os segredos…

 

Vieram até os anjos

de uma corte celeste…

 

Só tu não vieste…

 

Josefina Maller

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:28

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Terça-feira, 9 de Agosto de 2016

VERÃO EM PORTUGAL: INFERNO PARA ANIMAIS HUMANOS E NÃO HUMANOS

 

Hoje, dia 09 de Agosto de 2016, pelas 7h30m, hora a que me levantei, fui à varanda das traseiras do meu prédio e pude olhar o Sol, “olhos nos olhos”.

 

Um Sol vermelho. Filtrado pelos fumos dos incêndios que lavram, há uns dias, ao redor da cidade.

 

Um dia escurecido, logo pela manhã.

 

E se não fosse a tragédia por detrás deste Sol, diria que era imensamente belo.

 

DSC02026.JPG

 

O Fogo. Um elemento da Natureza que o homem, um ser liliputiano, nunca dominou, não domina, nem nunca dominará. E nem por isso aprendeu que ele, homem pequeno, não é a medida de todas as coisas.

 

A Natureza encarrega-se de lhe enviar os sinais mais evidentes, nas tempestades, nos fogos, nas erupções dos vulcões, nos furacões, nos tsunamis, nas doidas ventanias, como que gritando eu sou mais forte do que tu, por isso reduz-te à tua insignificância, mas, ainda assim, o homem pequeno considera-se o dono do mundo. Um ser superior a todos os outros seres.

 

E no entanto, a minhoca poderá escapar à fúria do Fogo, escavando fundo na terra. As plantas renascerão depois do Fogo. O homem pequeno não.

 

O Fogo destrói-lhe a casa, os bens, os animais domésticos, as florestas. Morrem bombeiros. Morrem pessoas. Morrem animais selvagens. Mas ainda assim, o homem pequeno não se verga à evidência de que o Fogo é mais poderoso do que ele.

 

E não só o Fogo, mas também a Água e o Vento e a própria Terra.

 

E nestas demonstrações do infinito poder da Natureza, que sempre existiram desde o início dos tempos, o homem primitivo, muito mais humilde e sábio do que o homem do terceiro milénio da era cristã, curvava-se diante destas forças, que ele sabia serem muito mais poderosas do que ele. Mas o dito homem moderno ainda não sabe.

 

Em Portugal não se faz prevenção. Os governantes obrigam o povo a pagar impostos, dos quais uma boa fatia é para aplicar mal e sordidamente em coisas inúteis, supérfluas, do foro da imoralidade.

 

A maioria dos fogos é provocada por mãos criminosas.

 

Os criminosos raramente são apanhados. Mas aos que são apanhados, aplicam-lhe umas peninhas de passarinho e depois libertam-nos. E eles reincidem.

 

E depois há o interesse dos madeireiros e de outros interesseiros. Sempre o interesse de alguém a comandar a desgraça dos outros. Sejam esses outros humanos ou não humanos.

 

Não gosto do Verão, não pelo Verão em si, mas pelo que o homem pequeno da era moderna faz dele: um verdadeiro inferno para os animais de todas as espécies, humanas e não humanas.

 

No Verão, em Portugal, somos agredidos desalmadamente pela brutalidade do homem pequeno.

 

As cidades, povoações, vilas e aldeias, civilizacionalmente atrasadas, agridem a sensibilidade dos seres sencientes, humanos e não humanos, com a violência das atitudes tomadas pelos seus governantes, ou pela sua inércia.

 

Em Portugal, excepto para aqueles que se estão nas tintas para o que se passa ao lado, o Verão é, na verdade, a época dos horrores.

 

E nem o Sol, belo e vermelho como uma maçã, ameniza a dor de sentir a tragédia que é ter homens pequenos por governantes.

 

Isabel A. Ferreira

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:17

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Sexta-feira, 1 de Julho de 2016

… PORQUE É NECESSÁRIO RENASCER…

 

fenix10[1] RENASCER.jpg

 

 Lutar contra blocos de cimento armado é desgastante.

 

Fingir-me-ei de morta por um tempo breve, para poder renascer…

 

Estarei num lugar onde a mais pequena flor beneficia do privilégio de ter nascido…

 

Onde o vento anda à solta e os Cavalos são livres…

 

Onde o silêncio brinca furtivamente com os pássaros…

 

Onde as ervas brotam das pedras…

 

E as águas segredam-me os seus mistérios…

 

Até breve…

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:20

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Segunda-feira, 9 de Junho de 2014

CASA CHEIA… DE VENTO, NA TORTURA DE BOVINOS, ONTEM, EM SANTARÉM…

 

A quem querem enganar os tauricidas quando dizem que a tortura de bovinos está de boa saúde?

 

 

Origem da foto:

http://farpasblogue.blogspot.pt/2014/06/entrevista-de-sommer-ao-naturales-agita.html

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:55

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Terça-feira, 13 de Janeiro de 2009

Indiferença...

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2008
 
 
 
 
Se não reparas na flor do caminho, não mereces a sua beleza...
 
 
 
O vento passa ligeiro. Os rios correm tranquilos, serpenteando por entre o verde da planície. A flor desabrocha na serra. A lua enfeita de prata as águas do mar. O Sol doira o trigo das searas. A andorinha faz o seu ninho no beiral da casa, onde algumas papoilas dão colorido ao telhado.
 
E tu nem reparas.
 
Lá longe, de onde vêm estranhos ecos, os ventos em fúria arrancam as árvores. As águas jorram dos céus e inundam aldeias. Os vulcões vomitam o fogo que queima as entranhas da terra. Seres humanos morrem de fome e de sede. Doentes. E a ajuda não chega.
 
E tu nem reparas.
 
Nas noites em que os lobos se calam, ouvem-se gritos desesperados. Cabeças humanas rolam pelo chão. O sangue dos Homens mistura-se com a água dos rios e os campos enchem-se de papoilas tão vermelhas como o sangue que escorre das cabeças decapitadas.
 
E tu nem reparas.
 
Fumos negros de um progresso retrógrado escurecem os céus das cidades. Matam as aves do paraíso. Fazem murchar o arvoredo. Dizimam os bosques. E pelo buraco de ozono chegam até nós os elementos que hão-de transformar a Terra num planeta tão inóspito e deserto quanto Marte.
 
E tu nem reparas.
 
Os pássaros do jardim deixaram de cantar, porque já não há jardim. A música do vento deixou-se de ouvir, porque o grito dos loucos soou mais alto. A sombra das árvores foi substituída pelos fantasmas do betão. E as flores deram lugar às latas.
 
E tu nem reparas.
 
A guerra instalou-se. O riso da criança transformou-se em choro. A mãe desesperada lançou ao rio o filho que não podia carregar na fuga. As lágrimas secaram. Secaram os campos. Os rios e as fontes. O elefante retirou-se para morrer só, numa gruta recôndita. E o cisne cantou o seu último canto.
 
E tu não choraste.
 
Tu não reparas na beleza das coisas, nem no desfazer dos sonhos. Não rejubilas. Não gritas. Não te revoltas. Não dizes nada. Limitas-te a comer a tua maçã, à sombra do que resta da tua própria sombra. E sorris. E gritas: «Não fui eu que fiz mal ao mundo. Não sou vento, nem chuva, nem vulcão. Não sou fumo. Não sou governante, não corto cabeças...».
 
É apenas o que te convém dizer, para justificares a tua indiferença?
 
Mas se não reparas na flor do caminho, não mereces a sua beleza.
 
 
in Manual de Civilidade
 
Este livro pode ser adquirido através do e-mail: isabelferreira@net.sapo.pt
publicado por Isabel A. Ferreira às 18:47

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