Nota prévia:
Texto de Francisco José Papi, Brasil. Por questões de respeito ao autor foi mantida a coloquialidade do Brasil, sendo aqui e ali corrigida a ortografia, apenas porque este site não segue o acordo ortográfico e as palavras são corrigidas automaticamente.
Um texto que vale a pena ler até ao fim.
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Resposta à pergunta de algumas pessoas:
Por que não vão cuidar das crianças…?
Questão interessante. Vamos ver se essa eu consigo responder de modo didáctico.
1) Quem faz esta pergunta admite que existem dois tipos de pessoas no mundo: As Pessoas Que Ajudam e as Pessoas Que Não Ajudam.
Além disso, admite também que faz parte das Pessoas Que Não Ajudam, afinal, do contrário, diria "Por que não me ajudam a defender as crianças com fome?", ou "Venham defender comigo as crianças com fome!", ou "Não, obrigada, vou defender as crianças com fome".
Então ela se coloca claramente através de sua escolha de palavras como uma Pessoa Que Não Ajuda.
É curioso, a Pessoa Que Não Ajuda não faz nenhum esforço para ajudar, mas, sim, para tentar dirigir as acções das Pessoas Que Ajudam. É bastante interessante. Se eu fosse até sua casa organizar sua vida financeira sob a alegação de que eu sei muito mais sobre administração familiar eu estaria interferindo, mas ela se sente no direito de interferir nas acções que uma pessoa resolve tomar para aliviar os problemas que ela encontra ao seu redor.
É uma Pessoa Que Não Ajuda, mas ainda assim quer decidir quem merece ajuda das Pessoas Que Ajudam e o nome disso é "prepotência".
2) Pessoas Que Ajudam nunca vão ajudar as "crianças com fome". Nem tampouco os "velhos", os "doentes" ou os "despossuídos". E sabe porquê?
Porque "crianças com fome" ou "velhos" ou qualquer outro destes é abstracto demais. Não têm face, não são ninguém. São figuras de retórica de quem gosta de comentar sobre o estado do mundo actual enquanto beberica seu uisquezinho no conforto de sua casa.
Pessoas Que Ajudam agem em cima do que existe, do que elas podem ver, do que lhes chama atenção naquele momento. Elas não ajudam "os velhos", elas ajudam "os velhos do asilo X com 50,00 reais por mês".
Elas não ajudam "as crianças com fome", elas ajudam "as crianças do orfanato Y com a conta do supermercado".
Elas não ajudam "os doentes", elas ajudam o "Instituto da Doença Z com uma tarde por semana contando histórias aos pacientes".
Pessoas Que Ajudam não ficam esperando esses seres vagos e difusos como as "crianças com fome" baterem na porta da sua casa e perguntar se elas podem ajudá-lo.
Pessoas Que Ajudam vão atrás de questões muito mais pontuais.
Pessoas Que Ajudam cobram das autoridades punição contra quem maltrata uma cadela indefesa sem motivo.
Pessoas Que Ajudam dão auxílio a um pai de família que perdeu o emprego e não tem como sustentar seus filhos por um tempo.
Pessoas Que Ajudam tiram satisfação de quem persegue uma velhinha no meio da rua.
Pessoas Que Ajudam dão aulas de graça para crianças de um bairro pobre.
Pessoas Que Ajudam levantam fundos para que alguém com uma doença rara possa ir se tratar no exterior.
Pessoas Que Ajudam não fogem da raia quando vêem QUALQUER COISA onde elas possam ser úteis. Quem se preocupa com algo tão difuso e sem cara como as "crianças com fome" são as Pessoas Que Não Ajudam.
3) Pessoas Que Ajudam são incrivelmente multitarefa, ao contrário da preocupação que as Pessoas Que Não Ajudam manifestam a seu respeito. (Preocupação até justificada porque, afinal, quem nunca faz nada realmente deve achar que é muito difícil fazer alguma coisa, quanto mais várias).
O facto de uma Pessoa Que Ajuda se preocupar com a punição de quem burlou a lei e torturou inutilmente um animal não significa que ela forçosamente comeu o cérebro de criancinhas no café da manhã. Não existe uma disputa de facções entre Pessoas Que Ajudam, tipo "humanos versus animais".
Geralmente as Pessoas Que Ajudam, até por estarem em menor número, ajudam várias causas ao mesmo tempo. Elas vão onde precisam estar, portanto muitas das Pessoas Que Ajudam que acham importante fazer valer a lei no caso de maus-tratos a um animal são pessoas que ao mesmo tempo doam sangue, fazem trabalho voluntário, levantam fundos, são gentis com os menos privilegiados e batalham por condições melhores de vida para aqueles que não conseguem fazê-lo sozinhos.
Talvez você não saiba porque, afinal, as Pessoas Que Ajudam não saem alardeando por aí quando precisam de assinaturas para dobrar a pena para quem comete atrocidades contra animais, que estão fazendo todas estas outras coisas, quase que diariamente. E acho que é por isso que você pensa que se elas estão lutando por uma causa que você "não curte", elas não estão fazendo outras pequenas ou grandes acções para os diversos outros problemas que elas vêem no mundo. Elas estão, sim. E se fazem ouvir como podem, porque sempre tem uma Pessoa Que Não Ajuda no meio para dar pitaco.
Então, como dizia meu avô, "muito ajuda quem não atrapalha". Porque a gente já tem muito trabalho ajudando pessoas e animais que precisam (algumas até poderiam ser chamadas tecnicamente de "crianças com fome", se assim preferem os que não ajudam).
De Francisco José Papi, Brasil, com a seguinte menção:
(Este texto pode e deve ser reproduzido) Escrito em 13.04.2005
Fonte:
http://animasentiens.com/resposta-pergunta-algumas-pessoas
Reflexão ao redor da incapacidade moral e natural de evoluir
«Muitas vezes, aqueles que defendem os direitos dos animais são vistos como alguém que ama mais um animal do que o seu semelhante humano. Nada de mais errado. A verdade é que as sociedades onde os direitos dos animais não estão protegidos são, por norma, sociedades que não respeitam os direitos humanos na sua totalidade.
E porquê? Porque é através da forma como tratamos o outro que nos definimos, e maltratar um animal é assistir ao rebaixamento do ser humano, à sua desumanização, à ignorância mais pura da sua própria condição. Porque o ser humano é, também ele, um animal. Com características que o distinguem dos outros, mas, no entanto, um animal. E ao não respeitar os restantes animais, não se está a respeitar a si próprio.
Portugal é um bom exemplo disto mesmo. Faltam leis e, mais importante ainda, falta uma cultura de cidadania bem arreigada, por isso, assistimos à constante violação de direitos, por falta de instrução, de cultura, de humanização. Tanto vemos cães e gatos acorrentados nas varandas dos prédios ou nos quintais das aldeias, como vemos lares de idosos em condições deploráveis.
Tudo isto faz parte do mesmo problema.
Enquanto não percebermos isso, falharemos em solucioná-lo, enquanto sociedade civil. E é a sociedade civil que tem de intervir para que se mudem as consciências. As leis têm de existir, mas o cumprimento delas está no coração de cada um. Os animais não falam, não se podem defender. Por isso, é importante que nós os possamos defender, possamos ter uma voz activa por eles. Sem excessos, nem fundamentalismos. Apenas com muito amor.
Amo muito os animais, como amo muito o ser humano. Defendo-os, como se me defendesse a mim, porque, em última análise, me estou a defender a mim. À minha dignidade. À dignidade da espécie à qual pertenço.»
(Ana Bacalhau)
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O exercício (nunca faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti) não é difícil para eles (aficionados). Eles é que nem sequer querem fazer esse exercício. Não se consegue argumentar com pessoas de mente fechada.
Eu desconheço o perfil do amante/defensor das touradas, mas suspeito que uma parte desse grupo esteja ligada ao negócio (criação de touros ou cavalos, roupa dos toureiros e outro equipamento, etc.). Daí a defesa de algo em que têm interesses.
Outra parte poderá ser por questões semelhantes ao do clubismo. Aprenderam a gostar, afeiçoaram-se e ficou o gosto. Só não entendo a razão das ameaças de morte ou de outro tipo de violência. Devem ser casos pontuais e de uma minoria de indivíduos.
Outra fracção do grupo de aficionados arrisco-me a dizer que são pessoas que defendem a tradição só porque é tradição. No outro oposto existem aqueles que vão nas modas todas e renegam o que é velho. Há que ter espírito crítico e analisar se faz sentido continuar um espectáculo que se baseia na morte e humilhação de alguém, sejam touros, pessoas ou erva do chão.
Os toureiros gostam muito de demonstrar as suas capacidades artísticas em cima do cavalo e até podem dizer que admiram muito os animais. Outros podem argumentar que se não fossem as touradas não haveria a preservação de certas espécies de touros e de cavalos. E?? Se eu admirar muito os toureiros e as suas capacidades posso tirar-lhes a vida? Não. Pelos vistos é crime.
O livre-arbítrio é um direito que todos temos. No entanto, e o direito a tirar a vida a outro ser, principalmente para lazer? Qual é a entidade que tem autoridade para regular isso?
No período do Império Romano, os jogos envolviam a morte de animais e de pessoas. Hoje, os alvos são apenas os animais porque os seres humanos consideram-se demasiado superiores. Nas guerras ainda vemos que há humanos que se consideram superiores a outros (note-se que quem luta são as pessoas comuns e quem os manda lutar são os poderosos).
Convém só relembrar que um dos propósitos dos jogos era o de distrair as massas dos problemas do dia-a-dia. Na actualidade, o futebol tem tratado desse assunto muito bem.
(http://ideiasebaleias2.blogs.sapo.pt/touradas-48047)
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«Tantos séculos, tanta luta, por uma Modernidade Civilizacional e ainda em pleno século XXI, temos a bestialidade humana, bem patente, bem visível, praticada por criaturas que, carregam ainda hoje, a escuridão dos tempos, os malefícios da barbárie e há uns cobardes que poderiam mudar por completo este desgraçado estado de coisas e não o fazem e também um povo amorfo a que pertencemos, escolhendo sempre o mesmo género de gentinha...»
(José Costa)
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«O ser humano é um animal superior na medida em que encerra em si essa potencialidade de compaixão, de amar, respeitar, e cuidar de todos os seres vivos e não vivos. A inteligência e outras coisas são consequência dessa potencialidade. Se o ser humano não se comporta assim, e age de forma egoísta e cruel, não passa de um animal inferior. A superioridade é uma potencialidade. Se ele não a usa, não vive plenamente a sua humanidade.»
(José Alves)
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«(Referindo-se a um aficionado, professor catedrático na Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa): Com esta postura revela ser apenas alguém com algum grau de cultura e bem informado, ávido de informação que lhe permita ter o jogo de cintura necessário na política, como afirma. Revela a inconsciência de um conhecimento mais profundo que lhe permita fazer uso do seu intelecto e discernir sobre questões morais sobre o que é certo e errado em situações que envolvem tortura e sofrimento.
Revela grande ausência de carácter na postura confortável que partilha com padrões arcaicos de comportamento institucionalizado na sociedade, demonstrando uma real falta de consciência ética e falta de conhecimentos elementares no que diz respeito ao conhecimento das espécies animais.»
(Margarida Farrajota)
O Estado português promove a “cultura” da violência, da crueldade e da morte de seres que não podem defender-se, financiando essa matança.
É assim com os seres humanos, mas também com os seres não-humanos.
Será esta uma competência de um Estado de Direito?
Imagem do rosto de uma criança humana (isto não é um invólucro), assassinada no santuário da vida, que é o útero da própria mãe.
O Estado português está a construir um país de velhos.
Uns, já nascem imbuídos de uma velhice ancestral, que passa de geração em geração, sem que lhes dêem oportunidade de crescerem e pensarem como jovens, e são condenados a viver como velhos.
Outros são assassinados antes que lhes dêem oportunidade de nascer.
Cada vez nascem menos crianças em Portugal.
Umas, porque não são geradas, por falta de meios.
Outras, porque são mortas antes de nascerem, com todos os meios à disposição.
Que “política” será esta?
Vejam imagens de seres humanos, que foram cobardemente assassinados no ventre materno, um acto a que chamam "aborto", aqui:
http://abortoemportugal.blogspot.pt/2012/09/fotos-de-bebes-abortados-grafico.html
E depois digam de vossa justiça.
Eu, que pertenço a um outro mundo, não compreendo.
Isabl A. Ferreira
É é legítimo perguntarmos: por quê?
Eduardo Jorge diz: «Se nada mudar para melhor eu faço greve até morrer»
Vejam a entrevista aqui:
http://observador.pt/episodio/se-nada-mudar-para-melhor-eu-faco-greve-ate-morrer/
«Eduardo Jorge, paraplégico, luta por uma vida independente e por apoios do Estado que permitam aos deficientes não serem institucionalizados compulsivamente. Quer ser activo sem se sentir humilhado».
Mas o Estado Português não tem verbas para apoiar os deficientes.
O Estado Português não tem verbas para apoiar a Educação, o Ensino, a Cultura, as Artes, os Velhos ou as Crianças com fome (que segundo as estatísticas rondam os 30%).
O Estado Português não tem verbas para o essencial.
O Estado Português não tem verbas para apoiar a Vida.
Mas o Estado Português tem verbas para apoiar duas dezenas de famílias de ganadeiros que fomentam a selvajaria tauromáquica.
Vejam aqui onde o Estado Português gasta as verbas que faltam para o essencial:
http://apodrecetuga.blogspot.pt/2012/05/agora-vai-saber-verdadeira-razao-porque.html#.VF5iV08qWmw
E as autarquias também.
Mas para apoiar os deficientes não há verbas.
Vejam mais neste link:
http://apodrecetuga.blogspot.pt/p/dos-crimes-de-corrupcao.html#.VF5jtE8qWmw
Isto revolta-nos.
Isto insulta-nos.
Isto é ou não uma imoralidade, uma afronta, uma insanidade?
Isabel A. Ferreira
Copyright © Isabel A. Ferreira 2010
Vivemos num mundo onde a MORTE de seres humanos e de seres não-humanos (a destes muito mais) se banalizou a tal ponto que a essência da Humanidade se afundou no pântano da iniquidade.
Até onde nos levará esta loucura colectiva?
O mundo afunda-se num abismo imenso, e ainda há quem se divirta com a depravação de actos e de factos consumados por indivíduos sem dignidade, sem palavra, sem consciência, sem respeito por si próprios.
Impera uma ignorância obscura, assente numa mentalidade estagnada, que nos faz retroceder ao tempo em que dominavam os brutos, lançando o caos e espalhando a morte à sua passagem, pilhando, exterminando povos, violando mulheres, raptando crianças...
Isto soa a passado?
Não, não soa.
Ainda hoje vi, ouvi e li notícias tão semelhantes a estas de tempos idos...
Hoje, precisamente ainda hoje, um dia do ano de 2010, depois de Cristo.
O que aconteceu?
Existirá uma idiotice congénita que é transmitida através do Poder, e a partir desse poder, essa idiotice rasteja até aos mais perversos indivíduos, e estes vão espalhando o terror, a morte e a miséria mental pelo mundo?
Se não vejamos o que temos:
Fome; sede; doenças misteriosas; novas bactérias; novos vírus; poluição; tráfico de drogas; tráfico de armas; tráfico de seres humanos; tráfico de animais não humanos; escravatura infantil; pedofilia; violações de mulheres novas, idosas e crianças; assassinatos; guerras “santas”; terrorismo; lutas fratricidas; mortes gratuitas; roubos; condenações à morte; lapidações; mutilações; massacres; prisões arbitrárias; tortura de seres não humanos para divertimento...
Novas mentes velhas andam por aí...
Na verdade, este mundo é um lugar sinistro, cheio de gente sinistra que odeia e ri-se dos seres humanos que tentam semear girassóis nos campos onde jazem os que morreram às suas mãos...
São eles, os comedores de carne putrefacta e ossos, que se riem, mostrando uns dentes já apodrecidos pelo tempo antigo que neles estagnou...
Isabel A. Ferreira