O Grupo Parlamentar do PAN - Pessoas - Animais - Natureza questionou o Ministério da Educação sobre uma publicação que a empresa que fornece 85.000 refeições por dia ao sector do Ensino, apresentando várias questões contrárias aos princípios do bem-estar animal e da alimentação saudável ou vegetariana/vegana, distribuiu pelas escolas.
O que pretende o Ministério da Educação fazer com as nossas crianças? Já não basta obrigá-las a escrever "incurrÊtamente" a Língua Materna delas, querem agora também impingir-lhes uma alimentação desadequada e a deseducação para o bem-estar animal?
Isabel A. Ferreira
Origem da imagem: Internet
A Companhia Gertal de Restaurantes e Alimentação, S.A., tem uma cobertura nacional de grande expressão, servindo cerca de 85.000 refeições/dia ao sector do Ensino, desde jardins de infância, escolas, colégios, a universidades e institutos politécnicos.
Inscrevem-se nos princípios da empresa, o "Princípio da Prevenção da Poluição na Origem”, em que é referido o seguinte: “aplicamos continuamente uma estratégia preventiva integrada, garantindo o envolvimento de todas as partes interessadas por forma a aumentar a eco-eficiência, a reduzir os riscos ambientais, os riscos para a saúde humana, optimizando os recursos ao nível dos processos e produtos”.
Constam ainda entre os princípios da empresa o “Princípio da Responsabilidade”, segundo o qual, assumem a responsabilidade das suas decisões, acções e actividades no Ambiente, Economia e Sociedade. Por outro lado, a Gertal assume como objectivos para 2020/2021 os “estímulos a uma alimentação mais saudável e sustentável” e a “redução do sal, açúcar e gordura”.
Para tal a empresa Gertal lançou a Sebenta “Alimenta-te Sem Porquês”, cuja primeira edição teve como mote o regresso às aulas e a preocupação com a alimentação e segurança dos consumidores mais novos, num contexto dominado pela COVID-19, tendo sido distribuídos mais de 70.000 exemplares, a nível nacional, nas escolas, uma iniciativa importante que o PAN saúda.
Porem, neste momento, está a ser distribuída uma outra edição, de 17 páginas, sob a temática “Um dia na quinta”, dirigido a crianças do pré-escolar e primeiro ciclo. Este livro tem como objectivo ajudar as crianças a conhecer melhor os alimentos que comem, a forma como são cultivados e produzidos, quais os seus benefícios, procurando incentivar as crianças a fazerem escolhas saudáveis na sua vida futura. No entanto, esta edição, coloca os animais numa perspectiva utilitarista, como existindo para consumo e interesse humanos, o que assenta totalmente numa perspectiva antropocêntrica. Neste livro, refere-se que os animais de quinta “produzem carne”, o que, do ponto de vista linguístico e semântico, é um erro não acautelado pela revisão da edição, uma vez que os animais não produzem carne, sendo que o seu corpo é que é transformado em carne alimentar.
Por outro lado, dão-se exemplos de que a vaca chega a beber 50 litros por dia e pode produzir 100 copos de leite por dia. Além do erro de linguagem, que deve ser corrigido, esta informação assenta apenas na promoção do consumo, pecando por falta de informação quanto aos impactos da produção de leite e carne no ambiente e na saúde humana. Viola mesmo, o Princípio da “Prevenção da Poluição na Origem” desta empresa, uma vez que a produção agro-pecuária é uma das mais intensas actividades de poluição ambiental.
Mais preocupante é a co-relação que faz entre a existência de porcos na quinta e os “famosos chouriços, presunto ou fiambre, de que tanto gostamos”. Esta assunção de conteúdo é particularmente gravosa, até porque há crianças e famílias que não se alimentam com animais, e, portanto, não se revêem, nem querem rever-se, nesta expressão do livro, que demonstra ser claramente discriminatória para com todas as crianças e familiares cuja alimentação seja vegetariana ou vegana, e cujos princípios de bem-estar animal não são compatíveis com o consumo de animais no prato.
Esta postura projecta opções e opiniões pessoais de quem escreveu ou orientou esta edição, não sendo aceitável a sua transmissão inconsequente junto das escolas e crianças.
Por outro lado, sendo a Gertal, uma empresa que se diz pautar por princípios de sustentabilidade e preocupada com o impacto da alimentação no ambiente, é incoerente que fale da agro-pecuária e não informe que esta é uma das áreas de actividade mais poluentes e responsável pelos gastos de água e devastação de ecossistemas, bem como não aborde outras opções mais saudáveis para a saúde e para o ambiente.
A alimentação é, de facto, um vector estratégico da saúde humana, sendo amplamente reconhecido o seu papel na prevenção de doença ou, em caso contrário, no surgimento de patologias resultantes de hábitos alimentares não-saudáveis, como a obesidade, a diabetes, as doenças cardiovasculares e a hipertensão arterial, com consequências gravosas para a vida das pessoas, para o erário público e para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
A educação para uma alimentação saudável tem de ser transversal a todos os contextos, coerente entre aquelas que são as orientações e evidências científicas existentes e com as práticas quotidianas instituídas em todos os sectores sociais. É, particularmente importante, a educação para uma alimentação saudável junto das populações mais jovens, em fases de desenvolvimento físico e mental muito exigentes, sobretudo quanto às questões da qualidade e quantidade nutricionais, tendo a escola um papel essencial, seja através da literacia em saúde, seja através de práticas concretas instituídas nas comunidades escolares.
Assim, ao abrigo do disposto na alínea e) do artigo 156.o da Constituição da República Portuguesa e da alínea e) do n.o 1 do artigo 4.o do Regimento da Assembleia da República, o PAN, por intermédio do presidente da Assembleia da República e nos termos e fundamentos que antecedem, solicita as seguintes informações ao Ministério da Educação:
Quando as vai tomar?
É esta a lógica educativa de promoção de saúde e de mitigação dos impactos humanos no ambiente que o Ministério da Educação considera dever ser utilizado junto das crianças? É com este tipo de conteúdos e mensagens educativas, que o Ministério considera que deve ser elaborado o esperado Referencial para o Bem-Estar Animal?
Terminada a II Grande Guerra Mundial, foi encontrada, num campo de concentração nazista, uma mensagem dirigida aos professores.
Numa época em que o retrocesso educacional, social, cultural, e civilizacional é uma realidade assustadora, faz todo o sentido relembrar as palavras contidas nessa carta, que não interessa se foram idealizadas por alguém, ou se foram realmente escritas por um sobrevivente de um campo de concentração.
O que interessa é que o conteúdo da carta transmite uma cruel realidade que já existiu e pode repetir-se.
A mensagem apela para uma EDUCAÇÃO mais HUMANIZADA, algo que está a perder-se, dando lugar a um vazio de valores, só visto nesses tempos tenebrosos, em que a vida humana valia menos do que um monte de esterco.
O futuro não precisa de MONSTROS.
O futuro precisa de SERES HUMANOS.
Isto jamais deveria ter acontecido, numa sociedade construída pelo dito "racional" Homo Sapiens Sapiens. Mas aconteceu.
Contudo, ainda hoje, os mares e os rios são campos de concentração, onde morrem crianças e adultos, fugindo da ignomínia de governantes, buscando uma vida mais humanizada, que não encontram nos seus países. Campos de concentração são as cidades onde todos os dias se morre devido a guerras insanas. E a pobreza e a fome, que afectam milhões de seres humanos, também são uma espécie de campos de concentração, onde ainda se morre, pelo simples querer de hominídeos graduados em colégios e universidades.
Eis a mensagem do sobrevivente do campo de concentração nazi:
«Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Os meus olhos viram o que nenhum homem jamais deveria ter visto:
- Câmaras de gás construídas por engenheiros formados.
- Crianças envenenadas por médicos diplomados.
- Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas.
- Mulheres e bebés fuzilados e queimados por graduados em colégios e universidades.
Assim, tenho as minhas dúvidas acerca da Educação.
O meu pedido é este: ajude os seus alunos a tornarem-se humanos. Os seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis.
Ler, escrever e saber aritmética, só serão importantes se fizerem as nossas crianças mais humanas.»
Um magnífico texto de André Silva, Deputado da Nação, pelo PAN, descomprometido e livre das amarras do lobby tauromáquico instalado na Assembleia da República Portuguesa.
Esperamos que aos deputados, aficionados da selvajaria tauromáquica, que ainda vivem no passado, chegue a lucidez suficiente, para que possam interpretar as palavras do Deputado André Silva, um Homem que pertence à modernidade, e os faça catapultar para o Século XXI D.C.
(Os excertos do texto a negrito são da minha responsabilidade)
Isabel A. Ferreira
Por André Silva
«Conseguimos saber algo importante sobre uma pessoa através da forma como ela trata os que são mais fracos do que ela. Mas conseguimos saber quase tudo sobre uma pessoa através da forma como ela trata os que não têm qualquer poder, os que são impotentes. E os candidatos mais óbvios a este estatuto são os animais. Milan Kundera diz que a verdadeira bondade humana só pode manifestar-se, em toda a sua pureza e liberdade, em relação aos que não têm poder.
O verdadeiro teste moral da humanidade, o mais básico, reside na relação que mantém com os que estão à nossa mercê. E é neste ponto que encontramos a maior derrota da tauromaquia. Sem tibieza, Fernando Araújo dá-nos a mais crua e límpida definição de uma corrida de touros, que consiste na exibição da mais abjecta cobardia de que a espécie humana é capaz, o gozo alarve com a fragilidade e com a dependência alheias.
Na falta de argumentos saudáveis e convincentes, ao estertor tauromáquico nada mais resta do que defender ad nauseam que estas manifestações são parte integrante do património cultural português e da sua identidade. Estagnados no tempo em que a maioria das pessoas não sabia ler nem escrever, tentam fazer-nos acreditar que mutilar e rasgar carne a um animal e fazê-lo cuspir sangue faz parte da nossa herança cultural.
A identidade de um povo cria-se a partir do que é pertença comum e não daquilo que nos divide, pelo que forçar a identidade tauromáquica à população portuguesa é ofensivo e contraproducente para uma desejada unidade nacional.
Aceitando por um lado que devem ser banidas e condenadas as violências contra animais, tentam fazer-nos crer que infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões a um animal é legítimo, desde que se faça num anfiteatro, que o mal-tratador use fato com lantejoulas e que seja acompanhado ao som de cornetas.
Esta deplorável cena troglodita, em Barrancos, leva-nos a um nome: Jorge Sampaio, ex-presidente da República Portuguesa, que não soube defender a Civilização.
O país pede uma evolução civilizacional e ética em relação a este assunto, sendo que as tradições reflectem o grau de evolução de uma sociedade, pelo que não é mais aceitável que o argumento da tradição continue a servir para perpetuar a cultura da brutalidade e do sangue que se vive nas arenas. Todas as tradições devem ser colocadas em crise quando atentam contra a vida e integridade de terceiros. As pessoas têm muitas formas de satisfazer o seu direito cultural sem que tenha que passar por infligir sofrimento a animais.
Mais de 90% dos portugueses não assiste a touradas e as corridas de touros têm vindo a perder milhares de espectadores todos os anos, tendência confirmada pelos recentes referendos nas universidades de Coimbra e de Évora, onde milhares de estudantes decidiram afastar a violência tauromáquica das suas festas académicas, após várias instituições de ensino superior já o terem feito.
Assim, afirmar que a tourada faz parte da identidade nacional é pretender que uma minoria da população que assiste a corridas de touros seja considerada mais “portuguesa” do que a grande maioria que não se revê neste tipo de espectáculos, o que é, no mínimo, desconcertante.
A identidade de um povo cria-se a partir do que é pertença comum e não daquilo que nos divide, pelo que forçar a identidade tauromáquica à população portuguesa é ofensivo e contraproducente para uma desejada unidade nacional.
Tenha a classe política a coragem para acompanhar o desejo de não-violência da esmagadora maioria dos portugueses.
André Silva»
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Comentário, na página, ao texto de André Silva, o qual subscrevo:
Acontece que a "classe política" é tão cobarde como um toureiro, e a população de certos locais e adepta deste primitivismo é particularmente agressiva. Viu-se na palhaçada de Barrancos onde a população se manifestou mais para ter touradas ilegais do que para ter um centro de saúde decente. E em vez de impor a lei, o Estado rebaixou-se e cedeu perante alguns burgessos ululantes. Uma pena e uma vergonha nacional que se continuem a praticar touradas. (Gustavo Garcia)
Fonte:
Francamente, esta “gente” acha que ser aficionado dá estatuto social a “individualidades” que se divertem à custa do sofrimento de seres sencientes. Só isto demonstra a falta de lucidez e de carácter dos intervenientes.
E, obviamente, não é lá por uns quantos colunáveis serem aficionados, que a selvajaria tauromáquica vá ser considerada algo moralmente, culturalmente e socialmente admissível.
Fonte da imagem:
Esquecem-se de que o divertimento à custa da tortura de seres vivos pertence ao foro dos sádicos. Está mais do que provado.
Também está mais do que provado que um curso superior, um cargo político superior ou uma profissão superior não faz ninguém ser moralmente e mentalemente superior.
Recorde-se que os mais bárbaros e cruéis assassinos, sádicos, ditadores, usurpadores, torturadores, psicopatas, empaladores da História da Humanidade, desde tempos remotos, saíram das classes altas, de imperadores, de políticos, de governantes, de monarcas, de indivíduos que frequentaram cursos superiores e exerceram os mais altos cargos políticos e sociais.
É que só existe uma superioridade: a superioridade mental, e esta não se aprende nas universidades, nem se ganha ocupando cargos de relevo.
E definitivamente, estas personagens, que vão para uma arena aplaudir a tortura de um ser vivo, são moralmente, socialmente, culturalmente, intelectualmente e mentalmente de muito baixo nível e com graves desvios comportamentais e de carácter. Está mais do que provado cientificamente.
Portanto, não venham falar em aficionados de luxo, porque não passam de lixo social, assim como lixo é a tauromaquia.
«A tauromaquia é a terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras. Traumatiza as crianças e adultos sensíveis. A tourada agrava o estado dos neuróticos atraídos por estes espectáculos. Desnaturaliza a relacção entre o Homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura.» Esta é uma verdade universal, seja lá quem a proferiu. Uma verdade irrefutável.
E quem não percebe isto, rasteja na lama da ignomínia, achando que a selvajaria tauromáquica é um diploma que se tira numa qualquer universidade.
Nenhum escritor, político, artista plástico, governante, presidente da república, professor universitário, seja lá quem for, fugirá ao estigma de sádico, quando vai a uma arena aplaudir a tortura de um ser senciente indefeso, inocente e inofensivo.
Estas “individualidades” esquecem-se de que ficarão no caixote de lixo da História. Não nos pedestais. Não perpetuados em estátuas de pedra ou de bronze para toda a eternidade.
E mais… terão de enfrentar, inevitavelmente, a infalível Lei do Retorno. Mais tarde, ou mais cedo.
O jornal i pôs a nu as fraquezas mentais de alguns aficionados a que chamou de “luxo”
No próximo dia 1 de Junho o tema da selvajaria tauromáquica será levado (uma vez mais) à Assembleia da República, onde se encontram de atalaia bastantes aficionados a ganhar salários pagos com o nosso dinheiro, para, quase exclusivamente, defenderem a tortura de seres vivos, desprestigiando, de um modo aviltante, aquele órgão do Poder.
Diz o “i” que Jorge Sampaio e Vera Jardim, dois aficionados assumidos, nados e criados entre a barbárie, viajavam até Madrid para assistir a touros de morte. Não esqueçamos que Jorge Sampaio, enquanto presidente da República, levou os “touros de morte” para Barrancos, uma das mais atrasadas localidades portuguesas, talvez para não ter de ir tão longe satisfazer os seus mais mórbidos instintos.
Moita Flores, Elísio Summavielle, Maria Alzira Seixo, Marcelo Rebelo de Sousa, Gabriela Canavilhas, Alice Vieira, Miguel Sousa Tavares, João Soares, Daniel Oliveira, entre outros “colunáveis”, desde pequenos assistem à tortura de Touros. E quando tal desgraça acontece na vida de uma criança, enraíza-se nela os maus instintos, a apetência para a crueldade e, quando crescem, tornam-se sádicos, ávidos de ver sangue e sofrimento, sem o menor escrúpulo, sem a menor compaixão. Típico da síndrome da apetência para a crueldade que neles se desenvolve.
Todos eles, uns mais, outros menos, perdendo o sentido crítico e a noção do ridículo, do bom senso e da auto-estima, devido à patologia de que sofrem, assumem que gostam da “festa brava”, com a mesma naturalidade que dizem adorar ir ver um concerto da Maria João Pires, estando-se nas tintas para o prestígio que perdem, para as críticas de que são alvo, para o epíteto de sádicos que recebem e para a exposição pública da patologia deles.
E isso é já uma demonstração da total alienação mental que uma infância vivida em antros tauromáquicos (como Vila Franca de Xira, Moita, Santarém entre outros) lhes provocou. É inevitável.
Todos aqueles que cresceram a ver torturar Touros e Cavalos criaram uma carapaça de insensibilidade e incompaixão pelo outro, transformando a crueldade em algo normal, plausível e praticável, não concebendo outra alternativa, e esses, mais do que outros, são os mais arreigados aficionados de selvajaria tauromáquica.
Contudo, há uns que nascem com genes evolutivos e evoluem, independentemente do meio onde foram criados. Outros, nascem esvaziados desses genes e não conseguem ultrapassar a linha do horizonte que lhes é mostrada.
Ainda recorrendo ao jornal “i”, este referiu que andando Jorge Sampaio em campanha eleitoral para a Presidência da República, em Vila Franca de Xira (um outro antro de selvajaria tauromáquica) um jornalista perguntou-lhe se gostava de touradas. Os que o rodeavam esperaram dele uma resposta politicamente correcta, mas Sampaio deixou falar mais alto a sua carga genética involutiva e os seus instintos mais mórbidos e disse “Gosto muito e só tenho pena de não poder assistir mais vezes.” Esta resposta realmente diz bastante da fragilidade mental de alguém que, por incrível que pareça, já ocupou o mais alto cargo político da Nação.
O “i” acrescenta ainda que João Gabriel, assessor de imprensa, confessou que, naquele momento ficou “gelado” e correu atrás dos jornalistas para tentar desvalorizar a revelação feita pelo futuro presidente da República. Não haverá aqui algo incongruente? Então a tourada, para eles, não é considerada “arte”?
Se a tourada fosse “arte” e “cultura” estudá-la-íamos nas disciplinas de História de Arte e Cultura Portuguesa, nas Universidades. Fiz estas duas disciplinas e jamais, nem de passagem, a tourada nelas foi abordada.
Quanto a Elísio Summavielle, actualmente presidente do Centro Cultural de Belém (para vergonha de Portugal) e ex-secretário de Estado da (in)cultura, como o avô era da Moita, um dos maiores antros tauromáquicos portugueses (e estaria tudo dito), ele “desde muito cedo” começou a frequentar as arenas de tortura na Moita e em Vila Franca de Xira, e diz sem pejo algum: “Toda a vida vi corridas e toda a vida vivi com as pessoas ligadas à festa brava.”
Pois… O contacto com a violência e a crueldade praticada contra indefesos Touros moldou-lhe um carácter totalmente desprovido de sensibilidade e compaixão, desvirtuando-lhe a noção dos valores humanos, ao ponto de se embevecer com o combate (desigual) de vida e morte entre um cobarde torturador (vulgo toureiro) e um Touro indefeso, e considerar esta barbárie como “património cultural”, não podendo ser abolido por decreto.
Se não for por decreto, esse impatrimónio incultural será abolido pela evolução.
Fará este aficionado a ideia do descomunal disparate que diz? Pensará este ex-governante que todos os Portugueses são idiotas?
O mesmo acontece com Moita Flores que desde “puto” está enfronhado na prática da violência e da crueldade, e o seu carácter também foi moldado pela selvajaria tauromáquica, ao ponto de, enquanto presidente da Câmara de Santarém, ter esbanjado mais dinheiros públicos com a tortura de seres vivos, do que com as infra-estruturas necessárias à terra.
É que, para estes aficionados, pode faltar tudo, excepto o cheiro a sangue, a urina, a bosta e a álcool que uma tourada proporciona, para satisfazer o prazer mórbido deles, através da masturbação mental.
Refere ainda o jornal “i” que Daniel Oliveira, comentador e ex-dirigente do BE, confessou que a grande maioria das pessoas com quem convive acha “inacreditável” que ele goste de ir a corridas de touros.
Será “inacreditável” para alguns, porque para a maioria dos portugueses não é, pois esta patologia aberrante da selvajaria tauromáquica apanha indivíduos de todo o género, enfronhados nas trevas, desde os ditos de direita e esquerda, aos monárquicos, a professores catedráticos, escritores, pintores, enfim… e o que os torna iguais é o terem tido uma infância perversa e vivida a louvar a crueldade e a violência como ladainhas a santos. Sim, porque a igreja dita católica tem aqui uma culpa indesculpável.
Diz ainda o “i” que todos recusam o rótulo de “agressores” dos animais. Moita Flores diz, sem ajuizar o alcance do que diz: “Eu tenho animais. Tenho a maior estima pelos animais. Não reconheço a ninguém autoridade para me dizer que gosta mais de cavalos ou touros do que eu”.
Esta afirmação já diz da alienação mental de quem a profere. Ninguém mais do que ele gosta de Touros e de Cavalos e, no entanto, aplaude vê-los ser torturados barbaramente numa arena? O que seria se não gostasse deles!...
Aliás, para os aficionados, os Cavalos e os Touros nem animais são. São apenas coisas que se podem espetar como se fossem almofadas de alfinetes.
São tão alienados que perdem totalmente a noção da realidade e acabam por não saber o tamanho das parvoíces que proferem.
Só nos resta que este governo, dito de esquerda, esteja à altura de políticas evolutivas, retire o pé que tem especado num passado que vem desde a ocupação filipina, dê um salto para o futuro e coloque Portugal no caminho da evolução.
Isabel A. Ferreira
Fonte: http://www.ionline.pt/509784
O que as universidades ensinarão aos jovens? A serem cobardes? Um comportamento para ser verdadeiramente ético (convém não esquecer que vivemos em sociedade…) terá de responder a estas três perguntas: 1- Quero fazer isto? 2- Devo fazer isto? 3- Posso fazer isto?
Vejamos o que diz Isabel Godinho, uma jovem portuguesa (com a lucidez que falta aos governantes portugueses) a propósito da afirmação de um tauricida, que a confrontou com o “estilo de vida” dos que torturam e matam bovinos para diversão.
«O que chamam “tradição” e querem defender a todo o custo, consiste na tortura e morte de animais sencientes, para divertir uma minoria perversa.
É impossível compreender que tipo de mentes se entretêm a ver animais vivos a serem torturados.
Pergunta-se: e se fosse um maluco, pela rua fora, a espetar um cão? E se fosse um psicopata que gostasse de espetar pessoas até à morte, com uma lança? Não iríamos querer que a polícia os encontrasse e prendesse? Ou será que iria aparecer alguém a dizer que o estilo de vida do psicopata era matar pessoas e que, por isso, ninguém podia interferir? Parece sensato? Pois a mim não...
Estar ou ser contra touradas não é apenas não gostar e querer estragar a vidinha dos que gostam, é perceber que torturar um animal é contra princípios de respeito, não maus-tratos e protecção e querer defender esses princípios porque são comuns a todos e não apenas “à vida dos outros”».
***
Um outro aspecto.
Coloquei a um defensor convicto dos direitos dos animais esta questão:
«Arsénio, será que a liberdade de... e o direito de... vão no mesmo sentido? Ou serão conceitos diferentes?»
O cidadão Arsénio Pires, também com a lucidez que falta aos governantes portugueses respondeu-me:
«Isabel,penso que você toca no grande problema: o que é Ética?
Penso que ter liberdade para fazer uma coisa não pode querer dizer que eu tenho o direito de a fazer. Ex: Posso ter liberdade para fazer uma coisa que vai contra a autêntica liberdade de alguém. Logo, não tenho o direito de executar essa coisa (acção, palavra, atitude, gesto, etc.). Aqui, a minha liberdade tem um limite.
Em meu entender, um comportamento para ser verdadeiramente ético (convém não esquecer que vivemos em sociedade…) terá que responder a estas três perguntas:
1- Quero fazer isto?
2- Devo fazer isto?
3- Posso fazer isto?
Disse Kant: Devemos agir de tal forma que a nossa ação possa ser transformada em lei universal de comportamento.
Isabel, haveria muito a dizer sobre o Homem verdadeiramente livre!»
***
Exactamente., Arsénio
Mas para isso seria preciso que o povo fosse culto e que os governantes fossem cultos também e tivessem lido, pelo menos, a Fundamentação da Metafísica dos Costumes e a Crítica da Razão Prática, para compreenderem o que querem, ou devem ou podem fazer. Para quem não sabe, Immanuel Kant foi o último grande filósofo dos princípios da era moderna.
O que é um homem verdadeiramente livre?
Eis o busílis da questão.
O homem verdadeiramente livre será aquele que, apenas porque gosta, porque lhe dá prazer, porque lhe convém, porque até ganha dinheiro com isso, e em nome de uma coisa a que chama “tradição” sai por aí a torturar e a matar e a estropiar seres vivos (sejam humanos ou não humanos) com a crueldade própria dos esvaziados de uma alma humana?
Ou será aquele que com lucidez conhece os limites da sua liberdade?
Fórmulas da lei moral em Kant:
«Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal».
«Age como se os princípios da tua acção devessem ser erigidos pela tua vontade em lei universal da natureza».
«Age de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, sempre como um fim e nunca como um meio.»
«O reino dos fins une os seres racionais, sob uma legislação comum. A pessoa tem um valor e uma dignidade sem preço.
«O dever é uma necessidade interna de realizar uma determinada acção apenas por respeito à lei moral (lei prática). O dever liberta o homem das determinações a que está submetido, substitui a necessidade natural. O dever impõe ao homem a limitação dos seus desejos e obriga-o a respeitar as leis morais da razão.»
Bertrand Russel um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX, respeitado por inúmeras pessoas como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade, resume assim o pensamento de Kant:
"A moral só existe quando o homem actua segundo o dever. Não basta que o acto seja tal como o dever pode prescrever. O negociante honesto por interesse ou o homem bondoso por impulso não são virtuosos. A essência da moralidade deriva do conceito de lei; porque embora tudo na natureza actue segundo leis, só um ser racional pode actuar segundo a ideia de lei, isto é, por vontade. A ideia de um princípio objectivo, que impele a vontade, chama-se uma ordem da razão e a fórmula é o imperativo".
in, «História da Filosofia».
Como diz Arsénio Pires: «Haveria muito a dizer sobre o Homem verdadeiramente livre!»
Na verdade, o que faz falta é a Cultura Culta.
O que faz falta é ler os grandes filósofos da humanidade.
O que faz falta é um sistema de ensino que conduza os jovens à plenitude da sua própria essência humana.
O que faz falta é educar o povo para uma cidadania responsável.
O que faz falta são governantes cultos que possam transmitir Cultura Culta e não se verguem à “cultura” e á identidade “cultural” dos broncos e lhes dêem primazia sobre a cultura dos verdadeiros homens livres.
Devia ser OBRIGATÓRIO um Certificado de Lucidez e Cultura Culta para os candidatos a governantes.
Fonte para as citações de Kant, cuja leitura recomendo aos senhores governantes e não só...
http://afilosofia.no.sapo.pt/12KantIntrod.htm
Ainda bem que os estudantes estrangeiros, que vêm para Portugal estudar a nossa Cultura, nas Universidades, não têm que levar com esta: «A APTL é uma associação que valoriza as Tradições Portuguesas, as suas gentes, os seus Usos e Costumes, em suma, defende, e defenderá, as mais prestigiadas e nobres Tradições Portuguesas, as nossas Ganadarias e Coudelarias», frase de cabeçalho, na página desta Associação, no Facebook.
Dito assim, esta associação é um colossal INSULTO à verdadeira Cultura Portuguesa.
Seria a vergonha das vergonhas, para os estudantes estrangeiros, dizer-lhes uma coisa destas. E eles não entenderiam porquê.
Pensem um bocadinho, meus senhores. Realmente acham que tudo o que está ligado à tortura de Touros e Cavalos é nobre? A crueldade? A violência? O sangue? Tudo isto valorizará as tradições portuguesas? As suas gentes? Os seus usos e costumes?
É esta a ideia que têm de nobreza, de dignidade, de humanidade?
Sabem, tudo o que dizem é fruto de uma desmedida FALTA DE CULTURA e DEFORMAÇÃO MENTAL.
Por que não aceitam cultivar-se e viver no século XXI depois de Cristo?
O mundo evoluiu e vocês nem deram conta disso!
Isabel A. Ferreira