Magnífico poema, em vernáculo, como eles, os tais, os anafados, os eleitos merecem.
Uma voz que grita o sentimento e o cansaço de todo um povo, e o meu sentimento e o meu cansaço também.
Obrigada, António Manuel Ribeiro.
(Vídeo Oficial)
«Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas, a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos.
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica.
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses idiotas que se sentam frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre os esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só -- sufoca.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem além
Da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!
Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manípulas na água benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia politicamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de São Bento
O guião escrito é seguido pelas sombras vigentes.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os borregos, as ovelhas e os cabrões seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse -- e não toca
A não ser quando o cinto aperta
Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes conhecem-vos pela coragem e pela devoção na gritaria do futebol a três cores
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos inflamados sem tutano.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a ementa e o somatório erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública!
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta de um hospital.
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio a uma taxa moderada pela putibor.
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira...
Eleitos, cuidem da oratória..."
Letra e música: António Manuel Ribeiro
Partilho este texto, tal como o recebi via e-mail, com práticas para quem está em quarentena e não deixa por isso de ir Caminhando a Vida.
Um belo texto, sem qualquer outra pretensão, senão a de levar à meditação, focando-se no que está a acontecer no mundo e ao mundo, o que trará grandes mudanças na forma de vida de todos os povos, uma vez que todos os povos estão a ser atingidos por este “ser” invisível, que a todos domina.
E todos os governos, de todos os povos, devem saber ler este sinal, que nos foi enviado de um modo cruel, para que as políticas mudem e as sociedades se humanizem.
Isabel A. Ferreira
Origem da imagem: Internet
«1) Permanecer informado sem exagerar, não estar sempre a ouvir notícias, desligar a TV e ligar a nossa atenção à limpeza da casa, ouvir e comunicar com as pessoas que estão connosco, abrir a janela e apreciar as nuvens, o céu, as folhas nas árvores, o cantar dos pássaros.
Isto não são distracções, e dão-nos a diversidade de conteúdos de que precisamos para manter as nossas mentes saudavelmente flexíveis, receptivas e focadas.
A distracção é não nos focarmos num objecto por um tempo suficientemente longo para o podermos apreciar por ele próprio e andarmos a saltar de notícia em notícia perdendo o nosso Foco e Equilíbrio.
Ficar distraído - obcecado com algo – seja agradável ou detestável – não é o mesmo que prestar atenção. Estar simplesmente viciado ou fixado em algo é uma forma extrema de distracção compulsiva e apenas conduz a mais Desequilíbrio Interior.
A atenção pode focar-se ou desfrutar em função do prazer ou do relacionamento; pode mover-se, calmamente, através do espectro de uma consciência desperta. Movemo-nos de uma coisa para outra, sem pânico nem caos. A variedade é saudável e nutritiva.
Ao acordar agradecer estar vivo e manter-se atento aos milagres da vida de todos os dias. Ao deitar agradecer o dia que passou e colocar-se nas mãos do Universo Criador, pois '“Somos Nada, Tu és Tudo'', ''Seja feita a Tua e não a minha vontade'‘, sempre estivemos nas mãos de quem nos criou, só o orgulho-ambição do homem pode pensar outra coisa.
Quem tenha animais que faça o passeio higiénico e aprecie a simplicidade dos animais no seu comportamento exterior.
2) A atenção é como um músculo. Se não a usarmos, ela atrofia e perdemos o Caminho e o Equilíbrio Interior, tal como um músculo necessita de exercício regular.
3) O mundo não voltará a ser o mesmo, não, por isso só quem estiver equilibrado vai sobreviver a esta mudança.
Assim, ao longo destes dias em que a vida mudou para todos nós, a meditação é um grande caminho, simples e ao nosso dispor para reconstruir o nosso poder de atenção. Não quer dizer que meditemos 24 horas por dia. Mas vamos construindo nos tempos estabelecidos e percebendo que conseguimos viver entre esses tempos com mais tranquilidade e melhor apreciação da beleza à nossa volta – e no nosso íntimo. A atenção sem pensamentos, nem imagens é oração pura. Mas, ao exercê-la deste modo, nos tempos de meditação, significa que podemos pensar, ler, olhar, escutar, tocar e cheirar o resto do tempo, de um modo verdadeiramente orante.» P. B.
(Origem da imagem: Internet)
As notícias que ultimamente têm vindo a público sobre crimes hediondos praticados no nosso país (que já não é o de brandos costumes e ainda menos o de duras leis) e os perpetrados nos E.U.A., por exemplo, e as penas aplicadas aos respectivos criminosos, suscitaram-me uma reflexão acerca do abismo existente entre a justiça que se administra num e noutro país.
Sei que não vou modificar coisa nenhuma, se disser o que penso sobre o Código Penal Português, porém, ficará o testemunho de alguém que, decididamente, não acredita na justiça do seu país.
Bem sei que em Portugal, apesar de tudo, os crimes mais horripilantes não acontecem todos os dias, e que nos E.U.A. (o modelo do que se faz do bom e do pior), eles (os crimes) são o pão nosso de cada dia, e há que existir penas elevadas para tentar travar essa criminalidade (se bem que não resultem, nem sequer a pena de morte, com a qual não concordo, em absoluto).
Contudo, tem-se verificado que, no nosso país, de há alguns anos a esta parte, crimes que nem ao diabo lembra, aumentaram assustadoramente. E o que acontece? Os criminosos são punidos com peninhas de galinha. Ficam meia dúzia de anos na prisão, e depois, porque até são boas pessoas, comportaram-se muito bem, durante a estadia entre as grades, com um conforto que muitas vezes não têm cá fora, e principalmente porque a TV os transforma em heróis muito coitadinhos, com entrevistas que até fazem as pedras chorar, e depois há que soltá-los. E se uns poucos até se reabilitam, outros, mal se apanham cá fora, retomam a vida criminosa, com maior vigor ainda, cheios de raivas acumuladas.
Em Portugal, o violador de um bebé (que não tem como se defender) leva uns oito anos no máximo de prisão (quando não o deixam à solta, apenas com a obrigação de se apresentar de X em X dias na esquadra da PSP). Uma vergonha! Nos E.U.A., aqui há uns anos, aquele pugilista que violou uma jovem de 18 anos (que já tinha muito tino para saber que não se vai para um hotel, com um matulão daqueles, para tomar chá com torradas) podia ter apanhado uma pena até 60 anos de prisão.
Estou a recordar-me também do hediondo “crime da mala” (de Braga) cujos criminosos apanharam uma pena conjunta (45 anos) menos do que a do violador americano.
Enfim, no nosso país, um violador, um esquartejador, um matador que mate com requintes de malvadez, se for considerado debilzinho, coitadinho, não pode ir para a cadeia, e a nossa justiça, nesses casos, age como Cristo na hora da agonia: perdoe-se-lhes os crimes, porque não sabiam o que estavam a fazer!
Hoje em dia, não podemos dar um estalo (para não ir mais longe) a um ladrão que nos entre em casa. Deus nos livre! Vamos nós para a cadeia, por agressão, e o ladrão não sofre nada, porque não teve tempo de roubar nada.
A propósito, não resisto a contar uma peripécia passada comigo, já há algum tempo. Estava eu num determinado sítio a tentar levantar dinheiro de uma máquina automática, em pleno dia, quando sinto uma pressão nas costas, e uma voz grave, de homem, a dizer: «Isto é um assalto».
Instintivamente, olhei para o chão para ver onde estavam colocadas as pernas do assaltante, ao mesmo tempo que levantava o calcanhar para lhe aplicar um “golpe baixo” que o neutralizasse. Um golpe, entre outros, que aprendi, no Brasil, para defesa pessoal.
Nisto ouvi um “espera lá” gritado, e depois uma gargalhada. Era uma partida de um amigo brincalhão. Não aconteceu nada de grave. O “assaltante” não era um assaltante. Mas se fosse? E se o golpe resultasse? Talvez eu fosse parar à prisão, e ainda teria de pagar uma indemnização ao assaltante, por danos físicos, morais, pedir-lhe muita desculpa, etc., etc., etc,.
São as leis que temos. E não vale a pena recorrer à justiça, pois esta fica por aplicar.
Lembro-me de um crime que envolveu dois idosos, barbaramente assassinados, com um martelo de picar carne, há uns anos. A PJ deixou-me entrar no local do crime (a casa onde viviam), estavam ainda os corpos no sítio exacto onde foram mortos. Eu, naquele momento, era a única jornalista na casa. Sem mexer em nada, verifiquei tudo o que me interessava para a reportagem e mais alguns pormenores para a investigação que me propus fazer para ajudar a polícia a encontrar o assassino, uma vez que me revoltei com o que vi e até porque conhecia os velhinhos.
Consegui, por mero acaso, descobrir quem foi o assassino, homem influente, no meio, que andou à solta até morrer de um cancro, passados uns anos. Nunca foi preso, as autoridades “nada conseguiram apurar” e o caso foi arquivado. Nos entretantos, o Inspector, que andava a investigar o caso, foi, inesperadamente, mandado para casa com uma boa reforma. Eu fui contar à polícia o que descobri. Que guardasse para mim as minhas descobertas. Foi uma luta que travei sem glória. Ainda cheguei a ser ameaçada. Não foi feita justiça. E eu que descobri todo o enredo, pormenorizadamente! Revoltei-me, como é óbvio. De vez em quando lá passava eu pelo assassino. Ele sabia que eu sabia, porque o interroguei. Olhava para mim com uns olhos, que se matassem, já estaria morta. E eu tive de engolir aquela afronta, anos a fio. Não me deixaram outra opção.
Este duplo assassinato (sem culpado) e os dois processos, aos quais estive kafkianamente ligada durante dois anos, abusivamente enredada nas malhas da justiça, deixaram-me completamente descrente da justiça portuguesa.
E uma vez que fui aconselhada por um amigo Delegado do Ministério Público a “mergulhar” nesses meandros para ficar a conhecer por dentro e por fora o que é um tribunal português, e ainda porque nunca perdi uma história dos inspectores Maigret, Poirot e Holmes, decidi dedicar-me ao estudo desses assuntos judiciais e policiais.
Aquilo que hoje sei poderá valer-me um dia, quem sabe, para escrever histórias verídicas do arco-da-velha.
E enquanto, no meu país, os bandidos forem mais protegidos por leis, do que os cumpridores dos seus deveres cívicos, sociais e morais, não me cansarei de dizer que penas têm-nas as galinhas!...
Isabel A. Ferreira
Um lúcido texto de Teresa Botelho, publicado no Blogue «Retalhos de Outono»
Faço também minhas todas as palavras da Teresa
Legenda: cães aceitam-se; banqueiros interditos, excepto se pagarem uma taxa de entrada de 70.000 Euros
Texto de Teresa Botelho
«Não estava nos meus planos comentar este tema, porque tais celeumas não passam de canções de embalar de sociedades rústicas, atrasadas, míopes, desocupadas, egocêntricas e acostumadas a certas mediocridades que daqui a algum tempo se dissipam e entram nas nossas rotinas, porque a presença de um animal dentro de um espaço fechado ou numa esplanada cheia de gente, pouca ou nenhuma diferença faz...
Quando como em casa, eles estão ao meu lado, mas o meu prato é para eles tão meu, como as taças onde cada um deles come, mas se por acaso eu cometer alguma gafe na qualidade ou quantidade de alimentos que lhes coloco e que só é reparada enquanto eles comem, peço-lhes licença e corrijo o erro, sem zangas nem ressentimentos, porque as rotinas criaram essa confiança que só a convivência e a comunicação nos conseguem dar.
Falei de comunicação?
Claro que sim, porque até uma criança que não aprendeu ainda a verbalizar as suas vontades, consegue comunicar com quem a quiser entender...
É tão fácil saber se um animal está ou não confortável, se se sente à vontade no meio de nós, se o medo o faz fugir, ou o torna agressivo que só quem não estiver atento, poderá negar todos esses sinais e achar que está apenas perante qualquer pedregulho insensível, entalado algures numa falésia batida pela chuva e sacudida pelo vento...
Porque razão será que o arcaico egocentrismo humano, inventa espaços que considera só seus e não os pode partilhar com as espécies que humanizou?
Sem dúvida que o termo "humanizar" serve de desculpa para críticas, mas porque razão se domesticaram alguns animais, roubando-os à Natureza, para que nos servissem para os melhores e para os piores fins?
Porque razão o cão, o gato e alguns outros, se dedicam incondicionalmente a quem os trata e sofrem com a sua ausência?
Se os traumas que residem em muitos humanos são justificados, porque razão num animal não o são?
A lei que permite a entrada de animais de companhia em espaços de restauração, foi sem dúvida um ultraje ao "status humanóide" de muitos ignorantes que nada mais são do que provincianos obtusos e mal informados, tal como o é a discriminação de que são vítimas aquelas "aves já não tão raras", que por opção própria, não se alimentam dos nacos de carne que satisfazem os outros da sua espécie.
Perante tais desigualdades e constrangimentos, proponho que os velhos dísticos de proibição de animais, passem também a incluir "humanos herbívoros", porque discriminação por discriminação, pelo menos que se assumam estas, já que outras há que ficarão apenas pelos bastidores dos preconceituosos...
Confesso que me sinto envergonhada com tanta resistência à evolução, mas sempre fomos assim, por isso, já que os cães que vejo atados à porta do supermercado aguardando a chegada dos seus tutores, perante o entra e sai de tantos estranhos e dos carrinhos de compras, com ar de abandono, se comportam melhor que as criancinhas que correm e perturbam lá dentro com as suas birras e atropelos, merecem não só entrar em qualquer espaço comercial, como em todos os lados e só questiono o porquê de tanto falatório...
Pelo menos os animais, comem sem mostrar aos outros o conteúdo que mastigam, não bebem em excesso nem criticam ninguém e a poluição sonora que sinto em muitos restaurantes ao fim de semana, talvez fosse menor se as pessoas tivessem a educação de muitos cães...
Prometera a mim mesma, não ver mais alguns programas que a RTP transmite, porque a falta de isenção dos "dinossauros" que os apresentam me agride, mostrando-me a degradação da ética jornalística instaurada, mas perante tantos comentários que li, a curiosidade fez-me ir às gravações e novamente me vi no meio de um chorrilho de idiotices e de ignorantes...
Ora como sou obrigada a pagar uma taxa para sustentar a TV pública, era ainda preciso chamarem ao debate um certo doutorzinho Taxa, para vomitar as suas diarreias mentais através de trágicas cenas de terror a tirar para o cómico?
É evidente que abandalhar um tema sério que nada tem de extraordinário em outros países, é a técnica dos broncos que precisam manter o país na penumbra da estupidez para se conseguirem destacar, mas se outros aplaudiram as baboseiras do sr. Taxas, a apresentadora parece ter gostado, porque ao dar-lhe tempo de antena, confirma o seu próprio prazo de validade vencido e a necessidade de engraxar quem lhe paga, para que lho prolonguem ...
Esquecendo agora as taxas, os jornalistas em saldo, mais as críticas a uma lei que incomoda tanta gente porque segundo alguns, "há coisas mais importantes a debater", parece-me que algo aqui se esqueceu, já que puxar pela cabeça está cada vez mais caro por cá.
Nos tempos que correm, a temática animal, como tão bem foi dito e talvez menos ouvido no referido programa, tem várias vertentes e atrevo-me a acrescentar, como educadora que fui que a mais importante é a pedagógica, logo, a presença de animais no nosso dia a dia e a observação das suas posturas e comportamentos em sociedade, faz parte dessa aprendizagem.
Quem pinta cenas de ataques a travessas, a mesas e às pessoas, está apenas a passar um atestado de irresponsabilidade e estupidez a quem integrou os seus animais na família, sociabilizando-os e confiando neles ao ponto de os levar de passeio ou de férias (que o digam os estrangeiros que nos visitam), sem ter que os condenar ao stress de um carro fechado ou de uma trela atada à porta.
Sejamos, portanto, sensatos e aceitemos com lucidez os novos tempos, porque não são só as tecnologias que ditam o progresso, a ética faz parte dele, se o quisermos equilibrado e justo.»
Fonte:
https://retalhosdeoutono.blogspot.pt/2018/03/animais-em-restaurantes.html
Magnífico poema, em vernáculo, como eles, os tais, os anafados, os eleitos merecem.
Uma voz que grita o sentimento e o cansaço de todo um povo, e o meu sentimento e o meu cansaço também.
Obrigada, António Manuel Ribeiro.
(Vídeo Oficial)
«Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas, a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos.
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica.
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses idiotas que se sentam frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre os esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só -- sufoca.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem além
Da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!
Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manípulas na água benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia politicamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de São Bento
O guião escrito é seguido pelas sombras vigentes.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os borregos, as ovelhas e os cabrões seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse -- e não toca
A não ser quando o cinto aperta
Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes conhecem-vos pela coragem e pela devoção na gritaria do futebol a três cores
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos inflamados sem tutano.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a ementa e o somatório erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública!
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta de um hospital.
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio a uma taxa moderada pela putibor.
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira...
Eleitos, cuidem da oratória..."
Letra e música: António Manuel Ribeiro
Os projectos vencedores do Orçamento Participativo Portugal em número de votos foram: Rede Regional de Ludotecas – 8.373 votos; Cultura Para Todos - 6.614; Selvajaria Tauromáquica - 5792 votos, que vá-se lá saber como e porquê, receberá 200 mil Euros, tal como todos os outros 38 projectos vencedores.
Porém… há um porém, magnificamente colocado pelo meu lúcido amigo Dr. Vasco Reis, Médico Veterinário, que diz esta incontestável, indiscutível, indubitável, irrefutável verdade:
«É um péssimo indicativo da qualidade cultural e ética de parte da sociedade portuguesa e da governação, quando uma actividade de exploração violenta e cruel de animais tem aceitação de espectáculo, é considerada cultura e tem direito a subsídios e a prémios pecuniários e outras regalias. Atraso de Portugal!»
Também hoje, recebi da minha amiga DuDu Silva, este testemunho muito elucidativo, e que diz da repulsa que este episódio surrealista de uma prática selvática poder concorrer ao OPP está a provocar na população portuguesa, porque são muitos a pensar o mesmo.
«Bom dia Isabel, hoje de manhã na padaria, ouvi algo mais ou menos assim "então a tauromaquia ganhou 200 mil euros não sei do quê, estava a dar na TV. Médicos de família não há, mas dinheiro para isto já há”».
E não é apenas médicos de família que não há.
Não há verba para dignificar profissões nobres, como a dos Enfermeiros, que andam em luta, e os governantes não cedem.
Não há verbas para comprar toalhas de banho para os hospitais públicos. Os doentes são limpos com os lençóis em que estão deitados, ou os familiares têm de levar as toalhas de casa. Digo isto com conhecimento de causa, porque já tive de levar toalhas de banho para um hospital público, se quis decência na higiene de um familiar.
Não há verbas para contratar mais pessoal para as Escolas, Hospitais, Forças de segurança pública....
Enfim… existe um rol enorme de carências que são menosprezadas.
Mas para a tauromaquia nunca se diz NÃO!
Mais me disse a minha amiga DuDu:
«O problema é a falta de informação. Se utilizassem a TV para passar a mensagem (culta) muito mais gente votaria (na Cultura Culta), porque afinal, a televisão é o meio de comunicação mais utilizado pelas pessoas.»
Pois é, DuDu. Mas não interessa às televisões (e outros media) pugnarem pela Cultura Culta, porque quem lhes dá audiências é a fatia mais inculta do povo português, que se contenta com PÃO E CIRCO, ou seja, barriga cheia, ou quase cheia, e festas pimbas; novelas pimbas, onde predominam cenas de violência e de crueldade gratuitas; filmes pimbas, também com muita violência e maldades á mistura; reality shows pimbas, onde é realçada toda a miséria moral, cultural e social de jovens a quem não dão oportunidade de um futuro digno de seres humanos, e obviamente, a transmissão e vulgarização da prática selvática da tauromaquia, com toda a sua crueldade, violência, imbecilidade e desumanidade.
Senhores ministros da Cultura, da Educação, do Ensino, da Saúde, e já agora o governo de Portugal, com a sua política ZERO (Jean-Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, lá teria a sua razão para excluir Portugal da Europa), demitam-se. Não estão a servir os interesses de Portugal, nem dos Portugueses. Estão apenas a servir os interesses de lóbis obscuros.
Portugal está na senda do maior retrocesso jamais conhecido na sua História.
É lamentável tudo isto.
Esperamos que o povo português mais lúcido penalize, nestas eleições, os predadores de Portugal.
Esta mensagem chegará, no mínimo, a 40 países, de todos os continentes. E também espero que, quem de direito, se sinta responsabilizado e envergonhado, por esta miséria moral, cultural e social em que o meu País está mergulhado.
Isabel A. Ferreira
***
O QUE DIZ O GRUPO MARINHENSES ANTI-TOURADAS
«Tauromaquia Beneficia de um Extra que Não Estava Inicialmente Previsto no OPP»
O Orçamento Participativo de Portugal tinha 375 mil euros para distribuir por projectos de âmbito nacional. O projecto de “âmbito nacional” mais votado foi “Cultura para Todos” e recebe 200 mil euros. Devido ao tal valor extra de última hora, que tão conveniente foi para a Indústria Tauromáquica, o segundo projecto de “âmbito nacional” mais votado no OPP – “Tauromaquia, Património Cultural de Portugal” – que pedia 200 mil euros, também ganha 200 mil euros!
É só “fazer as contas”...
(Recebido via e-mail)
Não precisarei de tecer comentários.
A opinião sobre a Europa, de Kuing Yamang, professor chinês de Economia, que viveu em França, dirá tudo.
Kuing Yamang
1 - A sociedade europeia está em vias de se autodestruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas, ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos ...
2 - Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seu impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.
3 - Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.
4 - Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.
5 - Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.
6 - Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando, mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.
7 - Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!
8 - Dentro de uma ou duas gerações, 'nós' (chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos sacos de arroz...
9 - Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um desempregado..
10 - (Os europeus) vão directos a um muro em alta velocidade...
Artigo imperdível! (para partilharem muiiiiiiito!)
Alguém me consegue dar um argumento lógico que justifique o facto de a RTP transmitir touradas? Vá, que seja meio argumento! Com meio já me contento, tal é a estupidez do acontecimento.
Já agora, e enquanto não acabam com a única coisa na TV que consegue ser pior que a Casa dos Segredos, há por aí quem me consiga explicar porque é que as touradas não passam com bolinha vermelha?
Primeiro, e corrijam-me se eu estiver enganado, a RTP continua a ser do Estado e, de uma ou outra forma, uma parte dos nossos impostos vão lá parar. Portanto, cada vez que eu choro por descontar 25% ao passar um recibo verde, por exemplo, posso chorar ainda mais por saber que estou a contribuir forçadamente para aquela barbaridade. Adoro saber que contribuo financeiramente para a não evolução do nosso país. Juro, até me sinto um cidadão melhor.
Depois, e desta vez insultem-me se eu não estiver certo, não é suposto a RTP desempenhar um serviço público com o objectivo de desenvolver o país? Claro que não podemos todos gostar de toda a programação, claro que há conteúdos mais bacocos e com pouco sentido. Mas espetar ferros num touro e fazer disso um espectáculo com direito a transmissão no canal público é como fazer com que toda a gente da vila vá para a praça central aplaudir os escravos a ser chicoteados no pelourinho. A única diferença é cerca de 6 séculos. “Ai! Mas não gostas, não vês, mudas de canal!” – o meu argumento preferido de quem é a favor. Claro, quando eu mudo de canal, o dinheiro dos meus impostos já não vai de certeza para a tortura animal. Problema resolvido. Quando há merda no mundo, fecha-se os olhos e espera-se que passe, não é?
Mas já agora, e enquanto não acabam com a única coisa na TV que consegue ser pior que a Casa dos Segredos, há por aí alguém que me consiga explicar porque é que as touradas não passam com bolinha vermelha no canto superior direito? Se calhar sou eu que estou a ser burro, mas como é que um filme com umas cenas de pancada, perseguições e explosões é mais violento que um homem a cavalo à volta de um touro a espetar-lhe ferros e desprezo enquanto aplaudido por tanto energúmeno? Como é que um filme com cenas de sexo e amor (e sabendo que tão poucas vezes é minimamente explícito) é mais ofensivo para a sociedade que um touro a esvair-se em sangue e dignidade? Perdoem-me se sou obtuso, mas não compreendo como é que ver touradas, ao vivo ou na TV, pode ser benéfico para a aprendizagem de uma criança, ao ponto de nem se dignarem a usar a bolinha vermelha.
Não, filho. Não podes ver o Fight Club porque há socos, sangue e problemáticas existenciais que não vais perceber. Sim, filho. Podes ver os Bastinhas e companhia (reparei que isto parece Batatinha e Companhia, o que até faz todo o sentido) porque há supremacia do Homem, sangue animal e vais perceber que o mundo funciona assim porque é tradição.
Uau, tanto sentido que isto faz.
E por tudo isto e mais alguma coisa, e no meio de tanto valor que a RTP tem, a transmissão de barbáries é uma nódoa que caiu no melhor pano mas que é grande demais para se poder ignorar.
Já chega, RTP. Chega desta negligência social.
Fonte: Sol
in:
Fiascos, atrás de fiascos, eis o balanço da prática selvática, a que chamam tauromaquia, que está em franca decadência, se não mesmo morta.
Os únicos ainda vivos (mas não eternos) são os sádicos, os marialvas, os inúteis, os parasitas da sociedade que, para mostrarem que ainda existem (tal é a inutilidade da vidinha pobre e podre deles) vão ao campo pequeno e onde mais estiverem câmaras de televisão…
E apenas isso…
Eis a miragem da prótoiro:
Continuam a ser uns pobres coitados: não são inteligentes, não sabem fazer contas, iludem-se a si próprios, para poderem dizer que existem...
O que a prótoiro quer dizer neste cartaz falacioso é que em 2014 houve menos três milhões de telespectadores a ver a selvajaria tauromáquica, numa estação de TV pouco recomendável (a RTP) uma vez que confunde tortura com cultura, e esbanja dinheiros públicos, dinheiros dos impostos que os portugueses pagam com grande sacrifício, para que uma minoria inculta e selvática espumeje a baba viscosa da perversidade.
A selvajaria tauromáquica não está imparável. Está parada num tempo onde a ignorância e a boçalidade são lambarices comidas com as mãos sujas de sangue. E a seguir cospem para o lado.
O ano de 2014 mostrou que esta prática de broncos, para broncos tem os dias contados.
Foram prejuízos de milhares de Euros.
Nem com bilhetes de borla as arenas encheram.
Foram canceladas inúmeras selvajarias.
Perderam-se vidas “humanas” e outros ficaram estropiados.
O balanço é negro, e quem não for capaz de ler os números negros da selvajaria tauromáquica em 2014 não tem a mínima capacidade de discernimento.
Coitados! Consolem-se com as vossas mentiras. Com as vossas ilusões. Com as vossas miragens.
Porque a verdade verdadeira é que a selvajaria tauromáquica está a cair de podre.
(Magnífico texto)
in Blogue Por Falar noutra Coisa
http://porfalarnoutracoisa.blogspot.pt/2014/07/10-argumentos-favor-da-tourada.html
«Já escrevi sobre tourada mas senti que me tinham faltado algumas coisas, e como a semana passada foi assunto quente, aqui ficam opiniões que são minhas. Deixo-vos com 10 argumentos a favor da tourada.
A TOURADA É TRADIÇÃO E CULTURA
É uma actividade que remonta ao século XII, altura em que a maioria das pessoas não sabia ler nem escrever, em que a consciência humana e social era quase nula e ainda se cagava em penicos. Por si só este argumento é parvo, já que os coliseus romanos, queimar bruxas na fogueira e a escravatura também eram tradições culturais de tempos antigos. Felizmente vamos evoluindo enquanto espécie, alguns pelo menos, e vamos adaptando as nossas tradições aos valores da sociedade.
SÓ VÊ QUEM QUER, SÃO GOSTOS E TEMOS QUE RESPEITAR
Sim, a liberdade de opinião é sempre de valorizar. Tem que existir toda a liberdade para se ser parvo é um facto, que é o que este argumento é. Comentaram uma vez aqui no blogue a dizer "Eu também não gosto de boxe, quando está a dar na TV mudo". Comparar boxe com tourada é o mesmo que comparar violação com sado-masoquismo. Ambos fazem dói-dói mas num estão lá os dois por livre vontade. Quando se fala de direitos e civismo, o gosto e a liberdade não são para aqui chamados, muitos padres também gostam de criancinhas e não é por aí que se vai legalizar a pedofilia.
NÃO COMES CARNE?
O argumento mais parvo de todos que infelizmente é utilizado por muitos vegans para atacar quem não o é, em vez de apoiarem quem está a tentar acabar com a tourada. Comer carne só seria comparável à tourada se começassem a cobrar bilhete para ir ao matadouro assistir ao break dance que as vacas e os porcos fazem quando estão a ser electrocutados. Com direito a transmissão televisiva e a desfile de homens de calças vermelhas, mulheres oxigenadas com filhos de cabelo à playmobil pela mão a dizer "Veja Martim, veja a vaca a contorcer-se, se não fosse tradição e cultura era horrendo, agora assim é uma caturreira." E eu até sou vegan não praticante como já aqui escrevi.
OS TOUROS BRAVOS ESTARIAM EXTINTOS SEM AS TOURADAS
E então? 99% das espécies que já existiram estão extintas. Não fomos nós que as matámos todas, é o curso da natureza. Se for de forma natural é deixá-las ir, não faz muito sentido, a meu ver, manter uma espécie viva para lhe causar sofrimento. Esse argumento seria o que os apoiantes da escravatura utilizariam se a raça negra se estivesse a extinguir. Antes extintos do que escravos, digo eu que nunca fui escravizado mas pelo que li não devia ser agradável.
O TOURO NÃO SOFRE
Este argumento é parvo. Já viram que há um padrão nos argumentos? Não digo que sofra mais que em muitos matadouros, provavelmente sofre menos, mas não é isso que está em causa. É o espectáculo deprimente que se monta à volta de um animal que está a ser espicaçado e sangrado. Mesmo que as bandarilhas não lhe doam assim tanto, não justifica a ritual medieval que hoje em dia é mais para agradar à direita "chique" do que ao povo. Ver pessoas na plateia a tapar a cara de horror, mas que vão na mesma porque está na moda... era um par de chapadas à padrasto para aprenderem.
OS TOUROS SÃO ANIMAIS AGRESSIVOS E NASCERAM PARA A LIDE
Os touros são animais territoriais e selvagens e como tal, quem lhes invada o território sujeita-se a levar com um chifre nas nalgas. Fora isso são animais normais colocados entre a bandarilha e parede, onde se vêem forçados a marrar nos forcados. Nunca vi um touro a andar a vaguear à noite, escondido em esquinas e becos à espera de uma rapariga perdida para a violar. Nunca vi gangues de touros com lenços na cabeça a arranjar confusão no bairro alto. No entanto os humanos fazem isso e nós, infelizmente, não os pomos numa arena a serem espetados com bandarilhas no lombo. Agressivo e parvo é o ser humano, uns mais que outros.
É UMA ARTE BONITA DE SE VER
Também é bonito ver mulheres nuas na rua (algumas) e não é por isso que é legal. Infelizmente. A definição de arte e a beleza são subjectivas, se o Da Vinci para a tinta dos seus quadros tivesse utilizado bebés e um espremedor de laranjas, também continuavam a ser obras de arte, mas os meios não justificavam os fins. Cá para mim a arte que os aficionados se referem é ver a tomatada dos toureiros ali toda pronunciada no meio dos collants e lantejolas, normalmente de tons rosas e amarelos. Sim, é realmente uma arte conseguirem arrumar aquilo para um lado e ainda conseguirem andar como deve ser.
ATRAI TURISMO
Acredito que sim, mas sabem o que também atrai turismo? Prostituição e drogas. Há até quem vá a certos países de 3º mundo para comer criancinhas. É esse o turismo que queremos ter? Eu cá passo bem sem os estrangeiros que querem ver um animal a sofrer, prefiro mil vezes um grupo de 10 ingleses bêbedos a vomitar.
DÁ EMPREGO A MUITA GENTE
O desemprego é na sua maioria mau, mas há muita gente que está desempregada porque ou não quer trabalhar ou não tem capacidades para fazer nada. Se a tauromaquia é a única coisa que se sabe fazer na vida então se calhar o desemprego é justo. Sem subsídio neste caso se faz favor. Mais uma vez, a droga e a prostituição também dão emprego a muita gente, a diferença é que no caso da droga e da prostituição a legalização iria diminuir o número de pessoas que estão nessa vida contra a sua própria vontade.
PREOCUPEM-SE ANTES COM OS CÃES ABANDONADOS
As coisas não são mutuamente exclusivas. A questão é que uma acontece às escondidas (e agora já é crime), a outra passa na RTP. É normal que chame mais à atenção. Não acho que quem goste de tourada seja automaticamente atrasado mental e má pessoa como acho de quem abandona um cão. Quem faz isso a um animal com o qual conviveu e devia ter criado laços, para o deixar a sofrer algures na beira de uma estrada ou numa mata, devia morrer. Quem faz isso é impossível ser uma pessoa decente e devia estar numa arena a ser sodomizado por uma manada de touros com elefantíase do pénis. O touro sempre tirava algum prazer assim.
Por falar na nova lei que criminaliza os maus tratos a animais, como sabem só se aplica aos de companhia. Será que se eu tiver um touro amestrado lhe posso espetar ferros no lombo para o ensinar a dar a sentar e dar a pata? E os circos a mesma coisa, aliás os circos com animais e as touradas têm um ponto em comum, ambos maltratam e exploram seres vivos contra a sua vontade e ambos têm palhaços, no caso das touradas costumam estar também nas bancadas.
***
Posto isto, quero apenas terminar dizendo que respeito muito mais quem gosta de tourada e diz que gosta porque sim, porque cresceu com isso e não está preocupado com o touro. Que o sofrimento do animal não o preocupa. Respeito muito mais quem tem essa honestidade do que quem tenta dar um destes argumentos parvos que fazem tanto sentido como a tourada ainda existir. Nenhum.
PS - Quem gostou, pode ler também este texto. Quem não gostou, pode ir lá deixar ofensas.»