Dei-me ao trabalho de ver o programa, que a RTP transmitiu a partir de Bragança, no passado sábado, apresentado por José Carlos Malato e Catarina Furtado, com muita pompa e circunstância, para parecer que aquilo tudo era uma coisa muito séria!
Seria?
Origem da imagem: Internet
Tinha ouvido falar que o “colete encarnado”, uma variedade muito grosseira da prática tauromáquica de Vila Franca de Xira, tinha se candidatado a “maravilha” da Cultura Popular, e não quis acreditar. Ainda pensei que se tivessem enganado e de que a candidatura seria a MARAVALHA (que significa coisa com pouco valor), mas não! Era mesmo maravilha, espantosamente, da cultura popular.
Foi então que me lembrei de que em Portugal, actualmente, o conceito de valor cultural, está a ser medido muito, muito por baixo, e a CULTURA, quer a culta, quer a popular, está a esvair-se, e a dar lugar a uma assustadora incultura, nunca vista em tempo algum.
E o mais espantoso é como foi possível aceitar esta candidatura, que de cultura popular nada tem, e de maravilha muito menos ainda? Como foi possível, incluir na cultura popular, que merece todo o nosso carinho e respeito, pois nela estão realmente incluídas verdadeiras maravilhas, como foi possível nela incluiruma prática medievalesca (reparem que não disse medieval), grosseira, cruel, violenta, e pô-la ao mesmo nível do “Bailinho da Madeira”, das “Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios” (Lamego), do “Criptojudaísmo de Belmonte” (Castelo Branco), da “Romaria de São João D’Arga” (Caminha), da “Romaria de São Bartolomeu” (Ponte da Barca) e dos “Santeiros de São Mamede do Coronado” (Trofa)? Como foi isto possível?
Disseram-me: «Não esquecer que estamos em Portugal». Pois! É verdade. Só num país pequeno, com muita gente pequena dentro, e com um governo ainda mais pequeno a apoiar essas pequenas hostes, é que isto poderia acontecer. É verdade.
Houve uma votação via telefone e online, foram apresentados sete envelopes, que foram sendo abertos por várias personalidades, e divulgados os nomes das “Maravilhas da Cultura Popular” pela ordem já anunciada, e o último envelope coube ao cantor Tony Carreira, que ao abri-lo, instintivamente fez uma expressão de estupefacção, que não deixou qualquer dúvida: o "colete encarnado" tinha sido escolhido (Vila Franca de Xira em peso a votar) nas “Sete Maravilhas da Cultura Popular” de Portugal. Como isto foi possível?
Bem, isto é a maior prova da colossal mediocridade em que Portugal está mergulhado. E se eu fosse umas das outras seis "maravilhas", teria atirado o troféu ao chão, em protesto, e rejeitaria a distinção.
É que ficar em pleno pé de igualdade com a selvajaria tauromáquica é muito, muito, muito, mas muuuuuuuito desprestigiante.
Sabem o que vos digo? Portugal está em extinção.
Só para terem uma ideia de quão desprestigiante é ser uma “maravilha” igual à “maravilha troglodita” deixo-vos com estes dois vídeos. E depois digam de vossa justiça.
Isabel A. Ferreira
Esta maravilhosa "coltura" popularucha terá alguma possível comparação com (por exemplo) o "Bailinho da Madeira" para estarem ao mesmo nível?
Vergonha! Retrocesso! Atraso de vida! Atraso civilizacional!
Como é isto possível, e uma vez mais, envolvendo CRIANÇAS?
Uma vez mais, a ruralidade é arrastada na lama.
A 74ª Feira Anual da Trofa acontecerá já no próximo fim-de-semana. A Junta de Freguesia de Bougado organiza aquela que é – dizem eles – a “maior feira agro-pecuária do norte do país”.
Ora, o primeiro dia, sexta-feira, é o “Dia dedicado às crianças do concelho da Trofa”. E, nem de propósito, às 22h30, mais uma “Monumental Garraiada” – e com financiamento público!
Uma garraiada?!
Na Trofa, às portas do Porto, o trunfo da ruralidade fica adiado, outra vez.
Desenvolvimento sustentável, urge!
———————————————————————- proposta de mail-alertaou envie outro texto ———————————————————————-
— organização: Junta de Freguesia de Bougado — apoio: Câmara Municipal da Trofa
Exmo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Bougado, Luís Paulo Sousa, Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal da Trofa, Sérgio Humberto,
Venho por este meio manifestar o meu total repúdio pela realização da garraiada que terá lugar na próxima sexta-feira (amanhã). Esta tem lugar naquele que supostamente seria o dia dedicado às crianças. É sabido que as crianças se modelam pelos adultos e, como tal, devem ser os adultos a dar o exemplo e a tomarem atitudes de coragem para acabarem com práticas de violência que, tal como sabemos, hoje, afectam psicologicamente o desenvolvimento da criança e respectivo código de valores intrínseco – e que, no futuro, irão afectar o seu código de Ética.
O modo como tratamos os animais e como os perspectivamos denota o nosso grau de evolução. Este tipo de eventos em nada dignifica um concelho como a Trofa, nem o norte do país.
É ainda lamentável que esta garraiada seja organizada e paga também com dinheiros públicos.
Sr. Presidente da Junta de Bougado, Luís Paulo Sousa,
Sr. Presidente da Câmara Municipal da Trofa, Sérgio Humberto,
Uma vez mais, venho repudiar veementemente a realização da garraiada que terá lugar no próximo dia 27 de Abril, por ocasião das festas em honra de Nossa Senhora do Desterro, que deveria ser uma festa de amor, compaixão, alegria e diversão, sem implicar a violência sobre outros seres. E não é.
Os animais não estão no mundo para serem usados como instrumento de diversão. A espécie humana é melhor do que isso.
Os da Trofa serão da espécie humana?
Não são. Se fossem, não se divertiriam a massacrar um animal, em honra de Nossa Senhora que, lá do alto, temos a certeza de que também repudia esta prática selvática.
O modo como tratamos os animais e como os perspectivamos denota o grau de evolução do ser humano. Este tipo de práticas em nada dignifica um Povo, uma Junta de Freguesia, um Concelho como o da Trofa ou o Norte do país.
É lamentável que a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal da Trofa compactuem com um evento que só contribui para o retrocesso civilizacional, ainda mais, usando dinheiros públicos que deveriam servir para o bem da Comunidade, e não para tortura animal, porque a garraiada é uma prática bruta e cruel, ainda que não-sangrenta.
A Trofa ainda é uma localidade atrasada civilizacionalmente. Uma localidade, pois, a evitar.
Reflictam nisto, senhores autarcas.
Na vida, o dinheiro não é tudo.
Na vida a dignidade humana é que conta, nas contas que os Santos fazem lá em cima.
Esperando que a racionalidade vença, e desistam desta prática troglodita,
Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal, Sérgio Humberto,
Aqui deixo o meu total REPÚDIO pela realização de uma garraiada, prática cruel e cobarde, que tortura um ser vivo indefeso e fora do seu habitat, e que terá lugar na próxima sexta-feira, num dia estranhamente DEDICADO ÀS CRIANÇAS DO CONCELHO.
O modo como se (des)trata os animais não-humanos e como os perspectivam denota o grau de evolução de um povo. Este tipo de práticas em nada dignifica um concelho como a Trofa, nem o Norte do país, que já se deixou dessas actividades trogloditas (exceptuando Ponte de Lima, o último reduto da barbárie, no Norte de Portugal).
Lamento igualmente que neste tipo de prática medievalesca se esbanje dinheiros públicos.
Assim sendo, e não tomando as autoridades as devidas medidas para suspender esta vergonhosa “homenagem” às crianças do Concelho, a TROFA entra para o rol das localidades que têm um atraso civilizacional considerável.
É isto que têm para oferecer às crianças? Pobres crianças que não têm culpa da INCULTURA e INSANIDADE dos adultos.
As garraiadas são coisa do passado. Quem as fazia já as repudiou. Só mesmo uma localidade atrasada as ressuscitaria. É isto que pretendem?
Andam por aí os desesperados tauricidas, com a moribunda tauromaquia às costas, a vender gato por lebre aos incautos, e é preciso estar ALERTA e não entrar nesse jogo mórbido.
Portanto, boicote-se a Trofa. Uma localidade a não visitar.
Esperando que a racionalidade vença (ainda se vai a tempo) envio os meus cumprimentos a Vossas Excelências,
Da Câmara Municipal da Trofa recebemos o seguinte e-mail, referente a uma Tortura de Touros e Cavalos que querem lá realizar, e o qual passamos a transcrever:
«Exmo. (a) Senhor (a),
Em resposta ao vosso e-mail, informamos que até ao momento a Câmara Municipal da Trofa não recebeu nenhum pedido de licenciamento.
Informamos ainda que, como sempre, cumpriremos escrupulosamente a lei.
Atenciosamente,
Rute Borges
Gabinete de Apoio Pessoal
Secretária da Presidente»
***
Entretanto, a prótoiro na sua página do facebook afirma que teve uma reunião com a Presidente da Câmara da Trofa.
Eis o que é afirmado pela prótoiro:
«CÂMARA MUNICIPAL DA TROFA RESPEITARÁ A LEGALIDADE
A PRÓTOIRO reuniu ontem com a Presidente da Câmara Municipal da Trofa - Dr.ª Joana Lima. Nesse encontro, foi-nos deixada a garantia de que, caso sejam observados todos os requisitos de licenciamento necessários, será respeitada a legalidade e a corrida de toiros será licenciada.
Recordamos que nenhuma Câmara Municipal em Portugal tem poderes para proibir os espectáculos tauromáquicos, estando todas, sem excepção, obrigadas ao cumprimento da lei geral do País.»
Contudo, ao contrário do que a prótoiro afirma, qualquer Câmara Municipal tem poderes para proibir espectáculos tauromáquicos no seu município. E tanto assim é que várias Câmaras já recusaram conceder licenças para estes rituais sanguinários.
Entretanto, em nome dos TOUROS e CAVALOS, enviámos à senhora secretária a seguinte resposta, à resposta do nosso e-mail:
Exma. Senhora Dr Joana Lima:
Cumprir escrupulosamente a lei é ser cúmplice da iniquidade.
Quando as leis são más e atentam contra a vida (seja humana ou não humana), devemos cumprir escrupulosamente a lei da consciência, que faz parte da essência do ser humano.
Se a tourada na Trofa (que não tem “tradição” deste ritual sanguinário) se realizar, o mundo saberá que na Trofa impera a lei da tortura.
A Trofa entrará para o rol das localidades carniceiras.
Atenciosamente...
***
E já agora daqui enviamos um outro recadinho à senhora DOUTORA Joana Lima (que, só pelo facto de ter tirado um CURSO SUPERIOR, deveria ser superior à baixeza da lei e da iniquidade de um ritual sanguinário): vemos na fotografia que ilustra este texto que a palavra-chave da sua campanha eleitoral foi “ENERGIA PARA MUDAR»
Pois aqui tem uma grande oportunidade para evidenciar essa energia, MUDANDO o rumo desta triste história: NÃO CONCEDENDO O LICENCIAMENTO PARA UM ESPECTÁCULO INDIGNO DE GENTE CIVILIZADA, fazendo da Trofa uma cidade ANTI-TOURADA.
Só assim merecerá o respeito dos seus eleitores, por CUMPRIR o que prometeu: MUDANÇA.
SIGA O EXEMPLO DAS CIDADES QUE JÁ SE DECLARARAM ANTI-TOURADA EM PORTUGAL, e terá mudado o rumo da história da Trofa.
É ESTA IMAGEM CRUEL QUE QUER PARA A TROFA, DRA. JOANA LIMA?
Exma. Senhora Dra. Joana Lima,
Digníssima Presidente da Câmara Municipal da Trofa:
Tivemos conhecimento de que está anunciada uma tourada para o próximo dia 29 de Julho, no Município, que V. Exa. dirige com equilíbrio e saber.
Por isso, é preciso que saiba V. Exa. que os tauricidas estão a USAR os autarcas do Norte mais desprevenidos, para aqui implantar um ritual primitivo e grosseiro, que só desprestigia as terras e o bom-nome das gentes nortenhas.
Achamos lamentável que uma cidade que não tem qualquer tradição tauromáquica, acolha este tipo de evento em que animais são torturados para diversão de uns poucos sádicos.
Em termos turísticos, este espectáculo é um péssimo cartaz para o Município de V. Exa., uma vez que uma larga maioria de turistas CULTOS, evita visitar cidades que acolhem no seu seio espectáculos de diversão, onde seres sencientes são torturados, ao invés de serem respeitados.
V. Exa. tem nas suas mãos, a decisão de NÃO PERMITIR que a barbárie passe a ser o cartão de visita do Município da Trofa.
Pelo exposto vimos pedir a V. Exa., que não conceda licenças para a realização deste espectáculo, à semelhança do que fizeram os autarcas da Maia e de Chaves.
Aguardando uma resposta positiva, para bem do Município da Trofa.
Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, devido a este ser inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais.
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