O dia em que Portugal se libertar desta miséria moral, cultural e social, será um dia glorioso, iluminado, luminoso, tanto quanto foi o dia da abolição da pena de morte, da escravatura, da ditadura, do tribunal da santa inquisição, e de tantas outras barbaridades que mantiveram nas trevas o país.
E a tauromaquia é a nuvem negra que ainda vemos pairar sobre os céus de Portugal, não deixando que o Sol nele penetre plenamente.
Quando as touradas acabarem em Portugal, o país dará um grande passo em direcção à evolução e à civilização.
Para já é um país com um atraso civilizacional considerável, visto ainda permitir práticas selváticas contra bovinos indefesos, para divertir sádicos.
E isto não é coisa da civilização, nem da cultura culta.
(Isabel A. Ferreira)
Recordemos o que Ana Chaves escreveu, aqui há tempos no P3
«Há oito países no mundo onde as touradas são legais. Portugal é um deles. Quem defende a actividade tauromáquica não cogita sobre um hipotético ponto final. Citam-se razões como o fim do “património cultural do país”, o desemprego que se geraria e a extinção da raça taurina brava.
Do outro lado, contra-atacam: “no Médio Oriente, a mutilação genital feminina também é cultura”, o desemprego é residual (há em média três trabalhadores por ganadaria) e a maioria não extrai rendimentos exclusivos desta actividade, e para quê preservar uma raça que terá como único fim o sofrimento?
Vamos a factos: no próximo dia 1 de Junho, o PAN apresenta o projecto de lei n.º 181 que proíbe a utilização de menores de idade em espectáculos tauromáquicos, quer como actores, quer como espectadores. “Não faz sentido que uma criança de 12 anos assista ou participe num espectáculo de violência explícita, que tem repercussões a nível psíquico, social e emocional”. “Há pareceres, nomeadamente os do Comité dos Direitos da Criança, que comparam o espectáculo tauromáquico a trabalho infantil ou ao tráfico de droga, tendo em conta o grau de perigo e degradação”, refere o deputado do partido, André Silva em entrevista ao P3.
O BE (projecto de lei n.º 217) acrescenta outro objectivo: além de proibir menores, pretende eliminar a categoria matadores de touros. “Se os touros de morte são proibidos em Portugal, por que razão havemos de reconhecer essa profissão?” questiona o deputado Pedro Soares. “É uma incongruência”.
Para Hélder Milheiro, porta-voz e activista da Prótoiro, esta já é «mais uma rotina demagógica de alguns partidos extremistas” do que qualquer outra coisa, pelo que não traz nada de novo. A tauromaquia é uma “arte perfomativa” que goza de boa saúde, mesmo sem apoios públicos».
Será assim?
Os subsídios públicos
“Há vários tipos de apoios e benefícios autárquicos (compra de bilhetes, alocamento de transporte, publicidade), institucionais (como o financiamento de livros) e até fiscais/estatais (os toureiros estão isentos de IVA, os bilhetes são taxados a 13% e não a 23%) (...). Não são regulares, embora “tudo isto somado, possa chegar aos 20 milhões de euros anuais”, contrapõe André Silva.
Já a presidente da Animal, Rita Silva, corrobora o valor em causa (a organização tem inclusive uma petição a decorrer neste sentido) e fala em “vergonha” no caso da RTP. Os números parecem dar-lhe razão: em 2015, registaram-se 8280 queixas de telespectadores da RTP a propósito das touradas, mais de metade do total. E as corridas transmitidas mostram quebras de audiência permanentes.
Mas o que aconteceria, afinal, se a tauromaquia fosse extinta?
A resposta de Rita é peremptória: “Rigorosamente nada”. E dá exemplos de outros locais: as praças foram reconvertidas (veja-se o caso da de Barcelona), as pessoas já tinham outra forma de subsistência e os touros bravos em si “não representam especial mais-valia para o ecossistema ou para a biodiversidade”, explica. São bovinos, como os outros, não falamos da extinção da espécie, mas apenas de uma raça em particular.
O cenário de abolição “não está ainda em cima da mesa” diz André Silva. No entanto, acredita que o “tauronegócio” terá o seu fim: “A questão não é se, é quando” e será a “evolução das consciências, que já é a maioria dos portugueses, que o ditará”. Já Pedro Soares, do BE, admite que mais importante do que eliminar a prática em si é erradicar a violência.
Gáudio ou dor?
É precisamente em torno desta questão, a da violência, que giram todos os raciocínios.
Hélder Milheiro considera que falar em dor e violência é “falso” e “básico”: os touros não são maltratados, são “respeitados”. “O animal é acompanhado por um veterinário antes, durante e após a faena” e o embolamento (serrar as pontas dos cornos) é como “cortar as unhas”, esclarece. Além disso, “um toureiro que arrisca a sua vida em frente a um animal, representa o máximo da excelência humana”.
Um estudo da AVATMA (Asociación de Veterinários Abolicionistas de la Tauromaquia y del Maltrato Animal) relaciona a produção de betaendorfinas com os touros de lide. Segundo este, o animal produz estas hormonas em 15 situações concretas (entre as quais, stress, dor, fome, sede, esgotamento físico, acidose metabólica ou hemorragia) e “todas elas estão presentes durante a lide”. Não são, portanto, as hormonas do prazer e da felicidade (não se verificam durante o orgasmo, por exemplo), bem como não neutralizam a dor.
Estudo:
https://drive.google.com/file/d/0B4wndnBWq378cHk3RE84Slo4ZGs/view?pli=1
Fonte:
(Acrescente-se que este projecto de lei, por mais incrível que possa parecer, foi chumbado pela Assembleia da República Portuguesa)
Fixemo-nos agora nesta inacreditável declaração:
Para Helder Milheiro «um toureiro que arrisca a sua vida em frente a um animal (para o torturar até à morte, há que acrescentar), representa o máximo da excelência humana».
Saberá esta personagem da ficção mais mórbida que possa existir por aí, o que é “excelência humana”?
Se torturar um animal até à morte é excelência humana, que expressão devemos usar para o que vemos neste vídeo?
E depois não gostam que digamos que sofrem de doença do foro psiquiátrico.
Recebi um comentário a um texto que publiquei neste Blogue sob o título «Denúncia ao cuidado do PAN (Açores)», que pode ser consultado neste link:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/denuncia-ao-cuidado-do-pan-acores-640860?page=3#comentarios
O comentário diz o seguinte:
«De Anónimo a 27 de Agosto de 2016 às 05:50
Por ser um animal grande deixassem estar no pasto, por acaso o Espirito Santo gosta que se maltrate»
***
O comentário é, inequivocamente, parvo e ambíguo, referindo que o Espírito Santo gosta que se maltrate…
Ou faltará à frase um ponto de interrogação?
Este tipo de comentários tira-me do sério, até porque tenho em boa conta os Santos católicos e também o Espírito Santo, que é representado por uma Pomba Branca.
E como eu amo Pombas Brancas!
Portanto, quando uns endemoninhados, metidos a católicos, fazem touradas ou usam animais para celebrar os Santos e, neste caso concreto, o Espírito Santo, que faz parte da Santíssima Trindade, e onde um bovino foi maltratado em público, e a denúncia que fizemos seguiu, mas ainda não obtivemos uma resposta concreta, surpreende-me este tipo de blasfémia que, noutros tempos, seria severamente punida com uma tradição que agora dava muito jeito, mas que, felizmente, ficou lá num passado de muito má memória: a santa fogueira do tribunal da santa inquisição.
Então tive de questionar.
Por acaso o Espírito Santo gosta que se maltrate quem? Os que maltratam os pobres bovinos que não fazem mal a uma mosca e que os broncos terceirenses adoram torturar?
Respondi ao anónimo (um cobardolas, ou teria um nome) que fosse ao padre da freguesia dele e lhe perguntasse o que acontece às “pessoas” que têm maus fígados e adoram torturar as criaturas de Deus: se ele dissesse que vão direitinhas para o inferno quando morrerem, é um verdadeiro padre católico, representante do Diabo na Terra.
Se disser que Deus é misericordioso e o Espírito Santo (representado por uma Pomba branca, que muitos católicos também gostam de matar aos tiros para se divertirem) é complacente, e que para os seres divinos a Vida, qualquer Vida, é sagrada, e deve ser respeitada e defendida, será um Padre cristão, verdadeiro representante de Deus na Terra.
Mas na ilha Terceira, duvido que encontremos um padre que siga o preceito máximo que Jesus Cristo deixou aos homens e o ensine aos que vão à missa e comungar todos os domingos, para depois se comportarem como uns estafermos: «não faças aos outros (incluindo nesses outros, os bovinos e todos os outros animais não-humanos, também criaturas de Deus) o que não gostas que te façam a ti».
Bem, e se este anónimo não aprendeu nada com este meu “sermão”, é um caso perdido para a Humanidade.
Daí que considere urgente que a Igreja Católica Portuguesa comece a dar valor às práticas cristãs, e não às práticas satãs.
Porque só Satanás tortura seres vivos para se divertir. Não é assim?
Não Deus.
Não o Deus que, com o Filho e o Espírito Santo, são a Santíssima Trindade.
Isabel A. Ferreira