Dedico este texto aos terceirenses fanáticos de touradas à corda, com esperança de que aceitem a realidade (I.A.F.)
Por Vasco Manuel Martins Reis,
(Médico-veterinário, Aljezur, Portugal)
Na tauromaquia são várias as modalidades de abuso de bovinos, tanto em âmbitos privados, como em espectáculos organizados para diversão, desde touradas até garraiadas, vacadas (touradas à corda), etc..
O sofrimento começa na captura e possível “preparação” do bovino para o espectáculo com acções, intervenções para enfraquecer o animal.
Prossegue no transporte causador de pânico, claustrofobia, desgaste, até chegar à arena.
O sofrimento prossegue aqui com susto, provocação por muita gente, ludíbrio por muita gente, violência física por muita gente, esgotamento anímico e físico, ferimentos (por vezes morte). Prossegue depois com mais violência na recolha, no transporte, etc..
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa, ausentes nas plantas. Portanto, medo e dor são essenciais e condições de sobrevivência.
Vacadas e garraiadas e touradas à corda contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais e pessoas.
…
A utilização de animais juvenis submetidos à violência de multidões, não pode ser branqueada como “espectáculo que não tem sangue e é só para as crianças se divertirem". Mesmo que não tenha sangue, é responsável por muito sofrimento dos animais.
Contribui, certamente, para a perda de sensibilidade de pessoas, principalmente de crianças, e para o gosto pela cruel tauromaquia. É indissociável de futilidade, sadismo, covardia.
A brincar, a brincar, se viciam pessoas, como sabemos.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti educativa, fonte de enorme vergonha para o país, lesivo de reputação internacional, obstáculo que dissuade o turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem!
Muitos turistas aparecem nestes espectáculos por engano e por curiosidade.
De lá saem impressionados e pensando muito negativamente sobre o que presenciaram e sobre a gente portuguesa que, neste nosso permissivo país, tal coisa apoia.
Vasco Manuel Martins Reis,
Médico-veterinário
Aljezur
Portugal
NÃO PASSA, POIS, DE UM COVARDE
Atente-se nesta imagem: o bovino (fabricado na ganadaria), está impossibilitado de se defender com as suas próprias armas: os cornos estão embolados; tem cravada no corpo uma série de ferros que lhe rasgaram as carnes e o fez sangrar copiosamente; o bovino (fabricado na ganadaria), está obviamente enfraquecido, cheio de dores; e veja-se a atitude “desafiante” do forcado, pronto para TORTURAR ainda mais um animal já tão torturado.
A isto chama-se “coragem” ou COVARDIA?
Gostaria de ver essa “coragem” diante de um leão esfomeado, não diante de um bovino (fabricado na ganadaria), ao qual lhe embolaram os cornos e o estraçalharam.
É grave TODA A TORTURA. É grave e desumana.
E se a um forcado, que fosse ferido numa rixa, um bando de energúmenos lhe saltasse para cima e andasse com ele à roda, lhe puxasse os braços, as pernas, e ele ali, a sangrar, cheio de dores, a sofrer como um Touro...
A CENA É A MESMA.
Não pensem que o bovino SOFRE MENOS.
Só um ignorante pode dizer uma tal barbaridade.
E o que vemos numa arena, quando os forcados, metidos a “valentes”, caem sobre um bovino furado por bandarilhas, carnes rasgadas e a sofrer barbaramente, estamos diante de uma cena absolutamente repugnante, que até revolta as pedras.
É isso que os forcados e aficionados não vêem porque não passam de BRONCOS.
Não gostam do termo? Paciência!
Mas o termo é exactamente esse. É o que na realidade são.
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Pretendem, alguns, substituir a tourada tradicional pela tourada e lide com bandarilhas providas de ventosas para pressionar sobre velcro.
Mas isto, segundo o Médico Veterinário Dr. Vasco Reis, «continua a ser uma fonte de violência, sofrimento e risco para o touro. Basta acompanhar a captura, transporte, condução, lide do touro, etc., para se verificar isso mesmo.
O transporte é dos momentos mais stressantes na vida de um animal. No caso dos touros de lide só não é o mais stressante porque nada supera a embolação e o corte das hastes. Há animais que morrem durante a embolação! Imagine-se o grau de sofrimento...» conclui o Dr. Vasco Reis.
E depois querem que se utilize “palavras suaves” para dizer desta selvajaria…