Deu hoje entrada no Parlamento uma iniciativa do Grupo Parlamentar do PAN - Pessoas-Animais-Natureza, em que questiona o Ministério do Ambiente e Acção Climática sobre a morte de mais um Lobo-Ibérico, em Montalegre:
- Terá o Ministério conhecimento da morte de mais um exemplar de Lobo-Ibérico, em Montalegre, ocorrida no corrente mês de Março?
- Se tem, quais as diligências efectuadas pelas autoridades competentes?
- Já teria sido apurada a causa da morte do animal? Qual o resultado da autópsia?
- Tendo em conta os casos recentes da morte de Lobos-Ibéricos naquela região, existirá alguma investigação em curso, considerando o regime especial de protecção desta espécie?
- E que acções de sensibilização para a protecção desta espécie irá o Governo promover, de modo a evitar que este tipo de situações venha a repetir-se?
Estas são as questões que o PAN quer ver respondidas.
Origem da foto: Internet
Alertado por populares e de acordo com a imprensa local, o Núcleo de Protecção Ambiental da GNR, de Chaves (SEPNA/NPA), encontrou, na manhã do passado dia 09 de Março, um cadáver de um jovem Lobo-Ibérico no lugar de Salto, em Montalegre (Trás-os-Montes), o qual não apresentava qualquer ferimento.
No âmbito da investigação iniciada foi, então, feita uma pesquisa no terreno para ver se existiam indícios de crime, tendo sido o cadáver do animal transportado para um laboratório em Vila Nova de Gaia para ser autopsiado e apuradas as causas da morte.
Segundo o PAN, lamentavelmente, nos últimos anos, têm sido frequentes as notícias de Lobos-Ibéricos mortos naquela região, ou na sequência de acidentes de viação ou do uso de armadilhas de caça.
Já em Setembro de 2021, foi encontrado um exemplar morto próximo da vila de Montalegre, presumindo-se que tenha sido vítima de acidente de viação. Nesse mesmo ano, em Fevereiro, foi noticiada a morte de dois Lobos-Ibéricos e de um Cavalo garrano, na freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, dentro do perímetro do Parque Natural da Peneda-Gerês.
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PS: Pergunto-me: será que o Lobo-Ibérico está mesmo protegido dos homens-predadores, dos caçadores, que adoram matar tudo o que se mexe nos matos e nas zonas florestais, protegidas ou não?
Mas não são só os Lobos, são também Cabras-Montesas (no passado mês de Fevereiro, mataram-nas, também no PNPG, para exibirem as suas cabeças como troféus), Cavalos, Javalis, e às vezes até outros caçadores, mortos por tiros que saem ao lado…
É que não basta existirem LEIS, há que as pôr em prática e penalizar, com pesadas penas, os que se atrevem a violá-las.
Mas, no nosso País, infelizmente, as LEIS NÃO são para cumprir (a começar pelos "de cima") nem para se fazerem cumprir.
Isabel A. Ferreira
O conto “Miura” integra o livro Bichos - Contos de Miguel Torga (1940), um livro de leitura obrigatória. Um livro que todas as crianças deveriam ler. Um livro que todos os políticos, com assento no Parlamento, também deveriam ler.
Fez um esforço. Embora ardesse numa chama de fúria, tentou refrear os nervos e medir com a calma possível a situação. Estava, pois, encurralado, impedido de dar um passo, à espera de que lhe chegasse a vez! Um ser livre e natural, um toiro nado e criado na lezíria ribatejana, de gaiola como um passarinho, condenado a divertir a multidão! Irreprimível, uma onda de calor tapou-lhe o entendimento por um segundo. O corpo, inchado de raiva, empurrou as paredes do cubículo, num desespero de Sansão. Nada. Os muros eram resistentes, à prova de quanta força e quanta justa indignação pudesse haver. os homens, só assim: ou montados em cavalos velozes e defendidos por arame farpado, ou com sebes de cimento armado entre eles e a razão dos mais... Palmas e música lá fora. O Malhado dava gozo às senhorias... Um frémito de revolta arrepiou-lhe o pêlo. Dali a nada, ele. Ele, Miura, o rei da campina! A multidão calou-se. Começou a ouvir-se, sedante, nostálgico, o som grosso e pacífico das chocas. A planície!... O descampado infinito, loiro de sol e trigo... O ilimitado redil das noites luarentas, com bocas mudas, limpas, a ruminar o tempo... A fornalha escaldante, sedenta, desesperante, que o estrídulo das cegarregas levava ao rubro. Novamente o silêncio. Depois, ao lado, passos incertos de quem entra vencido e humilhado no primeiro buraco... Refrescou as ventas com a língua húmida e tentou regressar ao paraíso perdido. A planície... Um som fino de corneta.
Estremeceu. Seria agora? Teria chegado, enfim, a sua vez? Não chegara. Foi a porta da esquerda que se abriu, e o rugido soturno que veio a seguir era do Bronco. Sem querer, cresceu outra vez quanto pôde para as paredes estreitas do cárcere. Mas a indignação e os músculos deram em pedra fria. A planície... O bebedoiro da Terra-Velha, fresco, com água limpa a espelhar os olhos... Assobios. O Bronco não fazia bem o papel... Um toque estranho, triste, calou a praça e rarefez o curro. Rápida e vaga, a sombra do companheiro passou-lhe pela vista turva. Apertou-se-lhe o coração. Que seria? Palmas, música, gritos.
Um largo espaço assim, com o mundo inteiro a vibrar para além da prisão. Algum tempo depois, novamente o silêncio e novamente as notas lúgubres do clarim. Todo inteiro a escutar o dobre a finados, abrasado de não sabia que lume, Miura tentava em vão encontrar no instinto confuso o destino do amigo. Subitamente, abriu-se-lhe sobre o dorso um alçapão, e uma ferroada fina, funda, entrou-lhe na carne viva. Cerrou os dentes, e arqueou-se, num ímpeto. Desgraçadamente, não podia nada. O senhor homem sabia bem quando e como as fazia. Mas por que razão o espetava daquela maneira? Três pancadas secas na porta, um rumor de tranca que cede, uma fresta que se alargou, deram-lhe num relance a explicação do enigma da agressão: chegara a sua vez. Nova picada no lombo.
- Miura! Cornudo!
Dum salto todo muscular, quase de voo, estava na arena. Pronto! A tremer como varas verdes, de cólera e de angústia, olhou à volta. Um tapume redondo e, do lado de lá, gente, gente, sem acabar. Com a pata nervosa escarvou a areia do chão. Um calor de bosta macia correu-lhe pelo rego do servidoiro. Urinou sem querer. Gritos da multidão. Que papel ia representar? Que se pedia do seu ódio? Hesitante, um tipo magro, doirado, entrou no redondel. Olhou-o a frio. Que força traria no rosto mirrado, nas mãos amarelas, para se atrever assim a transpor a barreira? A figura franzina avançou. Admirado, Miura olhava aquela fragilidade de dois pés. Olhava-a sem pestanejar, olímpica e ansiosamente. Com ar de quem joga a vida, o manequim de lantejoulas caminhava sempre. E, quando Miura o tinha já à distância dum arranco, e ainda sem compreender olhava um tal heroísmo, enfatuadamente o outro bateu o pé direito no chão e gritou:
- Eh! boi! Eh! toiro!
A multidão dava palmas.
- Eh! boi! Eh! toiro!
Tinha de ser. Já que desejavam tão ardentemente o fruto da sua fúria, ei-lo. Mas o homem que visou, que atacou de frente, cheio de lealdade, inesperadamente transfigurou-se na confusão de uma nuvem vermelha, onde o ímpeto das hastes aguçadas se quebrou desiludido. Cego daquele ludíbrio, tornou a avançar. E foi uma torrente de energia ofendida que se pôs em movimento.
Infelizmente, o fantasma, que aparecia e desaparecia no mesmo instante, escondera-se covardemente de novo por detrás da mancha atordoadora. Os cornos ávidos, angustiados, deram em cor. Mais palmas ao dançarino. Parou. Assim nada o poderia salvar. À suprema humilhação de estar ali, juntava-se o escárnio de andar a marrar em sombras. Não. Era preciso ver calmamente. Que a sua raiva atingisse ao menos o alvo. O espectro doirado lá estava sempre. Pequenino, com ar de troça, olhava-o como se olhasse um brinquedo inofensivo. Silêncio. Esperou. O homem ia desafiá-lo certamente outra vez. Tal e qual. Inteiramente confiado, senhor de si, veio vindo, veio vindo, até lhe não poder sair do domínio dos chifres. Agora! De novo, porém, a nuvem vermelha apareceu. E de novo Miura gastou nela a explosão da sua dor. Palmas, gritos. Desesperado, tornou a escarvar o chão, agora com as patas e com os galhos. O homem! Mas o inimigo não desistia. Talvez para exaltar a própria vaidade, aparentava dar-lhe mais oportunidades. Lá vinha todo empertigado, a apontar dois pequenos paus coloridos, e a gritar como há pouco:
- Eh! toiro! Eh! boi!
Sem lhe dar tempo, com quanta alma pôde, lançou-se-lhe à figura, disposto a tudo. Não trouxesse ele o pano mágico, e veríamos! Não trazia. E, por isso, quando se encontraram e o outro lhe pregou no cachaço, fundas, dolorosas, as duas farpas que erguia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga mole.
Gritos e relâmpagos escarlates de todos os lados. Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela plateia. Então?! Como não recebeu qualquer resposta, desceu solitário à consciência do seu martírio. Lá levavam o moribundo em braços, e lá saltava na arena outro farsante doirado. Esperou. Se vinha sem a capa enfeitiçada, sem o diabólico farrapo que o cegava e lhe perturbava o entendimento, morria. Mas o outro estava escudado. Apesar disso, avançou. Avançou e bateu, como sempre, em algodão. Voltou à carga.
O corpo fino do toureiro, porém, fugia-lhe por artes infernais. Protestos da assistência. Avançou de novo. Os olhos já lhe doíam e a cabeça já lhe andava à roda. Humilhado, com o sangue a ferver-lhe nas veias, escarvou a areia mais uma vez, urinou e roncou, num sofrimento sem limites. Miura, joguete nas mãos dum zé-ninguém!
Num ímpeto, sem dar tempo ao inimigo, caiu sobre ele. Mas quê! Como um gamo, o miserável saltava a vedação. Desesperado, espetou os chifres na tábua dura, em direcção à barriga do fugitivo, que arquejava ainda do outro lado. Sangue e suor corriam-lhe pelo lombo abaixo. Ouviu uma voz que o chamava. Quem seria? Voltou-se. Mas era um novo palhaço, que trazia também a nuvem, agora pequena e triangular. Mesmo assim, quase sem tino e a saber que era em vão que avançava, avançou. Deu, como sempre na miragem enganadora. Renovou a investida. Iludido, outra vez. Parou. Mas não acabaria aquele martírio? Não haveria remédio para semelhante mortificação? Num último esforço, avançou quatro vezes. Nada. Apenas palmas ao actor. Quando? Quando chegaria o fim de semelhante tormento? Subitamente, o adversário estendeu-lhe diante dos olhos congestionados o brilho frio dum estoque. Quê?! Pois poderia morrer ali, no próprio sítio da sua humilhação?! Os homens tinham dessas generosidades?! Calada, a lâmina oferecia-se inteira. Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou-a bem. Depois, numa arremetida que parecia ainda de luta e era de submissão, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.
Miguel Torga, «Bichos».
Coimbra, Ed. Autor, 1940; 18.ª ed. 1990.
"Miura" integra o livro Bichos, de Miguel Torga, e é um conto em que o narrador narra de acordo com o que Miura (um touro que morre na arena) vê, pensa e sente.
Miguel Torga é apenas um pseudónimo, sendo, o verdadeiro nome do autor: Adolfo Correia da Rocha. Este nasceu na região de Trás-os-Montes e viveu cinco anos no Brasil. Miguel Torga tentou poetizar em grupo, com as revistas “Sinal” e “Manifesto”, acabando por desistir, pois considerava que a poesia era algo demasiado sublime e que exigia o máximo de pureza e fidelidade pessoal em relação ao poeta.
David Mourão-Ferreira, cita: “Torga é a reencarnação de um poeta mítico por excelência – daquele que vive na intimidade das forças elementares (terra, sol, vento, água) para celebrá-las com o seu canto – e alto exemplo de constante rebeldia, numa atmosfera que pretende asfixiá-lo”.
Fonte:
https://www.facebook.com/CampanhaContraTouradasMundo/photos/a.348348691882288/182833301767162
Obviamente não será esta a imagem que o senhor Presidente Rui Vaz Alves gostará de ver associada a Ribeira de Pena
Exmo. Sr. Rui Vaz Alves
Presidente da Câmara Municipal de Ribeira de Pena
Tomo a liberdade de escrever a V. Excelência, depois de ter tomado conhecimento de que no próximo dia 6 de Agosto está prevista a realização de uma tourada, no âmbito da Feira do Linho, em Ribeira de Pena, uma localidade que até agora se manteve limpa desta nódoa negra, que conspurca o bom nome dos municípios que a adoptam, além de demonstrar um atraso civilizacional bastante acentuado.
Sabemos que o desespero do lobby tauromáquico é grande, por esta actividade estar em franca decadência, o que os faz andar por aí a engodar os menos prevenidos, com o intuito de ganhar dinheiro à custa dos incautos e do sofrimento dos animais.
Posto isto, quero crer que o Sr. Presidente da Câmara não estará a par desta realidade e da contestação crescente a este tipo de actividades aviltantes para o ser humano, por envolver sofrimento animal com fins recreativos, algo considerado inaceitável em pleno século XXI depois de Cristo, e que em nada condiz com evolução.
Recordo a Vossa Excelência que em Portugal são mais os municípios que rejeitam esta barbárie do que os que a permitem. Em 308, apenas 45 mantém este costume bárbaro. Em Espanha (berço desta incultura) centenas de municípios e regiões estão a proibir a realização de touradas, dando deste modo, um passo significativo em direcção à evolução.
Não queira V. Excelência fazer regredir Ribeira de Pena, permitindo que nessa localidade, tão considerada até aos dias de hoje, seja introduzida uma prática que irá catapultá-la para o rol dos municípios civilizacionalmente atrasados.
Por este motivo, e por conhecer bem essa região, gostaria de solicitar a V. Excelência que reconsiderasse esta situação e que cancelasse este evento que envergonha não só Ribeira de Pena, mas toda a região de Trás-os-Montes, e obviamente a imagem de Portugal no mundo civilizado, reflectindo uma situação de elevado atraso cultural e civilizacional, contrastando com o movimento anti tourada que tem vindo a ganhar terreno em todo o mundo civilizado.
Mais do que nunca, no momento em que vivemos, mergulhado na violência gratuita, os governantes têm o dever de promover a paz e não albergar a brutalidade, seja contra animais humanos ou não humanos e até mesmo contra a Natureza.
Confiando que V. Excelência terá em consideração todos estes argumentos, e tomará a decisão certa de cancelar esta tourada e de não promover mais nenhuma, despeço-me cordialmente, enviando os meus melhores cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Isto é fruto de uma legislação que permite a violência e a crueldade contra seres vivos não humanos, para divertimento de broncos.
E para o povo estúpido qualquer animal serve para ser torturado. Incluindo os animais humanos.
Não é isso que estão a fazer também connosco, para além do gato? A torturar-nos psicologicamente com estes actos BÁRBAROS e INSANOS?
Portugal tem de encontrar o caminho da civilização. Custe o que custar.
URGENTEMENTE!
(O vídeo foi eliminado para que o mundo NÃO veja a barbárie que Portugal ainda existe).
«Se dúvidas houvesse a população esclareceu... é uma gata... tem dona... foi cedida pela própria como faz todos os anos... diz que é dela e que vai continuar a ser. Pergunta-se pela gata e a resposta é gata "anda por aí"... então como se sabe que está bem?
Não percebo porque não a metem num pote e começam a fazer com ela... já que é bonito e não tem mal...»
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O povinho de Mourão (concelho de Vila Flor, Bragança) não percebe a indignação do mundo perante este acto bárbaro e primitivo?
Como poderá perceber se vive na ignorância?
Uma vez mais a igreja católica nada faz, nem nada diz a propósito de celebrarem santos com rituais bárbaros envolvendo seres vivos.
Ou o São João não será um santo católico?
Esperemos que as AUTORIDADES, uma vez que existe uma LEI que deveria proteger os Gatos e os Cães (os únicos animais reconhecidos como animais pelos governantes portugueses) tomem medidas drásticas contra este povinho e hajam em conformidade com essa lei.
Depois há que fazer este povinho EVOLUIR, e dizer-lhe que em vez de colocarem no pote o gato, que coloquem lá a dona do gato e a deixem ferver, para ver como é bom…
Ou não saberão em Mourão que um GATO é um ser vivo, sensível e animal como eles também?
Que raça de “gente” é esta?
O animal não morreu? O animal está bem?
Então vejamos:
Um gato vivo é colocado dentro de um pote de barro e levantado a alguns metros de altura, num poste.
O poste vai sendo queimado, à medida que as chamas envolvem o pote com o animal vivo lá dentro.
Ouvem-se os gritos desesperados do gato num sofrimento inenarrável.
Quando o poste arde por completo, o pote despenha-se no chão, e o gato cai de uma altura superior a três metros, fechado no pote a arder.
Nesse momento vê-se o gato em chamas a miar desesperadamente enquanto o povo parvo ri, gesticula e se diverte com a tortura do animal que corre em círculos, tentando alívizar-se do fogo e fugir daquele inferno, desorientado, e numa agonia atroz.
Só quem não conhece os gatos é que desconhece o sofrimento deles num ritual tão bárbaro.
Experimente a dona do gato este ritual e depois diga-nos o que é bom.
As festas de São João, neste lugarejo primitivo, são organizadas pelos (poucos) mais novos que mantém uma certa ligação com esta aldeia de Trás-os-Montes onde existem apenas meia dúzia de velhos, e a Aida disse que teme que agora se acabe com a tradição e fiquem cada vez mais abandonados.
Pois que se acabe a tradição, e que fiquem abandonados, pois é esse o castigo que merecem por tanta crueldade!
E a igreja católica e os governantes portugueses também merecem ser abandonados, por tanta cumplicidade com estes e outros actos que se praticam por este país fora, em nome de tradições parvas, e que não dignificam nenhum ser humano, nem um governo, nem uma igreja, que se diz seguidora de Cristo.
BASTA DE TANTA ESTUPIDEZ!
Isabel A. Ferreira
***
Assinem a petição, por favor:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT77608
Completaria hoje 88 anos
Morreu ontem, no hospital de Matosinhos.
O seu corpo encontra-se no tanatório daquela cidade.
Amanhã será cremado, pelas 10h.
Aqui deixo a minha homenagem à escritora que considero uma das maiores estilistas da Língua Portuguesa e cuja vida e obra acompanhei desde 1991, e sobre essa vida e essa obra escrevi um livro, que lhe dediquei com muito afecto: «Luísa Dacosta - "no sonho a liberdade"...»
Até sempre, Luísa Dacosta!
Luísa Dacosta em A-Ver-o-Mar (Póvoa de Varzim), em 16 de Julho de 1995
Luísa Dacosta nasceu em Vila Real de Trás-os-Montes, a 16 de Fevereiro de 1927, provavelmente num daqueles dias surpreendentes de Inverno que a fadou com o desassossego que distingue os seres marginais.
Depois de uma infância e de uma adolescência vividas em liberdade, rodeada de mimo, mas também de vivências que foram determinantes na construção da sua personalidade e que viriam, mais tarde, a ser perpetuadas na sua obra manifestamente autobiográfica, a jovem da província abalou para a capital, onde novas emoções, novas realidades, novos rumos, novas circunstâncias, dariam um novo sentido à sua existência. E quando, em 1944, iniciou a licenciatura em Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a jovem Luísa trazia já em si a força e a coragem que caracterizam a mulher transmontana, facto que, aliado a uma genuína e saudável rebeldia, dela fez um ser indomável, como os seres selvagens que habitam as alturas, daí a sua visão do mundo conter a dimensão dos grandes horizontes. Ao mesmo tempo, possui uma natureza frágil e dócil que, por vezes, permite enredá-la em redes tecidas por mãos misteriosas, ocultas entre a folhagem de bosques, por onde vagueia um tempo sem tempo. O tempo daquela que escreve.
Ora um tal ânimo não poderia ser desperdiçado numa vida feita de lugares-comuns, de banalidades, de insignificâncias. Autora de uma obra poderosa, assente em mitos que a habitaram, como o de Tristão e Isolda, Narciso, Ceres, Penélope, e nas suas próprias vivências, acrescida de inegável qualidade literária, registo fragmentário de instantes efémeros que marcam uma existência, com Luísa a realidade mais simples transforma-se num momento raro, feito de palavras que flutuam e dançam ao som de ventos que não sopram, vestem-se de roupagem nova, libertando-se, desse modo, da sua forma banal, transformando-se elas próprias, as palavras, em seres únicos, etéreos, eternos e encantatórios.
Com Luísa, a poesia brota de todas as coisas: «Pela janela vem ainda um vago perfume a rosas, mas sem aquela onda sufocante de seiva, de vida, que outrora abafava com seu peso a minha infância, dolorosa, de penetrar o segredo das coisas.» (in Na Água do Tempo – Diário, Quimera).
Com Luísa, os enredos são mágicos: «Penélope incansável, a madrugada destece a urdidura dos filtros da noite, apaga a magia das sombras, esfria as estrelas. Mas não cala o apelo mítico, que sobe dos abismos e se desgarra. Como um lamento de ave, ecoa. Paira sobre as águas. Chega até mim.» (in Morrer a Ocidente – Crónicas, Figueirinhas).
Com Luísa os sons humanizam-se: «Soltou-se, dos abismos, o búzio do vento. Que dor se esfarrapa e franja de encontro aos penedos? Que voz, dolorida, endoidada, cavalgando ondas e crinas de espuma, espraia desesperos e uiva pelas margens da noite? – Meu amor! Meu amor!» (in A-Ver-o-Mar – Crónicas, Figueirinhas).
Com Luísa, o sofrimento é sublimado: «Sombrios, como as raízes da noite, eram os seus cabelos. E os olhos, pesados de amargura, tinham o brilho, incansável, das estrelas. À janela da vida, esperava o amor, o único – sobre o qual o tempo não tem poder.» (in Corpo Recusado, Figueirinhas).
Algumas das principais obras de Luísa Dacosta foram escritas no seu moinho de A-Ver-o-Mar, um presente de amor e depois concha de solidão, onde, qual ave de arribação, «só ia de ano a ano» … E, naquele lugar, onde o silêncio e o mar se enlaçam e as gaivotas adormecem a cada entardecer, o moinho, de paredes brancas, foi berço de uma prosa poética, invulgar, porque imbuída dos segredos das águas e dos sons marinhos, e das toadas da terra, quase imperceptíveis, que as noites vazias tornaram reais. Quem lê A-Ver-o-Mar – Crónicas, não esquece a beleza com que as cenas mais banais do quotidiano das gentes locais são descritas: «A tarde feria-se de sombras, toldava-se dos fumos da ceia. Era chegada a hora em que tudo dói, magoa, sangra, quer seja uma ausência, uma luz, uma pedra.»
Além das obras referidas e ainda outras (que incluem o conto, o ensaio, a crítica) escritas para adultos, obras autobiográficas, que encerram o seu peculiar universo, nas quais, como se disse, os enredos são mágicos, os sons humanizados, o sofrimento sublimado, e as palavras, que dizem da recusa, da solidão, do sofrimento, da angústia, são colhidas como quem colhe flores em jardins secretos, habitados por ninfas, a autora, porque dedicou parte da sua vida ao ensino preparatório, escreveu também vários livros para crianças, e, desse modo, ficou do lado do sonho.
Antes de conhecer a Luísa Dacosta/Mulher, conheci a Luísa Dacosta/Menina, através dos livros que escreveu para os mais pequeninos, e tal como acontece às crianças, também me deixei seduzir com as histórias próprias da infância, onde, todavia, a realidade nunca está ausente. Mais tarde, descobri, nas crónicas de A-Ver-o-Mar, aquele apelo à inocência das mulheres da beira-mar, sofridas, as quais vivem vidas sem sonhos, (como poderá viver-se sem sonhos?...) e cujo destino se enrola nas águas do grande oceano, que lhes dá o sustento, mas também a morte dos seus homens. Foi a partir de então que comecei a render-me à força da narrativa de Luísa, límpida e ausente de lugares-comuns, e parti para a descoberta daquela que escreve como quem faz renda, arrancando da palavra/bilro novas sonâncias encantatórias, que em nós ficam ecoando como vozes longínquas. Escrita/pintura feita de palavras de água púrpura, rósea, anil, violeta que transforma os textos em recriadas aguarelas, e molda paisagens, seres, emoções, sentimentos…
Seguiu-se Morrer a Ocidente, onde a ficção se confunde com a realidade, continuando no domínio das crónicas com sabor a sal. E tal como aquele soldado que, longe da pátria, e a propósito do texto Na Respiração do Tempo, publicado n’ A Vida Mundial escreveu à autora: «... senti o apelo da água... é um renovar tão profundo beber a maresia, a que aqui, a 2000 km do mar, senti nítido o cheiro iodado da Apúlia, pela mão das suas palavras... ler quem tão bem entende o mar, é um murmúrio de livres águas, bem consolador neste quotidiano difícil... Reli há dias... é uma das coisas mais belas, mais íntimas e mais verdadeiras (porque me toca por dentro) que tenho sentido», também eu descobri naqueles textos pedacinhos do meu mundo feito de breves momentos felizes, onde o mar ocupa um lugar relevante (foi à beira-mar que nasci e passei parte da minha existência) e o seu cheiro a algas, as suas gaivotas, as suas águas cantando segredos, ali, naquelas palavras debruadas com os sonhos de Luísa.
Mas foi O Planeta Desconhecido e Romance Daquela que Fui Antes de Mim que mais me impressionou, enquanto leitora. Trata-se de uma obra trespassada de mágoa e de melancolia, se bem que ateada de palavras escritas com saber, que nos lançam no sublime enfeitado de caos, e dão-nos, nua e cruamente, a dimensão da realidade que somos e, sobretudo, para onde vamos, cativos de um tempo que nos desfigura o corpo e nos arrasta até à outra margem da vida. Um livro belo que celebra as emoções, mas também a palavra. Uma vez mais.
Quando é urgente fugir do mundo e da realidade, a leitura é o meu porto de abrigo, e são dois os mestres que me ajudam nessa fuga: Pablo Neruda e Luísa Dacosta.
Pablo leva-me «ao pé dos vulcões, junto aos ventisqueiros, entre os grandes lagos, ao fragrante, ao silencioso, ao emaranhado bosque chileno... onde afundo os meus pés na folhagem morta... e sinto o aroma selvagem do loureiro»... (in Confesso que Vivi).
Luísa «faz-me resistir à vida, ao desgaste do tempo, à morte do corpo, ao apagar das alegrias, ao vazio circundante, ao corte das raízes, à não publicação dos (também meus) sonhos a morrer na gaveta...» (in Na Água do Tempo).
É neste universo, entre a cadência da vida e a beleza das palavras que se move Luísa Dacosta, sem dúvida, um dos nomes mais expressivos da Literatura Portuguesa Contemporânea. Contudo, devido, talvez, à sua recusa em enveredar pela vulgaridade e pelo mediático, conceitos tão entranhados na sociedade actual, cúmplices de uma gritante cegueira cultural, que, infelizmente, tanto valoriza e cultua a mediocridade, uma escritora de tal importância, inclusive, estudada nas universidades do nosso País e até no estrangeiro, não tem merecido, por parte dos media, o justo reconhecimento, nem a oportuna divulgação.
Disse-me, certa vez, um dos seus editores: «Os livros dela não se vendem». Como pode vender-se algo que não é adequadamente promovido? Como pode vender-se algo que não está ao alcance das pessoas? Como pode vender-se algo de que não se tem conhecimento? Em que livrarias estão os livros de Luísa Dacosta, para que as pessoas possam, ao menos, folheá-los? Em que Feiras do Livro estão os livros de Luísa Dacosta, para que as pessoas possam vê-los e, possivelmente, comprá-los?
(…)
Não estarão os livros de Luísa, (…) encerrados em sacos pretos, esquecidos nos recantos mais escondidos das livrarias? As palavras-chave para que um livro se venda são: promover, divulgar, mostrar… E o que não existe, passará a existir. E o que não se vende, talvez passe a vender-se. Não é assim que acontece com os autores que vendem, ainda que alguns não tenham a mínima qualidade literária? Se a má literatura se vende, por que não há-de vender-se a boa Literatura?
Dar a conhecer o universo da mulher/escritora, com o intuito de despertar os leitores para a sua obra, e de os acompanhar na descoberta do seu mundo, imensamente fértil em palavras delicadamente cerzidas, que são as suas, é o objectivo principal deste livro. Trata-se de um trabalho que, de modo algum, pretende ser académico ou erudito, crítico ou de análise linguística. É apenas um olhar, o meu olhar, despretensioso, de leitora e admiradora da escrita de Luísa Dacosta; a experiência de uma jornalista que segue o percurso literário da escritora desde 1984; uma abordagem pessoal, tendo também em conta o que vivi com a escritora, ao longo de vários anos, e o conhecimento do seu modo desassossegado de ser, e do seu pensamento irreverente.
A ideia não é a de analisar a sua obra sob o ponto de vista literário – para tal, há especialistas como Glória Padrão, José Augusto Seabra, Albano Martins, Paula Morão, Ramiro Teixeira, José António Gomes e Alzira Seixo, entre outros – embora, inevitavelmente, possa deambular, uma vez ou outra, e muito vagamente, por esse campo. O cerne de «Luísa Dacosta – «no sonho, a liberdade...» é o de acolher o todo – quem escreve e o que escreve – numa visão meramente jornalística, mais próxima do leitor comum, colocando esta questão básica: quem é Luísa Dacosta? E partindo-se do pressuposto de que conhecendo-se aquela que escreve melhor se compreende aquilo que escreve, atinge-se o âmago do meu objectivo: falar da obra de um dos nomes maiores da criação literária portuguesa contemporânea, dos seus motivos, e do que ao redor dessa obra se foi construindo.
Aliás, penso que todos os que gostam verdadeiramente de ler interessam-se por ler os livros daqueles de quem conhecem o pensamento, o modo de ser, de ver as coisas e de estar no mundo, conseguindo, desse modo, olhar com outros olhos a sua obra.
Partindo da infância, passando pela adolescência, pela juventude, pela publicação do primeiro livro até à actualidade, a minha ideia foi a de reunir numa só obra o saber da menina/mulher que escreve livros, por que os escreve, e como os escreve, aproveitando excertos das suas obras, para ir divagando sobre as coisas do seu universo, e aprofundar um pouco mais o seu pensamento, entremeando com alguns episódios que tive a oportunidade de vivenciar com a autora, procurando despertar o leitor comum para a obra desta que, à margem do mundo, é, sem dúvida, repito, uma das mais fascinantes escritoras portuguesas do século XX, pelo modo como usa a palavra.
Penso que a análise puramente literária da obra de um escritor interessará, talvez, prioritariamente aos estudiosos de Literatura, por isso, a ideia foi realizar um trabalho que conquiste os muito cultos, mas também, e essencialmente, os menos eruditos, para que não só possam ter acesso, como interessar-se por uma obra tão inexplicavelmente colocada à margem do rio literário que por aí vai serpenteando, pejado de ervas ressequidas, a que, também inexplicavelmente, é consagrado o melhor “adubo”.
(…)
Luísa fez da Língua Portuguesa um ninho, onde ninhou palavras que se assemelham a pássaros: livres e belos no seu voejar. Por isso, atrevo-me a dizer que o seu mundo é mais além, é o dos tais seres selvagens que habitam as alturas. E, dessas alturas, Luísa Dacosta pode contemplar horizontes infinitos e lançar as suas palavras a ventos que não sopram, porém, o paraíso literário estará sempre onde estiver um livro seu...
Luísa Dacosta, na Foz do Douro (Matosinhos) em 29 de Julho de 2003
Há muito que acalentava a ideia de fazer uma longa entrevista a Luísa Dacosta, com o intuito de dar a conhecer a dimensão do seu mundo literário, tão pouco divulgado nos órgãos de comunicação social, e tão mal acarinhado pelos seus editores. Um desperdício. Uma blasfémia. Uma lacuna que entendi necessário preencher. Mas o que fazer quando os textos escritos sobre Cultura, uma determinada Cultura, não merecem o melhor acolhimento nas páginas dos jornais? Qual deles se interessaria em publicar uma longa entrevista sobre uma escritora não mediática, não da moda, não “light”, como outras que tantas parangonas têm merecido?
Esperei o momento certo.
Nos finais do ano de 2002, propus à autora a entrevista, depois de verificar que o seu último livro, O Planeta Desconhecido e Romance da que Fui Antes de Mim, uma admirável urdidura ao redor da velhice e de um tempo que já foi mas ainda nos pertence, andava alheado das montras das livrarias e das páginas dos jornais, e, desse modo, o seu nome continuava a ser esquecido. Tão injustamente.
A proposta foi aceite. E naquela tarde de 22 de Abril de 2003, desloquei-me a Matosinhos, onde, no recato do apartamento da escritora, numa sala acolhedora, rodeada de recordações: retratos, pinturas, quase todas ilustrações dos seus livros, obras de arte, esculturas, livros, flores, pequenos objectos de grandes afectos, sentada diante daquela que escreve iniciei a entrevista, propriamente dita, que se prolongou exactamente até ao dia 22 de Julho de 2003. Sempre às terças-feiras, ao início da tarde. Entre as 14h30 e as 16h30. Nessas duas horas, a conversa fluía, e as palavras iam ficando registadas num pequeno gravador. Terminada a tarefa imposta para cada tarde, no recolhimento da casa, lanchava-se, um lanche onde não faltava o chá, uma especialidade da escritora. Um chá que variava de sabores. Devo dizer que nunca havia tomado chá de pétalas de rosas. Um requinte de Luísa Dacosta, aliás, também uma excelente cozinheira. Um dote de mulher transmontana, nas artes de bem receber.
Mas voltando ao lanche, além do chá, não faltavam pãezinhos especiais, com manteiga e compota, biscoitos, por vezes, bombons e outros mimos, com que Luísa me deliciava. Enfim, um lanche requintado, na sua simplicidade de lanche.
Outras vezes, íamos à pastelaria «Chá das Cinco», um espaço acolhedor, discretamente decorado à moda antiga, situada na avenida Brasil, na Foz do Douro, onde tomávamos ora chá, ora batido de manga com doce, “scones” ou torradas, enquanto conversávamos amenamente sobre os casos e ocasos da vida. Depois, dávamos um passeio à beira-rio, e aproveitávamos para maldizer (e o termo é mesmo esse) certas coisas deste nosso mundo conturbado: os políticos e as políticas, a incultura, e também a imundície que nos rodeava, naquelas calçadas que calcorreávamos, a falta de civismo dos que alcunho de “portuguesinhos”, que atiram tudo para o chão, apesar dos recipientes de lixo, espalhados pelos lugares. Lamentável, porque a marginal da Foz do Douro é um lugar lindo, onde podemos dar belas caminhadas se nos alhearmos da imundície que nos rodeia.
E o mar ali tão perto, belo e poderoso, enrolando as suas águas, naquelas praias da foz, pejadas de lixo, mas também de rochas negras, esverdeadas, avermelhadas, prateadas... Rochedos, aos quais ambas nos rendíamos, seduzidas pela sua beleza, à luz, magnífica, do entardecer.
Luísa Dacosta recebeu-me sempre com aquele seu sorriso afável, ainda tão de menina. E esta sua presença humana transformou o encontro entre jornalista e escritora numa afectuosa cumplicidade, e a entrevista, no longo desabafo de um ser que vive à margem do mundo, numa quase forçada solidão, por sentir e pensar de um modo muito mais além.
Ciosa da sua privacidade, a escritora só falou do que entendeu poder partilhar connosco, sem trair as suas mais íntimas vivências. Segredos só seus. Há coisas que são só nossas, e não devem nunca sair de nós. Porém, o que foi dito faz jus ao espírito livre de Luísa.
Dos episódios mais marcantes da sua vida, apenas falou de alguns, poucos. Dos afectivos. De algumas amizades. Não quis falar dos vivos. Mas evocou os mortos, mesmo aquele que não conheceu pessoalmente, mas com o qual se correspondeu e teve uma grande influência na sua vida, como adiante se verá: o Padre Joaquim Alves Correia, exilado na América, mesmo post de mortem. Depois houve o seu encontro com o amigo António José Saraiva, que foi também muito importante para a sua ligação à Literatura e a um conhecimento mais profundo da Língua e de certos autores. E também os dois anos (o que lhe consentiu a vida) de convivência e amizade com Irene Lisboa, embora nem sempre estivessem juntas: Irene, mais em Lisboa, Luísa, doente em Portalegre. Porém, a força combativa da escrita daquela escritora, sufocada por autoras de segundo plano que estiveram mais em voga e tiveram outra aura, foi muito importante para Luísa. Por último, a David Mourão-Ferreira Luísa deve a colaboração no Colóquio/Letras e o apoio à sua obra para a infância, que até certa altura nunca tinha sido comprada pela Gulbenkian. E a David, diz Luísa, deve essa respiração.
in «Luísa Dacosta - "no sonho a liberdade"…» - Um livro sobre a vida, a obra e o pensamento de Luísa Dacosta.
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Faz hoje precisamente 9 anos que o livro foi lançado, no Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim (16 de Fevereiro de 2006), uma prenda de aniversário, pela passagem dos 79 anos da escritora.
Isabel A. Ferreira