Quarta-feira, 4 de Janeiro de 2012

PELA ABOLIÇÃO DA TOURADA - RESPOSTA A UM GANADEIRO ESPANHOL QUE ME INTERPELOU (II PARTE)

 

 

Pela ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS, transcrevo aqui a resposta

à resposta que o ganadeiro espanhol deu ao meu texto anterior.

 

 

(Obs: Abstenho-me de identificar o ganadeiro, por uma questão de delicadeza, uma vez que esta questão está a ser tratada em mensagens privadas, e só a torno pública pelo interesse do seu conteúdo para a Causa)

 

Senhor R.:

 

Gosto de ser desafiada. E Vd. desafiou-me. Eu respondi. O assunto (lembra-se?) era sobre TOUROS. Expus-lhe a minha ideia (repare que não disse a “minha verdade”, está no meu anterior texto) e o que faz Vd.? Sem argumentos para sustentar a sua própria ideia sobre a corrida de touros, apresenta-me este discurso, no qual não li, uma vez sequer, a palavra “tourada”, fugindo, deste modo, ao ponto principal da discussão que Vd. iniciou.

 

Diz-me Vd.: «Veo que se ha tomado muy en serio esta diatriba que tenemos acerca de las corridas de toros, pues ha escrito Vd. mucho sobre este asunto esta vez. Aunque desde la utopía y con razonamientos un tanto demagógicos».

 

Sim, senhor R., sempre tomo muito a sério as causas pelas quais luto e ACREDITO. Se não acreditasse nelas não as defenderia. Utopia? Não. Realidade. Luto por algo de muito concreto, e não é utopia o que pretendo: a ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS NO MUNDO. Como já houve a abolição de tantos horrores cometidos, até em nome de Deus. Por exemplo a Inquisição (da qual os nossos países, Portugal e Espanha foram grandes mestres). Argumentos demagógicos? Francamente senhor R.! Não estamos a falar de política. Estamos a falar de massacre de SERES VIVOS, para DIVERTIMENTO de sádicos. Nunca a demagogia caberia em tal discussão. Seria defraudar a esperança dos Touros e dos Cavalos poderem viver as suas vidas
tranquilamente como merecem. E isso, eu nunca faria.

 

Evidentemente que qualquer um de nós pode e deve colocar-se no lugar de qualquer outro ser. Basta querer. Eu não me empenho em dizer que somos iguais a um Touro, eu AFIRMO que somos BIOLOGICAMENTE iguais a um Touro. A minha formação académica implicou o estudo de Antropologia, nas suas várias vertentes, e sei do que estou a falar quando digo que os mamíferos não humanos são biologicamente iguais aos mamíferos humanos, na sua morfologia, nas suas necessidades vitais, nas suas dores, sofrimentos e emoções. Além disso, a minha convivência com animais, de várias espécies, desde criança, ensinou-me muito mais do que todas as teorias.

 

Diz Vd.: «En segundo lugar el mundo idílico que Vd. propone es absolutamente imposible de conseguir. Todos los animales necesitan depredar a otros seres vivos para alimentarse, unicamente las plantas están capacitadas para formar su alimento mediante el concurson de seres inanimados.
En consecuencia sólo ellas podrían sobrevivir sin hacer daño a otro ser vivo. Vd. y yo junto con todos los animales desapareceríamos y se acabarían para nosotros nuestros gozos y nuestras sombras, así como nuestras desavenencias

 

O mundo idílico que proponho seria possível se não houvesse HOMENS PREDADORES no Planeta. E é de homens predadores que falo. Não existe na Natureza animais não humanos predadores. Eles apenas tentam sobreviver como podem e sabem, e quando matam outro animal para se ALIMENTAREM, fazem-no SEM CRUELDADE. E o que faz o homem predador? É CRUEL para com os
animais não humanos para se DIVERTIR. DIVERTIR! A questão é esta, e não a da sobrevivência das espécies. Nenhum animal não humano é cruel para com outro para se DIVERTIR. Apenas o homem predador é cruel.

 

Diz Vd.: «Por último si Vd. está instalada, como creo por sus manifestaciones, en la idea de que es portadora de la verdad absoluta y de que su antagonista, en este caso yo, no tiene ni la más remota posibilidad de tener algo de razón en la polémica; no vale la pena que continuemos porque no le voy a convencer de nada y no me gusta perder el tiempo en empresas imposibles».

 

Não, não sou portadora da verdade absoluta, senhor R.. Agora que a RAZÃO e a LÓGICA não está do seu lado, isso tenho a certeza. Vd. não tem a mais remota possibilidade de ter razão porque não tem o direito de massacrar seres vivos para ganhar dinheiro; não tem o direito de ser negociante de sangue, de morte, de crueldade. Projectos impossíveis? O quê? A ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS? Não, não é um projecto impossível. Está muito mais perto de acontecer do que possa imaginar.

 

Diz Vd.: «Así como Vd. me pide que me ponga en el lugar del toro, yo le pido que cuando tenga que polemizar sobre algún tema, sea taurino o no, intente ponerse en el lugar de su oponente y piense que tal vez tenga algo de razón porque si no me concede ninguna posibilidad, el asunto debe cerrrarse».

 

Sim, quando polemizo com alguém, ponho sempre a possibilidade desse alguém ter razão. Mas não neste caso. Aqui trata-se da VIDA de Touros e de Cavalos. Não há a menor possibilidade de entendimento. Porque a VIDA não se joga aos dados. Porque com a VIDA não se brinca. Porque a VIDA não se discute. Porque a CRUELDADE não é coisa humana. Logo, não posso pôr-me no lugar do senhor R., porque o senhor R. é a favor do massacre cruel de seres vivos, e tem isso como
ARTE. E eu tenho isso como desvio patológico.

 

Diz Vd.: «Creo sinceramente que no vive Vd. en el mundo real, está asentada en la utopía y no se va sentir nunca realizada como persona porque lo que persigue es algo imposible.  Yo, de joven, como casi todos los jóvenes he sufrido muchísimo por haber sido excesivamente romántico pues me fabriqué un mundo imaginario y me dí muchos batacazos

Engana-se o señor Ruiz. Eu vivo no mundo real e luto para que esse mundo seja mais real ainda; não me sinto realizada, porque o mundo AINDA não é o paraíso que devia ser, porque os homens predadores AINDA existem por aí. Mas são já uma espécie em vias de extinção, mais do que os Touros, que viverão para sempre, tranquilamente nos prados, muito brevemente. Todas as lutas que já travei, ganhei-as. Ganharei também esta da ABOLIÇÃO DOS TOUROS com todos os meus companheiros de luta, pelo mundo fora. E isto não é um sonho impossível, como não foi impossível o fim do Circo Romano, o fim da Escravatura, o fim da Pena de Morte, o fim da Inquisição, o fim de práticas desumanas e de tradições desumanas. Nada é impossível quando se trata de devolver a VIDA À VIDA. Nada.

 

Diz Vd.: «No recuerdo en estos momentos quien fue el autor de esta frase: «Sería imperdonable que un joven no fuese comunista, pero más imperdonable aun sería que en la madurez de su vida siguiera siéndolo.» La foto elegida para mi perfil de facebook, una puesta de sol, refleja fielmente mi situación; me quedan pocos años, pero he vivido lo suficiente para saber que no se puede convencer a quien no está dispuesto a ser convencido. He sido profesor durante treinta y nueve años y siete meses y he podido comprobar a lo largo de mi vida docente que «no se puede enseñar a quien no quiere aprender».

 

O que tem o senhor professor para me ensinar? A massacrar Touros e Cavalos numa arena, para encher os bolsos dos ganadeiros, e para gozo de uma plateia histérica e sádica? Não obrigada, essa lição NÃO QUERO APRENDER. Vai contra tudo o que é a essência humana. E se o seu perfil do Facebook é uma imagem do pôr-do-sol, devia saber que esse mesmo Sol também aquece os Touros e os Cavalos, que partilham o Planeta Terra connosco, e o homem, que não passa de um animal entre tantos outros animais, devia RESPEITAR os desígnios da MÃE NATUREZA e deixar viver em paz o OUTRO, seja esse outro humano ou não humano.

 


 É esta lição que quer ensinar-me, senhor professor? Como transformar um magnífico ser vivo neste farrapo sangrento? Não, obrigada. Esta lição não quero aprender.

 

 Isabel A. Ferreira

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:54

link do post | Comentar | Ver comentários (10) | Adicionar aos favoritos

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
19
21
22
23
24
25
27
28
29
30
31

Posts recentes

PELA ABOLIÇÃO DA TOURADA ...

Arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt