Pela ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS, transcrevo aqui a resposta
à resposta que o ganadeiro espanhol deu ao meu texto anterior.
(Obs: Abstenho-me de identificar o ganadeiro, por uma questão de delicadeza, uma vez que esta questão está a ser tratada em mensagens privadas, e só a torno pública pelo interesse do seu conteúdo para a Causa)
Senhor R.:
Gosto de ser desafiada. E Vd. desafiou-me. Eu respondi. O assunto (lembra-se?) era sobre TOUROS. Expus-lhe a minha ideia (repare que não disse a “minha verdade”, está no meu anterior texto) e o que faz Vd.? Sem argumentos para sustentar a sua própria ideia sobre a corrida de touros, apresenta-me este discurso, no qual não li, uma vez sequer, a palavra “tourada”, fugindo, deste modo, ao ponto principal da discussão que Vd. iniciou.
Diz-me Vd.: «Veo que se ha tomado muy en serio esta diatriba que tenemos acerca de las corridas de toros, pues ha escrito Vd. mucho sobre este asunto esta vez. Aunque desde la utopía y con razonamientos un tanto demagógicos».
Sim, senhor R., sempre tomo muito a sério as causas pelas quais luto e ACREDITO. Se não acreditasse nelas não as defenderia. Utopia? Não. Realidade. Luto por algo de muito concreto, e não é utopia o que pretendo: a ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS NO MUNDO. Como já houve a abolição de tantos horrores cometidos, até em nome de Deus. Por exemplo a Inquisição (da qual os nossos países, Portugal e Espanha foram grandes mestres). Argumentos demagógicos? Francamente senhor R.! Não estamos a falar de política. Estamos a falar de massacre de SERES VIVOS, para DIVERTIMENTO de sádicos. Nunca a demagogia caberia em tal discussão. Seria defraudar a esperança dos Touros e dos Cavalos poderem viver as suas vidas
tranquilamente como merecem. E isso, eu nunca faria.
Evidentemente que qualquer um de nós pode e deve colocar-se no lugar de qualquer outro ser. Basta querer. Eu não me empenho em dizer que somos iguais a um Touro, eu AFIRMO que somos BIOLOGICAMENTE iguais a um Touro. A minha formação académica implicou o estudo de Antropologia, nas suas várias vertentes, e sei do que estou a falar quando digo que os mamíferos não humanos são biologicamente iguais aos mamíferos humanos, na sua morfologia, nas suas necessidades vitais, nas suas dores, sofrimentos e emoções. Além disso, a minha convivência com animais, de várias espécies, desde criança, ensinou-me muito mais do que todas as teorias.
Diz Vd.: «En segundo lugar el mundo idílico que Vd. propone es absolutamente imposible de conseguir. Todos los animales necesitan depredar a otros seres vivos para alimentarse, unicamente las plantas están capacitadas para formar su alimento mediante el concurson de seres inanimados.
En consecuencia sólo ellas podrían sobrevivir sin hacer daño a otro ser vivo. Vd. y yo junto con todos los animales desapareceríamos y se acabarían para nosotros nuestros gozos y nuestras sombras, así como nuestras desavenencias.»
O mundo idílico que proponho seria possível se não houvesse HOMENS PREDADORES no Planeta. E é de homens predadores que falo. Não existe na Natureza animais não humanos predadores. Eles apenas tentam sobreviver como podem e sabem, e quando matam outro animal para se ALIMENTAREM, fazem-no SEM CRUELDADE. E o que faz o homem predador? É CRUEL para com os
animais não humanos para se DIVERTIR. DIVERTIR! A questão é esta, e não a da sobrevivência das espécies. Nenhum animal não humano é cruel para com outro para se DIVERTIR. Apenas o homem predador é cruel.
Diz Vd.: «Por último si Vd. está instalada, como creo por sus manifestaciones, en la idea de que es portadora de la verdad absoluta y de que su antagonista, en este caso yo, no tiene ni la más remota posibilidad de tener algo de razón en la polémica; no vale la pena que continuemos porque no le voy a convencer de nada y no me gusta perder el tiempo en empresas imposibles».
Não, não sou portadora da verdade absoluta, senhor R.. Agora que a RAZÃO e a LÓGICA não está do seu lado, isso tenho a certeza. Vd. não tem a mais remota possibilidade de ter razão porque não tem o direito de massacrar seres vivos para ganhar dinheiro; não tem o direito de ser negociante de sangue, de morte, de crueldade. Projectos impossíveis? O quê? A ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS? Não, não é um projecto impossível. Está muito mais perto de acontecer do que possa imaginar.
Diz Vd.: «Así como Vd. me pide que me ponga en el lugar del toro, yo le pido que cuando tenga que polemizar sobre algún tema, sea taurino o no, intente ponerse en el lugar de su oponente y piense que tal vez tenga algo de razón porque si no me concede ninguna posibilidad, el asunto debe cerrrarse».
Sim, quando polemizo com alguém, ponho sempre a possibilidade desse alguém ter razão. Mas não neste caso. Aqui trata-se da VIDA de Touros e de Cavalos. Não há a menor possibilidade de entendimento. Porque a VIDA não se joga aos dados. Porque com a VIDA não se brinca. Porque a VIDA não se discute. Porque a CRUELDADE não é coisa humana. Logo, não posso pôr-me no lugar do senhor R., porque o senhor R. é a favor do massacre cruel de seres vivos, e tem isso como
ARTE. E eu tenho isso como desvio patológico.
Diz Vd.: «Creo sinceramente que no vive Vd. en el mundo real, está asentada en la utopía y no se va sentir nunca realizada como persona porque lo que persigue es algo imposible. Yo, de joven, como casi todos los jóvenes he sufrido muchísimo por haber sido excesivamente romántico pues me fabriqué un mundo imaginario y me dí muchos batacazos.»
Engana-se o señor Ruiz. Eu vivo no mundo real e luto para que esse mundo seja mais real ainda; não me sinto realizada, porque o mundo AINDA não é o paraíso que devia ser, porque os homens predadores AINDA existem por aí. Mas são já uma espécie em vias de extinção, mais do que os Touros, que viverão para sempre, tranquilamente nos prados, muito brevemente. Todas as lutas que já travei, ganhei-as. Ganharei também esta da ABOLIÇÃO DOS TOUROS com todos os meus companheiros de luta, pelo mundo fora. E isto não é um sonho impossível, como não foi impossível o fim do Circo Romano, o fim da Escravatura, o fim da Pena de Morte, o fim da Inquisição, o fim de práticas desumanas e de tradições desumanas. Nada é impossível quando se trata de devolver a VIDA À VIDA. Nada.
Diz Vd.: «No recuerdo en estos momentos quien fue el autor de esta frase: «Sería imperdonable que un joven no fuese comunista, pero más imperdonable aun sería que en la madurez de su vida siguiera siéndolo.» La foto elegida para mi perfil de facebook, una puesta de sol, refleja fielmente mi situación; me quedan pocos años, pero he vivido lo suficiente para saber que no se puede convencer a quien no está dispuesto a ser convencido. He sido profesor durante treinta y nueve años y siete meses y he podido comprobar a lo largo de mi vida docente que «no se puede enseñar a quien no quiere aprender».
O que tem o senhor professor para me ensinar? A massacrar Touros e Cavalos numa arena, para encher os bolsos dos ganadeiros, e para gozo de uma plateia histérica e sádica? Não obrigada, essa lição NÃO QUERO APRENDER. Vai contra tudo o que é a essência humana. E se o seu perfil do Facebook é uma imagem do pôr-do-sol, devia saber que esse mesmo Sol também aquece os Touros e os Cavalos, que partilham o Planeta Terra connosco, e o homem, que não passa de um animal entre tantos outros animais, devia RESPEITAR os desígnios da MÃE NATUREZA e deixar viver em paz o OUTRO, seja esse outro humano ou não humano.
É esta lição que quer ensinar-me, senhor professor? Como transformar um magnífico ser vivo neste farrapo sangrento? Não, obrigada. Esta lição não quero aprender.
Isabel A. Ferreira