Que autoridades são estas que permitem uma prática bárbara e grosseira num lugar público, como é uma praia?
Só na Moita do Ribatejo, um lugarejo onde não entrou a civilização, nem a racionalidade!
Mas os cidadãos portugueses, na posse de todas as suas faculdades mentais, podem e devem pedir às autoridades competentes uma explicação lógica e racional para tal degradação moral, cultural e social.
Ou não teremos autoridades competentes em Portugal?
Origem da foto:
https://protouro.wordpress.com/2015/03/08/a-pulhice-da-tauromafia-nao-conhece-limites/
Reza a crónica que ontem, no areal da Praia do Rosário, junto à Moita do Ribatejo (em território de Portugal, não estamos a falar de algures numa praia deserta e bravia do Planeta) realizou-se o que os adeptos da selvajaria tauromáquica chamam de um "acosso e derriba", que significa um “tormento e abate,” ao que se seguiu lides a cavalo e toureio a pé, que torturaram barbaramente e cobardemente bovinos e cavalos (como podemos ver na imagem).
Diz que os cobardes eram “reconhecidos” nomes das respectivas “especialidades”, só não diz que as especialidades eram cobardia e tortura de bovinos e cavalos.
Para completar a crónica, o cronista diz que tudo aconteceu num «cenário maravilhoso que se recomenda a quem nunca tenha visitado o local. Enquadramento propício a desfrutar de saberes e sabores, entre as artes de bem montar e bem tourear!»
Ora esmiucemos isto:
Cenário maravilhoso que foi conspurcado por algo horroroso, tenebroso, asqueroso…
Os saberes são inequivocamente os da crueldade e violência.
Os sabores são os do vinho. Muito vinho.
As artes são as de bem torturar cavalos montados e esporeados, e as de bem golpear bovinos indefesos e inofensivos.
E o cronista continua a insultar a inteligência de todos nós:
«Iniciativa do Clube Taurino da Moita que é de aplaudir, oportuna promoção da Tauromaquia, numa vertente muito peculiar. A Festa de Toiros tem destas riquezas, onde a Natureza é parceira de referência.»
Atente-se na verborreia do cronista.
Aplaude-se a tortura, na vertente peculiar do requinte da malvadez.
A festa de “toiros” é tão-só a festa dos broncos, por que para os touros é a tortura, é a morte certa, num qualquer matadouro, sem dó nem piedade.
As riquezas, que aqui são aludidas, são única e exclusivamente a posse de uma ignorância e imbecilidade atávicas, que vêm dos tempos mais obscuros da história da humanidade, anterior ao tempo dos humanóides.
A Natureza, coitada, tal como os bovinos e os cavalos, não tem voz para dizer da imensa repugnância que sentirá por esta imensurável ofensa à Vida Planetária.
E por fim, temos o mais aviltante, porque falamos de crianças abandonadas pelo Estado Português:
«Se em Olivença quatro mil crianças assistiram na praça a uma tenta de Alexandro Talavante, no Rosário podem os nossos jovens tomar contacto com as realidades do campo, desta vez, à beira do rio, na certeza de que importa reconhecer na festa de toiros a sua biodiversidade.»
Realidades do campo?
Quais? A violência, a crueldade e a tortura de bovinos e cavalos?
Será essa a realidade do campo que pretendem transmitir às crianças?
Biodiversidade?
Esta “gente” fala de quê?
Da biodiversidade ou diversidade biológica, que compreende a totalidade de variedade de formas de vida que podemos encontrar na Terra: plantas, aves, mamíferos, insetos, micro-organismos?
Ou será da diversidade de biocídios que esta “gente” comete impunemente, ao abrigo de uma lei?
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AUTORIDADES PORTUGUESAS, ISTO ULTRAPASSA TODOS OS LIMITES DA RACIONALIDADE
De uma só penada, viola-se os Direitos Humanos, os Direitos das Crianças e os Direitos dos Animais, cuja proclamação Portugal HIPOCRITAMENTE assinou, apenas para constar...
Até quando têm os portugueses de ser agredidos moralmente, psicologicamente, espiritualmente, culturalmente, por estas desprezíveis chicotadas?
Fonte desta crónica de miséria moral, cultural e social:
http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/mauricio_do_vale/detalhe/hoje_tourear_na_praia.html