Quarta-feira, 26 de Outubro de 2022

Marcelo visitou casal de idosos despejado para dar lugar a alojamento local. Então e os Timorenses que dormiram nas ruas por falta de apoios, não mereceram o “afecto” presidencial?

 

Marcelo Rebelo de Sousa só foi visitar os velhinhos, para a fotografia, e para alimentar o ego, pois tal só lhe traria mercês. Mas não foi visitar os IRMÃOS timorenses (e se visitou, tal visita não mereceu parangonas televisivas) os quais também dormiram na rua, porque vieram para Portugal atrás do El Dorado, prometido por Marcelo, aquando da sua visita a Timor. Marcelo disse-lhes que viessem, porque aqui havia trabalho e uma ajudinha

 

E eles vieram. Em três meses chegaram quase três mil timorenses a Portugal.


Acabaram na rua. Sem trabalho, sem dinheiro para regressar a Timor, sem passaporte para irem tratar da vidinha deles para outro país, onde os governantes não sejam tão  desafectuosos, quando as situações não dão para encher o ego.

Isabel A. Ferreira

 

SIC Notícias.PNG

 

Ver a reportagem da saga dos Timorenses que vieram atrás de promessas, na reportagem Especial "Jovens timorenses em Portugal", da SIC Notícias. Ver vídeo neste link:

https://sicnoticias.pt/programas/reportagemespecial/2022-10-23-Reportagem-Especial-Jovens-timorenses-em-Portugal-1ec8e7d4

 

Ver notícia da visita aos idosos neste vídeo:

https://www.sabado.pt/video/detalhe/presidente-da-republica-visita-idosos-despejados

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:33

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Terça-feira, 19 de Novembro de 2019

«Língua Portuguesa aferrolhada a sete chaves, no Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal»

 

Um desabafo revoltoso de Abílio Mendonça de Carvalho, o qual o é também de milhares de Portugueses, de acordo com o próprio.

 

(Nota: os trechos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue)

 

MNE.png

 

Texto de Abílio Mendonça de Carvalho

 

«Sim, é verdade. A Língua Portuguesa está aferrolhada a sete chaves, cativa das mentiras emanadas do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. E quem tem as chaves é o ministro socialista, Augusto Santos Silva. E ele, e só ele, diz o que se pode dizer sobe este cativeiro. E ele, e só ele, é o dono da língua.

 

Isto é um facto confirmado.

 

Estou em crer que o MNE, na pessoa de Augusto Santos Silva, principal envolvido e responsável do esquema do AO/90, deve ter um observatório de supervisão de acordistas.

 

Pelo estilo tirano que lhe é peculiar, Augusto SS conseguiu calar o Presidente da República sobre o AO/90, após a visita que este fez a Moçambique. O PR nunca mais falou do assunto, perfilou-se ao lado dele, limitando-se a emitir opiniões extemporâneas sem nexo, o que demonstra, em minha opinião, “estar-se puramente nas tintas”, e o que faz por aí é só protagonismo… e nada mais.

 

Mas Augusto SS conseguiu também calar os partidos políticos, representados no Parlamento, que, obedientemente, aceitam as mentiras emanadas do seu ministério, e não têm sequer ideias próprias. Por toda a parte, toda a gente tem medo de sofrer represálias, de perder os tachos, os privilégios, ou que se lhes instaurem processos disciplinares. Então existe uma nota ministerial chapa cinco, que todos têm de saber de cor e salteado, como bons paus-mandados, e depois papagueá-la, quando são questionados a este respeito.

 

Entretanto, “O Lugar da Língua Portuguesa», da Isabel A. Ferreira, a quem agradeço, uma vez mais, a abertura do blogue, para a publicação deste meu desabafo revoltoso, o qual o é também de milhares de portugueses, publicou algumas denúncias das fraudes e mentiras em que o AO/90 está assentado, e é de estranhar todo este silêncio por parte dos desacordistas, do presidente da República, dos partidos políticos, da própria comunicação social, tão preocupada com as fraudes de tantos vigaristas em tantos lugares-chave da função pública, mas quanto às fraudes do AO/90, andam todos muito calados, numa cumplicidade, deveras notória.

 

Já era (é) tempo de a justiça fazer alguma coisa, a este respeito, mas como estamos em Portugal, já sabemos como ela funciona, ou melhor, como não funciona, e é talvez, baseados nesta premissa, que se anda por aí a fazer de conta que nada foi denunciado, que as mentiras e fraudes não existem, e que a questão do acordo ortográfico é uma não-questão. Inatacável. Um ponto assente.  

 

E como se engana, quem assim cogita.

 

O problema é que o AO/90 não é uma não-questão. O AO/90 é precisamente um problema gravíssimo, que extinguirá a Língua Portuguesa, se não se travar esta onda de ignorância e prepotência dos governantes, iniciada, como se sabe, com Cavaco Silva, que foi levado pela ideia alienígena da uniformização das ortografias portuguesas, pela sua génese, assente na parlapatona e inexacta proposta de Malaca Casteleiro, por Portugal, e de Evanildo Bechara, pelo Brasil, e também pela determinação estapafúrdia em uniformizar o que não é uniformizável no seio   da CPLP, tendo sido estrategicamente excluídos os africanos de língua oficial portuguesa  e os timorenses, que não foram      chamados para esta questão.



 Consequentemente, o AO/90 impôs-se também pela ignorância e prepotência de Santana Lopes e do governo de José Sócrates, e do actual governo, comandado por Augusto Santos Silva, a quem já denominam o
Kaiser e o SS da Língua (o qual anda a fazer o frete a quem bem nós sabemos) pela sua despótica, ilegal e inconstitucional ordem de imposição do AO/90 no Ensino, em Portugal, e em muitos casos, socorrendo-se de vis chantagens: ou aplica o AO/90 ou chumba, ou não se aceitam as teses de mestrado, ou levam com um processo disciplinar, e por aí fora…

 

Os que já passaram por isto deviam denunciar estas prepotências.

 

Supõe-se que os mais prováveis favorecidos deste negócio, que se traduziu no uso ilegal do AO/90 em Portugal, sejam os editores, cujos lucros se ancoram nas negociatas com o Estado português, que é como quem diz, com o Ministério da Educação. Isto é verdade, mas existem outros interesses para além destes: interesses meramente políticos, em que a Língua Portuguesa é a moeda de troca.

 

Daí que se afirme que a Língua Portuguesa está cativa das mentiras emanadas do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, aquele que manda calar.

 

Porquê calar? Porque esperam que ninguém se atreva a ir mais longe, para não terem de admitir publicamente que mentiram e andaram a engendrar fraudes para impor e manter algo que de outro modo seria impossível, pela mais do que óbvia inviabilidade de unificar oito ortografias portuguesas, com características linguísticas e culturais completamente distintas. Só mesmo através da mentira seria possível impor um “acordo” que, aliás nunca o foi, nunca existiu, e não está em vigor na Ordem Jurídica de nenhum país, que integra esse organismo (que tresanda a resquícios coloniais, e a interesses político-diplomáticos) denominado CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), e, consequentemente, nem sequer na Ordem Jurídica Internacional.

 

Por isso, é urgente combater, em todas as frentes, incluindo, nas escolas, aliás, particularmente nas escolas, a imposição do AO/90, pelo prepotente e ignorante poder político.

 

É que conforme, li algures numa rede social, «é fácil ser valente e autoritário quando se enfrenta quem não pode prejudicar-nos, ou penalizar material, física ou espiritualmente. Mas a Humanidade só evoluiu com aqueles que correram esses riscos reais. Se Sócrates (o filósofo grego, não o ex-governante que nos impingiu coercivamente o AO90), Cristo, Galileu, Darwin, Aristides de Sousa Mendes, Churchill, Stauffenberg, Einstein, Mandela, Xanana Gusmão, Gandhi ou as bravas mulheres do Curdistão Sírio não tivessem optado por vencer o medo, por enfrentar corajosamente os poderes imensos e implacáveis que ousaram desafiar, a civilização humana não teria avançado um milímetro».

 

Precisa-se urgentemente de rebentar com as grades dos calabouços do MNE, onde encerraram a Língua Portuguesa, consumida por um fogo de mentiras, para que ela se liberte e renasça das cinzas.

 

Ao que li neste Blogue, a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico (ILC-AO) finalmente foi admitida na Assembleia da República. E este é o momento ideal para rebentar com as referidas grades. Assim haja coragem política por parte da oposição ao governo despótico de António Costa e dos seus autómatos ministros.

 

Espera-se também que, finalmente, o presidente da República Portuguesa dê o ar da sua (des)graça e se imiscua nesta questão, que, mais do que tirar selfies, é de crucial importância para o nosso País, que está em vias de ser colonizado.»

 

Abílio Mendonça de Carvalho

Lamego, 19 de Novembro de 2019

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:45

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Quinta-feira, 14 de Junho de 2018

Contra o Acordo Ortográfico, mas pouco!

 

Paulo Franchetti é um ilustre crítico literário, escritor e professor brasileiro, titular no Departamento de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas, e publicou hoje, no Facebook, um texto em que aborda a questão do AO90, com algumas imprecisões.

Desculpe, Paulo Franchetti, se me atrevo a corrigi-lo. E se eu estiver errada, peço que me corrijam também.

 

(Os excertos a negrito no texto de Paulo Franchetti são da minha responsabilidade).

 

PAULO FRANCHETTI.jpg

 

Escreveu Paulo Franchetti:

 

«Quando os editores da Lisbon Poets & Co. informaram que a nova edição da poesia de Camilo Pessanha seria feita na ortografia pré-AO, celebrei. Não porque tenha alguma afeição especial pela ortografia vigente antes do Acordo Ortográfico, mas sim porque julgo esse Acordo uma coisa francamente idiota: nada se ganha em termos de uniformização da escrita (pelo contrario) e muito se gasta em renovação de material didático e obras de referência.

 

Mas mesmo que o AO tivesse conseguido, em vez de aumentar a divergência ortográfica, eliminá-la, ainda seria uma coisa pouco razoável, pois o custo da uniformização seria enorme, e a ortografia é, no final das contas, o que menos importa, (1) se se trata de unificar a língua (tarefa desde logo impossível e mesmo indesejada) ou melhorar a comunicação entre países lusófonos. (2)

 

Na verdade, como brasileiro, não deveria incomodar-me com o AO. A nós ele afeta pouco (3): extinguiu-se o pobre trema, que era o sinal mais fácil de usar e de fato podia orientar a pronúncia, criou-se enorme confusão no uso do hífen (até hoje não compreendi a lógica que deveria embasar as regras), suprimiram-se alguns acentos aqui e ali, onde de fato faziam pouca diferença. (4)

 

De resto, no Brasil, o tal AO passa despercebido, pois continuamos a escrever como sempre escrevemos: peremptório, excepcional, acepção, decepcionante, perceptível, interceptação, recepção, aspecto, facção, respectivo, perspectiva, prospecção.

 

Já em Portugal, as mudanças promovidas pelo AO foram amplas, muito além da mera confusão do hífen, da sumária extinção do trema e da supressão dos mesmos acentos abandonados no Brasil: a grafia de muitas palavras foi alterada. Por exemplo: todas as palavras acima perderam a consoante que não era pronunciada lá. De modo que eles agora são obrigados (5) a escrever perentório, excecional, aceção, aspeto, dececionante, fação, intercetação, percetível, receção, respetivo, perspetiva, prospeção!

 

Ora, a grafia anterior portuguesa era igual à brasileira (que não mudou) (6). Teoricamente, o “p” e o “c” nessas palavras não eram lá necessários, já que não eram pronunciados. Mas é evidente que, de regra, tinham funcionalidade, indicando o timbre da vogal que os precedia. (7)

 

Agora, do jeito que eles são forçados a escrever, criou-se uma situação curiosa: para nós, brasileiros, essas palavras assim grafadas parecem muito esquisitas e algumas passam a exigir algum esforço de decifração... (8)

 

Há um conto de Machado de Assis, intitulado “As Academias de Sião”, no qual o problema a resolver é como poderia ser que os acadêmicos reunidos fossem a luz do mundo e, individualmente, um bando de camelos. No caso do Acordo Ortográfico, o problema é inverso: como pôde ser que intelectuais dotados de inteligência e competência linguística, ao se reunirem para produzir esse aleijão, terminassem por compor uma galopante, autoritária e obtusa cáfila?

 

Machado provavelmente não responderia. Terminaria, como terminou um conto no qual aparecia outra questão insolúvel, dizendo apenas: Enfim, cousas...»

 

Fonte:

https://www.facebook.com/paulo.franchetti/posts/1974932875874346

 

(Nota: este link, depois da publicação deste meu texto, lamentavelmente, foi eliminado).

 

***

 

Peço desculpa, Paulo Franchetti, mas o seu texto induz em erro.

Senão, vejamos:

 

(1) – Quando diz a ortografia é, no final das contas, o que menos importa, penso que não é bem assim. A ortografia importa em todas as circunstâncias, e no caso da aplicação do AO90, para Portugal é o que mais importa, pois estão a impor aos portugueses a grafia brasileira, mutilada na reforma ortográfica do Brasil, em 1943, para facilitar a aprendizagem e diminuir o elevado índice de analfabetismo.

 

(2) – Quando diz para melhorar a comunicação entre países lusófonos, devia dizer melhorar a comunicação entre brasileiros e restantes países lusófonos, uma vez que a Língua Portuguesa nunca foi entrave à comunicação entre Portugal e os restantes países africanos de expressão portuguesa, nem entre Portugueses e Brasileiros. Os Brasileiros, e apenas os Brasileiros é que criaram um dialecto próprio, e sempre mostraram grande dificuldade na comunicação com os Portugueses. Não o contrário.

 

(3) – Quando diz a nós ele (o AO90) afeta pouco, diz bem, porque aos Brasileiros, ao contrário dos Portugueses e Africanos de expressão portuguesa e Timorenses, o AO90 afeCta (logo aqui nesta palavra) e muito. Os Brasileiros nada tiveram de modificar no modo de escrever as palavras, apenas no que respeita às idiotas hifenização e acentuação. Quanto aos restantes lusógrafos, além dessa nova e parva hifenização e acentuação, têm de desenraizar centenas de vocábulos, afastando a grafia portuguesa das restantes grafias europeias, com a mesma raiz.

 

(4) – Quando diz suprimiram-se alguns acentos aqui e ali, onde de fato faziam pouca diferença, de faCto, Evanildo Bechara (pelo Brasil) e Malaca Casteleiro (por Portugal) decidiram mexer nos hífenes e nalguns acentos aqui e ali… para que no Brasil houvesse alguma coisa para modificar, porque se assim não fosse o AO90 seria unicamente imposto para os restantes países lusógrafos, porque a grafia preconizada é a brasileira, com algumas poucas excePções.

 

(5) – Quando diz de modo que eles (Portugueses e Africanos de expressão portuguesa e Timorenses) agora são obrigados a escrever perentório, excepcional… etc., na verdade, só em Portugal, os subservientes, os ignorantes, os acomodados, os comodistas, os desinformados, os escravos do Poder, é que optam por escrever incorreCtamente essas palavras. Nos restantes países escrevem-nas correCtamente. Os que não são subservientes, nem ignorantes, nem acomodados, nem comodistas, nem desinformados, nem escravos do Poder não são obrigados a nada. Simplesmente recusam, peremPtoriamente, o AO90. E quanto ao vocábulo excePcional, que os Brasileiros, por algum motivo, escrevem correCtamente, em Portugal, os que adoPtaram o parvo AO90, parvamente escrevem excecional.  E em mais nenhum país lusógrafo se escreve tal aberração.

 

(6) – Quando diz que a grafia anterior portuguesa era igual à brasileira (que não mudou) não diz a verdade. A verdade é que a grafia portuguesa anterior ao AO90 não era igual à brasileira. Apenas era igual à brasileira nas palavras que o autor cita: peremPtório, excePcional, acePção, decePcionante, percePtível, intercePtação, recePção, aspeCto, faCção, respeCtivo, perspeCtiva, prospeCção. Estas eram (são) iguais. Mas estas palavras são a excePção

 

De resto, todas as outras palavras, que em Portugal começaram a ser grafadas segundo o AO90, são grafadas à brasileira: direto, diretor, arquiteto, teto, fatura, elétrico, setor, letivo, noturno, seleção, objeto, jato, diretivo, fator, direção, notívago, ator, tato, adoção, protetor, ótimo, batismo, didático, afeta, deteção, Egito, ejeção, ereto, infetar, inseto, enfim... centenas de palavras mutiladas que pertencem à grafia brasileira, e é esta grafia que estão a impor aos Portugueses, e que os Portugueses que têm todos os neurónios a funcionar, rejeitam.

 

Dizer o contrário é de quem nada sabe de ortografia brasileira e de ortografia portuguesa, antes e depois do AO90.

 

(7) – Quando diz que é evidente que, de regra, (os cês e os pês) tinham funcionalidade, indicando o timbre da vogal que os precedia, de faCto, é evidente que todas as consoantes em todas as palavras têm a sua funcionalidade, pronunciando-se ou não se pronunciando: umas indicam a raiz da palavra , outras têm uma função diacrítica.

 

(8) – Finalmente, quando diz que do jeito que eles (os Portugueses) são forçados a escrever, criou-se uma situação curiosa: para nós, brasileiros, essas palavras (as exceções) assim grafadas parecem muito esquisitas e algumas passam a exigir algum esforço de decifração...

 

Aqui, Franchetti tocou no busílis da questão: se para os Brasileiros as palavras incorreCtamente grafadas deste modo: perentório, excecional, aceção, aspeto, dececionante, fação, intercetação, percetível, receção, respetivo, perspetiva, prospeção parecem muito esquisitas e exigem esforço de decifração, para os Portugueses estas palavras assim grafadas são tão esquisitas e exigem algum esforço de decifração tal como os vocábulos direto, diretor, arquiteto, teto, fatura, elétrico, setor, letivo, noturno, seleção, objeto, jato, diretivo, fator, direção, notívago, ator, tato, adoção, protetor, ótimo, batismo, didático, afeta, deteção, Egito, ejeção, ereto, infetar, inseto, enfim... e centenas de outras palavras mutiladas, que pertencem à grafia brasileira, reformulada e afastada da língua europeia, em 1943.

 

Estas palavras assim grafadas não pertencem à Língua Portuguesa. Não têm qualquer significado, e nem sequer devem ser pronunciadas do modo que os brasileiros as pronunciam, e agora também os acordistas portugueses. Sem as consoantes mudas a pronúncia é completamente outra. Exemplo: direto não se lê diréto, mas dirêto, porque o que lhe falta tem uma função diacrítica, tal como em recePção que se lê r'cépção, mas se suprimirem o , a regra manda que se leia r'c’ção. Tão simples quanto isto. E a regra aplica-se a todas as outras palavras.

E a questão que se põe é a seguinte: saberão os Brasileiros que os cês e os pês nos vocábulos peremPtório, excePcional, acePção, decePcionante, percePtível, intercePtação, recePção, aspeCto, faCção, respeCtivo, perspeCtiva, prospeCção, têm exaCtamente a mesma função do que os cês e os pês em direCto, direCtor, arquiteCto, teCto, faCtura, eléCtrico, seCtor, leCtivo, noCturno, seleCção, objetCo, jaCto, direCtivo, faCtor, direCção, noCtívago, aCtor, taCto, adoPção, proCtetor, óPtimo, baPtismo, didáCtico, afeCta, deteCção, EgiPto, ejeCção, ereCto, infeCtar, inseCto, enfim... e em todas as outras palavras em que as consoantes que não se pronunciam foram suprimidas?

 

E que estas palavras, sem as consoantes que os Brasileiros suprimiram, e que fazem parte do rol de palavras que querem impingir aos Portugueses, além de serem muiiiiiito, muiiiiiito esquisitas, não pertencem ao léxico da Língua Portuguesa?

 

E se os Brasileiros, como já se ouviu por aí, têm tanto orgulho em dizer que a Língua Portuguesa é a pátria deles, então terão de grafar estas palavras, deste modo: direCto, direCtor, arquiteCto, teCto, faCtura, eléCtrico, seCtor, leCtivo, noCturno, seleCção, objetCo, jaCto, direCtivo, faCtor, direCção, noCtívago, aCtor, taCto, adoPção, proCtetor, óPtimo, baPtismo, didáCtico, afeCta, deteCção, EgiPto, ejeCção, ereCto, infeCtar, insecto, tal como grafam estas: peremPtório, excePcional, acePção, decePcionante, percePtível, intercePtação, recePção, aspeCto, faCção, respeCtivo, perspeCtiva, prospeCção.

 

O critério de só se escrevem as consoantes que se pronunciam, não é critério, é ignorância, porque em todas estas palavras, pronunciando-se, ou não se pronunciando as consoantes, todas elas (as consoantes) têm uma funcionalidade bem definida.

 

Agora se me dizem que as palavras, que no Brasil foram mutiladas, fazem parte do Dialecto Brasileiro, tudo bem. Contudo, os Portugueses não têm de trocar uma Língua Europeia, por um dialecto sul-americano.

Ou têm?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:45

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Quarta-feira, 17 de Janeiro de 2018

QUE PORTUGUÊS PARA A ONU?

 

ONU.jpg

 

Na entrevista feita pelo acordista Jornal Expresso a Luís Faro Ramos, presidente do “Camões” – Instituto da Cooperação e da Língua (mas qual língua?) li que fazer do Português uma das línguas oficiais da ONU é uma aposta estratégica do Governo (mas qual governo?). E esta foi uma das razões que levaram Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios dos Estrangeiros, a nomear pela primeira vez um diplomata para dirigir o instituto que tutela a língua e a cooperação.

 

E aqui colocam-se algumas questões: o tal “Camões” que agora é cooperador dos verdugos da Língua Portuguesa, nesta questão, estará a servir os interesses de quem? De Portugal, como Estado soberano e independente de influências estrangeiras, ou do Portugal subserviente aos interesses do Brasil?

 

É que a Portugal só interessa apresentar na ONU a Língua Materna Portuguesa, na sua versão culta e europeia, para não destoar das restantes Línguas Maternas cultas (algumas europeias) que fazem parte das línguas oficiais da ONU, a saber: o Inglês (de Inglaterra e não das ex-colónias); o Francês (de França e não das ex-colónias); o Chinês (o mandarim e não nenhum dos dialectos chineses); o Espanhol, (de Espanha e não das ex-colónias); o Árabe culto e não nenhuma das suas variantes; e o Russo, Língua Materna da Rússia e de vários outros países da Eurásia, e não nenhuma das suas variantes.

 

Ora não podemos apresentar na ONU outra língua que não seja a Língua Materna de Portugal, que é a Língua Portuguesa na sua versão falada e escrita, culta e europeia, e não na variante ortográfica brasileira que tem implicações com a oralidade (por exemplo, os que escrevem “direto” terão forçosamente de ler “dirêto”, sob pena de estarem a pronunciar mal o monstrinho ortográfico), e a qual andam a impingir aos Portugueses.

 

Sabemos que a aposta estratégica do Governo é a de apresentar à ONU a versão brasileira da Língua Portuguesa, no que respeita à ortografia, até porque foram os Brasileiros que tiveram a ideia primeiro, porque acham que eles são milhões, e nós, os outros escreventes e falantes lusófonos, que incluem os Angolanos, Moçambicanos, Timorenses, Cabo-Verdianos, São-Tomenses e Guineenses somos apenas milhares. Por isso, é tão importante para Santos Silva que os portuguesinhos aceitem o AO90 sem barafustar. A negociata passa por este detalhe. Por isso, o nosso ministro dos negócios DOS estrangeiros anda tão empenhadíssimo nesta negociata, e o “Camões” (quanto desprestígio para o Poeta!) ajuda a esta “missa (ão)”.

 

Portugal não pode impor-se internacionalmente com uma variante da Língua Portuguesa. Seria o desprestígio total. E penso que a ONU descartará essa possibilidade, a exemplo do que já fez o Vaticano: a Língua Portuguesa deixou de ser língua de trabalho na Cúria Romana, por ter perdido o seu cunho de língua culta europeia...

 

(Ler notícia aqui)

A SANTA SÉ FARTOU-SE DO ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990

http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-santa-se-fartou-se-do-acordo-22657

 

LUSOFONIA: BISPOS LAMENTAM SUSPENSÃO DO USO DA LÍNGUA PORTUGUESA NOS PROCESSOS DE CANONIZAÇÃO

http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/lusofonia-bispos-lamentam-suspensao-do-48332

 

Seria uma vergonha, um país europeu impor-se internacionalmente com um dialecto mutilado, e não com a Língua Materna, como todo os outros.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:54

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