Domingo, 5 de Junho de 2022

«“Bicadas do meu aparo” – O sonho e a mentira», por Artur Soares – Escritor d’Aldeia

 

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No clube dos pensadores, afirma-se que a mentira é ligeiramente mais nova do que o homem. Assim é: primeiro surgiu o homem e de seguida a mentira. E sabe-se que a humanidade mente.

 

Mente-se às crianças, aos idosos, mente-se nos parlamentos, na política, na televisão, nos filmes e em todos os locais onde existe “Homem”.

Mentir é falsear a verdade, o pensamento e visa o prejuízo a outrem.

Mentir é provocar danos naturais e danos sobrenaturais.

 

O próprio Cristo foi vítima da mentira.

 

Mentir, é ser infiel e não ter respeito pela verdade. Para haver mentira, é necessário a existência de algo ou de alguém. A mentira, normalmente tem algo de verdade e esta também pode ter alguma dose de mentira.

 

As crianças com menos de cinco anos, normalmente nem mentem nem dizem a verdade. Apenas falam, falam! Após essa idade, a criança pode mentir, sobretudo se, malformada ou mal-amada.

 

Mente-se por medo, por fraqueza, por necessidade, por jactância, por prazer, por ignorância, por desarmonia psíquica e por conflitos com o mundo externo. E no dizer de Papini, “todos os dias usamos moedas falsas e todos os dias nos fazem pagamentos com dinheiro falso”.

 

Também existem as “santas mentiras ou mentiras piedosas”: quando se vê uma pessoa de aspecto “mais pra lá” do que “pra cá”, costumamos dizer-lhe: “mas olhe que está com bom aspecto”!

 

Mente-se como quem come uma refeição. A mentira, enquanto existirem homens, provocará sempre o prejuízo dálguém e jamais será abatida.

 

Sonhar durante o sono, pode ser aflitivo e tornar-se em anti-descanso. E se acaso é um sonho com “vivência” alegre em corpo inocente, porque adormecido, tal, não passou de uma invasora simpática que empurrou o cérebro para uma cadeia sem guardas. A mentira, que é sentida e vivida por cérebros não adormecidos, pode ser apagada e reposta a verdade a qualquer momento.

 

Sonho e mentira, entram abusivamente na vida das pessoas, no cérebro e, cada um tem de ter a capacidade de acordar e de se repor perante a vida real existente. O sonho acontece porque o cérebro não pode estar inactivo: pensa, trabalha. Mas que pode ser incomodativo e cadear o descanso pode.

 

Pretendem uns, julgar a mentira na praça pública e nos tribunais. E outros pretendem prendê-la. Mas o sonho humano, à excepção dos sonhos diurnos para avançar na vida, pode ser nocivo, mais mentiroso que a mentira e, de facto deviam prender esses sonhos, porque não passam de uns noctívagos e de loucos vadios.

 

O sonho provoca a aceleração das ondas electroencefalográficas da pessoa, existem nele as descargas de adrenalina, provoca alterações vegetativas e pode o corpo ter de se arrastar, desassossegado, em cima do colchão, etc.

Mas serão os sonhos fruto de desejos insatisfeitos ou de vidas e atitudes reprimidas?

 

Seja o que for, o sonho será sempre atrevido, fantasioso, mentiroso até à medula da sua estrutura e, o pior ainda, estará sempre ausente da vida real, conforme se constata ao acordar. Por isso, a prender, prendam-se os sonhos, que vagabundos são.

 

Os primeiros cristãos falavam de um fogo “que abrasa os membros e os refaz, invade e alimenta”. Este é o fogo de Deus. Mas o mundo tem vários fogos: os que se vêem e os que se sentem sem se ver.

 

Há o fogo que se ateia, que aquece, conforta e o que destrói a natureza.

Temos o fogo que arrasa, provocado pelo homem, apresentando sinais de borboleta angélica, que se sente sem Deus, que esconde as garras e o recipiente do veneno cerebral que transporta e que atraiçoa o desconhecimento e os inocentes. Tal fogo é escravo do homem e provoca-lhe o medo. Se o vê nos raios, nos vulcões, ou na floresta/humana, sente-se a eterna criança desequilibrada, perdendo, inclusivamente, a vontade de pensar, de agir e de se defender.

 

Outro fogo é aquele que se não vê, mas sente-se: é o fogo das boas e das más ideias: o fogo do amor ou do ódio; o fogo da hipocrisia ou da inocência; o fogo da verdade e da mentira; o fogo da traição, do medo e da bestialidade, etc.

 

De todos estes fogos, o que mais me devora é saber que muitos homens tudo fazem para esconder o que são, expondo ao mundo o que não são.

 

(Artur Soares – Escritor d’Aldeia)

 

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:05

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Domingo, 29 de Novembro de 2015

ISTO É ARTE, É CULTURA, É SONHO, É VIDA, É A HUMANIDADE NA SUA ESSÊNCIA MAIS ELEVADA...

 

Dedicado a todo os aficionados de selvajaria tauromáquica, que acham que a tourada à corda é um espectáculo de rua…

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:32

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Quinta-feira, 27 de Agosto de 2015

Abolição das touradas - Um sonho que vem de longe...

 

Abolição das touradas.jpeg

 

Pois... Senhor Visconde...

Mas nem a imprensa do ano de 2015 se empenha com perseverança... pelo contrário, apoia veementemente esta selvajaria, como os governantes, também do ano de 2015, não têm a capacidade mental para abolir este costume bárbaro que conspurca a dignidade do Povo Culto Português.

Nem todos têm a lucidez de Vossa Excelência, Senhor Visconde de Sá da Bandeira.

E Portugal continua com um vergonhoso atraso civilizacional, na cauda do mundo...

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 20:12

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Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009

Na outra margem do Sonho…

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
 
 
 
Eles sonham com campos em flor.
Sonham com trabalho.
Sonham com uma vida vivida em Paz.
 
Eles acreditam nos homens. Esperam um milagre. Eles tentam compreender o desequilíbrio dos mais fortes. A loucura dos que governam.
 
Nos tempos livres, eles fazem poemas como este:
 
À força de nos fazerem acreditar no Sol,
sentimos o seu calor nas nossas peles.
À força de nos impingirem mais um dia,
cremos que somos mais adultos.
À força de nos provocarem
sentimos a força do palavrão a defender-nos.
À força de nos ignorarem
precisamos de agredir para sermos ouvidos.
À força de nos calarem tantos sonhos
acreditamos na impossibilidade de viver.
À força de tanta fraqueza,
somo incapazes de subir alto, ao alto de nós,
para gritarmos que sonhar
é o primeiro passo para a partida…
 
***
 
Em dias de tempestade, eles escrevem prosa como esta:
 
Arrefeceu de repente. E eu não sei porquê. O som mudou. As cores mudaram. As flores murcharam, apesar do tempo primaveril. Porquê?... Não sei!
 
E é esta ignorância que me magoa. Que me maltrata. Quando as coisas não correm bem, ficamos esquecidos na prateleira. É como se Deus se esquecesse de abrir as janelas do Céu para deixar entrar o Sol.
 
O mundo parou de girar, só porque não compreendo os dias, os momentos sombrios, carregados de uma agressividade que transforma as palavras em algo que fere, que abre chagas e deixa cicatrizes.
 
Hoje a indiferença arrefeceu o meu Sol. Não pude sorrir e tudo se transformou, de repente. Que vontade de desistir! Entrei em seara alheia. Roubei as melhores espigas e, nesse acto, transformei-me em joio. E ali fiquei. Pregada ao solo por fortes raízes. Mas de que adianta, se sou apenas joio?
 
Se pelo menos esta tempestade me arrancasse as raízes e me transformasse novamente em espiga loira, no meu próprio campo!
 
Mas a tempestade não é demasiado forte. Preciso de ir buscar forças ao inferno para que a minha metamorfose seja possível. Porque sei que a força dos anjos não será suficiente para fazer mover a minha vida.
 
 
***
 
Eles são jovens.
Vivem na outra margem do sonho.
 
 
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 11:51

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