No clube dos pensadores, afirma-se que a mentira é ligeiramente mais nova do que o homem. Assim é: primeiro surgiu o homem e de seguida a mentira. E sabe-se que a humanidade mente.
Mente-se às crianças, aos idosos, mente-se nos parlamentos, na política, na televisão, nos filmes e em todos os locais onde existe “Homem”.
Mentir é falsear a verdade, o pensamento e visa o prejuízo a outrem.
Mentir é provocar danos naturais e danos sobrenaturais.
O próprio Cristo foi vítima da mentira.
Mentir, é ser infiel e não ter respeito pela verdade. Para haver mentira, é necessário a existência de algo ou de alguém. A mentira, normalmente tem algo de verdade e esta também pode ter alguma dose de mentira.
As crianças com menos de cinco anos, normalmente nem mentem nem dizem a verdade. Apenas falam, falam! Após essa idade, a criança pode mentir, sobretudo se, malformada ou mal-amada.
Mente-se por medo, por fraqueza, por necessidade, por jactância, por prazer, por ignorância, por desarmonia psíquica e por conflitos com o mundo externo. E no dizer de Papini, “todos os dias usamos moedas falsas e todos os dias nos fazem pagamentos com dinheiro falso”.
Também existem as “santas mentiras ou mentiras piedosas”: quando se vê uma pessoa de aspecto “mais pra lá” do que “pra cá”, costumamos dizer-lhe: “mas olhe que está com bom aspecto”!
Mente-se como quem come uma refeição. A mentira, enquanto existirem homens, provocará sempre o prejuízo dálguém e jamais será abatida.
Sonhar durante o sono, pode ser aflitivo e tornar-se em anti-descanso. E se acaso é um sonho com “vivência” alegre em corpo inocente, porque adormecido, tal, não passou de uma invasora simpática que empurrou o cérebro para uma cadeia sem guardas. A mentira, que é sentida e vivida por cérebros não adormecidos, pode ser apagada e reposta a verdade a qualquer momento.
Sonho e mentira, entram abusivamente na vida das pessoas, no cérebro e, cada um tem de ter a capacidade de acordar e de se repor perante a vida real existente. O sonho acontece porque o cérebro não pode estar inactivo: pensa, trabalha. Mas que pode ser incomodativo e cadear o descanso pode.
Pretendem uns, julgar a mentira na praça pública e nos tribunais. E outros pretendem prendê-la. Mas o sonho humano, à excepção dos sonhos diurnos para avançar na vida, pode ser nocivo, mais mentiroso que a mentira e, de facto deviam prender esses sonhos, porque não passam de uns noctívagos e de loucos vadios.
O sonho provoca a aceleração das ondas electroencefalográficas da pessoa, existem nele as descargas de adrenalina, provoca alterações vegetativas e pode o corpo ter de se arrastar, desassossegado, em cima do colchão, etc.
Mas serão os sonhos fruto de desejos insatisfeitos ou de vidas e atitudes reprimidas?
Seja o que for, o sonho será sempre atrevido, fantasioso, mentiroso até à medula da sua estrutura e, o pior ainda, estará sempre ausente da vida real, conforme se constata ao acordar. Por isso, a prender, prendam-se os sonhos, que vagabundos são.
Os primeiros cristãos falavam de um fogo “que abrasa os membros e os refaz, invade e alimenta”. Este é o fogo de Deus. Mas o mundo tem vários fogos: os que se vêem e os que se sentem sem se ver.
Há o fogo que se ateia, que aquece, conforta e o que destrói a natureza.
Temos o fogo que arrasa, provocado pelo homem, apresentando sinais de borboleta angélica, que se sente sem Deus, que esconde as garras e o recipiente do veneno cerebral que transporta e que atraiçoa o desconhecimento e os inocentes. Tal fogo é escravo do homem e provoca-lhe o medo. Se o vê nos raios, nos vulcões, ou na floresta/humana, sente-se a eterna criança desequilibrada, perdendo, inclusivamente, a vontade de pensar, de agir e de se defender.
Outro fogo é aquele que se não vê, mas sente-se: é o fogo das boas e das más ideias: o fogo do amor ou do ódio; o fogo da hipocrisia ou da inocência; o fogo da verdade e da mentira; o fogo da traição, do medo e da bestialidade, etc.
De todos estes fogos, o que mais me devora é saber que muitos homens tudo fazem para esconder o que são, expondo ao mundo o que não são.
(Artur Soares – Escritor d’Aldeia)
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)
Dedicado a todo os aficionados de selvajaria tauromáquica, que acham que a tourada à corda é um espectáculo de rua…
Pois... Senhor Visconde...
Mas nem a imprensa do ano de 2015 se empenha com perseverança... pelo contrário, apoia veementemente esta selvajaria, como os governantes, também do ano de 2015, não têm a capacidade mental para abolir este costume bárbaro que conspurca a dignidade do Povo Culto Português.
Nem todos têm a lucidez de Vossa Excelência, Senhor Visconde de Sá da Bandeira.
E Portugal continua com um vergonhoso atraso civilizacional, na cauda do mundo...
Isabel A. Ferreira