Texto de Jota Caballero
(transcrito para a Língua Portuguesa)
ESPECISMO, PRECONCEITO EM ESTADO PURO
Não há coisa mais abominável do que o preconceito, daquilo que não se conhece, do que não se vê, e daquilo que não se toca, quando falamos em vidas, sentimentos e existências.
O preconceito gera formas erróneas de ver as coisas, onde criamos obstáculos para não as vermos como elas são, e sim como aquilo que nos é conveniente. O ser humano acha-se o ápice da criação, mas esquece que depende até das abelhas e formigas para continuar a sua jornada na Terra.
Diante de biliões de espécies de seres vivos, nos destacamo-nos talvez pela liberdade de termos consciência, e possuir inteligência. Somos os únicos seres com essa capacidade desenvolvida, porém utilizamo-la para provocar o mal, o fútil e o desnecessário. Não há espécie no planeta, holisticamente falando, mais sem sentido do que a humana. Continuando assim, daremos sim, sentido a própria extinção.
Infelizmente a nossa inteligência veio acompanhada do egoísmo, e esse faz com que matemos até a nós próprios, por absolutamente nada, apenas por prazer temporário. O ser humano se auto protege, e subjuga todos à sua volta, e a isso se chama especismo.
Queremos acabar com o racismo, o sexismo, porém esquecemos também que temos de acabar com o especismo, pois não há maior cobardia do que descriminar seres que não falam, e não sabem defender-se da maldade humana, que os inclui na sua alimentação, na sua ciência, diversão e vestuário. É justo?
Lutar de igual para igual, é plausível, mas quando nessa luta só há vitória de um lado por imposição, isso já se chama cobardia. O ser humano é extremamente cobarde.
Preconceito é ignorância, porém não existe maior ignorância, do que pensar que os animais foram feitos para nos servir, isso é inconcebível para quem justifica a sua capacidade de raciocínio, e não aceitará que tal seja normal.
Fonte:
Óscar Horta, Professor de Filosofia e Moral da Universidade de Santiago de Compostela e activista dos Direitos dos Animais, comparou as touradas ao sexismo, ao racismo e ao nazismo, uma vez que infligem “abusos e discriminação” a um terceiro: o Touro, de acordo com o jornal espanhol ABC.
Num debate na Servimedia TV, no qual o escritor Fernando Savater também participou, Óscar Horta considerou que as touradas são “um espectáculo no qual o que se faz é torturar alguém até à morte para o desfrute alheio, uma prática injustificável e injusta onde absolutamente nenhum dos aficionados por esta actividade aceitaria colocar-se no lugar de quem está a ser torturado, neste caso o animal. Se a entrada para uma tourada não fosse apenas algum dinheiro, mas depois ter de sofrer a morte, ninguém o aceitaria” acrescentou.
Neste sentido, o Professor comparou as touradas ao racismo, ao sexismo e ao nazismo. “Pouco a pouco, ao longo dos séculos, lutámos para que as injustiças fossem erradicadas. Os animais sofrem abusos e, tal como no nazismo ou no sexismo, sofrem discriminação simplesmente porque pertencem a uma espécie diferente da nossa”.
Termo análogo ao racismo e sexismo é o especismo, que é muito simples, explicou. Para Óscar Horta, os Touros sofrem na arena porque têm uma fisiologia igual à do ser humano “não há razões para pensar que a dor deles é diferente da nossa. Quando alguém sofre uma dor aguda, muito significativa, ou uma dor crónica devido a uma doença, essa dor pode ser tão negativa e causar tanto sofrimento, que chega a ser maior que o sofrimento físico. Portanto, não podemos continuar afirmando que os animais, ainda que sofram, sofrem menos do que nós”.
Óscar Horta garantiu ainda que as touradas atraem uma minoria da sociedade e que pesquisas apontam que 80 % das pessoas não tem interesse algum por elas. “Apelo a todas as pessoas que já estão conscientes do horror e do abuso das touradas, para que façam uma conexão. Vivemos numa sociedade na qual, desde que somos crianças, nos ensinam que os animais existem para serem utilizados para nosso benefício, e que não lhes devemos nenhum respeito. Ensinam-nos a utilizá-los e a alimentarmo-nos deles, mesmo que seja possível nos alimentarmos sem eles, como já fazem milhões de pessoas em todo o mundo”.
Por último, o Professor referiu que as touradas “fazem parte da cultura espanhola, e que o sexismo está plenamente encrustado na nessa cultura. Vivemos numa sociedade sexista, o que não implica que essa sociedade seja intocável, temos de deixar para trás o que nela está errado. Com as agressões aos animais dá-se o mesmo. Uma cultura que consiste em maltratar e privar da vida seres inocentes, não pode permanecer no tempo» concluiu, Óscar Horta.
Fonte:
http://www.anda.jor.br/20/05/2013/touradas-sao-comparadas-ao-racismo-nazismo-e-sexismo