A superioridade de um ser humano não se mede por aquilo que ele diz ou pensa ou faz, mas pela sua capacidade de partilhar o Planeta com os outros seres; pela sua habilidade para se adaptar a um meio ambiente adverso, e pela sua competência de o preservar na sua singularidade.
Logo, não conseguindo o “homem” (*) partilhar o Planeta com as outras criaturas, e não se adaptando ao meio ambiente, e sendo incapaz de o preservar na sua singularidade, será um ser superior aos seres não-humanos?
Quando muito, será um ser que desenvolveu algumas capacidades que, contudo, não coloca ao serviço nem da Humanidade, nem do Planeta.
Ele é tão-só o destruidor-mor de todos os reinos Animal, Vegetal e Mineral.
Que superioridade será a “superioridade” do Homo que diz ser “sapiens”?
(*) Refiro-me ao homem-predador.
Isabel A. Ferreira
Como se isto, por si só, já não fosse uma anormalidade desmedida, existe ainda um regulamento tauromáquico, que nos remete para um passado muito, muito remoto, caracterizado por uma descomunal ignorância, que pretende atirar areia aos olhos de quem os tem abertos para a modernidade.
Esta é a máscara da crueldade
Um destes dias ouvi um psiquiatra forense caracterizar um psicopata deste modo: uma criatura que não tem empatia pelo outro, pelo sofrimento do outro, e pior do que isso, sente um prazer mórbido com o sofrimento do outro.
Isto a propósito do psicopata inglês que assassinou brutalmente, cruelmente, com todos os requintes de malvadez (inclusive filmando os estertores de dor da vítima, enquanto a massacrava), um português que sofria de esquizofrenia “passiva”, isto é, um ser humano que não reagia agressivamente a coisa nenhuma.
Pois este “outro” pode ser um ser humano ou um ser não-humano. A psicopatia é a mesma.
Os psicopatas tauromáquicos (os que praticam, os que aplaudem, os que legislam e os que promovem e apoiam esta selvajaria) não têm empatia pelos seres vivos, nem pelo sofrimento atroz que se inflige aos seres vivos, e pior do que isso, sentem um prazer patológico com o sofrimento dos seres vivos torturados (neste caso os Bovinos e os Cavalos), excluídos do Reino Animal, não se sabe bem a que propósito.
Estes psicopatas tauromáquicos são portadores de uma desordem de personalidade, caracterizada por um comportamento anti-social, uma diminuição da capacidade de sentir empatia/remorso e um baixo controlo comportamental. E estão-se nas tintas para a dor dos outros. São extremamente egoistas. E o que interessa são eles, eles e depois eles, nada mais do que eles.
Dito isto, e sabendo que estes psicopatas podem fazer o que fazem publicamente, protegidos por uma lei parva e ilegal, mas aprovada pela Assembleia da República e (ainda) vigente, como podemos respeitar ou aceitar uns governantes que transformam a psicopatia em algo viável socialmente?
Isto não é de doidos?
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Touradas com novo regulamento a meio da época ou o despudor governativo
Cliquem no link e leiam:
http://expresso.sapo.pt/touradas-com-novo-regulamento-a-meio-da-epoca=f885674
Isabel A. Ferreira
«Carta dos Deveres do Ser Humano»
por Filomena Marta
«Considerando que existe, e muito bem, uma Declaração Universal dos Direitos do Homem, que deverá sempre ser defendida e cumprida;
Considerando que o Homem é um ser imperfeito e muitas vezes inquinado pela maldade, mesquinhez de espírito e ignorância;
Considerando que o Homem é o maior responsável pela destruição do Planeta e das espécies que nele habitam, com os mesmos direitos à vida como o próprio Homem;
Considerando que o Homem tem a capacidade e habilidade de matar e torturar por prazer, quer sejam elementos da sua própria espécie ou de outras espécies habitantes do Planeta;
Considerando que o direito à existência deve estar intimamente ligado à dignidade e excelência de carácter;
Considerando que toda a vida animal e vegetal deve ser respeitada e protegida, independentemente da espécie;
Considerando que o ser humano é o factor de maior destruição e desequilíbrio ambiental à face da Terra;
Considerando que o Homem se considera supostamente um Ser Superior e dotado de racionalidade, deve essa superioridade e racionalidade impor também os seguintes deveres:
Lisboa, 01 de Fevereiro de 2011
Filomena Marta
Fonte: http://animasentiens.com/carta-deveres-ser-humano
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Comparemos agora esta Carta dos Deveres do Ser Humano com a Carta dos Deveres do Homem, do Corpo Nacional de Escutas (Escutismo Católico Português) neste link:
http://www.agencia.ecclesia.pt/dlds/bo/CartadosDeveresdoHomemVersoIntegral.pdf
(Entretanto, este link foi desactivado, provavelmente depois de a publicação deste texto)
E não podemos deixar de notar a abismal diferença de princípios humanos: na primeira Carta, na da Filomena Marta, vemos o ser humano global, integrado no Cosmos, onde nós somos apenas uma parte responsável pela outra parte.
Na carta dos Escuteiros, o “homem” é a medida de todas as coisas, deixando de fora os animais não-humanos. Só esse “homem” conta.
Por isso o mundo é o que é: um lugar insólito, cheio de gente insólita e macabra sem qualquer interesse. E ser católico não significa ser humano, na sua mais profunda essência.
Quem exclui os outros seres da sua própria existência é hipócrita, e pratica um falso humanismo.
Daqui podemos concluir que a maioria daqueles que exercem cargos de governação, seja onde for, não cumprem o seu DEVER mais profundo: o de Ser Humano.
Isabel A. Ferreira
Porque a insanidade e o sadismo não fazem parte de uma sociedade que se quer saudável, limpa e humana, aqui deixo alguns elementos para reflexão, principalmente dos governantes, que teimam em manter uma lei completamente insana, onde a crueldade, a violência e a tortura de seres vivos são permitidas, unicamente para encher os bolsos de trogloditas e divertir “gente” com graves deformações mentais.
Isto não é da Civilização, nem da Cultura, nem da Humanidade.
Por isso, nós, os anti-tourada, não nos calamos:
Seja esse outro um ser humano ou um ser não-humano. O sofrimento é o mesmo.
E por fim, aquela máxima que, se todos os seres humanos seguissem, o Planeta Terra seria um verdadeiro Paraíso.
Pensem nisto, senhores governantes, únicos culpados do caos social, cultural e educacional em que Portugal está mergulhado.
E vós, Portugueses, abri os olhos, e nas próximas eleições autárquicas penalizem quem tanto tem penalizado o nosso país.
Isabel A. Ferreira