Gostaríamos de ver o Nuno Carvalho assim… mas noutro lugar, noutras circunstâncias, vestido de outra maneira, OBVIAMENTE, e a acenar para um público com os “cinco alqueires” bem medidos… Mas a escolha foi DELE…
António Pereira Dias deixou um comentário ao post ANTÓNIO PEÇAS, O EX-FORCADO DE ESTREMOZ QUE INCITOU À VIOLÊNCIA CONTRA OS ANTI-TOURADAS, DIZ QUE «A AMI É UMA CAMBADA DE BANDALHOS» às 08:54, 2012-12-26.
"... àqueles que ladraram felizes pelo sucedido ao Nuno" - Foram estes os destinatários, e não outros, dos votos justos e indignados do Dr. António Peças. E então, haverá aqui alguém com os "cinco alqueires" bem medidos, que tenha tomates para defender a posição dos que ladraram felizes pelo sucedido ao forcado em questão? É que se há, não merecem um toiro a entrar-lhes pelo pára-brisas do carro - coitado do animal, ainda podia aleijar-se - merecem um míssil patriot. Quem ladra feliz perante aquele drama, não merece melhor; digo eu...»
***
António Pereira Dias, agora digo eu:
NINGUÉM LADROU FELIZ pelo sucedido ao Nuno. NINGUÉM. Talvez APENAS os tauricidas o façam porque para eles a VIDA de um ser, seja humano ou não humano, não VALE NADA.
NINGUÉM com os “cinco alqueires “ bem medidos e que tem os tais tomates vem para aqui DEFENDER o que aconteceu ao Nuno. Estes defendem a VIDA DE QUALQUER SER, seja HUMANO ou NÃO HUMANO.
Ora acontece, que o que aconteceu ao Nuno, FOI ELE que escolheu de sua livre e espontânea vontade, pois de tanta coisa ÚTIL que ele poderia fazer na vida, OPTOU por ir para uma arena TORTURAR COVARDEMENTE um SER mais morto do que vivo, não tendo, ele próprio, os “cinco alqueires” bem medidos, nem os tais tomates, pois se tivesse não escolheria o ofício de CARRASCO.
O que vocês não percebem é que quem tem os “cinco alqueires” bem medidos e os tais tomates, NÃO ESTÁ CONTRA PESSOAS, mas CONTRA AS ATITUDES que essas pessoas tomam ao vilipendiar um SER VIVO SENCIENTE E ANIMAL COMO TODOS NÓS.
Ou o António Pereira Dias pensa que vocês, aficionados, tauricidas, forcados, ganadeiros e apoiantes do tauricídio não são ANIMAIS? São também animais, só que PREDADORES. Mas são animais, que se levarem com uma farpa nos costados, SOFREM tal como sofre um Touro.
Mas isto vocês NÃO COMPREENDEM, porque não têm os “cinco alqueires” bem medidos, nem os tais tomates….
NINGUÉM aplaude o que aconteceu ao Nuno, ao contrário de vós, que aplaudis a TORTURA e a MORTE de um ser que tem uma SENSIBILIDADE semelhante à do HOMEM (mas é preciso que esse homem seja HOMEM).
Portanto, as suas conclusões, ou melhor as conclusões do ex-carrasco António Poças, com que você conclui o seu comentário, não passam de uma conclusão parva, pois NUNCA um TOURO que até tem os “cinco alqueires” bem medidos e os tais tomates no seu devido lugar, ao contrário dos carrascos que os torturam, NUNCA nos faria mal, nem dentro, nem fora de uma carro.
Por acaso eu já estive numa situação dessas: dentro de um carro, com um Touro bem servido de chavelhos, a empancar-me o caminho, e ele ali esteve, com a cabeça colada ao vidro, a olhar para mim, tranquilamente, com uns belíssimos olhos, e eu a olhar para ele, e a assombrar-me com tamanha beleza… E assim estivemos (não contei o tempo) até ele decidir desimpedir-me o caminho… Foi uma experiência extraordinária, e que põe por terra tudo o que dizem do “toiro bravo”. Que só é “bravo” depois de muito tormento ANTES de ir para a arena.
E para terminar, essa do míssil patriot, um TOURO nunca nos mandaria com um. Só mesmo HOMENS PREDADORES, como vós.
Consegue ver a diferença, António Pereira Dias?
E fique sabendo que continuaremos a LADRAR contra as ATITUDES DOS COVARDES TAURICIDAS, até que cheguem à conclusão de que VOCÊS é que são os BANDIDOS. Não nós.
Nós defendemos a VIDA de TODOS os seres vivos, incluindo a do Nuno, OBVIAMENTE. Mas foi ele que OPTOU por ser carrasco, e ser carrasco tem os seus riscos. Ou não?
Ao que parece, contudo, o Nuno não aprendeu nada com esse infortúnio, pois continua a aceitar a TORTURA de TOUROS para seu próprio benefício.
Contra isto também continuaremos a LADRAR.
Começo este capítulo por uma questão de direito.
Terás o direito de dizer eu sou um ser humano, se desprezares valores, ou virtudes, se preferires, como a dignidade, a verdade, a razão, a justiça, a tolerância, a paz, a honra, a moral, a amizade, o amor, o carácter, a honestidade, o bem, a solidariedade, um sorriso...?
Estes são, para mim, valores humanos, entre os quais se encontram alguns que temos o privilégio de partilhar com os nossos irmãos animais. Por vezes, estes dão-nos grandes lições de humanidade e de consciência colectiva, tornando-se seres superiores nos actos que praticam.
Nunca ouviste falar na honestidade dos animais? Eles não se enganam a si próprios, logo não têm capacidade de enganar os seus semelhantes. Não é isto, honestidade?
Nunca viste um gato e um rato juntos, a partilhar o leite no mesmo prato? Não é isto, tolerância e também amizade?
Não soubeste da porca que amamentou os seus bacorinhos juntamente com os cachorros que ficaram órfãos? Não é isto, solidariedade?
E a história daquela gata que enfrentou o inferno do fogo, para salvar as suas crias de morrerem queimadas num incêndio? Não é isto, amor?
Há quem chame a estes actos instinto que, de acordo com o dicionário, é uma tendência inata, inconsciente, o qual leva um ser a praticar actos úteis, para si ou para os da sua espécie.
Chama-lhe o que quiseres. A minha ideia é esta:
O ser humano e o ser não humano, que não enganam o seu semelhante, são honestos.
O ser humano e ser não humano, quando partilham o seu leite com quem não é da sua raça ou espécie, são tolerantes e amigos também.
O ser humano e o ser não humano, que sustentam os seus filhos e os filhos de quem já não existe, são solidários.
O ser humano e o ser não humano, ao sacrificarem a sua vida pelo outro, praticam um acto inato e inconsciente ou fazem-no por amor a esse outro?...
É do valor humano ter espírito crítico. Saber discernir entre o Bem e o Mal, o Bom e o Mau, o Belo e o Feio. Saber escolher. Saber dizer não.
Começando no seio da própria família, depois na escola, na rua, nos lugares públicos, no emprego, na Vida, não serás tu um ser Humano apenas se tiveres consciência de que o rato de esgoto existe onde existe, come o que come, é o que é, porque é rato de esgoto?
Mas tu não és um rato de esgoto.
Se dás valor a comer bom pão, não deverás cuidar bem da tua seara?
in «Manual de Civilidade»
© Texto e Foto Isabel A. Ferreira