Este é o título de um artigo que saiu hoje no Jornal Expresso (a tauromáfia andará assim tão endinheirada?), onde se conta a vidinha vazia e inútil do matador de Touros, conhecido por Pedrito de Portugal, desde que nasceu, e não direi, até morrer, porque ele ainda não levou uma cornada a sério. Os Touros têm sido muito benevolentes para com esta criatura, que NÃO pertencerá ao Reino Animal, e muito menos à espécie humana, por vários motivos e mais este: o indivíduo diz que já levou seis cornadas, pernas todas abertas, e NÃO morreu de dor, porque naquele momento, nem se sente. Só assim fala quem gosta da sensação da dor, por possuir uma desordem psicossexual, normalmente conhecida por masoquismo ou sadismo ou sadomasoquismo. E sabemos que há gente assim.
Ninguém MORRE DE DOR. Poderá morrer das consequências provocadas na carne perfurada por um corno [veja-se a imagem] se não for imediatamente levado ao hospital e tratado adequadamente. No caso dos torturadores de Touros, estes são levados aos hospitais e tratados com os dinheiros públicos – e quem gosta de levar cornadas, e delas sai ferido, deveria pagar os tratamentos com o próprio dinheiro, assim como paga os funerais, quando o Touro, em legítima defesa, manda um desta, para melhor. Os Portugueses não têm a obrigação de pagar os tratamentos a quem pelo simples PRAZER de ferir e matar, vai para uma arena atacar Touros, que são seres sencientes, conceito que o tal Pedrito desconhece, e, ao dizer o que disse, leva-nos a pensar que será um sadomasoquista, além de demonstrar uma ignorância descomunal sobre a Dor, sobre a Senciência e sobre os Animais, algo que ele também, em princípio, será – a não ser que seja uma erva daninha.
Todos os animais dotados de sistema nervoso central sentem dor.
Todos os animais humanos e não-humanos sofrem, sentem dor, têm emoções, sentem medo, sentem fome, sentem sede, e até gostam de brincar...
E isto quem nos diz são as Ciências Biológicas.
Logo, o tal Pedrito de Portugal, ao dizer que levou cornadas, teve pernas abertas e não morreu de dor, não será nem um animal humano nem um animal não-humano (ou seja, um Touro, por exemplo). Será um animal pouco-humano, desumano ou uma erva daninha fantasiada de humano?
Os Touros, porque têm sistema nervoso central e um ADN que se aproxima do ADN do ser humano, obviamente sofrem, e quando os seus torturadores estão a torturá-los eles BERRAM dolorosamente, de tal modo que, enquanto os torturadores os lidam, ouvem-se os trompetes a tocar pasodobles para que não se ouçam os gritos dos Touros. E nenhum animal, quer seja humano ou não-humano grita dolorosamente se NÃO sente dor.
Que o tal Pedrito precise de parangonas para dizer que ainda está vivo, entre os pingos da decadência tauromáquica, e um jornal se preste a dar-lhe essa parangona, é uma coisa lamentável. Que venha a público disseminar ridículas ignorâncias, achando que todos são idiotas como o são os torturadores de Touros, é simplesmente intolerável, em pleno século XXI depois de Cristo.
É no mínimo estranho, que um jornal com 50 anos de existência, ainda não se tenha apercebido de que o mundo já deixou a Idade Média há muito, a Ciência evoluiu, e os que não quiseram perder esse comboio evolutivo, evoluíram também. Hoje em dia, já não há lugar para trogloditas.
Dar parangonas a disparates, a ignorâncias, a alguém que nada mais fez na vida do que torturar seres vivos sencientes, a algo que pertence ao submundo, é simplesmente inaceitável.
Isabel A. Ferreira
Exmo. Senhor Carlos Eduardo da Silva e Sousa (PSD)
Por princípio, a não ser que, por qualquer imperiosa circunstância, a isso seja obrigada, não costumo sujar as solas dos meus sapatos no chão de localidades que têm activa uma arena onde se torturam seres vivos para divertimento de sádicos e de psicopatas, sim, porque é dos sádicos e dos psicopatas deleitarem-se com o sofrimento alheio.
Foi o que aconteceu, desta vez. Na passada semana, a força de uma circunstância obrigou-me a pisar o chão de Albufeira, município que consta do rol das localidades portuguesas com um atraso civilizacional considerável, pelo simples facto de manter vivo um costume bárbaro, do tempo em que imperava a mais profunda ignorância: a cruenta actividade a que chamam “corrida de touros”.
Não, não é uma cidade bonita. Sim, tem boas praias, como as da Falésia, da Rocha Baixinha, dos Tomates, dos Olhos de Água, do Barranco das Belharucas, entre outras, frequentadas por turistas portugueses e estrangeiros, de um certo nível cultural, que nada tem a ver com a barbárie propagandeada nos cartazes terceiro-mundistas que se encontram no percurso dessas praias, e que causa mal-estar e náuseas a esses turistas.
Francamente, senhor Carlos Eduardo da Silva e Sousa (PSD), o senhor acha (porque pensar é para quem sabe) que os turistas que se deslocam a Albufeira estão interessados num divertimento de broncos primitivos que se recusam a evoluir?
Quando me vi diante daquele monstruoso edifício que dá pelo nome de “Praça de Toiros” (Bullring, em inglês, para afugentar os estrangeiros) senti-me como se estivesse numa aldeola onde a civilização ficou à porta.
É que isto de civilização nada tem a ver com hotéis de luxo, resorts, grandes supermercados, belas praias, campos de golf e outras coisas deste género, que pertencem ao que se denomina progresso, mas progresso nem sempre rima com sucesso.
O verdadeiro grau de civilização de determinada sociedade é medido pela forma como trata os seus animais, ou os seus indivíduos mais frágeis.
Ora como se sabe, as touradas não têm mais lugar numa sociedade civilizada. O ser humano tem evoluído no sentido de cada vez mais respeitar o sofrimento e a vida dos animais não humanos e, por esse motivo, as touradas têm vindo a ser repudiadas e proibidas em muitas cidades e regiões, nos oito países (entre os 193 que existem no mundo) onde ainda esta selvajaria se pratica.
Trata-se de uma actividade bárbara que não serve absolutamente nenhum interesse do ser verdadeiramente humano. Serve apenas obscuros interesses económicos e o sadismo e psicopatia de uma minoria que insiste em sustentar e perpetuar esse “gosto” mórbido, de se entreter à custa do sofrimento de um animal herbívoro, senciente e manso, que nasceu para pastar e conviver tranquilamente com os da sua espécie, em campos verdejantes.
A selvajaria tauromáquica promove apenas violência e crueldade gratuitas; deseduca as crianças a quem criminosamente obrigam a assistir a tais práticas selváticas e cruéis, inclusive provocando-lhes traumas para a vida (basta ler os estudos já efectuados que o provam); e representam uma afronta à ciência que já demonstrou e provou sobejamente que os Touros são animais sencientes, racionais e conscientes tal como nós, animais humanos.
Para que o senhor Carlos Eduardo da Silva e Sousa (PSD) não diga que não sabia, informo-o de que em Março de 2012, um grupo de neurocientistas de renome internacional, declarou pela Universidade de Cambridge que todos os mamíferos, aves, répteis e outros animais de várias espécies, além de serem sencientes têm também consciência. Isto significa que eles têm plena noção do que se passa à sua volta e que, tal como o animal humano, têm a capacidade de experimentar sofrimento físico e emocional, como dor, tristeza, medo, stress, pânico, mas também alegria, amor e emoção.
Sugiro-lhe que leia este artigo onde poderá ler esta declaração:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/declaracao-de-cambridge-sobre-a-511642
Está mais do que provado que, aos olhos da ciência (mas bastaria estar aos olhos de qualquer pessoa civilizada, sensível e compassiva; eu, por exemplo, desde criança que o sei, porque desde criança convivo com animais de muitas espécies) que não existem diferenças fundamentais entre nós, humanos, e os restantes animais não humanos.
E quando digo diferenças são as que justifiquem a utilização de animais como objectos de tortura em práticas absurdas e sádicas, para as quais são violentamente retirados do seu habitat, drogados, amedrontados, provocados, feridos, antes, durante e depois da lide, e, os que conseguem resistir, durante vários dias sem tratamento, comida ou água, são mortos cruelmente num qualquer matadouro. E isto é um fim de vida demasiado torturante, inglório e indigno para um animal que os tauricidas dizem “honrar”.
Como cidadã portuguesa, senti-me envergonhada em Albufeira, diante de turistas estrangeiros que ali foram ao engano. Albufeira, que poderia comparar-se às mais civilizadas estâncias balneares do mundo, não fossem os cartazes vergonhosos a apelar à crueldade e violência, espalhados pelos percursos das praias, que eu não recomendo aos meus amigos estrangeiros!
O senhor não tem vergonha de permitir algo tão degradante, cruel e primitivo em pleno século XXI, da era cristã, em Albufeira?
Alenta-me saber que já há muitos autarcas e outros políticos dispostos a lutar pelo fim de algo que tem tanto de dispensável quanto de sugador de impostos. É inadmissível que mais de 16 milhões de euros sejam retirados, anualmente, das nossas contribuições e impostos e canalizados para sustentar a selvajaria tauromáquica, em todas as suas cruéis vertentes. Todos sabemos que as touradas têm apresentado prejuízo e caso não fôssemos nós, cidadãos portugueses, a sustentá-la contra a nossa vontade, elas já não teriam lugar em Portugal.
Mais de 90% dos portugueses repudia as touradas como qualquer outro evento que se baseie em maltrato de animais, e creio que o senhor presidente da Câmara Municipal de Albufeira, com certeza, gostaria de figurar no rol dos autarcas portugueses mais civilizados e compassivos, de modo a merecer os votos dos seus munícipes mais evoluídos. Cada vez mais a consciência dos portugueses eleva-se e rejeita os autarcas que apoiam estas práticas bárbaras.
No próximo ano, gostaria de regressar a uma Albufeira limpa dos cartazes que anunciam esta terrível e venal “arte” de torturar e matar animais em público; que traumatiza as crianças e adultos sensíveis; que agrava o estado dos neuróticos atraídos por estas práticas cruentas; desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura; e provoca asco às pessoas civilizadas.
Para que o senhor saiba o que pensam os estrangeiros desta barbárie, sugiro-lhe que veja e ouça este vídeo:
Esperando o melhor acolhimento desta minha carta, que apenas tem a intenção de contribuir para a evolução de Albufeira, despeço-me com fé e esperança no triunfo da lucidez,
Isabel A. Ferreira
(Texto dedicado a todos os animais humanos da "espécie" ICE
(Incompatível Com Evolução)
Texto de Sônia T. Felipe (***)
«No livro «Acertos Abolicionistas» publiquei um texto (A dignidade dos cadáveres e lugares sagrados, p. 55) abordando a proibição do bispo D. Odilo de enterrar animais de estimação junto com seus pais adoptivos nos cemitérios humanos. Para esse bispo da Igreja Católica, fazer isso tira a dignidade dos humanos. Comer cadáveres não tira, mas enterrar os cadáveres dos animais amados junto com o cadáver de quem os amou tiraria.
O Papa Francisco acaba de declarar que os animais têm alma e que elas vão para o céu. Finalmente! É a primeira vez na história papal que o dogma do vivo-vazio de alma, disseminado por Descartes no século XVII é derrotado por um Papa. E eu estava esperando por isso há quase quatro séculos.
Enfim, se os animais têm alma, o que todos nós sempre soubemos acerca de todos os animais, inclusive dos que são comidos pelo Papa Francisco (não estou atacando o Papa, não, tenho aqui em casa o livro das receitas predilectas de todos os papas e não há uma sequer vegana!) e por todos os católicos e cristãos ao redor do mundo, eles têm senciência.
Se há senciência em qualquer animal, a capacidade de sentir como dor ou prazer os estímulos do ambiente natural ou social, então há racionalidade também, ainda que cada animal tenha sua forma de raciocinar (que já expus nos outros dois livros, «Ética e Experimentação Animal» e «Por uma Questão de Princípios»), uma forma adequada ao tipo de sensibilidade e de consciência de sua espécie e do indivíduo que vive experiências que outros podem não viver.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, ser racional não é ser apenas frio e calculista, não é visar obter apenas vantagens para si. Portanto, a razão não é apenas a capacidade mental de planejar vinganças, típica da mente humana, embora ela esteja imbricada nessas acções. Geralmente, a prática do mal está mais ligada às emoções fora do controle do que, justamente, ao controle delas pelo raciocínio.
A racionalidade é a capacidade de raciocinar para manter-se vivo da forma mais segura possível. Essa existe em cada espécie animal e é desenvolvida no ambiente natural delas e pelas interacções sociais. Os animais são seres políticos, no sentido aristotélico que designa a vida só possível "entre os muitos".
Nossas vidas e as vidas de todos os animais incluem a presença de outros animais que cada indivíduo animal deve aprender a conhecer para poder distinguir se neles há, ou não, ameaça e riscos para sua própria sobrevivência. Esse é um aprendizado da razão.
A senciência é a capacidade de sentir as coisas e de as traduzir com alguma emoção-chave, do tipo: muita dor, dor, desagradável, desconfortável; ou, muito prazeroso, prazeroso, agradável, confortável.
Uma vez arrumadas essas informações na memória, cada animal segue se orientando por elas e procurando se aproximar mais das coisas e dos outros animais que propiciam sensações de prazer em todas aquelas gradações, ou se afastar das coisas e dos outros animais que provocam as sensações ruins.
Mas para que esse arquivo possa ser ordenado e consultado de cada vez, é preciso que ali haja também a capacidade da razão. E a razão vai se ampliando a cada nova experiência, porque na memória do animal existem muitas informações que ele pode usar para se preservar em vida e preservar a vida dos que dependem dele para isso, seus filhos pequenos, seus pares na hierarquia social. Isso é racionalidade. Todos os animais são racionais a seu modo específico, a seu próprio modo.
Apenas os humanos usam a razão e são racionais no sentido de planejar obter o máximo de vantagens para si à custa do máximo de desvantagem para outros animais: éguas, vacas, porcas, galinhas, ovelhas etc., e seus pares machos.
Todos os animais são racionais, cada um dentro do parâmetro de raciocínios que sua mente específica requer e possibilita. Se não houvesse razão nos animais, para que serviria sua capacidade de sentir dor e de sofrer, de sentir-se bem e de estar feliz?
A dor e o sofrimento são as duas chaves das portas de entrada das informações ambientais para que o animal possa se defender delas a seu próprio modo, evitá-las e comportar-se de modo a não pôr sua vida em risco quando não há outros meios (e no caso dos animais os meios são muito escassos) para se defender do mal.
E, para que possamos entender a evolução moral da nossa espécie, que agora inclui os animais no âmbito do devido respeito moral e jurídico, é bom lembrar do que afirma Frans de Waal: «temos a capacidade de agir moralmente, porque somos animais.»
É a racionalidade presente em todos os animais que permite a cada um deles entender que o bem do seu grupo é uma garantia para o próprio bem; que o mal de seu grupo é ameaça contra seu bem próprio.
Confúcio também se refere à capacidade ou incapacidade da mente humana de suportar a dor no outro, porque essa mente sabe muito bem que toda dor que se espalha no mundo espalha-se de tal modo que ela tem efeito bumerangue. Um dia, sem que a gente menos espere, ela está à nossa porta. Não é vingança. É colheita.
Para essa semana pré-natalina, é bom que pensemos que todos os animais sentem dor e sofrem, todos querem estar na vida sem essa dor e tormento, e todos sabem que o que causa dor é sempre algo que ameaça a integridade física, psíquica ou social de cada animal senciente.
Todos os animais são racionais, no sentido explicitado, e, agora, acabamos de saber pelo Papa Francisco, que todos os animais têm alma, conforme já o escreveu Irvênia Prada (Médica e Professora da Faculdade de Veterinária da USP), em seu livro sobre a alma nos animais.
O círculo está cada vez mais apertado para os antropocentristas, especistas e bem-estaristas. É melhor desassinar esse contrato cheio de cláusulas perversas desfavoráveis a todos os animais. Moralidade é a capacidade de ampliar o campo da racionalidade. E já não somos mais inocentes no que diz respeito à senciência, racionalidade e à alma dos animais outros que não os humanos.»
(***) Sônia T. Felipe é doutorada em Filosofia Moral e Teoria Política, pela Universidade de Konstanz, Alemanha; professora reformada da graduação e pós-graduação em Filosofia, e do doutorado interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina; orientou dissertações e teses nas áreas de Teorias da Justiça, Ética Animal e Ética ambiental.
(Aviso: este texto foi reescrito para Língua Portuguesa, através de corrector ortográfico).
«Os animais não falam a mesma língua que nós humanos, mas tem um principio comum a todos, a senciência. Eles sentem alegrias, dor, tristezas, alegrias, mas acima de tudo, eles respeitam mais o ser humano do que o ser humano os respeita a eles. Belíssimo vídeo demonstrativo disso mesmo» (Cândido Coelho)
Por Mel Colaço
«Estou disposto a acreditar que sempre que o cérebro começa a gerar sentimentos primordiais - e isso poderá acontecer bastante cedo na história evolutiva - os organismos tornam-se sencientes numa forma primitiva (1). A partir desse momento, poderá vir a desenvolver-se um processo de um eu organizado [organized self] que se acrescenta à mente, garantindo assim o início de mentes conscientes mais complexas. Os répteis, por exemplo, merecem essa distinção, as aves ainda mais, e para os mamíferos não há qualquer dúvida. A maioria das espécies cujo cérebro dá origem a um eu [self] fá-lo a um nível nuclear. Os humanos possuem tanto um eu nuclear como um eu autobiográfico. Há uma série de mamíferos que provavelmente também têm ambos, como os lobos, os nossos primos símios, os mamíferos marinhos, os elefantes, os felídeos e, claro está, aquela espécie especial chamada cão doméstico.»
António Damásio. O Livro da Consciência. Lisboa: Temas e Debates. 2010, 45 [Self Comes to Mind.Constructing the Conscious Brain. London: William Heinemann. 2010, 26].
1. Possuir uma senciência primitiva significa que o organismo vivo tem capacidade de experienciar dor, nem que seja minimamente, pelo que os animais desprovidos de uma consciência mais complexa, como a consciência de si, continuam com propriedades despoletadoras de sensações como o sofrimento. Em suma, a capacidade de sentir está desconectada da capacidade de ser consciente de si: se existisse essa ligação [de que um ser senciente só é-o se for consciente de si], afirmar-se-ia que um bebé, por não ter sentimento de si, estaria desprovido de senciência - e todos sabemos que a falta dessa consciência de si não é um argumento válido para cometer qualquer tipo de tortura ou mau trato ao bebé, visto que tem-se conhecimento da capacidade deste sofrer com essas acções.
O mesmo se aplica a animais cujo cérebro não tenha evoluído o suficiente para tomar posse de uma mente consciente mais completa, desde animais marinhos não-mamíferos a insectos. De facto, estes animais não têm a consciência de um eu mas são capazes de experimentar sensações básicas - regra geral, a dor. Portanto, nós, enquanto seres humanos que conhecemos e reconhecemos o que estamos a fazer, devemos respeitar ao máximo todos os animais, sejam eles grandes ou pequenos, complexos ou simples, e ensinar às gerações futuras, que ainda estão a crescer e a desenvolver uma consciência de si, a respeitá-los também.
Leia outros artigos sobre a senciência dos animais mais "simples" aqui, aqui e aqui
Fonte:
***
Qualquer animal, apenas porque é um ser vivo, tem vida, vive, sente essa vida, e, para ele, essa vida é tão importante como a minha vida é para mim.
Para exigir que respeitem a minha vida, terei forçosamente de respeitar a vida de todos os seres vivos que comigo partilham o Planeta.
Dizem-me: então e as pulgas, os piolhos, as bactérias, os vírus...?
Meus amigos, esses servem-se da minha vida, e a única situação em que considero válido desrespeitar a vida do outro é em legítima defesa da minha própria vida.
Seria capaz de matar um meu semelhante antes que ele me matasse a mim ou aos meus? Seria, mas apenas nessas circunstâncias, de autodefesa, matar seria válido.
Ou não?
Isabel A. Ferreira
Não sabias?
Agora já sabes.
E agora que já sabes, vê lá como os tratas…
Vê lá como te comportas perante ele e perante o mundo…
Não sejas idiota…
«Os animais não-humanos, tal como os humanos, são seres sencientes e com a necessidade de serem felizes. Pesquisas demonstram que os mamíferos, peixes e crustáceos sentem dor através de mecanismos moleculares muito semelhantes aos dos seres humanos. Indicam também que os animais não-humanos sentem alegria e felicidade.
A cada ano que passa, mais de sessenta biliões de animais são criados pela "indústria pecuária", para acabarem como comida nos pratos dos humanos.
Analisando pela perspectiva da felicidade, a maioria desses animais não-humanos, provavelmente já viveu uma vida que não valeu a pena viver, de desconforto, dor, sofrimento e desespero.
Todo este sofrimento poderá ser minimizado se houver uma mudança de atitude por parte dos humanos e procurar, cada um por si, alterar hábitos e atitudes, de forma a respeitar a dignidade dos animal de acordo com a nossa consciência, pois todo e qualquer sofrimento é abominável na proporção de sua gravidade e cria uma angústia nestes belos seres, tornando-os vítimas da nossa insensível consciência.»
Senciência Animal: http://pt.wikipedia.org/wiki/Senciência
Fonte:
A lei que regulamenta a protecção dos animais (Lei nº 92/95 de 12 Setembro) exclui dessa protecção os animais utilizados na “arte” (?) equestre e nas touradas “autorizadas” por “lei”, excluindo deste modo falacioso, os Touros e os Cavalos do Reino Animal.
Sendo uma lei que não corresponde à realidade das ciências biológicas, é inaceitável, à luz da razão, da lógica e da ciência, e qualquer cidadão idóneo tem o dever de rejeitá-la, por imprecisão do seu enunciado.
As leis devem ser claras e de acordo com a realidade. Não devem servir os interesses obscuros de um lobby.
Esta é uma das bases argumentativas (entre outras que a seu tempo virão) que servirá de apoio aos defensores dos Direitos dos Animais, para requererem a Abolição da Tauromaquia
O QUE OS NOSSOS LEGISLADORES TALVEZ NÃO SAIBAM, POR ISSO, VAMOS INFORMÁ-LOS
«As sensações como a dor ou a agonia, ou as emoções, como o medo ou a ansiedade, são estados subjectivos próximos do pensamento e estão presentes na maior parte das espécies animais.
Um animal é um ser senciente porque tem a capacidade de sentir – sensações e sentimentos. A senciência é a capacidade que um ser tem de sentir conscientemente algo, ou seja, de ter percepções conscientes do que lhe acontece e do que o rodeia.
Não se questiona que os humanos são seres sencientes – experienciamos, de forma consciente, sentimentos de muitos tipos diferentes. A questão que tem vindo a ser colocada é sobre se essa mesma capacidade de possuir percepções conscientes dos acontecimentos e da realidade em que estão envolvidos poderá ou não acontecer de igual forma com os outros animais.
Enquanto a mente de um humano é, como se pressupõe, mais complexa do que as mentes dos outros animais, a verdade é que estas diferenças são apenas de grau e não de género, como defendeu Charles Darwin, o precursor da biologia moderna.
Do ponto de vista biológico, a função mais importante do cérebro é a de gerador de comportamentos que promovam o bem-estar de um animal. Nem todos os comportamentos precisam de um cérebro. No entanto, o controle sofisticado do comportamento, baseado num sistema sensorial complexo requer a capacidade de integração de informações de um cérebro centralizado.
Como nós, humanos, os outros animais são também detentores de uma mente complexa, apesar de diferirem como é evidente, da mente humana, apenas pelo fato de que são menos complexas (do mesmo modo que a mente de uma criança é menos complexa do que a mente de um adulto humano), e não diferindo de género ou tipo de mente, considerando somente que é mais ou menos complexa.
Tem-se vindo a descobrir cada vez mais acerca da senciência e das características sencientes de um número cada vez maior de espécies animais. Com evidências fortes de que muitos animais são sencientes, é razoável e prudente, além de ser moralmente importante, assumir que todos os animais têm algum grau – pelo menos, um grau mínimo – de senciência.»
A circunstância de assumir que um animal não é senciente, sem quaisquer provas que sustentem essa presunção, condicionará inevitavelmente um problema a enfrentar sofre a questão moral e ética individual. Portanto, assumir que todos os animais são sencientes é o raciocínio mais coerente a considerar.
Tem-se descoberto cada vez mais que, seres que se pensava não serem sencientes ou serem apenas basicamente sencientes, são mais complexamente sencientes e mesmo inteligentes do que alguma vez se podia imaginar. Tem vindo a crescer cada vez mais o número de provas que sustentam a ideia de que as capacidades cognitivas dos animais são muito maiores, mais complexas e profundas do que tradicionalmente se tem acreditado.
Diz-se de organismos vivos que não apenas apresentam reacções orgânicas ou físico-químicas aos processos que afectam o seu corpo (sensibilidade), mas além dessas reacções, possuem um acompanhamento no sentido em que essas mesmas reacções são percebidas como estados mentais positivos ou negativos. É, portanto, um indício de que existe um "eu" que vivência e experimenta as sensações. É o que diferencia indivíduos vivos de meras coisas vivas.
O modo como as pessoas vêem os outros animais é influenciado pela educação que tiveram e pelas tendências do seu tempo. O filósofo francês René Descartes (1596-1650) deixou uma duradoura influência com a sua opinião de que os animais eram "máquinas" sem alma.
A senciência é uma característica que está presente apenas em seres do reino animal. O sinal exterior mais amplamente reconhecido de senciência é a dor e, dessa forma, este conceito – ou a sua ideia – tem sido usado, há algum tempo, como fundamento para a defesa da protecção dos animais não-humanos contra o sofrimento, ou para a atribuição de direitos morais aos mesmos.
Por exemplo, Jeremy Bentham (15 de Fevereiro de 1748 – 6 de Junho de 1832), já dizia que o que deveria ser considerado no debate sobre o dever de compaixão dos seres humanos perante animais não-humanos não era se estes eram dotados de razão ou linguagem, mas se eram capazes de sofrer.
Como ele, Charles Darwin (1809-1882) acreditava que a "actividade mental" dos animais era semelhante à dos humanos.
A senciência é amplamente reconhecida em todos os animais vertebrados – portadores de sistema nervoso central -, o que inclui quase todos os animais utilizados comumente pelo ser humano nas suas actividades (o que está em muito relacionado com a exploração animal). Esta definição, porém, enfatiza apenas um critério para a existência de senciência: a manifestação (a nós, perceptível) da dor.
Existem, porém, outros sinais exteriores que evidenciam que outras espécies de animais experimentam o mundo de forma individual, como a existência de órgãos sensoriais que evidenciam uma necessidade de interpretar imagens, sons ou odores captados a partir dos respectivos sentidos. Esse conceito abrange não apenas animais vertebrados, mas também animais invertebrados como os insectos, moluscos e aracnídeos e, portanto, corresponde a todos os animais que são tradicionalmente usados pelo ser humano. Por esta definição, apenas esponjas seriam animais não-sencientes.
Pode ainda usar-se o conceito como uma forma de definir todos os seres do reino animal: é também provável que o conceito de senciência esteja vinculado à própria condição de ser um animal – seres que se separam da sua fonte de provimento ao nascer e precisam buscar o alimento por movimento próprio.
Não deve confundir-se senciência com autoconsciência, que é o conceito que define a consciência que o "eu" tem de ser um indivíduo pensante, separado dos demais seres.
Este conceito de origem kantiana é enfatizado principalmente por Peter Singer, que o emprega para estabelecer um critério hierárquico entre os seres sencientes cujos interesses entrem em conflito.
Por outro lado, a escola behaviorista da psicologia do século XX considerava que apenas o comportamento devia ser estudado, em vez de qualquer emoção ou raciocínio que possa estar na base deste, acerca dos animais. Isto deixou também uma duradoura influência no estudo sobre o comportamento animal.»
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Senci%C3%AAncia
BIBLIOGRAFIA:
- Ética & Animais – um guia de argumentação filosófica, de Carlos M. Naconecy (edição EDIPUCRS)
http://books.google.pt/books?id=V67kRddn06UC&printsec=frontcover&hl=pt-
- Escritos Sobre Uma Vida Ética, de Peter Singer (Edição Dom Quixote)
http://criticanarede.com/filproibido.html