(Subscrevo cada palavra deste texto extremanete lúcido, de Henrique Neto, o qual me foi enviado por e-mail. Ainda temos vozes sábias em Portugal. Não temos é ouvidos abertos ao SABER, lá pelas bandas de São Bento e de Belém.
Isabel A. Ferreira)
Por Henrique Neto
in https://observador.pt/opiniao/a-batalha-pela-democracia/
Existe um consenso na sociedade de que a corrupção mina por dentro os regimes democráticos. Se a isso juntarmos, no caso português, um sistema de justiça que convive com a corrupção há anos e se mostra incapaz de julgar os corruptos, temos a combinação perfeita para em Portugal existir apenas um simulacro de democracia e não um verdadeiro regime democrático.
Acresce a isso que há anos nesta coluna temos vindo a demonstrar a falácia democrática que resulta do nosso regime eleitoral, em que os deputados são escolhidos pelos chefes partidários e não pelos eleitores. Deputados que no Parlamento seguem cegamente as orientações do líder do partido que os escolheu, já que de contrário não seriam os escolhidos em futuras eleições, ou para os mais variados cargos políticos colocados à sua disposição, seja nos governos seja na administração. Ou seja, Portugal não é hoje um regime democrático e os resultados eleitorais em que não participam metade dos eleitores, serão tudo menos a verdadeira expressão de uma qualquer verdade democrática.
Esta questão é, contudo, apenas o princípio de uma realidade mais grave em que vivemos hoje. Como resultado do sistema não democrático da escolha dos militantes dos partidos para cargos políticos ou governativos, a actividade partidária autónoma é substituída pela actividade governativa, as sedes partidárias ficam vazias, os gabinetes de estudo desaparecem e a democracia interna dos partidos fica condicionada a favor da vontade autocrática do chefe.
O melhor exemplo é o próprio Partido Socialista no poder em que nada acontece fora da vontade de António Costa, em que a ausência de currículo da generalidade dos escolhidos, ou tão só a sua falta de competência, não impede a sua participação no Governo, ou nos restantes cargos do Estado. Trata-se da clara demonstração de que essas escolhas representam apenas da vontade de António Costa, pessoas por ele escolhidas e que a ele devem total fidelidade.
Um outro exemplo, este de sinal contrário, é o caso do grupo parlamentar do PSD, composto pelos escolhidos de Rui Rio e que não seguem, ou seguem mal, as orientações do novo líder Luís Montenegro. Trata-se, nos dois casos e de igual forma, de uma demonstração clara que no sistema político português foi criada uma autocracia partidária que nada tem a ver com os regimes democráticos em que os eleitos representam o povo que os elege e que como tal interagem com os eleitores que os escolheram.
A corrupção é uma outra consequência do modelo não democrático do nosso sistema político. De facto, os políticos escolhidos pelo chefe partidário e mantendo com ele uma relação de fidelidade e não estando dependentes da vontade dos eleitores, ficam livres para enveredarem por formas ilícitas de usarem os seus cargos para benefício próprio, das suas famílias e amigos. Além do mais, porque a prática do sistema político os defende, seja na administração seja na Justiça. Quando António Costa diz “há política o que é da política e há Justiça o que é da Justiça”, está a criar um sistema de defesa política e ética dos acusados por crimes de corrupção.
Infelizmente, o modelo não democrático não termina aqui. Pouco a pouco os escolhidos pelo chefe acabam por ocupar todos os cargos públicos de alguma importância e também pouco a pouco, tornam-se numa máquina de branqueamento da corrupção e da criação de dificuldades às investigações, ou seja, como diz o povo, são os que ficam à porta, parte da enorme máquina política que usa todas as oportunidades para evitar os julgamentos, os quais poderiam não apenas condenar o réu, mas condenar igualmente o sistema político não democrático que permite a corrupção.
Nas coisas que escrevo tenho evocado com frequência aquilo a que chamo a “grande família socialista”. A razão é simples e a sua importância é óbvia, trata-se de uma enorme máquina burocrática que controla todos os cargos de alguma importância no Estado e em muitas empresas públicas e que actua com um elevado sentido de solidariedade, sem capacidade de critica interna, salvo uns raros casos de militantes mal vistos no partido. Aliás, sempre que surge de fora da família algum escolhido, como é o caso recente do director nomeado para tentar resolver os problemas existentes na Saúde, a família socialista cria todo o tipo de obstáculos. Neste caso, nem o estatuto das suas funções foi possível aprovar.
Penso que não existe uma lista de todos os casos de corrupção, grande e pequena, que estão na Justiça para chegarem a julgamento e a probabilidade será que a maioria acabe sem que os acusados cheguem à prisão. Apenas em três casos, Sócrates, BES e EDP, estão envolvidas dezenas de pessoas muito poderosas, com muito dinheiro e com muitas relações na justiça, na política e na comunicação social. Num regime verdadeiramente democrático que representasse o povo, há muito que teriam sido julgados e os portugueses teriam uma ideia da enormidade dos prejuízos que provocaram ao País. Todavia nesta autocracia de fachada democrática, a probabilidade é que nunca saibamos o que verdadeiramente foi feito.
Vivi metade da minha vida em ditadura e a sonhar com a democracia. Agora estou a terminar a segunda metade da vida e lamento acabar a viver numa falsa democracia. Em qualquer caso, acredito que mais tarde ou mais cedo, a verdadeira democracia acabará por emergir, mas o enorme prejuízo provocado ao País por muitos anos de más políticas, de maus governantes e de defesa de interesses menos respeitáveis, deixará Portugal exausto, muito pobre e muito dependente do exterior.
21-08-2023
Henrique Neto
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Escrever um comentário no Observador é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexíveis com quaisquer agressões. Conheça as Regras da Comunidade.
Todos os que me conhecem sabem que não mantenho as melhores relações com o PSD, desde 1999, pois foi um dirigente do PSD que me tramou, afastando-me do Jornalismo, com o seu poder, a sua prepotência, a sua influência, os seus tentáculos, espalhados um pouco por todo o lado, porque estava a ser incómoda, investigando um caso de corrupção. E isto é uma coisa que não se perdoa.
Por outro lado, sendo eu uma defensora acérrima da Língua Portuguesa, e tenho o AO90 como uma peste negra, da mais negra, que está a dizimar a Língua, a Cultura, a História e a Identidade Portuguesas, sabendo que foi Cavaco Silva que promulgou esse acordo do desacordo, que só ao Brasil interessava, também não o tenho em boa conta (mas não só Cavaco Silva ficará para aos anais da História como um dos que, servilmente, se vergaram perante a ex-colónia).
Contudo, uma coisa é uma coisa, outra coisa, é outra coisa.
Sendo eu apartidária, mas não, apolítica, tudo o que é da política interessa-me, ou não dependesse o meu bem-estar, da política que se faz em São Bento e em Belém!
Ouvi com atenção o discurso de Cavaco Silva, que, tenho de admitir, foi excepcional. Ficará nos anais da História. Tudo o que fazemos, para o bem ou para o mal, ficará nos anais da História. Há uns que ficam com um currículo impoluto, outros, nem tanto. E quem anda por aí a dizer que Cavaco Silva chispou ódio e raiva neste seu discurso, não sabe o que é ódio e raiva, e essa ignorância só poderia vir de um socialista que vive dentro da bolha socialista e não consegue discernir o que se passa fora dessa bolha.
Cavaco Silva compilou todos os PODRES da governação socialista, que mantém Portugal mergulhado nas águas paradas do charco que criou, assente num desprezo imenso por Portugal e pelos Portugueses.
Não posso, pois, estar mais de acordo com a análise que Cavaco Silva fez ao estado caótico da Nação, e com as críticas (que também são as minhas) a António Costa que se está absolutamente nas tintas para Portugal e para os Portugueses. E isso é bem notório nesta sua atitude de se esconder debaixo do elefante branco que criou, enquanto o circo pega fogo, enquanto o País anda por aí à deriva, sem rei, nem roque, a acumular vergonhas, desorientações, mentiras, teimosias, pancadarias, sequestros, enfim, um desmando total.
Por outro lado, temos um presidente da República que se cala. Vai comer gelados. Tenta tapar um buraco da calçada com os pés, ao redor do seu Palácio, diz que vai falar, mas não fala. E os Portugueses, à espera que os que comandam a nau, venham falar de horizontes!
Os Portugueses querem saber do seu futuro, e não vêem nenhuma luzinha ao fundo do túnel.
Ainda ontem morreu um bebé, à espera de uma ambulância, e vêem umas senhoras ministras dar a cara por António Costa e dizer que o governo está no bom caminho. Está no bom caminho, a caminho do abismo. E só os socialistas não vêem isto.
Deixo os meus leitores com o discurso de Cavaco Silva para que reflictam nas suas palavras e ajuízem da sua veracidade.
Isabel A. Ferreira
É sempre triste comprovar que Portugal não avança para o Século XXI d.C., devido a leis retrógradas avalizadas por gente retrógrada, que ainda permite que a barbárie continue a sujar e a enxovalhar um País que quase nada tem que se aproveite.
Esta “corrida real” surpreendeu a todos, depois de um interregno.
O que faria ressuscitar a barbárie no seio de uma família que devia dar o BOM exemplo de educação, de civilização, de ética, de evolução? Que tipo de civilidade o casal real está a passar aos seus filhos?
Misturam-se com a ralé tauromáquica? Bem sabemos que a tauromaquia sempre fez parte dos “divertimentos” da inculta realeza espanhola, e foi introduzida em Portugal por Filipe II de Espanha, I de Portugal, em 1581, o qual tinha uma grande TARA por práticas cruéis, não só pela tortura de Touros, como gostava de assistir aos autos de fé, e delirava com o atroz sofrimento de pessoas inocentes, nas fogueiras da Inquisição. E fazia isto para se entreter.
Até essa data fatídica de 1581, a monarquia portuguesa não se entretinha a ver torturar Touros, uma prática bárbara, cruel, violenta, desumana, abominável, aberrante, execrável, deplorável, inaceitável, lamentável, atroz, patética, vergonhosa, desprezível, que apenas gente sem um pingo de empatia e, diga-se em abono da verdade, muito ignorante, assistia, sendo algo condizente com a ralé com a qual a realeza não gostava de se misturar, por isso faziam “touradas reais”.
Porém, as touradas já foram proibidas em Portugal, no Reinado de Dona Maria II, em 1836, através de um decreto assinado por Passos Manuel, secretário de Estados dos Negócios do Reino, onde os “espectáculos” tauromáquicos eram considerados "um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas".
Pois é! Em 2022, as touradas continuam a ser um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas. A lucidez de Dona Maria II, no entanto, não foi tida em conta, e da lucidez passou-se às trevas, em pouco tempo, porque, em Portugal o povo culto e esclarecido, apesar de não ser uma minoria, NÃO tem força suficiente para destruir as paredes de betão armado da ESTUPIDEZ, que se ergueram ali para os lados de São Bento.
Bem podia a Senhora Dona Isabel, Duquesa de Bragança (como fica mal na imagem, ao lado de algo que envergonha as pedras das calçadas de Lisboa!) seguir as ideias avançadas de Dona Maria II e contribuir para catapultar Portugal, para o século XXI d.C., dando o BOM exemplo, considerando as touradas “um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas”.
A Dona Isabel de Herédia não terá divertimentos mais civilizados para frequentar em Lisboa?
Lisboa NÃO tem uma Casa Da Ópera, mas tem um campo pequeno, onde se torturam Touros, animais sencientes, para divertir gente sem um pingo de empatia, gente sádica, gente sem ética.
A imagem que aqui deixo é absolutamente DEPRIMENTE, e diz do atraso civilizacional em que Portugal ainda está mergulhado, com uma capital troglodita (Lisboa, quem diria!!!!), e uma família real que ainda não saiu da Idade Média, uma vez que sabemos que a origem das touradas remonta à época medieval, em Espanha, havendo registos desses eventos trogloditas no século XII, normalmente para comemorações das família reais.
Mas essa época ficou muito lá para trás. Na Espanha, cada vez mais, as touradas são rejeitadas. Em Portugal, o público escasseia, tendo-se andado por aí a torturar Touros para cadeiras vazias.
Mas em São Bento, onde a LUZ da civilização não consegue entrar, predominam as trevas, e a esmagadora maioria dos deputados da Nação celebra com os membros da família real portuguesa a barbárie de origem espanhola, que se implantou em Portugal, com um rei que se divertia a ver arder pessoas nas fogueiras da Inquisição.
Quanta miséria moral, social e cultural para aqui vai!!!!!!
Isabel A. Ferreira
A propósito do título desta publicação, recebi do Zé Onofre o seguinte comentário:
Zé Onofre comentou o post Portugal, actualmente, existe apenas no que fomos capazes de dar ao Mundo, e na lembrança dos Povos aos quais deixámos um Novo Mundo às 17:55, 09/03/2021 :
Quando falamos do passado, temos que o ver à luz do seu tempo. É um principio que todos devemos ter em consideração quando o analisamos. Porém não podemos glorificar uns feitos e esquecer outros. É verdade que desbravamos a Costa de África, o que é um feito para celebrar. Contudo se celebramos essa gloriosa façanha, não podemos esquecer que daí resultou o maior tráfico de seres humanos. Calma. Sei que o pensamento da época não condenava esse tráfico. Mas se hoje nos orgulhamos dos feitos dos portugueses pelos oceanos do Mundo, também devemos concordar que, se aos olhares daquele tempo a compra e venda de escravos não era criticável, hoje, sem diabolizar os esclavagistas, devemos reconhecer que essa é uma nódoa caída na aventura das viagens atlânticas e por outros oceanos. Assim como o Vaticano tem pedido perdão, por aquilo que ao tempo era a razoável, também não nos ficaria mal, antes pelo contrário, pedir perdão pelo mal que fizemos, pensando que naqueles tempos não o era, mas que se mostrou nefasto Alexandre Herculano, no romance o Bobo, cuja acção se situa nos primeiros tempos de Portugal, descreve uma tourada, e não critica o facto de se realizarem touradas, Mas no final da descrição salta para o seu séc. XIX, e diz assim: «Tal era aforma primitiva e singela de um espectáculo de eras bárbaras, que a civilização, desenvolvendo-se alguns séculos, ainda não pôde desterrar da Península.» Assim nós neste tempo, passados 600 anos da Saga pelos mares, começada em Ceuta em 1415, não podemos olhar para ela com saudosismos, mas que são factos que não se repetirão. Foram, mas já não são. Olhemos com respeito para o passado o que não quer dizer que diabolizemos quem, de acordo com os novos tempos, pôs fim a um império que apodrecia. E se os povos que nós colonizamos olham para nós com uma censura não devemos estranhar. Os Castelhanos foram corridos de Portugal em 1640, e ainda sentimos mágoa deles. Zé Onofre PS. Se, antes de aprovar este comentário, que sinceramente tentei manter dentro do civismo e boa educação, me quer conhecer melhor procure no Blog "Das Eras" o que tenho vindo a escrever.
Respondi, o seguinte, ao Zé Onofre:
A quem deverão os Romanos hodiernos pedir perdão?
Fonte da imagem: https://pt.slideshare.net/JooNachtigall/escravido-na-roma-antiga (Sugiro que cliquem neste link).
Caro Zé Onofre, vou esmiuçar o seu comentário, porque, parece-me, mistura alhos com bugalhos, e olha para a História com olhos apenas de olhar.
1 – O passado deve ser visto à luz do passado. Com todos os seus defeitos e virtudes. Ponto. O Império Português não foi pior nem melhor do que todos os outros Impérios. Foi simplesmente um império igual a todos os impérios, com as suas grandezas e também com as suas baixezas, de acordo com o pensar da época.
2 – É NORMAL glorificar os grandes feitos.
3 – NÃO é normal esquecer as baixezas cometidas. E os seres pensantes não as esquecem. Obviamente.
4 – É verdade que desbravamos a Costa de África, o que é um feito para celebrar. E celebramos não só esta como todas as outras façanhas maiores.
5 – Não, ninguém esquece a nódoa negra que foi o tráfico de africanos, que os próprios africanos traficavam, roubando-os às tribos rivais, e depois vendendo-os aos brancos, que pela costa africana iam passando. NÃO SÓ portugueses, mas também Ingleses, Franceses, Holandeses, Castelhanos. Nunca esquecer isto.
Tal tráfico era NORMAL, naquela época, até porque era tido como certo que os pretos não tinham alma, os escravos não tinham alma, as mulheres brancas e as crianças brancas também não tinham alma, e tudo isto era NORMAL naquela época.
Não esquecer também que AINDA HOJE, século XXI d. C. o tráfico de seres humanos está ACTIVO, passa por Portugal, e quem se importa? É que os mortos (todos os mortos do passado) não falam, mas os VIVOS podem falar e muito… Também não esquecer isto.
6 – A escravatura SEMPRE existiu, desde que o Homo é Homo Sapiens. E o pior é que ainda existe escravatura. A escravatura SEMPRE foi condenável, e foi condenada por todos os seres empáticos, de todas as épocas históricas da Humanidade. É só ESTUDAR a História da Escravatura, para sabermos que os Portugueses traficaram escravos, foram maus, mas não foram os mais bárbaros, dentre os muitos povos que traficaram escravos de todas as “raças” e cores: branca, amarela, preta, vermelha…
7 – A escravatura é, de facto, UMA das muitas nódoas negras de TODOS os impérios que existiram em TODAS as épocas.
8 – Ninguém, com um neurónio a funcionar, olha para as nódoas negras do PASSADO com saudosismo. Ninguém. Com saudosismo poderemos olhar para o que já fomos, e já não somos. Já fomos um povo ousado, que deu novos mundos ao mundo, e fez avançar a Humanidade, levando SABER aos lugares mais remotos do mundo. E é isto que devemos celebrar. E é isto que esses povos AINDA celebram, apesar de todos os pesares.
9 – Ninguém, com um neurónio a funcionar, esquece o lado negro das Descobertas portuguesas. Temos de olhar para esse lado negro e aceitá-lo tal como ele existiu, por ser preceito da época, e não tal como desejaríamos que ele tivesse existido. O passado negro deveria ter ficado no passado, mas não ficou. Deveríamos ter aprendido com o que fizemos de mau, para não o repetir. É essa a função de ACEITAR o passado tal qual ele foi, com as suas coisas boas e com as suas coisas más. E o que é que se anda a fazer? Pretende-se APAGAR esse passado, como se ele nunca tivesse existido. E tal atitude só diz da mediocridade, da mesquinhez e da ignorância dos que querem pedir PERDÃO por algo que existiu, porque fazia parte dos valores daquela época, mas está se a cair nos mesmos erros desse passado.
10 – Os homens de hoje deveriam pedir perdão às mulheres, porque houve tempos em que as consideravam criaturas sem alma? A mim, não me faz mínima diferença, porque SEI que tenho alma. Podemos pedir perdão aos MORTOS, porque só a eles o perdão é devido. É falacioso e demagógico andar a pedir perdão aos vivos, quando foram os que já morreram as principais vítimas desse passado ignominioso.
11 – Temos de olhar para o passado com olhos de VER, e com SABER. Ninguém diaboliza ninguém. Isso é ver a questão com preconceito. Os povos que nós colonizámos, se nos olham com censura, caem no mesmo erro. Fomos NÓS, os do século XXI d. C. que os colonizámos? NÃO fomos.
Essa de dizer que «os Castelhanos foram corridos de Portugal em 1640, e AINDA sentimos mágoa deles» é de uma tristeza infinita... QUEM é que AINDA sente mágoa de QUEM? De Filipe VI? De Pedro Sánchez? Do General Franco? Do actual povo espanhol, que nada teve a ver com a arremetida Filipina dos séculos XVI/XVII?
Portugal existe, graças a muitos homens e mulheres que, com grande coragem, muitos sacrifícios e um enorme AMOR à PÁTRIA (algo que os actuais governantes e gente quejanda NÃO TÊM, porque andam a servir os interesses dos estrangeiros, que lhes dão mais “vantagens”), mantiveram intacta a chama da nossa IDENTIDADE de Povo Livre. Já fomos grandes.
Hoje, não passamos de um pequeno País, que anda a arrastar-se por aí, sem brio, sempre na cauda do mundo, com um punhado de gente dentro a tentar destruir a sua Cultura, a sua História, a sua Língua, a sua Identidade, a sua Liberdade, adquirida num 25 de Abril que ainda não se cumpriu completamente, porque vivemos numa ditadura disfarçada de “democracia”.
A História segue o seu rumo de acordo com as ATITUDES dos seus protagonistas. O “pedaço” da História que Portugal está a viver, actualmente, será julgado pelo FUTURO, e, pelo que a História da Humanidade nos diz, NENHUM dos actuais protagonistas será poupado ao mau juízo que os vindouros deles farão.
Destrua-se a ponte, que já foi “Salazar” e hoje é “25 de Abril”. Aquela não foi uma obra do ditador? Atirem-se abaixo os palácios de São Bento e de Belém, e todos os monumentos construídos com o ouro que vinha do Brasil-colónia (e não do Brasil pós-1822). Não nos lembra a monarquia, tão odiada pelos republicanos?
Seja-se racional, pelo menos uma vez na vida, para não se cair no ridículo e ficar para a História como a geração mais inculta de toda a nossa História.
***
Zé Onofre, fui ao seu Blogue. O que escreve combina com este comentário que me enviou. Tem toda a liberdade de olhar para a História com esses seus olhos de OLHAR. Mas a História deve ser olhada com olhos de VER.
Como deve ter reparado, também eu tentei responder-lhe com civismo e boa educação. Obrigada.
Isabel A. Ferreira
Magnífico poema, em vernáculo, como eles, os tais, os anafados, os eleitos merecem.
Uma voz que grita o sentimento e o cansaço de todo um povo, e o meu sentimento e o meu cansaço também.
Obrigada, António Manuel Ribeiro.
(Vídeo Oficial)
«Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas, a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos.
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica.
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses idiotas que se sentam frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre os esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só -- sufoca.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem além
Da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!
Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manípulas na água benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia politicamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de São Bento
O guião escrito é seguido pelas sombras vigentes.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os borregos, as ovelhas e os cabrões seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse -- e não toca
A não ser quando o cinto aperta
Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes conhecem-vos pela coragem e pela devoção na gritaria do futebol a três cores
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos inflamados sem tutano.
Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.
Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a ementa e o somatório erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública!
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta de um hospital.
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio a uma taxa moderada pela putibor.
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira...
Eleitos, cuidem da oratória..."
Letra e música: António Manuel Ribeiro
Os restantes partidos foram contra.
Portugal segue de marcha-atrás.
E ainda dizem que São Bento é a Casa da Democracia!
E mataram um rei e um príncipe para acabar com o Poder a dois tempos, e implantaram a República, para continuarmos com o Poder a dois tempos e um só objectivo: arruinar Portugal.
Envergonho-me desta política e destes políticos de trazer por casa.
Isabel A. Ferreira
Foto: António Cotrim/Lusa
«Querem datas giras para duvidar da validade do Acordo Ortográfico? Aqui vão algumas» (Nuno Pacheco)
Burlaram os Portugueses!
Afinal, sempre foi verdade que o Acordo Ortográfico de 1990 NÃO ENTROU em vigor a nível internacional, em 1 de Janeiro de 2007. Nunca esteve em vigor em parte alguma.
Esperemos que esta bomba exploda e faça muita mossa, e que todos os que contribuíram para esta FRAUDE sejam penalizados, e todos os outros, os que, cegamente, foram cúmplices desta BURLA, esfreguem a cara com lama, para não serem reconhecidos.
E depois disto, que se devolva a Portugal a Grafia Portuguesa, a de 1945, afinal, a que sempre esteve em vigor, que, não sendo perfeita, ao menos não é manca.
Eu, pessoalmente, felicito o Nuno Pacheco, por esta excelente investigação jornalística, que atira por terra o AO90.
Texto de Nuno Pacheco
«Querem datas giras para duvidar da validade do Acordo Ortográfico? Aqui vão algumas
Se Portugal só ratificou o Segundo Protocolo em Maio de 2009; se de São Tomé não se conhece registo de tal ratificação; e se Cabo Verde, em Dezembro de 2009, ainda ia notificar dela o MNE, como é possível afirmar que o AO “entrou em vigor, a nível internacional, em 1 de Janeiro de 2007”?
Invocando a Lei de Imprensa, quis o Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) rectificar duas afirmações por mim feitas na crónica “O acordo ortográfico ainda é uma caixinha de surpresas” (25/7/2019): a primeira é que, na verdade, já respondera ao deputado José Carlos Barros (PSD); a segunda é que, no pedido que o deputado lhe endereçara, solicitando acesso aos instrumentos de ratificação do Acordo Ortográfico (AO) depositados no MNE, este não se tinha identificado como coordenador e relator do Grupo de Trabalho para a Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990. É verdade, tem razão nas duas! A resposta foi enviada (embora nem o deputado soubesse dela, quando lho perguntei) e ele, na verdade, identificara-se “apenas” como deputado. Mas teria feito alguma diferença para a resposta dada? Que os documentos solicitados não poderiam ser mostrados porque (escreveu o ministro) “detêm natureza de documento diplomático e, por isso, constituem documentos de acesso legalmente restrito”? Na verdade, o deputado podia até intitular-se ministro plenipotenciário da Santa Sé, que nada obteria dos cofres sagrados da diplomacia.
Mas sagrados porquê? Terão os instrumentos de ratificação do AO algo secreto, como dados sobre segurança interna, defesa, estratégias a adoptar em casa de invasões ou guerras? Não, teoricamente falam apenas de ortografia. Então porquê tanto segredo? Talvez isto ajude: o deputado enviou o seu pedido, pelos trâmites legais, a 16 de Junho; o ministro, também pela mesma via, despachou a resposta no dia 18 de Julho. Aliás, nem foi bem ele, a resposta vinha assinada pela sua chefe de gabinete e nem foi enviada directamente ao deputado, mas sim à chefe de gabinete do Secretário de Estado Adjunto dos Assuntos Parlamentares. Parece que tem de ser assim, lá por São Bento, para tornar as coisas mais rápidas. Demorou, tudo isto, um mês e dois dias. Mas para responder ao PÚBLICO, o MNE já demorou… menos de 24 horas. E nem recorreu a chefes de gabinete, assinou ele próprio o documento. O que justifica tal pressa? Talvez irritação. O kaiser do Acordo Ortográfico, como lhe chamei e repito, já não deve poder aturar os que constantemente lhe pedem que o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros seja claro e transparente, para que não o acusem de omitir dados.
Mas tem bom remédio, o bem-amado kaiser: exiba os comprovativos. E tente justificar as datas que adiantou ao PÚBLICO, como antes fizera ao deputado. Mas vamos a elas. Para o Acordo Ortográfico entrar em vigor era necessário, de início, o depósito dos “instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa” (no MNE). Em 1990 previa-se que entrasse em vigor em 1994. Não entrou, e isso levou a dois protocolos modificativos, assinados respectivamente em 1998 e 2004, o primeiro dispensando a mirífica data e o segundo reduzindo para três o número de estados necessários para a validação. Só que cada um destes documentos precisava, como é óbvio, de ser não apenas validado pelos estados em causa como a prova dessas validações ser depositada oficialmente em Portugal.
O que escreveu o MNE, “para esclarecimento dos leitores interessados”? Que “Portugal procedeu ao depósito do seu instrumento de ratificação do Acordo Ortográfico a 30 de abril de 1996 e depositou o instrumento de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo a 13 de maio de 2009.” E o primeiro, ratificou-o quando? Ou esqueceu-se?
Cabo Verde, segundo o MNE, “depositou o seu instrumento de ratificação do Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa a 5 de dezembro de 2006 e procedeu ao depósito do instrumento de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo a 12 de junho de 2006.” [sic] Tem isto nexo, entregar o primeiro instrumento do Segundo Protocolo (em Junho) e só depois, passados seis meses, o do primeiro protocolo (em Dezembro)? Além disso, não se refere a data do depósito de ratificação do próprio AO, que Cabo Verde terá aprovado internamente pelo decreto-lei 26/91, de 1 de Abril de 1991. Quando terá sido? Nesse mesmo ano? Muito mais tarde? Era importante saber. Mas em relação a este país ainda há outra coisa, bem mais absurda. No Boletim Oficial da República de Cabo Verde n.º 22, de 30 de Maio de 2005, foram publicados dois decretos, ambos com a data de 30/5, um aprovando o primeiro protocolo (4/2005) e outro o segundo (5/2005), para entrarem ambos em vigor “no dia seguinte ao da sua publicação”, ou seja, a 31 de Maio. Isto faria sentido se três anos e meio mais tarde não surgisse, publicado também Boletim Oficial da República de Cabo Verde, no n.º 47 de 14 de Dezembro de 2009, um outro decreto, o n.º 10/2009, onde se dizia: “considerando que o Acordo entrou em vigor, a nível internacional, em 1 de Janeiro de 2007” e “tendo em conta que, de entre outros aspectos, o protocolo [não diz qual, embora refira no preâmbulo ambos, o primeiro e o segundo] já entrou em execução no Brasil (desde Janeiro de 2009), o Conselho de Ministros determinou que em Cabo Verde a entrada em execução do referido Acordo Ortográfico seja em Outubro de 2009.” Pasme-se: em 14 de Dezembro determina-se que uma coisa entre em vigor dois meses e meio antes!
Página do Boletim Oficial da República de Cabo Verde n.º 47, de 14 de Dezembro de 2009
Não é exclusivo de Cabo Verde, esta “viagem no tempo”. Já em Outubro de 2010, o tradutor João Roque Dias reproduzira no Facebook o Aviso n.º 255/2010 do MNE português, que o governo fizera publicar no Diário da República n.º 182 (de 17 de Setembro de 2010), onde se informava que o Acordo Ortográfico tinha entrado em vigor em Portugal em 13 de Maio de 2009 (data, diziam, do “depósito do respectivo instrumento de ratificação”). Ou seja, como comentou à data João Roque Dias: “1 ano, 4 meses e 4 dias ANTES”. Será isto normal?!
Mas voltando a Cabo Verde. É curioso que, garantindo o MNE que este país “procedeu ao depósito do instrumento de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo a 12 de junho de 2006”, o artigo 3.º do decreto n.º 10/2009, de 14 de Dezembro de 2009, diga isto: “O Governo de Cabo Verde deve, com a urgência possível, notificar o Ministério dos Negócios Estrangeiros da República de Portugal, sobre a aprovação do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e a entrada em execução e em vigor desse mesmo instrumento normativo.” Vejam: em Dezembro, Cabo Verde garantia que “a entrada em execução seja em Outubro” (primeira viagem no tempo); e depois, dizia que “deve, com a urgência possível”, notificar o MNE de um depósito que este diz ter recebido três anos antes (segunda viagem no tempo, ou um bom capítulo para uma qualquer Guerra das Estrelas).
Mas porquê a data de 12 de Junho de 2006? Fácil. Porque é essa data que o MNE dá para o depósito, por parte do Brasil, do “instrumento de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo a 12 de junho de 2006”. Conclusão: numa miraculosa conjugação de estrelas, Brasil e Cabo Verde entregaram a mesma ratificação no mesmo dia e ao mesmo tempo! Só é pena que Cabo Verde se tenha lembrado, três anos e meio mais tarde, e ainda por cima num decreto publicado, que precisava avisar o MNE português de que ainda lhe faltava fazê-lo…
Página do Diário da República de São Tomé e Príncipe n.º 48, de 29 de Dezembro de 2006
Resta São Tomé e Príncipe, para completar o quarteto onde assenta o malfadado acordo. O que diz o MNE? “No que diz respeito a São Tomé e Príncipe, este depositou o instrumento de ratificação do Acordo Ortográfico, do Protocolo Modificativo e do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo a 6 de dezembro de 2006.” Tudo ao mesmo tempo? Vejamos: há, de facto, uma resolução publicada no Diário da República de São Tomé e Príncipe n.º 48, mas de 29 de Dezembro de 2006. Ou seja, posterior à data avançada pelo ministro. Mas essa Resolução, n.º 04/VIII/06, aprovada na Assembleia Nacional em 29 de Junho de 2006, refere-se apenas ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (“cujo texto faz parte integrante da presente Resolução”), omitindo qualquer dos protocolos que o modificaram. E não há registo de nenhuma resolução ou decreto posterior, no diário oficial são-tomense, que se lhes refira.
Finalizando (por agora): se Portugal só ratificou o Segundo Protocolo em 2009, a 13 de Maio (data célebre, não devido à ortografia mas a Fátima); se de São Tomé não se conhece registo de que tal protocolo tenha sido mesmo ratificado; e se Cabo Verde, em Dezembro de 2009, ainda estava a pensar notificar o MNE, “com a urgência possível”, da sua ratificação interna, como é possível afirmar (como se lê em notas, avisos e decretos) que o AO “entrou em vigor, a nível internacional, em 1 de Janeiro de 2007”? Não era altura de tais documentos serem mostrados a uma alta instituição, independente e idónea (talvez a Presidência da República ou a Provedoria de Justiça), para deslindar, seriamente, esta monumental trapalhada?
P.S.:Foi feita uma actualização, com acréscimo de texto, no 5.º parágrafo, às 12h22 do dia 8 de Agosto.
Tenho conhecimento de que são muitos os Portugueses (eu incluída) que, indignados com a imposição ilegal e inconstitucional do AO90 a Portugal, escrevem a Marcelo Rebelo de Sousa, a solicitarem uma explicação racional para esta fraude, que está a destruir a Língua Portuguesa, substituindo-a pelo dialecto, na sua forma grafada, de uma ex-colónia.
Também tenho conhecimento de que o senhor presidente da República não responde aos Portugueses (eu incluída) sobre esta matéria, falhando aqui um dos princípios do Estado de Direito e da Democracia, que todos supomos que Portugal seja, para não falar da falta de delicadeza para com os cidadãos que ao presidente de TODOS (?) os portugueses se dirigem.
Será por que isto não aparece nas televisões?
Não parece que Sua Excelência está a dizer-nos: «Não vos ouço!»?
Origem da imagem:
Feito este preâmbulo, direi ao que venho.
Perguntou-me um cidadão português, meu amigo, ex-funcionário internacional do sistema intergovernamental das Nações Unidas, se não me importava de publicar, no meu Blogue, a carta que ele escreveu a Marcelo Rebelo de Sousa, no dia 08 de Maio de 2018, sobre a matéria em causa, e até agora não obteve resposta alguma. Nem sequer a acusar a sua “receção” como soe escrever-se ali para os lados de Belém e São Bento.
No estrangeiro (na Europa) todas as cartas merecem resposta.
Em Portugal, todas as cartas têm de ser publicadas para que se saiba que os Portugueses são tratados, pelos seus governantes, com indiferença, falta de respeito e abaixo de cão.
Portanto, acedi ao pedido do meu amigo, e aqui apresento aos leitores a carta que o presidente da República Portuguesa, (sem Vossa Excelência, da minha parte) não se dignou a responder, ao cidadão Francisco João DA SILVA.
OBS: O autor da carta ao PR, faz uma referência a um referendo, contudo, um referendo sobre o AO90, que os Portugueses, que não pertencem à fatia instruída, nem sabem o que é, seria um desastre. Ou a pergunta do referendo teria de ser directa e clara, para que todos pudessem entender: «Querem REJEITAR a escrita à portuguesa, e começar a escrever à brasileira?», ou o referendo redundaria naquilo que os actuais governantes pretendem: que Portugal escreva à brasileira. A maioria dos Portugueses não sai à rua para escolher os que querem que os governem (a abstenção é elevadíssima, de há uns anos a esta parte), muito menos sairiam, para se manifestarem acerca da Língua de Portugal. Se estivessem interessados nesta matéria, não seria preciso referendo, já tinham saído às ruas a manifestarem-se contra esta aberração chamada AO90, inclusive a prestigiada elite intelectual portuguesa.
Isabel A. Ferreira
***
«NOTA INTRODUTÓRIA
Carta endereçada ao Chefe de Estado
A resolução RCM 8/2011, de 25 de Janeiro do governo de José SÓCRATES, usurpou na prática, poderes que não tinha e VIOLOU GROSSEIRAMENTE a Constituição da República Portuguesa (CRP), ao impor ilegal e inconstitucionalmente um pseudo acordo ortográfico, ou seja um dialecto estatal praticado apenas em Portugal e pomposamente chamado “Acordo Ortográfico da Língua Oficial Portuguesa” , assinado a 15 de Novembro de 1990, e que não foi ratificado pelos 7 países de Língua Oficial Portuguesa , como o exige o artigo 9, alínea 1 [ Adopção do texto ] pelo “ consentimento de todos os Estados participantes” (dita Regra da Unanimidade), da Convenção de Viena de 23 de Maio de 1969, da qual Portugal é um país signatário (resolução da Assembleia da República nº 67/2003). Esta Convenção rege o Direito Internacional dos Tratados. Por conseguinte o Acordo Ortográfico (AO1990) não está em vigor, nem na Ordem Jurídica Internacional, nem na Ordem Jurídica Nacional (de acordo com o nº 2 do artigo 8º da CRP) e consequentemente, em nenhum País de Língua Oficial Portuguesa.
À atenção pessoal do Chefe de Estado
Professor Marcelo REBELO de SOUSA
Palácio Nacional de Belém
Praça Afonso de Albuquerque
LISBOA - Portugal
8 de Maio de 2018
Ex. mo Senhor Presidente da República Portuguesa,
Venho pelo presente correio electrónico levar ao conhecimento de Vossa Excelência, a situação de caos ortográfico em Portugal, de descalabro , nacional e internacional, e da destruição da [Matriz] da Língua Portuguesa, unicamente por causa da violação da Constituição da República Portuguesa (CRP), por um ex-governante, que usurpou poderes que não tinha e que não lhe são reconhecidos por essa mesma Constituição, que compete a Vossa Excelência proteger e defender . É uma regra fundamental num Estado de Direito Europeu. Faz parte das funções do cargo que Vossa Excelência ocupa, e que o Povo Português lhe confiou, e de onde decorre igualmente a legitimidade do Presidente da República Portuguesa.
Por outro lado a Constituição actual (CRP) impõe aos governos portugueses o “dever imperativo de defender a língua e fomentá-la” . E o que fez o governo de José Sócrates ? Exactamente o oposto! Porquê?
Esse governante foi José SÓCRATES, de quem se fala muito actualmente, e não é pelas melhores razões, como é sabido. Muito pelo contrário.
Com efeito, José Sócrates levou o País à bancarrota, e através da Resolução em Conselho de Ministros (RCM Nº 8/2011), fê-lo igualmente no que diz respeito [à tentativa ainda em curso] de destruição do Património Imaterial de Portugal , tal como definido pela relevante Convenção da UNESCO, e do qual a Língua Portuguesa é parte essencial.
Fê-lo, como um capataz antigo de estradas, ou um senhor feudal numa roça tropical ao “mandar” aplicar , ilegal e inconstitucionalmente , uma ortografia estrangeira, que nem os brasileiros utilizam. E que eles próprios rejeitam.
Sublinho estrangeira, porque a língua oficial da República Portuguesa é o Português culto e europeu, língua na qual a própria Constituição está escrita (Cf. artigo 11º, nº 3 ; alínea i) do artigo 74º ; e artigo 9º da CRP ).
O Português culto e europeu é igualmente a língua oficial , inter alia, de Angola, Moçambique, estando ipso facto, protegido de arremetidas com teor financeiro, como sucedeu em Portugal. Cabo Verde rejeitou portanto o dialeCto estatal (AO1990), mas igualmente o português culto e europeu, visto que proclamou o crioulo Cabo-Verdiano, a sua língua oficial. Este acto soberano de Cabo Verde tem um nome, uma grande bofetada dada naqueles que traíram a Pátria e a língua [de Fernando Pessoa].
Como Professor Catedrático de Direito, e como Presidente da República Portuguesa, Vossa Excelência não me parece ter tirado, pelo menos até hoje, as conclusões jurídicas que se impõem, em termos de Direito Internacional, tal como previstas na Convenção de Viena que rege o Direito dos Tratados e da qual Portugal é um País signatário (resolução da Assembleia da República nº 67/2003).
Pelo simples facto de que Cabo Verde, não é mais País signatário (dos 3 iniciais) desse Tratado Internacional, como o é o pseudo “acordo ortográfico “ (pelas razões supra-indicadas; desconheço, no entanto, se já depositou junto do MNE o instrumento relevante), tornou esse Tratado Internacional caduco. Já antes o AO1990 não vigorava, nas ordens jurídicas internacional e nacional, e essa decisão soberana de Cabo Verde foi mais uma “machadada” que veio reforçar de sobremaneira, a sua caducidade .
A Convenção de Viena estabelece inequivocamente a Regra da Unanimidade (artigo 9, alínea 1 ) que foi violada escandalosamente , através do 2º Protocolo Modificativo em 2004. Isto depois de duas rectificações extemporâneas e portanto ilegais terem falhado, assim como o 1º Protocolo Modificativo, em 1998. Isto foi apelidado, e muito justamente, por juristas competentes “ de trapalhada jurídica ou pseudo-jurídica” . Aí temos, mais uma razão pela qual uma certa classe política ridiculizou a Nação Portuguesa. Quem escamota isto ? E porque é que se escondem estes factos importantes ao conhecimento do Povo Português?
Portugal, ao não ter respeitado essa Regra da Unanimidade da Convenção de Viena, não honrou a sua palavra. A imagem internacional de Portugal ficou portanto maculada, no concerto das Nações e dos Estados de Direito Democrático. Isto é sabido ( duma já grande minoria de portugueses ) e comentado, incluindo no estrangeiro (em círculos até diplomáticos, universitários, de professores em geral, de juristas, etc.), em termos pouco lisonjeiros para a Nação Portuguesa , mas que é a consequência directa do egoísmo e da incompetência de uma determinada classe política em Portugal.
Vossa Excelência está ao corrente disto? Ou escondem-lhe estas verdades “inconvenientes”?
Dado este descalabro, uma verdadeira tragédia para a Língua Portuguesa, eu sinto-me muito envergonhado, como português, residente actualmente no estrangeiro, quando amigos, de nacionalidade estrangeira, colegas, ex-colegas, jornalistas, etc. me interrogam com ironia (alguns deles até troçando de nós portugueses, o que parece ser uma certa forma de “SCHADENFREUDE” sobre esta situação deveras muito feia e que nenhum outro país no Mundo, até à data, levou a cabo, ou seja a destruição, por razões político-financeiras (utilizo um termo deveras elegante - o que aliás até já ficou provado em Tribunal, por Paulo de Morais, como Vossa Excelência deve saber), do seu próprio Património Imaterial e da Matriz da sua Língua Oficial.
Vários países fizeram alguns “melhoramentos” ou “ reformas ortográficas”, mas sem contudo abrirem esta CAIXA de PANDORA, como o fez irresponsavelmente uma certa classe política em Portugal ( e no Brasil, que terá até maiores culpas no cartório).
Esses países levaram sempre em conta os pareceres de pessoas e de organismos competentes, e jamais impuseram autoritariamente, ou pior ainda, através dum simples despacho normativo autónomo, como o é a RCM 8/2011, do governo do altamente tóxico José Sócrates, que violou escandalosamente a Constituição da República Portuguesa (CRP).
Nem os Castelhanos, nem os Franceses, nem os Austríacos, nem os Alemães, nem os Suíços, etc. E muito menos os Ingleses que sempre souberam preservar o seu “ BRITISH ENGLISH ”. Há aproximadamente 37 variantes da Matriz da Língua Inglesa, o que apenas a enriqueceu e a valorizou. Nenhum outro país pensou ou quis unificar a grafia das respectivas variantes. Apenas Portugal e o Brasil se lançaram várias vezes nesse tipo de “Missão Impossível”.
Somente Portugal e o Brasil mexem, a cada geração, de maneira linguisticamente desastrosa e politicamente calamitosa, na Matriz da Língua Portuguesa, como está claramente à vista. Porquê?
Já ouvi alguém no estrangeiro chamar-lhe uma “Tara Luso-Brasileira” . Os políticos, que vaidosamente mexem na língua, fazem-me lembrar aquele provérbio dum célebre filósofo, salvo erro APELES que dizia: “ Não vá o sapateiro além da chinela” ao ouvir os comentários sobre uma pintura sua (que expôs propositadamente à sua porta) do Sapateiro que deu votos sobre a perna de uma figura principal da pintura, não se limitando a opinar sobre o que conhecia, ou seja a chinela!
Senhor Presidente da República, é ou não é vergonhoso, isso tudo, para nós todos?
A maioria do Povo Português foi ludibriada, mais uma vez, por políticos egoístas e que tentaram ir atabalhoadamente muito além da chinela, e que serão responsabilizados, mais tarde ou mais cedo, perante a História.
Excelência, ajude-me a compreender, como é que é possível, que uma manipulação destas dure há já 7 anos, num Estado de Direito Europeu, sem ser denunciada, desmascarada, pelas forças vivas da Nação Portuguesa?
Será que os interesses instalados são assim tão fortes e poderosos, para aparentemente conseguirem paralisar a acção dos governantes eleitos pelo Povo Português ? Os governantes devem pautar os seus actos sempre em prol do interesse público e não privado, segundo o que é universalmente reconhecido. Será, ou não, aqui o caso também?
Na minha simples e humilde opinião, isto é pior do que uma “FAKE NEW” , é um descalabro total para Portugal, um pequeno País, sim, mas que “DEU NOVOS MUNDOS ao MUNDO”, e que parece agora ter sido despojado vergonhosamente (por um determinado tipo de políticos profissionais egoístas e incompetentes nesta matéria) , do que esta Nação Valorosa contruiu ao longo de Séculos, isto é, a sua Identidade Nacional, a sua Língua , a sua Cultura, que são atributos imprescindíveis à sua coesão, hoje, e ainda mais , no futuro.
Vive-se actualmente, em Portugal, numa ANARQUIA LINGUÍSTICA, num CAOS ORTOGRÁFICO.
Excelência, se o pseudo acordo (AO1990) não for revogado e rapidamente, este caos ortográfico pode transformar-se numa “gangrena” linguística, que já está a provocar uma fractura na Identidade Nacional, e a ser causa de crescente iliteracia, em publicações oficiais e privadas. O AO1990 é uma máquina infernal para fabricar a próxima geração de “analfabetos”! É um vírus linguístico, um autêntico Frankenstein linguístico, uma “gangrena”!
Esta “gangrena” será então transmitida às gerações futuras como uma herança, demasiado pesada para os vindouros, pois o PORTUGUÊS CULTO e EUROPEU SERÁ ELIMINADO, a nível nacional, internacional, nas Instâncias Internacionais, nas Universidades estrangeiras , nas redes sociais, nos motores de pesquisa, etc. etc. etc. (este processo já está em curso ) e subsistirá apenas o português AFRICANO (o de ANGOLA e o de MOÇAMBIQUE), que será por sua vez, suplantado de maneira nada elegante pela LÍNGUA BRASILEIRA, a qual pertence unicamente ao Brasil e jamais a Portugal!
Já vai sendo tempo de o Brasil se assumir plenamente e de escolher a sua própria língua, para a qual até já existiram Dicionários da Língua Brasileira. Relembro que foi em Portugal que se originou a MATRIZ, da Língua Portuguesa, e não no Brasil.
A Língua Oficial da República Portuguesa é, e continuará a ser, o PORTUGUÊS CULTO e EUROPEU, enquanto o Decreto-Lei Nº 35.228 de 8 de Dezembro de 1945, que aprovou o acordo assinado a 10 de Agosto de 1945, designado por Convenção Ortográfica Luso-Brasileira, não tiver sido revogado e substituído por outro Decreto-Lei.
Neste caso a substituição da Língua Oficial da República Portuguesa, pela Língua Brasileira, pelo menos num Estado de Direito:
(1) terá de ser submetida por REFERENDO ao Povo Português, de onde deriva toda a LEGITIMIDADE dos governantes; [ver OBS: na introdução da autora do Blogue]
(2) ou então será necessária uma REVISÃO CONSTITUCIONAL para mudar [eliminar] o português culto e europeu da Constituição .
Achei pertinente relembrar estes factos fundamentais em Direito Constitucional, e submetê-los ao exame aprofundado de Vossa Excelência, como Chefe de Estado e igualmente como Professor Catedrático de Direito, com o objectivo de conhecer a posição OFICIAL do Presidente da República Portuguesa.
E fazer também estas simples perguntas: vai tudo continuar na mesma e durante quanto tempo mais? Não é assunto importante para a Nação?
Lamento, sinceramente, ter de dizer a Vossa Excelência, Chefe de Estado o seguinte: eu não me identifico com este Portugal, e muito menos com esse dialecto estatal. E decerto somos milhões na mesma situação, em Portugal.
Não quero continuar a sentir-me envergonhado e a ser humilhado pela ironia de nacionais de outros países, que dizem até que este CAOS ORTOGRÁFICO (que só prejudica a imagem de Portugal internacionalmente), ilustra uma certa forma de subdesenvolvimento, onde a vitalidade sempre necessária da Sociedade Civil, dos professores, dos juristas, dos advogados, em resumo as elites do país, fracassaram estrondosamente, ao aceitarem medrosamente este tipo de manipulação e de violação da nossa Constituição.
Excepção feita, e que deve ser louvada, de muitos escritores, jornalistas, jornais, revistas e Editoras, e aos milhões de portugueses , que recusaram dignamente submeter-se a um tal “ “DIKTAT” apenas imaginável numa Ditadura mas jamais num Estado de Direito Europeu. Aqui fica registada a minha homenagem e a minha sincera admiração.
Será que o medo (de represálias e da chantagem que continua a ser feita actualmente aos alunos e aos pais de alunos para serem forçados a aceitar o AO1990 e a terem de aprender, por conseguinte, um dialecto estrangeiro e que vêm desabafar publicamente no Facebook ) voltou a este país, como outrora durante a ditadura do Estado Novo?
Sebastião Póvoas, Vice-Presidente do Supremo Tribunal de Justiça declarou o seguinte (mas não é o único !):
Senhor Presidente da República, querer é poder !
E Vossa Excelência DETÉM O PODER de RESTAURAR a NOSSA LÍNGUA.
Contudo, devo afirmar, com todo o respeito que lhe é devido, o silêncio de Vossa Excelência, neste capítulo, é ensurdecedor. É incompreensível.
Lanço portanto um apelo a Vossa Excelência para que a Língua Portuguesa seja devolvida aos portugueses.
O Povo Português ficar-lhe-ia imensamente grato, e Vossa Excelência teria um lugar na História de Portugal, invejado pelos seus predecessores, e certamente será louvado pelos seus sucessores. Será portanto um digno sucessor de Dom João I e de Dom João IV, pois dos fracos não reza a História.
Subscrevo-me muito respeitosamente, com a máxima estima e consideração.
Bem-Haja!
Francisco João DA SILVA
E isto diz tudo do atraso de vida, do atraso civilizacional, do atraso mental daquele povinho.
Mas os piores deles todos são os do governo que se recusam a evoluir e dizem NÃO à Abolição das Touradas. Temos de correr com eles do Poder para fora, nas próximas eleições legislativas.
Uma arena de tortura de raiz, tão parecida com os “coliseus” romanos, onde se digladiavam homens e leões famintos!
Pois... Pardais é uma freguesia do concelho de Vila Viçosa, com 546 habitantes, e para satisfazer o sadismo de cerca de 250 pessoas, as que vão caber neste mini-antro, pretende-se construir uma minibancada, com dinheiros oriundos de um empréstimo de 60.000 Euros, a fazer à CGD, porque nem sequer verbas há para a construir.
Estão a contar que dali saiam mortos e feridos, pois também está prevista uma enfermaria que, para os Touros torturados, não é com toda a certeza, mas para a qual não se fala em verbas.
E ainda faltam os CURROS previstos na lei. Sem curros e uma sala para veterinários a prática selvática redunda em ilegal, contudo, o DESCARAMENTO e o conluio das autoridades com a tauromáfia é tal que passam por cima de todas as ilegalidades.
O Parlamento insiste em que se permitam estes costumes bárbaros. A IGAC valida estas práticas, apoiadas pelos dirigentes locais. E o Estado continua a fechar os olhos a tudo isto.
Coitado do povo que esbanja assim dinheiros públicos, numa obra para torturar seres vivos e satisfazer os maus instintos de tão pouquinha gentinha. E isto diz da pobreza moral, da pobreza de espírito, da pobreza cultural existente em Pardais. Mas não só. Tudo isto existe ali para as bandas de São Bento.
Refira-se que a 14 quilómetros de Pardais, em Vila Viçosa, existe um antro de tortura um pouco maior. Qualquer dia, de quilómetro a quilómetro, havemos de tropeçar em pracinhas de tortura, para satisfazer os maus instintos de populações atrasadas.
Em Pardais haverá um Centro Recreativo e Cultural? Ou um Cine-Teatro? Ou uma Biblioteca? Ou um Centro de Saúde? Ou um Lar de Idosos? Ou um Hospital?
Isto só num país quinto-mundista!
Fonte da imagem e da notícia:
https://protouro.wordpress.com/2018/09/12/pardais-vai-construir-uma-praca-de-touros/
Isabel A. Ferreira
Demita-se senhora directora.
Não tem competência para exercer um cargo cuja função é o DEVER de proteger as crianças.
Isto é coisa de um país terceiro-mundista, na sua essência. Um país que tem uma ou outra coisa de primeiro-mundo, mas a essência, aquela que é extravasada desde São Bento e Belém, é viscosa e repugnante.
Portugal não merece isto. E muitos menos as desprotegidas crianças de Monsaraz.
Este Touro foi morto ILEGALMENTE em Monsaraz, à frente de crianças.
Origem da imagem: http://www.theportugalnews.com/news/bull-killed-illegally-in-monsaraz/6517
Rosário Farmhouse, presidente da INÚTIL Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e ProteCção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) respondeu, de um modo inacreditável, inaceitável e condenável, à solicitação que lhe foi feita, inclusa neste link:
https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/a-abominavel-festa-em-honra-do-senhor-826195
Nota prévia:
A resposta veio grafada à brasileira, e como estamos em Portugal, e como esta grafia é ilegal no nosso País, e eu não pactuo com ilegalidades e inconstitucionalidades, marco-lhe os erros ortográficos a vermelho, como é da praxe escolar marcar. O que está em itálico, é da autoria da senhora Farmhouse. O que está a negrito é o que me apraz comentar acerca desta inconcebível resposta.
***
«Agradecemos o seu email sobre a denúncia da realização de atividades tauromáquicas, com menores, no âmbito das festas de Nosso Senhor Jesus dos Passos, em Monsaraz. Nesta sequência solicitou a esta Comissão Nacional que procedesse às diligências necessárias que levem ao cancelamento do espetáculo referido.
Contactada a organização das festas supra mencionadas e o Exmo. Senhor Vereador da Cultura, da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Dr. Jorge Nunes, somos a informar o seguinte:
Em Monsaraz não há vereador da CULTURA. Poderá haver um vereador da “COLTURA”, que caracteriza um povo que não evoluiu.
- Em face das questões colocadas, não temos dúvidas sobre a pertinência das mesmas e merecem, sempre, desta Comissão, a maior importância;
- Os encerros têm semelhanças com as largadas de touros, novilhadas e touradas à vara larga praticadas em Portugal;
Tudo práticas medievalescas, grosseiras, violentas, e desadequadas aos tempos modernos.
- Neste caso em concreto, não há o envolvimento de animais. É utilizada uma tourinha, que simula o touro ou novilho, conforme imagem infra apresentada e, também, conforme o cartaz mostra.
Não haver o envolvimento de um animal vivo, não muda o facto de se estar a incentivar as crianças a actos violentos, que não conduzem a uma educação para a harmonia entre os seres, e que tornarão essas crianças violentas e deformadas mentalmente, tal como o são os adultos que as incentivam à barbárie.
- Quanto à intervenção das crianças, o espetáculo pretende demonstrar o que os adultos fazem para que estas tenham a oportunidade de conhecer de perto o mundo da arte tauromáquica em que a simulação é a estratégia de motivação.
Quanto o que pretende este deplorável “espeCtáculo” é dar um péssimo exemplo da brutalidade, da boçalidade, da crueldade que os adultos deformados mentalmente exercem sobre um ser vivo, o que não vai, de todo, contribuir para o desenvolvimento normal e saudável das crianças. E chamar “arte” à selvajaria tauromáquica é distorcer o verdadeiro conceito de ARTE, que só a ignorância confunde. E a motivação é a mais cruel que se possa imaginar.
No caso em apreço não vemos que o superior interesse da criança esteja em risco.
Esta frase resume a total incompetência da senhora Farmhouse: se não consegue discernir o que é o superior interesse da criança então não está no cargo certo. DEMITA-SE, se faz favor, porque o superior interesse das crianças não passa apenas pela violência física, mas também pela violência psicológica, que é o caso.
Acreditamos que a comunidade de Monsaraz, representada pela organização das festas, pelo poder local e por cada um dos cidadãos, congregará esforços, recursos, perspetivas sociocomunitárias em prol das suas crianças e jovens.
Aqui a única perspeCtiva é atirar as crianças para uma selvajaria, que as transformará em adultos embrutecidos.
Assim, agradecemos as vossas preocupações que também são as nossas e tudo fazemos para o cabal cumprimento da Lei e estamos conscientes do seu articulado: A Comissão Nacional, nos termos do seu artº 13º, tem por missão contribuir para a planificação da intervenção do Estado e para a coordenação, acompanhamento e avaliação da ação dos organismos públicos e da comunidade na promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens.
Pois não tem nada que agradecer as nossas preocupações, que não são as preocupações do Estado português, que se está nas tintas para os direitos e proteCção dessas crianças. Temos de ir mais longe, se quisermos proteger as crianças que tiveram a desventura de nascer num antro tauromáquico, onde predomina a psicopatia e o sadismo.
A senhora Farmhouse LEU BEM o que escrevemos? Se leu, devemos concluir então que a senhora não está ao serviço das crianças, mas do lobby tauromáquico que, estrategicamente, coloca aficionados no lugares-chave da governação.
Apresentamos os nossos melhores cumprimentos e estamos ao dispor para qualquer esclarecimento adicional.
Cumprimentos,
Rosário Farmhouse
Presidente
Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens»
E andamos nós a pagar (à força) o salário a alguém que devia estar ao serviço dos Portugueses, e que seria imediatamente despedida, caso vivêssemos em DEMO KRACIA
A minha indignação é infinita.
Isabel A. Ferreira