Extraordinário filme, inspirado no livro "A História de Ferdinand", de Munro Leaf e Robert Lawson, que conta a história de um Touro, que não é mais do que um bovino, um herbívoro manso, um pacífico ruminante, que não nasceu para touradas. Nem pouco mais ou menos.
As críticas que os tauricidas fazem ao filme são a maior prova da grandeza do filme, que desmonta o mito de que o Touro nasceu para ser toureado.
António Lorca, um “crítico tauromáquico” espanhol escreveu no jornal “El País” um texto onde demonstra o MEDO da verdade que Ferdinando encerra e que criará nas crianças e adultos uma REPULSA por esta prática troglodita, e uma descomunal IGNORÂNCIA acerca do que é ser bovino.
Disse ele: “Ferdinando recusa o seu destino de touro bravo (como se o Touro fosse um animal feroz, um carnívoro que precisa da sua ferocidade para sobreviver!) como se a galinha pudesse renunciar a pôr ovos, o cão a andar em quatro patas ou o leão a perseguir e devorar um gnu (esqueceu-se o António Lorca que é da galinha pôr ovos, é do cão andar em quatro patas, é do leão perseguir e devorar gnus, e é do touro pastar pacificamente num prado). A mensagem do filme é profundamente antinatural” conclui o Lorca (o que é antinatural é um herbívoro, que não tem nenhuma razão existencial para ser agressivo, ser obrigado a sê-lo porque um bando de cobardes o tortura e provoca, e ele tem de defender-se dessas investidas cruéis. E isso é que é antinatural).
Quanta ignorância!
Aliás, podemos acrescentar que a tauromaquia é toda ela assente na mais profunda ignorância e numa infinita estupidez.
O que vale é que as crianças não são estúpidas e saberão que é antinatural tourear um bovino que gosta de pastar nos campos.
Um filme que se recomenda, por contar a VERDADE acerca dos touros, e por estar dobrado em Bom Português.
Isabel A. Ferreira