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A exibição pública de Salgado foi uma escolha da sua defesa
«Aquilo que me pareceu mais insuportável não foi ver Ricardo Salgado a andar, mas o seu advogado Francisco Proença de Carvalho a falar», diz João Miguel Tavares (JMT).
Precisamente.
Concordo plenamente com tudo o que o JMT escreveu, porque foi exactamente isso que senti ao ver a reportagem do circo montado à porta do tribunal, para impressionar a opinião pública, e a triste figura do advogado a tentar fazer de Ricardo Salgado (RS) uma vítima desgraçadinha, menosprezada pela justiça, quando as verdadeiras vítimas foram os espoliados por ele, das poupanças de uma vida. Foram milhões de Euros roubados ao povo e ao Estado.
Além de o texto de JMT ser obrigatório ler, os comentários também devem ser igualmente lidos, porque ali há de tudo, até este onde se fala de um fato...
Ricardo Salgado parecia um indigente, à porta do tribunal? Parecia.
E Jorge Silva talvez quisesse fazer uma referência ao facto de RS não levar vestido um fato e gravata, algo que qualquer cidadão, por mais pobrezinho que seja, leva, quando tem de apresentar-se diante de um juiz, ainda que tenha de o pedir emprestado a um amigo, ou usar, para tal, os fatos que estão reservados aos indigentes, nas cadeias.
Mas RS, que vive numa mansão, ali para os lados de Cascais, na Quinta da Marinha, coitadinho, não tinha um fato e uma gravata para se apresentar em tribunal, com uma aparência condizente com a mansão onde vive, e o castelo na Suíça onde passa férias.
Tal facto não passou despercebido ao comentador António Aguiar:
A velhice e a doença de Alzheimer nunca foram impedimentos para que uma pessoa abastada como RS é, se apresentasse adequadamente em tribunal.
O circo foi muito mal montado, e só ficou mal à família e ao advogado, e só acreditou na encenação quem é muito distraído.
Parabéns, João Miguel Tavares!
Isabel A. Ferreira
Dizem-me os filósofos que a ciência não busca devidamente - e por ordem de prioridades - os conhecimentos mais indispensáveis às necessidades e à felicidade do homem. Os cientistas, por sua vez, dizem-me que a filosofia não sabe explicar – com rigor - as descobertas científicas alcançadas.
Fonte da imagem: https://www.madrimasd.org/blogs/universo/2013/09/13/144426
Reconheço a minha ignorância, ou limites, quer de uma quer da outra: ciência e filosofia. Porém, tenho conhecimento que a filosofia foi uma grande senhora há cem anos: entrava pelas instituições, habitava nos palácios reais, comandava os estabelecimentos de ensino, as religiões e anotava os desvios socias, com os seus comportamentos anárquicos e por aí fora.
A ciência não dominava nesses tempos longínquos. Actuava despercebidamente, envergonhadamente, incerta, medrosa e poucas vezes concluía, com certezas, da sua acção praticada.
Pelo que, embora a filosofia tenha sido desviada do ensino, ela continua activa, vai explicando o que pode, pela simples razão de que é a filosofia que explica a ciência.
Os filósofos, queixam-se-me, e eu limito-me a escutá-los, pois melhor não sei fazer.
Dizem-me que a ciência não consegue explicar a existência de Deus e a da alma no homem. Apenas dizem que o homem e a natureza sofrem e/ou beneficiam da evolução, defendida por Charles Darwin. Mas a filosofia exige que a ciência diga de onde vem o poder, de o homem e da natureza, terem a evolução.
De Deus, dizem os cientistas, ainda não conseguimos lá chegar. A alma, concretamente, também não, pois não sentimos que o indivíduo possa ser duas coisas: corpo e alma, pois é um individuo, um só ser que está à vista.
Ora os filósofos, embora aceitem que a ciência prova que o homem tem consciência – diferente de alma – acusam-nos dessa banal afirmação, porque qualquer lorpa – dizem os filósofos – sabe que o homem tem consciência total de si mesmo: tem a sensação do desejo, da dor, do amor, da raiva, da imagem, da tristeza ou da alegria, da felicidade ou infelicidade e muitos mais atributos.
Queixam-se ainda os filósofos, de que a ciência, em relação aos animais, pouco avançou. Apenas descobriram que os animais têm (somente) o instinto de caçar para comer e o instinto de defesa. Pelo que, diz a ciência, logo que os animais não tenham fome e não se sintam em perigo, dormem e fazem sexo – mas não têm a consciência desse gasto nem a consciência do amor aos filhos que a fêmea pariu.
Sendo verdade que a ciência pouco ou nada se preocupa em descobrir a existência de Deus e da alma (no homem), preocupou-se apenas em recordar á Humanidade que o homem é dotado de consciência com os atributos acima descritos.
Se a consciência tem a lei gravada em si, como pensar, agir, julgar, podemos dizer também que o raciocínio vem da consciência. E que dirão a filosofia e a ciência, da inconsciência que existe na humanidade, sobretudo em homens inteligentes ou de grandes responsabilidades sociais?
Ora a inconsciência, se estamos de acordo, define/tem-na o animal e o homem. Logo, a inconsciência é irracional e o mais que pode conseguir é actuar pelo faro, do qual não tem consciência.
E se estamos de acordo que há homens inconscientes, pois podem estar endemoninhados, desnorteados, exaltados, fanáticos e muito mais estados de inconsciência, porque não apontar meia dúzia de inconscientes bem conhecidos do planeta e da história, de homens sem Deus ou com Ele, sem alma ou com ela?
Que consciência terá tido um Lenine e um Stalin da União Soviética, um Trotsky e um Mao Tsé-Tung da China, um Kin Jong-Um da Coreia do Norte ou um Vladimir Putin, invasor da Ucrânia ou de um Hitler da II guerra mundial? E que dizer da consciência de um Trump da América e de um Bolsonaro do Brasil, de um José Sócrates e de um Ricardo Salgado em Portugal?
Toda esta canalhocracia, é consciente ou inconsciente? Têm Deus e alma ou são portadores de instinto e faro como a animalidade? A ciência ainda não estudou a inconsciência de muitos homens e a filosofia, por isso mesmo, não pode explicar mais nada. Portanto, avenham-se.
A ciência que conheço, é a tarimba da vida e, a filosofia que anuncio é a paz, a justiça social e o bem comum, que tardam.
Artur Soares
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)