Porque é preciso recordar.
Porque é proibido esquecer.
Porque é urgente acordar o Povo.
Isabel A. Ferreira
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A guerra no mundo existe. Tudo parece caminhar para a fome e Portugal…
A marcha inexorável do tempo não pára nem perdoa. Sobem os ignóbeis e os rapaces, vendem-se os subservientes, e Portugal não será vendido?
Talvez possa ser leiloado. (Artur Soares)
No pós Segunda Grande Guerra (1945), o Exército português passou a ter nas suas fileiras os chamados militares milicianos – Sargentos e Aspirantes – uns com o segundo ciclo dos liceus e os outros com o terceiro ciclo (ou mais). Os primeiros, ao fim de seis meses de curso, ficavam Cabos Milicianos, isto é, candidatos a furriéis milicianos ao fim de 18 meses de tropa efectiva. Os segundos, com seis meses também do mesmo curso, ficavam Aspirantes milicianos, isto é, candidatos a oficiais (alferes), ao fim (também) de 18 meses de tropa efectiva.
Nesses tempos, nem os Cabos milicianos nem os Aspirantes eram promovidos, pois passavam à disponibilidade, para não lhes pagarem pela nova patente.
Aconteceu a guerra nas ex-províncias ultramarinas e os milicianos, que eram obrigados a dar pelo menos 36 meses de tropa, eram uns promovidos a Furriéis e os outros a Alferes, para cumprirem uma comissão de serviço na guerra então/ultramarina.
O milicianismo no Exército – devido a essa guerra, avançou ainda mais: os Furriéis, caso quisessem fazer vida profissional no Exército, facilmente eram promovidos a segundos sargentos, devido ao tempo passado e os Alferes passavam a tenentes, também devido ao tempo de tropa passado.
Ora estes tenentes milicianos, podiam fazer um curso-curto de comandantes de companhia e de imediato, eram promovidos a capitães no dia do embarque, para uma nova comissão na guerra no ultramar. E fizeram-se centenas de capitães milicianos durante mais de uma década.
Por esta situação – o milicianismo no Exército – criou-se entre os Oficiais do Quadro Permanente (militares profissionais), um descontentamento geral: estes oficiais eram da academia militar e exigiam que os milicianos passassem também pela academia, antes de serem capitães.
Só que, na guerra do ultramar, dificilmente havia capitães a comandar Companhias, pois distribuíam-lhes missões que nada tinham a ver com guerra e muito menos com a morte no capim. Quem morria na guerra, grosso modo, eram soldados, furriéis, alferes e capitães milicianos.
Nunca vi ou conheci oficiais, acima de capitães do Quadro permanente do Exército português que defendessem a independência das três principais províncias do Ultramar: Angola, Guiné e Moçambique. Todos os oficiais reivindicavam melhor armamento, melhores condições logísticas para atacar o terrorismo e sobretudo melhores remunerações, em especial para aqueles que estivessem em zonas de 100% com terrorismo. Nestes aspectos, Salazar pouco ou nada fez para satisfazer a vontade dos oficiais.
A Guiné estava praticamente perdida em 1973 e em Angola e Moçambique, os grupos terroristas já estavam a desandar, pois não tinham gente, nem armamento, nem países acerrimamente a ajudar esses grupos.
Desse modo, perante tal ambiente desanimador, perante tantos milhares de mortos em combate, tanto do lado de lá como de cá, tantos órfãos e viúvas cá, bem como estropiados de guerra, nasce o livro do General Spínola, Portugal e o Futuro, no mês de Fevereiro do ano de 1974, antes dois meses de o 25 de Abril de 1974, feito pelos chamados “Capitães de Abril”, livro que visava uma “solução política e não militar” e que Marcello Caetano lê numa noite a mensagem, a opinião de Spínola. Tal burburinho entre os dirigentes políticos de então, o General Costa Gomes e Spínola, demitem-se do exercício de funções.
Marcello Caetano, que sente o desmoronar do seu poder político, apresenta a demissão ao presidente da República, Américo Tomás, que a rejeita.
Com o livro de Spínola, forma-se um burburinho político no país, os militares afadigam-se em reuniões secretas e avançam (Movimento das Forças Armadas), fazendo a “revolução dos cravos”, e assim nasce aquela noite do 25 de Abril de 1974, que nos traz a descolonização e a liberdade de expressão.
E os homens movimentaram-se.
As rádios gritaram. As pessoas ficaram apáticas.
Os comunicados choveram e os cães uivaram – desconhecendo a balbúrdia - e, assim lhe chamaram o “glorioso 25 de Abril”!
Noticiários longos, outros curtos, outros a horas mortas.
Discursos, declarações, afirmações, acusações, choros, ranger de dentes, o povo maluco, camisas e gravatas desabotoadas, trabalhadores públicos em calções e de sulipas nas repartições; prisões abertas, outras a fecharem-se com novos “inquilinos”, o estrangeiro atento, divisas a fugirem e o primeiro 1º de Maio canta-se, discute-se e politiza-se o povo despolitizado, oprimido, roubado pelos fascistas e pelos seus 50 anos fascizantes!
Povo surpreendido, inocente, não participante nas primeiras horas da noite, mas..., “grande vitória do povo”, quando já maduro estava o dia!
Viva o M.F.A! O 25 de Abril! O Movimento dos Capitães! A Democracia! A Liberdade! Os Partidos democráticos (incluindo o PC) que na clandestinidade lutavam pelo povo português!
Até choravam nas prisões; até morreram nas prisões; até passaram fome; privações do ambiente e do amor familiar, e, tudo-tudo-tudo pelo povo – que carneiro era – português!
Delirante! Impressionante! Bestial-ante!
Tudo vitorioso, famoso e gostoso!
E regressa de fora, “certo povo” que se junta ao Povo de Abril: os fugientes, os forçados emigrantes, os tratantes, os comediantes, os esbanjantes, os cantantes e de modo especial todos os bem-falantes… que foram e têm sido (realmente) impressionantes e escaldantes em Portugal!
(Outubro de 1975):
28 de Setembro e 11 de Março:
Agitação social, perseguições, destruições de sedes de “partidos reaccionários”, ocupações de postos emissores de rádio, de casas, de latifúndios, de empresas, de sindicatos, saneamentos à direita, ao centro, ao lado, à retaguarda, nacionalizações e tudo graças ao “vinte e cinco”, aos democratas salvadores da pátria e do povo – que carneiro era – português, para, finalmente haver o 25 de Novembro, perfume da democracia verdadeiramente democrática!
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Actualmente, hoje, neste momento ou mais logo, Povo, onde estás, como podes ser encontrado e para onde vais?
A tua alegria e a liberdade, a tua luta e os teus gritos, os punhos cerrados e o teu querer, o teu ser, o teu poder ou as tuas lágrimas de felicidade em manada, onde habitam? Louco Povo, inocente Povo!
Dormes, Povo! No rio, no mar, no avião, no campo abandonado, no combóio ou no quarto que te devora sonhando e… ainda sonhas?
– “Não sonho – dizem milhares. Medito. Oiço. Vejo e apalpo as algibeiras para sentir o que não tenho”, à excepção do besuntado Cotón.
Que pensas? Que sentes? Que vês? Que dizes de tudo, do Povo e de Portugal? - Bando de falsários.
- “Crime e prostituição, droga e miséria, assaltos e falências, mentiras, traições e burlas! Oh! É sonho! É mentira! É tudo o que não sei! Não, não...
Que noite!
O homem é doido. O mundo definha desorientado e Portugal…
As aves vivem chilreando, o mundo grita e Portugal não se entenderá?
Os mortos são pó da terra fria, os cães já não gritam e, Portugal não reage: engole e rumina!
O programa do Movimento das Forças Armadas foi traído e mataram-no. Logo, as revoluções podem ser devassidão e fogo.
Portugal não se encontra. O Presidente da República fala e parece esquecer os inimigos locais!
A guerra no mundo existe. Tudo parece caminhar para a fome e Portugal…
A marcha inexorável do tempo não pára nem perdoa. Sobem os ignóbeis e os rapaces, vendem-se os subservientes, e Portugal não será vendido?
Talvez possa ser leiloado.
E se perguntares a um revolucionário, quem são os homens de hoje, pais dos homens de amanhã, ele te dirá: os homens são o fogo tangido pelo vento; são deuses desmiolados e destronados; são predadores esfomeados e de afiadas garras; são a cicuta que reduz a pó, tudo que quer viver.
... E a partir do dia 26 de Abril de 1974, acontece o regresso das Forças Armadas Portuguesas, da Guiné, de Angola e de Moçambique;
Inicia-se também a guerra nas três ex-províncias ultramarinas, entre os próprios movimentos de libertação e o regresso dos ostracizados e vilipendiados brancos e negros que lá residiam. E assim se inicia o peso dos pesa-papéis ao Povo que, como única culpa, foi ser politicamente inculto, pobre e sereno.
(Artur Soares – Maio de 1974)
5 - Trouxe-nos um elevado índice de POBREZA (DOIS milhões de pobres, entre eles crianças a passarem fome, e a viverem em barracas junto com ratazanas e lixo); trouxe-nos pensões de miséria; trouxe-nos muitos sem-abrigo a viverem nas ruas das principais cidades portuguesas; trouxe-nos outras formas de miséria, entre elas, misérias morais, sociais, civilizacionais, culturais e educacionais, nunca antes vistas.
Uma imagem cinzenta da Revolução dos Cravos.
As crianças aguardam ainda que lhes dêem o prometido futuro no paraíso.
Penso que todos os que viveram o 25 de Abril de 1974, como eu vivi, deram saltos de alegria, a pensar numa nova liberdade – digo nova, porque, no meu caso, nunca deixei de ser livre, apesar de estar na mira da PIDE.
O que é que a Revolução dos Cravos me trouxe, a mim, cidadã livre-pensadora, contestatária, habituada a driblar a PIDE, escrevendo nas entrelinhas o que não podia escrever nas linhas?
Bastou uma carta, para me aperceber de que tinha de arranjar uma estratégia para contar o que se passava dentro dos muros de Coimbra, e que os órgãos de informação pré-25 de Abril, não podiam dizer abertamente.
Escrevi uma carta a meu Pai, que se encontrava no Brasil, a dar conta dos motivos que me “obrigaram” a fazer greve aos exames. Eu tinha chegado a Coimbra em Janeiro de 1968, para continuar os meus estudos universitários, iniciados no Brasil.
A carta nunca chegou ao seu destino, porque o meu Pai, escreveu-me a perguntar por que não tinha notícias minhas há tanto tempo. Eu escrevia-lhe semanalmente.
Nesse entretanto, recebi uma carta da PIDE, muito “amável”, a dizer que, como tinha vindo do Brasil (estava “catalogada” como aluna brasileira) talvez desconhecesse as leis portuguesas, por isso, escreveu o que escreveu, e que não podia dizer o que disse, em hipótese nenhuma, nem em cartas privadas para o Pai [vi logo que a minha carta tinha sido interceptada], e que desta vez estaria desculpada, mas se fosse apanhada novamente teria de sofrer as consequências, de acordo com as leis de Portugal.
Fiquei tão irritada, que rasguei a carta aos pedacinhos, muito pequeninos, com uma fúria incontida, e atirei os pedacinhos daquela carta para o caixote do lixo, onde (pensei) era o lugar de tal folha de papel.
Passada a fúria, arrependi-me. Como me arrependi!!! Como pude destruir uma carta da PIDE, um documento precioso, que testemunhava a opressão que existia naqueles tempos ditatoriais?
O que tínhamos antes de 25 de Abril de 1974?
1 - Tínhamos uma ditadura fascista de direita, e não podíamos votar livremente.
2 - Tínhamos o Tarrafal, para onde iam aqueles que ousavam PENSAR alto. A censura era o pão nosso de cada dia, através do famoso “lápis azul”.
3 - Tínhamos a já referida PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) responsável pela repressão de todas as formas de oposição ao regime político do Estado Novo.
4 - Tínhamos o ditador António Oliveira Salazar que, ao menos, sabia escrever correCtamente a Língua Portuguesa, algo que se estendia à população portuguesa alfabetizada.
5 - Tínhamos um elevado índice de analfabetismo.
6 - Tínhamos um elevado índice de pobreza.
7 - Tínhamos uns Joões Semanas que garantiam os cuidados de saúde, aos mais pobres.
8 – Tínhamos, na governação, poucos vigaristas, corruptos, ladrões e mentirosos.
9 – Tínhamos um Ensino que, apesar de servir o Regime, NÃO tratava as nossas crianças como idiotas.
10 – Tínhamos um País que estava na cauda da Europa, com salários baixos e uma classe trabalhadora bastante explorada.
11 - Tínhamos carência de ar para respirar.
***
Que mudanças trouxe o 25 de Abril para MIM?
1 - O direito e a liberdade de votar.
2 - A liberdade de tornar a escrever nas linhas o que fui obrigada a escrever nas entrelinhas, ou seja a liberdade de expressão. A outra liberdade, a minha liberdade de pensar, de ser e de estar passou incólume, pela ditadura.
3 - Não precisar de andar a correr pelas ruas, à frente de polícias anafados [para as “sensibilidades” modernas, infectadas com o vírus da Estupidez, quero dizer que anafados é igual a gordos, e nada têm a ver com grandes], os quais nunca conseguiam deter-me, durante as manifestações, porque era magrinha, levezinha e voava quando corria, e os polícias que corriam atrás de mim, perdiam o fôlego antes que eu sumisse ao virar de uma esquina. Tive a sorte de nunca ter sido perseguida por polícias que largtavam os cães, e tinha-se de subir às árvores.
***
Que mudanças trouxe o 25 de Abril aos Portugueses, estando nós no exacto dia 25 de Abril do ano de 2023?
1 – Por muito que não gostem que se diga, trouxe-nos uma ditadura fascista de esquerda, (aqui e ali eivada de atitudes nazistas), disfarçada de Democracia, onde uma censura camuflada existe em grande escala; onde a PIDE foi substituída por "inteligências artificiais" e big brothers mais modernos; onde Três Mosqueteiros absolutistas , a saber, Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto Santos Silva e António Costa, desmandam, e mantém Portugal nas garras de estrangeiros.
2 - Trouxe-nos o direito de votar, isto é, o direito de escolher os nossos governantes, para que governem, NÃO conforme a vontade do Povo, conforme as regras democráticas, mas conforme a vontade deles e da dos grupos de pressão económica, mais conhecidos por lobbies.
3 - Trouxe-nos os já referidos Três Mosqueteiros a escreverem “incurrêtamente” a Língua Oficial de Portugal -- a Língua Portuguesa -- adoptando a mixórdia ortográfica introduzida em Portugal através de um acordo ortográfico criado no Brasil, para destruir a Língua de Portugal, e impondo-a ilegalmente nas escolas e na função pública, e, por extensão, a todos os que se prestaram a ser servilistas. E esta política, é uma política nazista.
4 - Trouxe-nos a continuidade de um elevado índice de analfabetismo, sendo o mais elevado da Europa.
5 - Trouxe-nos um elevado índice de POBREZA (DOIS milhões de pobres, entre eles crianças a passarem fome, e a viverem em barracas junto com ratazanas e lixo); trouxe-nos pensões de miséria; trouxe-nos muitos sem-abrigo a viverem nas ruas das principais cidades portuguesas; trouxe-nos outras formas de miséria, entre elas, misérias morais, sociais, civilizacionais, culturais e educacionais, nunca antes vistas.
6 - Trouxe-nos uma liberdade de expressão que, no entanto, não serve para nada, uma vez que gritada publicamente, a VOZ do POVO NÃO é ouvida, nem considerada, porque os governantes fazem-se de cegos, surdos e mudos aos constantes e inúmeros protestos e apelos de um Povo que se vê espoliado dos seus direitos, e só têm DEVERES.
7- Trouxe-nos uma Constituição da República Portuguesa que o actual presidente da República NÃO cumpre, nem defende, como prometeu fazer, na tomada de posse.
8 - Trouxe-nos o CAOS em todos os sectores públicos, nomeadamente na Educação, na Habitação, nos Serviços Públicos, numa Justiça lenta e cara, havendo uma justiça para pobres e outra para ricos.
9 - Trouxe-nos o CAOS num Serviço Nacional de Saúde, cada vez mais desgastado, sem Joões Semanas, para garantirem os cuidados de saúde ao mais pobres, morrendo-se sentados em cadeiras nas urgências.
10 - Trouxe-nos uma governação cheia de vigarices, corrupção, ladroagem e mentiras. Cheia de taxas, taxinhas e tachões, e uma política cada vez mais degradante, e com ela a degradação das instituições.
11- Trouxe-nos salários dos mais baixos e impostos dos mais elevados da Europa.
12 - Trouxe-nos um Ensino que trata as nossas crianças como idiotas, um Ensino pobre, degradante, onde se ensina os alunos a escreverem “incurrêtâmente” a sua Língua Materna, a que está em vigor, a grafia de 1945.
13 - Trouxe-nos um desinvestimento total na Saúde, na Habitação Social, na Cultura, na Educação, na Defesa do Ambiente e da Fauna e Flora portuguesas; trouxe-nos um desinvestimento total no bem-estar das pessoas, obrigando os nossos jovens a emigrarem em busca de salários condizentes com a sua formação académica, e enriquecerem os países para onde emigram, com a sua prole.
14 - Trouxe-nos um investimento nos imigrantes, nomeadamente brasileiros, que têm todos os privilégios, graças a um “Acordo de Amizade”, realizado num secretismo, a abeirar os de uma seita; porém, nem todos os imigrantes, que o Chefe de Estado português aconselha a vir para Portugal, têm mordomias: vivem nas ruas, mal instalados, mal pagos e, muitas vezes, em situação de escravatura.
Enfim, passados 49 anos sobre aquela madrugada de Abril, o nosso País, por falta de políticas sérias, continua na cauda da Europa, e embora não gostem que se diga, temos o PIOR governo e o PIOR presidente da República desde Dom Afonso Henriques.
Por que avalio deste modo a “governação” portuguesa actual? Porque passados tantos anos, ainda não se conseguiu atingir um nível razoável de bem-estar, em Portugal, apesar de haver condições para tal. E porquê? por causa da corrupção, das vigarices, da ladroagem, das mentiras com que atacam e insultam a dignidade dos Portugueses.
Não vislumbro uma luz ao fundo do túnel, que possa devolver ao MEU País os sonhos que aquela madrugada do dia 25 de Abril de 1974 nos fez sonhar: uma Democracia Plena. O que temos é uma maioria absolutista, que quer, pode e manda, e NÃO ouve o Povo.
Continuo à espera, e penso que muitos dos meus concidadãos também, de governantes que olhem, com olhos de VER, para Portugal e para os Portugueses, e lhes dêem o que eles rogam, para poderem viver com a mínima dignidade, e que deixem de andar a BAJULAR os que nos querem tramar. E só os cegos mentais é que não vêem isto.
Hoje, parece-me que temos pouco para celebrar, mas MUITO para lamentar, porque o espírito do "25 de Abrl" foi desvirtuado.
Isabel A. Ferreira
Chegam-me, dos mais variados países do mundo, onde vivem comunidades portuguesas, desabafos de absoluto descontentamento e desilusão, por comprovarem que o NOSSO País está a afundar-se na mediocridade, cada vez mais, e em todos os sectores da sociedade portuguesa.
Passados que são quase 50 anos sobre a Revolução dos Cravos, Portugal RECUA progressivamente. O País está mergulhado num CAOS nunca antes visto. Nenhum serviço funciona normalmente. Perdemos a nossa identidade linguística. A contestação a QUASE tudo é o pão nosso de cada dia, e os órgãos de informação, conforme as cores políticas dos que Querem, Podem e Mandam neles, pendem, ora mais para ali, ora mais para acolá, e só TRANSMITEM o que mais lhes convém.
Contudo, NEM todos os portugueses, que vivem dentro e fora do País, usam PALAS, e apercebem-se de que algo vai muito mal na República DOS Bananas de Portugal.
É o caso de Carlos C. que, do Canadá, enviou este desabafo, com o qual concordo plenamente, a propósito da entrevista a António Costa, que ocorrerá HOJE, dia 30 de Março, na SIC.
Isabel A. Ferreira
Por Carlos C.
«Na Itália, há anos que Berlusconi, mesmo quando era PM, era dono duma grande cadeia de TV (tinha outro nome, e agora é a Mediaset). Claro que opiniões expressas nela eram-lhe favoráveis, ou no mínimo não o atacavam.
Não há lei que o proíba, mas é sujo...
Em Portugal há uma coisa do mesmo género...
HOJE, dia 30 de Março, a SIC vai fazer uma grande entrevista a António Costa no noticiário principal, das 20 h.
Com o costume que o seu meio-irmão (filho do mesmo pai) Ricardo Costa, Director de Informação, tem de não ficar na sombra, e actuar como jornalista e comentador, será que é ele a conduzir a entrevista?
Acredito que não...
Contudo, a existência dum familiar do PM na direcção de informação dum canal tão importante causa-me desconforto.
É que quer tenham relações amistosas ou não, essa situação leva a dúvidas quanto à cobertura que o canal dá às peripécias no governo, e a suspeitas de favorecimento ou o seu contrário. Um corolário é o tratamento que o canal dá a rivais do PS de António Costa.
Eu recordo que a SIC lembrou-se de transmitir, em duas partes, um documentário sobre os defeitos do Chega precisamente durante a última campanha presidencial, em que Ventura era candidato!
E há uns dias, Ricardo Costa, armado em comentador, atacou essa Némesis de Costa, André Ventura, porque tinha dito coisas meio parvas... Contudo, há quem na política também tenha ocasionalmente o condão de tropeçar e não são literalmente espicaçados como Ricardo Costa o fez a um rival do PS.
Aliás, é de lembrar que a SIC tem a lata de incluir Pedro Delgado Alves, VP da bancada do PS, em DOIS programas semanais de debate, o Linhas Vermelhas e o Sem Moderação. E isto sem identificar PDA com a posição que ele ocupa (Daniel Oliveira também entra em dois programas, mas ele é "adepto" duma certa orientação, ao passo que PDA é mesmo da "direcção" dum clube).
Claro que esta inclusão dá ajuda ao PS, sem que a maioria do público dela se aperceba.
Enfim, a informação da SIC não é de confiança, e isso nota quem tiver os olhos abertos e os ouvidos à escuta, como por exemplo na omissão ou falta de relevância dada ao revés que aconteceu ao Mondego que era descrito como pronto a cumprir missões (nem no rodapé isso apareceu!).
A RTP tem outros problemas, mas resumindo, a informação em Portugal não é isenta e democrática.
Carlos C. (Canadá)
Passando por cima das competências da Assembleia da República, o ministro José Gomes Cravinho, o duplo do anterior MNE, que sempre foi o dono disto tudo, anunciou em Brasília que o actual presidente da República Federativa do Brasil, Inácio Lula da Silva, discursaria na sessão solene comemorativa dos 49 anos da Revolução dos Cravos.
Como disse?
Não era para dizer. Não agora, não lá, apesar de já estar tudo combinado. Mas quem tem de as dizer é o actual presidente da Assembleia da República que, como dono do hemiciclo, faz o que lhe compete, mas também o que NÃO lhe compete, porque são muitas as vezes que se esquece de que já NÃO é o todo-poderoso MNE do Partido Socialista, ao qual deram o poder absoluto, e o «poder absoluto corrompe absolutamente». Esta frase não é minha. Ouvi-a hoje, no último episódio da excelente série "Coliseu", do Canal História, pela boca de um historiador, a propósito dos mandos e desmandos dos todo-poderosos imperadores romanos, que imperaram conforme lhes deu na real gana. Até que, em 24 de Agosto do ano 410 d. C., os Visigodos, sob o comando do seu Rei, Alarico, saquearam Roma, e este foi o início do fim do império romano.
Como estamos a precisar de um ALARICO, em Portugal!
Tendo em conta que a Revolução dos Cravos, não passou disso mesmo, uma revolução onde se venderam muitos cravos (flores), porquanto logo depois da primeira eleição livre, foi um tal de dar umas no cravo, outras, na ferradura, durante praticamente meio século, afundando, ano a ano, e cada vez mais, o País no CAOS em que actualmente se encontra, em quase todos os sectores da vida pública, passando-se de uma ditadura fascista, às claras, para uma ditadura social-fascista, encapotada, com a mesma política do Quero, Posso, Mando Fazer ou Faço, sem passar cavaco ao Povo, que os elegeram, sem lhe dar ouvidos, sem responder às suas mais prementes questões, e o mais grave e preocupante, por termos algo a intrometer-se na nossa Identidade de País que já foi livre e soberano, sujeitando os Portugueses Pensantes, porque os não-pensantes, não pensando, estão-se nas tintas, à vergonhosa subserviência dos governantes portugueses aos quereres e aos interesses do Brasil.
Não foi por acaso que ficou combinado Inácio Lula da Silva vir discursar, logo na sessão solene de uma Revolução que só a Portugal diz respeito, e pelo benefício da independência, às ex-colónias africanas de expressão portuguesa. Será por conta do Tratado de Amizade, celebrado APENAS entre estes dois países, deixando de fora os restantes seis, da CPLP? – (A Guiné Equatorial, de Língua Castelhana, não é para aqui chamada).
O que virá Inácio Lula da Silva dizer, no discurso do 25 de Abril? Virá dizer o mesmo que disse em 11 de Dezembro de 2015, num outro discurso, em Madrid, reforçando que a culpa pelos atrasos na educação, no Brasil, é dos Portugueses, é da colonização portuguesa?
Para quem interessar este insulto de Inácio Lula da Silva, a Portugal, sugiro a leitura do texto neste link:
https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/lula-diz-que-a-culpa-pelos-atrasos-na-605325
Dada a subserviência de Portugal ao Brasil, com o primeiro a prestar vassalagem ao segundo, Inácio Lula da Silva virá dar um raspanete aos Portugueses pelo estado caótico que continua a existir, actualmente, no Ensino brasileiro e pior do que isto, por ainda haver, em Portugal, resistentes à imposição da Variante Brasileira do Português, aos Portugueses?
Isto fará parte do acordo (quase) secreto entre os dois países, em que os brasileiros têm TODOS os direitos dos Portugueses, em Portugal? Virá falar disso? Ou virá dar ordens para que o processo de vassalagem se acelere? Sim, porque o presidente da República de Portugal já NÃO é Marcelo Rebelo de Sousa, pelo que vemos, ouvimos e lemos, por aí.
Se com Bolsonaro nunca houve uma aproximação, pelos motivos mais do que óbvios (Deus nos livre e guarde, que nem falar sabia!) com Lula da Silva, que quanto ao falar está quase ao nível de Bolsonaro, a aproximação é outra, contudo esta poderá trazer água no bico. Todos nos recordamos das visitas que Marcelo Rebelo de Sousa, um brasileirista de primeira água, fez a Inácio Lula da Silva, seu amigo do peito, nas suas excursões pelo Brasil, uma delas em tempo de campanha eleitoral, que até levou Bolsonaro a destratá-lo.
Penso que os Portugueses estão a ser tomados por lorpas. Mas o povinho português não é um povinho tanso e manso? Pois terá o que merece.
O que pensarão os governantes dos restantes países da CPLP, que NÃO participarão nas comemorações do dia que veio proporcionar-lhes a INDEPENDÊNCIA?
Por que haveriam de participar, não é verdade? Não há acordo nenhum de amizade com eles!
Aguardemos os próximos capítulos desta novela luso-brasileira, que o tuga aceita tão acriticamente, que até dói!
Isabel A. Ferreira
Como se sabe, o Dr. Francisco de Sá Carneiro, fundador do Partido Popular Democrático (PPD) e de seguida primeiro ministro de Portugal, foi assassinado em Camarate a 04 de Dezembro de 1980, político que era altamente apreciado pelo seu zelo e seriedade, pelo seu sentido de Estado e pela recusa feita ao Estado Novo, quando foi convidado para ministro, uma vez que para o ser, pôs condições: caminhar para a democracia.
Sá Carneiro – porque era honesto - deixou escrito que “o fim principal do poder político é o serviço da pessoa. O Estado está ao serviço da pessoa”.
Na verdade, o 25 de Abril de 1974 veio mostrar que os políticos após a “revolução dos cravos”, nada tinham que ver com os pensamentos, a seriedade e a verticalidade política de Sá Carneiro. Tal gente, apenas e só, busca matar a magreza das suas algibeiras, vida que lhes proporcione privilégios e poder, mesmo chamando-lhe acção política em democracia.
Portugal – salvo raríssimas excepções - não tem políticos com mentalidade clara, com cultura e com seriedade para estarem “ao serviço da pessoa”. A inteligência dos nossos políticos, que é muito mais inteligência manhosa, parece ter sido cultivada para apenas se servirem: utilizando os votos e todos os meios possíveis para se tornarem organizados rapaces e aproveitadores da incultura política e boa-fé, do povo.
Não foi por acaso que há tempos, o General Ramalho Eanes afirmou: “O nosso defeito é sermos subservientes, não reclamamos”.
E porque é mesmo assim, não tem assistido o país a todo o género de velhacarias concretizadas por políticos no poder, contra o povo? Desde políticos em exercício, da direita, do centro ou da esquerda, não é verdade que tantos têm metido as mãos nos cofres do Estado, praticando injustiçais sociais e corrupção em qualquer freguesia, vila ou cidade? Que dizer, como aceitar tantos rapaces na incubadora cinquentenária do Partido socialista?
No interior do PS, deputados ps’s, vivem revoltados e desorientados com tanta economia-vadia no exercício de funções governamentais, porque descobertos como os ratos nos esgotos.
E como semanalmente, ou quase diariamente surgem na comunicação social casos de roubalheira, de compadrios saloios – fazendo do povo asnos – António Costa, primeiro ministro, não teve outra saída: embora sem ideias eficazes ou de génio, propôs – para mais uma vez enganar os portugueses – “um mecanismo que procure antecipar situações rapaces”, habilidades rançosas ou com bolor, criando um questionário de 36 perguntas a que os convidados para governarem, terão de responder.
Numa democracia onde tudo é suposto ser transparente, porque serviço ao povo, como pode a democracia portuguesa medicar um questionário confidencial aos futuros servidores do Estado, para se saber que estão limpos nas suas vidas profissionais/sociais? Que Inquisições ou normas Pidescas são estas, para que o país fique seguro destes abutres que aparecem semanalmente?
A vergonha deste questionário/interrogação aos futuros governantes de Portugal, proposto e aceite pelo presidente da República, lembra-me um sujeito que foi perguntar ao pároco da minha freguesia em 1968, se me conhecia e a que tipo de família eu pertencia, para poder ser nomeado funcionário de finanças. Que “sim”, “é bem-comportado e a sua família é muito respeitada, é gente de trabalho”. Na verdade, três semanas depois fui nomeado, mas tive de assinar um documento em que não era comunista nem tinha ideias subversivas contra o Estado português. Por isso, também em 1968, tive de responder/assinar o questionário em vigor, despacho de Salazar.
Se os políticos portugueses aceitassem o “serviço ao povo”, como defendia Sá Carneiro, teríamos um Serviço Nacional de Saúde mais eficaz; um ministério da Educação a fazer muito mais pelo saber e pela cultura para todos, porque, com professores incentivados, teríamos uma economia/justa para acabar com a fome que se conhece em qualquer canto do território nacional e, jamais seria necessário - porque em democracia - que se tapasse os olhos aos portugueses, com inquéritos secretos. Basta! Somos uma nação que já não passa de uma multidão cansada de esperar, pela seriedade dos políticos e pelo orgulho de se ser português.
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)
Gostaria de estar aqui hoje a celebrar o 48º aniversário da “Revolução dos Cravos» com outra disposição, que não esta que me invade, por ter posto demasiadas esperanças de que aquele dia 25 de Abril de 1974 pudesse catapultar Portugal para um sistema político diferente da ditadura que nos foi imposta durante 46 anos, na qual não tive participação alguma, e para um País mais evoluído, ao nível dos países europeus. Mas não posso, porque Portugal, em quase tudo, continua na cauda da Europa, em pleno ano de 2022, desde 1974.
Devo estar contente com a actuação dos sucessivos governos, nos quais, a partir daquele dia de Abril, participei com o MEU voto?
Não, não posso estar contente. Nem devo, porque estaria a trair os ideais de Abril, muitos deles ainda por cumprir, passados todos estes anos, e os que foram cumpridos, foram muito mal cumpridos. Se houve algumas conquistas, o RETROCESSO pelo qual enveredamos, supera as coisas positivas que a Revolução de Abril nos trouxe.
A criança a oferecer um cravo a um soldado, significa “esperança no futuro”. E o futuro que deram às crianças portuguesas e aos jovens, depois de Abril, está a ser assombrado pela MEDIOCRIDADE reinante.
Fez-se uma revolução para nos libertar de uma ditadura de direita, fascista, que foi demasiado dura, quanto à LIBERDADE que não tínhamos, para estar, para ter e para ser um Povo com Direitos e Deveres cívicos, como mandam as boas regras de uma sociedade que se quer civilizada e evoluída.
Fez-se uma revolução para que o Povo melhorasse de vida, para acabar com a pobreza, com a fome, com o analfabetismo, com a incultura, com a elevada iliteracia, com um ensino e educação decadentes, com uma justiça injusta, com a prepotência então reinante, em Portugal.
Reparem que não referi que se fez uma revolução para acabar com a corrupção, com as vigarices, com o compadrio, com a roubalheira ao mais alto nível. Porque isso temos q.b., actualmente.
O que se seguiu imediatamente ao «25 de Abril» não foi propriamente uma explosão de liberdade, mas sim, uma explosão de libertinagem, onde o vale tudo valia, e continua a valer.
Porque LIBERDADE é ter consciência de que não se pode fazer tudo o que se quer, quando vivemos numa sociedade em que o todo faz parte de tudo, e que esse tudo é a VIDA, no seu significado mais universal.
E tirando o mandato do primeiro Presidente da República eleito, no pós-25 de Abril, General Ramalho Eanes, e o Governo de então, os que lhe seguiram entre PRs e governos e deputados da Nação, começaram a enveredar por trilhos que se foram desviando do CAMINHO PRINCIPAL, até chegarmos ao estado calamitoso em que nos encontramos hoje, ou seja, a isto:
Mas não só isto.
Passados 48 anos, sobre o «25 de Abril», em Portugal,
- continuamos a ter muita POBREZA e FOME, nomeadamente entre crianças;
- continuamos a ter o maior índice de ANALFABETISMO da Europa e um elevado número de ANALFABETOS FUNCIONAIS a ocupar cargos de topo, incluindo entre a classe docente;
- continuamos a ser um país onde a INCULTURA prevalece;
- continuamos a ter um ENSINO e uma EDUCAÇÃO absolutamente caóticos, decadentes e de má qualidade, onde se usam manuais escolares completamente desadequados, elaborados como se as crianças fossem muito estúpidas; a CLASSE DOCENTE (com raras excePções) desqualificou-se, desprestigiou-se, desde o momento em que aceitou, sem pestanejar, e a tal não era obrigada, a ensinar às crianças e jovens uma ilegal mixórdia ortográfica, sem precedentes em Portugal e no mundo, e passou de classe docente a classe INDECENTE. Neste ponto, tenho de concordar com António José Vilela, porque também me deparo com a mesma estupidez e ignorância, nas redes sociais. A quem as nossas crianças estão entregues!!!! Uma vergonha.
- continuamos a ter um elevadíssimo índice de ILITERACIA, agora espalhada ao mais alto nível;
- continuamos a ter uma JUSTIÇA demasiado lenta, demasiado cara e, por vezes, demasiado injusta e falaciosa;
- continuamos a ter o nosso PATRIMÓNIO HISTÓRICO abandonado; assim como ao abandono estão a FLORA, as nossas FLORESTAS, entregues a criminosos incendiários; e também a nossa FAUNA, que é exterminada, por caçadores assassinos; e permite-se que animais sencientes e indefesos sejam massacrados em corridas de Galgos e Cavalos, rinhas de Galos, matanças públicas de Porcos… e que outros, sejam barbaramente torturados para divertir sádicos e psicopatas da tauromaquia, recebendo esta chorudos subsídios, como se fizesse parte de uma “cultura” privilegiada, enquanto que a verdadeira CULTURA CULTA anda à dependura;
- o SNS, uma conquista de Abril, actualmente é um serviço terceiro-mundista, caótico, com milhares de pessoas sem médico de família, a precisar de fazer filas enormes à porta dos Centros de Saúde, de madrugada, à chuva e ao sol, para conseguir uma consulta; espera-se anos por uma consulta de especialização; morre-se sentado numa cadeira de hospital, por falta de atendimento; não há médicos nem há enfermeiros suficientes;
- e o que de menos existe no SNS, existe a mais na FUNÇÃO PÚBLICA, ocupando-se cargos absolutamente inúteis;
- vivemos num tempo em que ainda se TORTURA e MATA cidadãos em instalações do Estado, em nome de uma brutalidade gratuita;
- vivemos num tempo em os ministros de Estado cometem as maiores sandices, e não têm a HOMBRIDADE de se demitirem, como seria da honra e da honestidade, nem sequer o primeiro-ministro de Portugal tem coragem de os demitir, porque a amizade não permite;
- vivemos num país onde pais e filhos, maridos e mulheres, e sobrinhos, primos e amigos ocupam CARGOS na governação, quase como nos tempos da monarquia;
- vivemos num país onde os ESCÂNDALOS BANCÁRIOS são quase o pão nosso de cada dia, e os administradores recebem prémios por MAL administrarem os bancos; e o governo injecta-lhes dinheiros públicos para alimentar vigaristas;
- e a cereja no topo do bolo é o facto de o presidente da República Portuguesa estar a contribuir para a notória PERDA DA NOSSA IDENTIDADE LINGUÍSTICA, violando, deste modo, a Constituição da República, que jurou defender. Uma situação já denunciada à Procuradoria-Geral da República e que foi simplesmente ignorada.
Fez-se uma revolução para pôr fim à ditadura salazarista; mas ao menos, António de Oliveira Salazar, nos seus documentos oficiais, apresentava uma grafia escorreita e correCta da Língua Portuguesa, a Língua Oficial de Portugal.
Veja-se como o actual presidente da República Portuguesa, em plena era, dita democrática, apresenta os agradecimentos a um Chefe de Estado estrangeiro, numa grafia cheia de erros ortográficos, que não é portuguesa, e que nos foi imposta DITATORIALMENTE, e é ILEGAL, mas que ele defende, com o seu silêncio muito esclarecedor. E o uso daquele “todas e todos” só demonstra uma surpreendente e vergonhosa ignorância da Língua Portuguesa.
Fez-se uma revolução para implantar uma “democracia”, que não tem em conta os interesses de Portugal e dos Portugueses, porque os governantes e os deputados da Nação candidatam-se para servir os lobbies poderosos, e fazem ouvidos de mercador à voz do Povo.
Fez-se uma revolução para implantar uma “democracia”, que não tem em conta os interesses de Portugal e dos Portugueses, porque os políticos candidatam-se para servir os lobbies poderosos, e fazem ouvidos de mercador à voz do Povo, e isto é coisa de ditaduras.
Afinal, a PREPOTÊNCIA não abandonou Portugal, depois de o «25 de Abril de 1974». Mudou-se o regime. Mas não se mudou a vontade de MUDAR. E quase tudo tem piorado para o comum dos Portugueses, e muita coisa melhorou para os estrangeiros, que são reis e senhores, em terras lusitanas.
Portugal vive um tempo de claro retrocesso, com um povo pouco esclarecido, tão pouco esclarecido que deu maioria absoluta a um partido político que tem muitos telhados de vidro na sua governação. E, como sabemos, as maiorias absolutas são uma outra forma de ditadura. A que temos, actualmente, é a ditadura de uma esquerda pouco esclarecida, que ainda não se apercebeu de que trilha o caminho errado.
Hoje, temos mais do mesmo. A MEDIOCRIDADE GOVERNATIVA continuará a reinar. Continuaremos com a mesma política pobre e podre, que tem caracterizado a governação, desde há muito.
Havia muito mais para dizer. Mas penso que o que disse é o suficiente para reflectirmos no tudo que ainda há a fazer por Portugal.
Ainda não é desta vez, e já lá vão 48 anos, que poderei celebrar o “25 de Abril” como o dia da LIBERTAÇÃO de Portugal dos jugos, internos e externos, rumo a um futuro onde o Povo Português esteja ao nível de outros povos europeus: com uma plena DEMOCRACIA, na qual a VOZ do POVO faça Lei; com a nossa INDEPENDÊNCIA LINGUÍSTICA; com uma SOCIEDADE mais equilibrada, sem o actual gigantesco fosso entre pobres e ricos; uma sociedade limpa da ladroagem, da corrupção, dos vigaristas, do compadrio; uma sociedade com todos os DIREITOS ASSEGURADOS, e também todos os DEVERES a ser cumpridos.
Só então poderemos celebrar a tão mal aclamada LIBERDADE.
Para já, somos apenas a CLOACA da Europa.
Isabel A. Ferreira
Passados são já 47 anos, sobre aquela madrugada, na qual, todos os Portugueses pensantes e livres, dotados de Sentido de Cidadania e de Espírito Crítico, depositaram todas as esperanças de ver um Portugal finalmente livre da ignominiosa política despótica que o sufocava.
Por tudo o que aqui abordarei, repetindo o que ainda não foi alcançado e o que se destruiu, depois daquele primeiro 25 de Abril, o que teremos para celebrar hoje?
Seria da racionalidade que o actual governo, deputados da Nação, presidente da Assembleia da República, presidente da República, autarcas e partidos políticos, fizessem um acto de contrição e pedissem desculpa aos Portugueses, por pouco terem feito pelos ideais de Abril, ainda por cumprir.
Portugal é um país em franca decadência moral, social e cultural, e , em quase tudo, está na cauda da Europa, quiçá do Mundo. E disto não nos livra nem o clima, nem as belas paisagens, os monumentos, a gastronomia e a relativa segurança na vida quotidiana. Porque tudo isto é apenas para estrangeiro ver e viver.
Esta imagem representa a esperança que os jovens, a caminho do Futuro, depositaram na Revolução dos Cravos, sonhando com uma sociedade onde pudessem estudar, tirar um curso, exercer a profissão, na qual tanto investiram, viver e educar os filhos em liberdade… Quantos deles se arrastam por aí, desempregados, ou com empregos precários? Quantos deles foram obrigados a emigrar? E não foi para isto que se fez o 25 de Abril.
Que 25 de Abril celebramos hoje?
Bem, no que me diz respeito, celebro o facto de poder escrever nas linhas, o que até ao dia 25 de Abril de 1974 escrevia nas entrelinhas, através de senhas, para despistar a PIDE. Se bem que, já em “democracia”, no pós-25 de Abril, por ousar dizer verdades inconvenientes, ter sido “importunada” com vários processos judiciais, que acabaram sempre por ser arquivados, porque, obviamente, não era eu a criminosa.
Celebro também poder participar em eleições não manipuladas (por enquanto) pelo Poder, para escolher a governação do meu País. Só que foram pouquíssimas as vezes em que os candidatos, que eu tinha como honestos e incorruptíveis, para poderem exercer o Poder, e em quem votei, chegaram ao Poder. Mas não será esta uma particularidade da Democracia? Não será o Poder o espelho do Povo?
Celebro poder viajar para o estrangeiro, sem ter de pedir permissão ao marido.
Contudo, NÃO celebro a LIBERDADE de que tanto se fala, quando se fala de Abril, porque LIBERDADE sempre a tive, mesmo com a PIDE a rondar os meus calcanhares; mesmo com a censura a tentar travar-me o PENSAMENTO, porque, para mim, LIBERDADE não é poder fazer ou dizer tudo o que me apetece. Para mim, LIBERDADE é poder PENSAR, ter SENTIDO DE CIDADANIA e ESPÍRITO CRÍTICO, algo que nenhum algoz, por mais autoritário que seja, jamais poderá arrancar de mim, porque, como diz Manuel Freire, na canção que escreveu e compôs, intitulada LIVRE, a qual já cantei com ele (meu primo, em quarta geração), num tempo em que era proibido cantá-la:
“Não há machado que corte
a raiz ao pensamento (…)
porque é LIVRE como o vento (…)»
E este é o verdadeiro espírito da LIBERDADE, que deveria ser celebrada no 25 de Abril, e não é celebrada, porque o conceito de Liberdade foi amputado, e a tão ansiada DEMOCRACIA PLENA (aquela em que os governantes servem o Povo e o País, e não os lobbies e os seus interesses particulares; aquela em que o Povo é quem mais ordena) está ainda por cumprir, porque esmagada por governos autoritários, por um Parlamento ao serviço de interesses lobistas, e por presidências da República sem o mínimo sentido de Estado (exceptuando o General Ramalho Eanes).
Se o 25 de Abril trouxe à sociedade portuguesa alguns benefícios, os malefícios estão a superar esses benefícios, e Portugal retrocede a olhos vistos nas poucas conquistas que o 25 de Abril lhe trouxe. Em 47 anos desconstruiu-se o País que a Revolução dos Cravos, com boas intenções, tentou construir.
Como podemos celebrar Abril, se estamos atolados em corrupção, vigarice, hipocrisia, subserviência, servilismo, ganância, negociatas, enriquecimento ilícito, ignorância optativa, irresponsabilidade, negligência, incompetência, condutas terceiro-mundistas, fraudes, paus-mandados e imposições prepotentes?
Portugal serve de motejo a países que, apenas por mero interesse, lhe finge amizade, algo que uma cegueira mental acentuada não permite vislumbrar.
Já não somos Portugal. Perdemos a nossa IDENTIDADE e a nossa DIGNIDADE de País livre e independente, ao descartarmos a Língua Portuguesa, substituindo-a por uma mixórdia, cada vez mais bizarra e funesta, que nos envergonha a todos.
Eis o que, passados 47 anos, Portugal continua a ser:
- Um país, onde ainda se continua a viver em pobreza extrema, com crianças e idosos a passarem fome, com bairros de lata às portas de Lisboa, e centenas de sem-abrigo, sem esperança alguma.
- Um país, que continua a ter a maior taxa de analfabetismo da Europa.
- Um país dos que menos gasta na Saúde, com um Serviço Nacional de Saúde caótico, onde falta quase tudo, e o aumento da Tuberculose (agora disfarçada, pela pandemia, que tomou conta das notícias) diz do subdesenvolvimento, do retrocesso e da miséria que ainda persistem por aí.
- Um país que empurra para o estrangeiro os seus jovens mais habilitados: enfermeiros, médicos, engenheiros, investigadores, artistas.
- Um país com o terceiro pior crescimento económico da Europa.
- Um país que mantém o trabalho precário, e salários miseráveis, enquanto que para a “cultura” da morte (touradas e caça), os subsídios são obesos.
- Um país com a 3ª maior dívida pública da União Europeia.
- Um país cheio de gritantes desigualdades sociais, onde os ricos são cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
- Um país onde ainda há populações que vivem sem água encabada, sem electricidade, sem esgotos, sem telefone.
- Um país cheio de banqueiros e outros que tais ladrões, que sugam o dinheiro do Povo.
- Um país com um governo que se diz de esquerda a fazer políticas de direita.
- Um país com uma Comunicação Social submissa e servilista.
- Um país onde a Justiça anda de rastos, com processos que demoram tempos infinitos, com o intuito de prescreverem; uma justiça extremamente cara, desigual, lenta, injusta, e, em muitos casos, nomeadamente no que respeita ao MP, anda ao sabor de interesses políticos.
- Um país onde a Constituição da República é violada por quem a deveria defender.
- Um país com uma política e políticos desacreditados.
- Um país que promove a violência contra animais não-humanos, o que por sua vez gera a violência contra os seres humanos; um país que os mantêm acorrentados, enjaulados, torturados em público, para gáudio de sádicos e psicopatas.
- Um país com um elevado índice de violência doméstica.
- Um país com um elevadíssimo número de crianças e jovens em risco.
- Um país que atira crianças para arenas de tortura de animais, e permite que sejam iniciadas em práticas violentas e cruéis, roubando-lhes um desenvolvimento normal e saudável, o que constitui um crime de lesa-infância. Impunível.
- Um país cheio de grupos e grupelhos de trabalho; de secretários; de secretários de secretários; de assessores; de secretários de assessores; de comissões; de subcomissões, que não servem absolutamente para nada, a não ser para ganharem salários descondizentes com os serviços que (não) prestam; de deputados a declararem moradas falsas para receberem subsídios ilícitos; de deputados a declararem habilitações falsas; e ex-presidentes da República com gabinetes e mordomias, à excepção do General Ramalho Eanes.
- Um país que descura a sua Flora e a sua Fauna, mantendo uma e outra ao abandono e à mercê de criminosos impuníveis.
- Um país que mantém as Forças de Segurança instaladas em edifícios a caírem de podres, e com falta de quase tudo.
- Um país onde ainda existem Escolas com instalações terceiro-mundistas, sem as mínimas condições para serem consideradas um lugar de aprendizagem; e com tribunais, como o de Monsanto, que parece um galinheiro abandonado.
- Um país onde as prisões são lugares de diversão, com direito a vídeos publicáveis no Facebook; e onde droga é traficada, descaradamente.
- Um país cheio de leis e leizinhas inúteis e retrógradas, que não servem para nada, a não ser para servir lobbies dos mais hediondos, e proteger criminosos impuníveis.
- Um país que não promove a Cultura Culta, e apoia a tortura de Touros e Cavalos, a que muitos querem, porque querem, que seja arte e cultura.
- Um país que apoia chorudamente a caça, assente em premissas falsas e exterminadoras.
- Um país, cujo Sistema de Ensino é dos mais caóticos, desde a implantação da República, onde falta quase tudo, e com a agravante de se estar a enganar as crianças com a obrigatoriedade da aprendizagem de uma ortografia que não é a portuguesa, a da Língua Materna delas, estando-se a incorrer num crime de lesa-infância. Impunível.
- Um país, que tinha uma Língua Culta e Europeia, e hoje tem um arremedo de língua, uma inconcebível mixórdia ortográfica portuguesa, imposta ditatorialmente por políticos pouco ou nada esclarecidos e servilistas, que estão a fabricar, conscientemente, os futuros analfabetos funcionais, e a promover a iliteracia. E já sou poucos os que escrevem correctamente a sua Língua Materna.
- Um país onde os governantes não sabem escrever correCtamente, a Língua oficial do País que dizem servir: a Portuguesa. E como referiu Maria Alzira Seixo: «Ao menos, Salazar sabia escrever».
- Um país onde, parvamente, se começou a dizer “olá a todos e a todas, amigos e amigas, portugueses e portuguesas”, como se esta linguagem, dita inclusiva, viesse resolver as disparidades sociais. Uma desmedida parolice.
- Um país, com um presidente beijoqueiro e viciado em selfies (agora suspensas devido à pandemia) e um primeiro-ministro que não tem capacidade para ver o visível, muito menos o invisível, que qualquer cego, de nascença, vê à primeira vista.
- Um país, que em 2018/2019 foi marcado por uma constante contestação social, com o número mais elevado de sempre de greves em todos os sectores da sociedade portuguesa, número que continuaria a aumentar em 2020/2021 não fosse a invasão covideira.
- Enfim, um País que perdeu o rumo, e faz de conta que é um país.
Os 47 anos da Revolução dos Cravos não foram ainda suficientes para acabar com todas estas nódoas negras que mancham a Democracia que deveria ter nascido do 25 de Abril?
Enquanto tudo isto (e muito mais, que agora não me ocorre) não sair da lista do que não se quer para um País de Primeiro Mundo, evoluído e civilizado, o que há para comemorar em mais este 25 de Abril?
Como disse Manuel Damas, num texto escrito há dois anos, no Facebook, por esta altura:
Não foi para isto que se fez Abril. Falta cumprir Abril, porque falta:
- recuperar a Honestidade;
-recuperar a Seriedade;
- recuperar a Dignidade;
- recuperar o Pudor.
- recuperar o Sentido de Estado.
- recuperar o Sentido de Missão no exercício da Política para o Povo e pelo Povo.
E acrescento eu:
- Falta também recuperar a vergonha na cara.
Isabel A. Ferreira
***
Uma entrevista ao autor da imagem, que ilustra este texto, a quem faltam apoios para sobreviver da sua ARTE:
Os governantes pós-25 de Abril mataram a Revolução dos Cravos. Os sucessivos governos, desde então, sufocaram-na com as cordas da corrupção, das vigarices, da roubalheira, do desgoverno, das falsidades, do desleixo, de condutas terceiro-mundistas, de imposições ditatoriais.
E os cravos de Abril murcharam.
Portugal desconstruiu-se e, hoje, vive num caos (ainda mais acentuado com a invasão vírica), pendurado no abismo, por um fio de teia de aranha. É a chacota do mundo, que lhe finge amizade, por mero interesse, algo que a cegueira mental não permite vislumbrar.
É urgente uma mudança.
É urgente uma nova Revolução, desta vez, a sério. Sem cravos, sem armas, sem ilusões vãs.
É urgente uma Revolução inteligente, que devolva a Portugal a Dignidade e a Identidade perdidas.
Já não somos Portugal.
Em 25 de Abril de 1974, um grupo de ousados Capitães, que já estão na História como os Capitães de Abril, abriram uma porta para um futuro que se esperava promissor, sem correntes, sem pides, sem o regime opressivo do Estado Novo, sem mentiras, sem qualquer vestígio do passado, sem censura. Os Capitães de Abril abriram uma porta para as tão ansiadas Democracia e Liberdade.
Mas o Poder é uma célula cancerígena corrosiva, que ataca quem ambiciona o Poder apenas pelo Poder. E depressa a ilusão da Democracia e da Liberdade foi abafada pela ganância e pela incompetência dos que iam jurando, por uma honra que neles não habitava, cumprir a missão que lhes era confiada.
E Portugal, que se abriu para o futuro, em Abril de 1974, tem vindo a regredir a olhos vistos, e Abril ainda não se cumpriu.
O Povo que, por essa altura, estava unido e pensava que jamais seria vencido, foi sub-repticiamente sendo enganado e alienado pelas manobras de diversão que, entretanto, os governantes foram promovendo, com a ajuda de uma comunicação social servilista, até à alienação total.
Foi-se desenvolvendo a política do pão e circo, uma política que nasceu no Império Romano, e que consistia no modo como os imperadores romanos lidavam com o Povo, para mantê-lo subjugado à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. A designação panem et circenses, no original em Latim, tem origem na Sátira X de Juvenal, humorista e poeta romano que, no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse pelos assuntos políticos, e só se preocupava com o pão para a boca (hoje, dinheiro no bolso) e com o divertimento.
Os tempos são outros, mas a política romana mantém-se, e o Povo só sai às ruas por motivos ligados ao vil metal. Os bolsos mais ou menos cheios e o futebol, as novelas, os reality shows de má catadura, mantêm o Povo amansado, alienado, distante do que é essencial, cego aos jogos políticos que se jogam em São Bento, e nos vão afastando da evolução.
E com esta política, acolitada pelo mais poderoso veículo de comunicação social, a televisão, instalou-se de tal modo no País, que o Povo acabou por ser vencido, sem se dar conta, por um Poder fantasiado de uma “democracia”, que esconde uma prepotência pior do que a de Oliveira Salazar, porque esse, ao menos, fazia as coisas às claras, e sabíamos com que contar.
Sim, podemos dizer que muitas coisas mudaram, depois de 25 de Abril de 1974.
Por exemplo, podemos votar livremente e escolher quem queremos que nos desgoverne.
Porém, de que serve o voto livre, se a maioria dos votantes não faz a mínima ideia do que faz, porque não é esclarecida? O padre da freguesia diz na missa: votem naqueles, e eles votam naqueles, sem saberem que aqueles vão para o Governo gerir os interesses dos lobbies e não os interesses do Povo, os interesses do País. Por isso, Portugal é, hoje, o paraíso de povos de várias nacionalidades, que aqui se abancam, podem e mandam e têm mais privilégios do que os Portugueses, e os portuguesinhos aceitam isto passivamente, servilmente, humildemente, parvamente, achando que o que é estrangeiro é que é bom, é que é moderno, é que é bué fixe.
Para complicar ainda mais as coisas, o Zé Povinho é adepto dos partidos políticos, como se os partidos políticos fossem o clube de futebol dele, portanto, vota nas cores dos partidos da sua predilecção, ainda que os candidatos possam ser incompetentes, corruptos, mentirosos e vigaristas. Mas esta parte não interessa ao Povo.
E isto não tem nada a ver com Democracia, mas com cegueira mental, ignorância, alienação, seguidismo.
As Democracias só funcionam plenamente quando o Povo é maioritariamente esclarecido, informado, instruído, pensante, dotado de espírito crítico. E não estou a referir-me aos canudos, porque os canudos só dão conhecimento específico em determinadas matérias. Um analfabeto pode ser muito mais esclarecido e informado e educado e pensante e dotado de espírito crítico do que muitos doutores, que por aí andam de gravata ao peito, sendo a gravata a sua única medalha de mérito.
Em Democracia, os governantes são meros serviçais do Povo, que lhes paga o salário chorudo que ganham, para (des)governarem o País.
Em Democracia, os governantes, sendo nossos serviçais, têm o dever de responder às questões que o Povo lhes coloca, por escrito ou oralmente. Ora acontece que os governantes remetem-se ao silêncio, desprezando os apelos do Povo. Ignorando o Povo. E este desprezo não faz parte da Democracia que, se for verdadeira, o Povo é que é o detentor do Poder.
Daí a pergunta: o 25 de Abril entregou-nos uma Democracia a sério?
Os cravos de Abril murcharam, e Portugal não avançou para o futuro. Está prisioneiro de políticas retrógradas e de políticos (salvo raras excepções) incompetentes, corruptos, vigaristas, sem honra e sem brio, numa vergonhosa subserviência aos estrangeiros.
O Portugal hodierno limita-se a Lisboa, Porto, (e vá lá) Coimbra e ao Algarve, onde quem manda são os estrangeiros. O resto é território terceiro-mundista, nomeadamente o interior do País, onde ainda se vive sem água encanada, sem electricidade, onde ainda se passa fome, na maior miséria. Ao abandono total.
Eis o que temos para celebrar na passagem dos 46 anos (já dos 45 foi mais do mesmo) do 25 de Abril (que os servilistas grafam “25 de abril”):
- Um país, onde ainda se continua a viver em pobreza extrema, com crianças e idosos a passarem fome.
- Um país, que continua a ter a maior taxa de analfabetismo da Europa.
- Um país dos que menos gasta na Saúde, com um Serviço Nacional de Saúde caótico, onde falta quase tudo, e o aumento da Tuberculose diz do subdesenvolvimento, do retrocesso e da miséria que ainda persistem por aí.
- Um país que empurra para o estrangeiro os seus jovens mais habilitados: enfermeiros, médicos, engenheiros, investigadores, artistas.
- Um país com o terceiro pior crescimento económico da Europa.
- Um país com a 3ª maior dívida pública da União Europeia.
- Um país cheio de desigualdades sociais, onde os ricos são cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
- Um país cheio de banqueiros e outros que tais ladrões.
- Um país cheio de berardos a jogar ao gato e ao rato com o dinheiro do Povo.
- Um país onde a Justiça ainda é extremamente cara, desigual, lenta e injusta.
- Um país que promove a violência contra animais não-humanos, o que por sua vez gera a violência contra os seres humanos.
- Um país com um elevado índice de violência doméstica.
- Um país com um elevadíssimo número de crianças e jovens em risco.
- Um país que atira crianças para arenas de tortura de animais, e permite que sejam iniciadas em práticas violentas e cruéis, roubando-lhes um desenvolvimento normal e saudável, o que constitui um crime de lesa-infância.
- Um país cheio de grupos e grupelhos de trabalho, de secretários, de secretários de secretários, de assessores, de secretários de assessores, de comissões, de subcomissões, que não servem absolutamente para nada, a não ser para ganharem salários descondizentes com os serviços que (não) prestam; e com ex-presidentes da República com gabinetes e mordomias.
- Um país que descura a sua Flora e a sua Fauna, mantendo uma e outra ao abandono e à mercê de criminosos impuníveis.
- Um país que mantém as Forças de Segurança instaladas em edifícios a caírem de podres, e com falta de quase tudo.
- Um país onde ainda existem Escolas com instalações terceiro-mundistas, sem as mínimas condições para serem consideradas um lugar de aprendizagem; e com tribunais, como o de Monsanto, que parece um galinheiro ao abandono.
- Um país onde as prisões são lugares de diversão, com direito a vídeos publicáveis no Facebook.
- Um país cheio de leis e leizinhas retrógradas, que não servem para nada, a não ser para servir lobbies dos mais hediondos, e proteger criminosos impuníveis.
- Um país que não promove a Cultura Culta, e para o qual apenas a cultura inculta conta, e é assegurada, contra tudo e contra todos.
- Um país, cujo Sistema de Ensino é dos mais caóticos, desde a implantação da República, com a agravante de se estar a enganar as crianças com a obrigatoriedade da aprendizagem de uma ortografia que não é a portuguesa, a da Língua Materna delas, estando-se a incorrer num crime de lesa-infância.
- Um país, que tinha uma Língua Culta e Europeia, e hoje tem um arremedo de língua, uma inconcebível mixórdia ortográfica, imposta ditatorialmente por políticos pouco ou nada esclarecidos e servilistas, que estão a fabricar, conscientemente, os futuros analfabetos funcionais, e a promover a iliteracia. E já sou poucos os que escrevem correctamente a sua Língua Materna.
- Um país onde, parvamente, se começou a dizer “olá a todos e a todas, amigos e amigas, portugueses e portuguesas”.
- Um país, com um presidente beijoqueiro e viciado em selfies, e um primeiro-ministro que não tem capacidade para ver o visível, muito menos o invisível, que qualquer cego, de nascença, vê à primeira vista.
- Um país, que em 2018/2019 foi marcado por uma constante contestação social, com o número mais elevado de sempre de greves em todos os sectores da sociedade portuguesa, número que continuaria a aumentar no corrente ano não fosse a invasão invisível do coronavírus.
- Enfim, um País que perdeu o rumo, e faz de conta que é um país. E amanhã, contra tudo e contra todos, e violando o Estado de Emergência em que Portugal está mergulhado, os governantes irão dar um mau exemplo ao País, com a ilusão de que estarão a celebrar o 25 de Abril, que ainda não se cumpriu inteiramente.
Enquanto tudo isto (e muito mais, que agora não me ocorre) não sair da lista do que não se quer para um País de Primeiro Mundo, evoluído e civilizado, o que há para comemorar neste 25 de Abril?
Há o facto de eu poder escrever este texto, sem ir parar ao Campo de Concentração do Tarrafal, o campo da morte lenta, para onde os médicos iam assinar certidões de óbito e não curar, criado pelo Estado Novo, na ilha de Santiago, Cabo Verde, num lugar ironicamente chamado de Chão Bom, de muito má memória.
Isabel A. Ferreira
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Para complementar este texto, leia-se este outro, da autoria de Manuel Damas, publicado no Facebook, em 24 de Abril do ano passado, mas que poderia ter sido escrito hoje, e faço minhas todas as palavras que Manuel Damas escreveu.
45 anos depois...
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Quem o diz é Aitor Hernández-Morales, (correspondente em Portugal do Jornal El Mundo). Aitor refere que em 2018 realizaram-se apenas 173 touradas no país vizinho, ou seja, em Portugal, num novo mínimo histórico. O texto está escrito em Castelhano, num site espanhol.
Traduzi-o para Português, e o original vem indicado num link mais abaixo.
Nem tudo o que Aitor Hernández-Morales escreve corresponde à verdade. Por isso, decidi apensar umas NOTAS repondo os factos tal como são.
Texto de Aitor Hernández-Morales
(Traduzido do Castelhano por Isabel A. Ferreira)
«Houve um tempo em que a cidade portuguesa da Póvoa de Varzim era conhecida pela sua afición tauromáquica. No século XVIII, as touradas eram realizadas na praça principal da fortaleza da cidade, e nos anos 40 do século passado, a popularidade da lide entre os habitantes locais era tal que eles exigiram a construção de uma grande praça no centro da cidade.
No entanto, setenta anos depois, as touradas já não entusiasmam os poveiros, e a monumental praça tem os seus dias contados. Durante anos, realizaram-se touradas na cidade, e a arena, construída para acolher os grandes toureiros de então, tem estado meio abandonada. Com a finalidade de melhor aproveitar o recinto (…) a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim anunciou que em poucos meses a praça será demolida; no seu lugar será construído um pavilhão municipal multiusos, com instalações que a autarquia considera ser de maior interesse para os residentes locais.
O destino da Praça de Touros da Póvoa de Varzim é idêntico ao de muitas outras que desapareceram nos últimos anos em Portugal, onde a tauromaquia parece estar em vias de extinção. De acordo com o mais recente relatório da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), entidade estatal encarregada de supervisionar a tauromaquia em terras lusas, em oito anos os eventos tauromáquicos perderam quase metade do seu público, passando dos mais de 680.000 espectadores em 2010, para os 379.000 registados no ano passado. Em 2018, o número de eventos tauromáquicos em Portugal também caiu para mínimos históricos: das mais de 300 touradas realizadas em 2006, apenas 173 ocorreram no ano passado.
O ocaso de uma actividade histórica
Durante séculos a actividade tauromáquica foi um elemento fundamental da cultura portuguesa. Documentos históricos mostram que as touradas já foram realizadas em Portugal no século XII (1), e no século XVI o rei português exigiu a interferência do Papa quando um inquisidor de Lisboa tentou abolir a actividade. No século XIX, surgiu o factor que hoje em dia continua a diferenciar a lide portuguesa da espanhola: as autoridades proibiram a morte do Touro em público, de maneira informal, e assim nasceu a “tourada portuguesa”, na qual o touro morre nos curros da praça, ou directamente no matadouro. (2)
As touradas fascinavam os Lusos do século passado, e em algumas cidades portuguesas a obsessão pelas touradas abeirava a loucura (3). No Porto, havia 11 praças a funcionar ao mesmo tempo e, na cidade vizinha de Espinho, a praça primitiva acolhia um público de mais de 5.000 espectadores. Quando assumiu o poder, o ditador António de Oliveira Salazar reconheceu a força deste sector e decidiu dar-lhe apoio oficial (4). Ao longo do seu regime do Estado Novo (1933-1974) o Governo (Salazar) apoiou a tauromaquia e subsidiou a construção de praças não só em Portugal, mas também nas então colónias portuguesas de Angola e Moçambique (5).
No entanto, a Revolução dos Cravos, em 1974, pôs fim a tudo isso. Tal como o fado, a luta também foi rejeitada quando vista como uma actividade excessivamente associada à ditadura de Salazar. Sem apoio institucional, as touradas passaram a depender de um público cada vez mais desinteressado em um sector hoje visto como algo reaccionário, cruel e desonesto. (6)
Actualmente existem alguns locais activos nas regiões centro e sul, nas regiões agrárias do Alentejo e Ribatejo, em lugares como Vila Franca de Xira, Évora, Estremoz e Montijo. A praça mourisca do campo pequeno em Lisboa - o equivalente português de Las Ventas em Madrid - foi parcialmente convertida num centro comercial e actualmente acolhe mais concertos e convenções do que touradas.
Um tema apolítico
No país vizinho (Portugal) a tourada não tem cores ideológicas: onde há menos touradas é na região Norte, reduto dos conservadores portugueses, enquanto o Alentejo - feudo tradicional dos comunistas portugueses - foi onde se realizou o maior número de touradas, no ano passado. Ao contrário de Espanha, onde comunidades autónomas como as Ilhas Canárias e a Catalunha promoveram a abolição da tauromaquia, e onde outras como Madrid e Múrcia financiam a lide - em Portugal os políticos têm permanecido fora do debate sobre o futuro das touradas (7).
Na Assembleia da República, os deputados rejeitam a proibição das touradas - há um ano a grande maioria votou contra uma proposta que teria abolido a lide em terras lusas - mas também não mantêm a lide com subsídios. A nível local, menos de 10% dos municípios portugueses destinam fundos à prática de actividades tauromáquicas (8).
Desta forma, o futuro do sector é decidido pela lei do mercado, e o desinteresse do público tem um papel determinante no resultado da situação. Embora a tourada portuguesa não desapareça completamente amanhã, a cada ano que passa é menos viável realizar touradas em praças meio vazias.
Embora lamente a tendência, o sociólogo Luís Capucha, presidente da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal (ATTP), clama que «o futuro de um evento popular está nas mãos do povo» e não nas mãos de políticos.
«Lamento que desapareça, porque para os aficionados o Touro é um animal sagrado, que nós respeitamos pela sua bravura, e é uma lástima que se proíba o motivo pelo qual foi criado, ou seja, para lutar pela sua morte digna».
«No entanto, não há necessidade nem que o Parlamento, nem que um autarca proíba as touradas; já existem muitas pessoas para quem os Touros não lhes dizem nada. Se uma cidade quer realizar touradas, que paguem para vê-las. E se não, então não as tenham». (9)
Texto original em Castelhano neste link:
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NOTAS:
(1) As touradas foram introduzidas em Portugal, pelo Rei Filipe II de Espanha, I de Portugal, na segunda metade do século XVI.
(2) O que na realidade acontece, é que os Touros não morrem nos curros das praças, porque deixam-nos ficar ali a morrer lentamente, sem qualquer lenitivo, dois ou mais dias, até que os levem para o matadouro. Alguns morrem com grande sofrimento, antes de os levarem.
(3) Ainda hoje podemos comprovar essa loucura nas localidades mais atrasadas, onde a tauromaquia está ainda arreigada, como no Ribatejo e Alentejo, em algumas ilhas dos Açores, nomeadamente ilha Terceira, e Ponte de Lima.
(4) Apesar de se ter realizado a Revolução de Abril, que pretendeu acabar com as políticas salazaristas, todos os que vieram substituir Salazar, na dita “democracia”, continuaram, porém, com algumas políticas do ditador, entre elas esta de apoiar a selvajaria tauromáquica institucionalmente.
(5) Que no entanto e entretanto, abandonaram essas práticas bárbaras, levadas pelo colonizador. No que Angolanos e Moçambicanos só mostraram elevação de espírito.
(6) Repondo a verdade: com a Revolução dos Cravos, em 1974, não se pôs fim a tudo isto. Tal como o Fado (que foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade, em 2011) a Tauromaquia NÃO FOI rejeitada quando vista como uma actividade excessivamente associada à ditadura de Salazar. Pois tal actividade continua com APOIO INSTITUCIONAL, e as touradas AINDA EXISTEM, devido a esse apoio institucional. De resto, É VERDADE que existe um público cada vez mais desinteressado num sector hoje visto como algo reaccionário, cruel e desonesto. Apenas o PS, o PSD, o PCP e o CDS/PP NÃO consideram ÚTIL esta actividade monárquica e salazarista e reaccionária e cruel e desonesta, por isso, mantêm o apoio institucional.
(7) Os políticos NÃO têm permanecido fora do debate sobre o futuro das touradas. Os políticos portugueses, ou melhor, o PS e PCP (que se dizem de esquerda) e o PSD e CDS/PP (da direita) têm-se mantido UNIDOS a favor dos apoios às touradas, enquanto o BE, o PEV e o PAN se têm pautado pelo FIM dos apoios às touradas.
(8) Na Assembleia da República, graças aos deputados do PS e PCP (que se dizem de esquerda) e do PSD e CDS/PP (da direita) os subsídios às touradas mantêm-se, e não fosse isso, as touradas já teriam acabado. Duas dezenas de ganadeiros vivem à tripa forra, à custa desses subsídios, oriundos do erário público. Constituem um grupo de pressão económica aos quais aqueles partidos são completamente subservientes. E, na verdade, dos 308 municípios portugueses, apenas 40 mantêm esta prática bárbara, se bem que em franca decadência.
(9) O “sociólogo” aficionado de touradas, Luís Capucha, considera que um “evento popular” como a tortura de touros está nas mãos de que povo? De uns poucos trogloditas que não evoluíram, e não nas mãos de políticos? Como se engana, o “sociólogo” Capucha. Aliás, fica-lhe bastante mal, como “sociólogo” proferir tamanhas patacoadas, como as que proferiu, chamando SAGRADO ao Touro que vão estraçalhar e matar lentamente, achando que o Touro foi criado para LUTAR por ESSA MORTE LENTA e INDIGNA.
Realmente não há necessidade de se proibirem as touradas, porque elas extinguir-se-ão, naturalmente, pelas mãos de aficionados como o “sociólogo” Capucha, com argumentos tão irracionais, como os que proferiu.
Isabel A. Ferreira
Os governantes pós-25 de Abril mataram a Revolução dos Cravos. Os sucessivos governos, desde então, sufocaram-na com as cordas da corrupção, das vigarices, da roubalheira, do desgoverno, das falsidades, do desleixo, de condutas terceiro-mundistas, de imposições ditatoriais.
E os cravos de Abril murcharam.
Portugal desconstruiu-se e hoje vive num caos, pendurado no abismo, por um fio de teia de aranha. É a chacota do mundo, que lhe finge amizade, por mero interesse, algo que a cegueira mental não permite vislumbrar.
É urgente uma mudança.
É urgente uma nova Revolução, desta vez, a sério. Sem cravos, sem armas, sem ilusões vãs.
É urgente uma Revolução inteligente, que devolva a Portugal a Dignidade e a Identidade perdidas.
Já não somos Portugal.
Em 25 de Abril de 1974, um grupo de ousados Capitães, que já estão na História como os Capitães de Abril, abriram uma porta para um futuro que se esperava promissor, sem correntes, sem pides, sem o regime opressivo do Estado Novo, sem mentiras, sem qualquer vestígio do passado. Os Capitães de Abril abriram uma porta para as tão ansiadas Democracia e Liberdade.
Mas o Poder é uma célula cancerígena corrosiva, que ataca quem ambiciona o Poder apenas pelo Poder. E depressa a ilusão da Democracia e da Liberdade foi abafada pela ganância e pela incompetência dos que iam jurando, por uma honra que neles não habitava, cumprir a missão que lhes era confiada.
E Portugal, que se abriu para o futuro, em Abril de 1974, tem vindo a regredir a olhos vistos, e Abril ainda não se cumpriu.
O Povo que, por essa altura, estava unido e pensava que jamais seria vencido, foi sub-repticiamente sendo enganado e alienado pelas manobras de diversão que, entretanto, os governantes foram promovendo, com a ajuda de uma comunicação social servilista, até à alienação total.
Foi-se desenvolvendo a política do pão e circo, uma política que nasceu no Império Romano, e que consistia no modo como os imperadores romanos lidavam com o Povo, para mantê-lo subjugado à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. A designação panem et circenses, no original em Latim, tem origem na Sátira X de Juvenal, humorista e poeta romano que, no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse pelos assuntos políticos, e só se preocupava com o pão para a boca (hoje, dinheiro no bolso) e com o divertimento.
Os tempos são outros, mas a política romana mantém-se, e o Povo só sai às ruas por motivos ligados ao vil metal. Os bolsos mais ou menos cheios e o futebol, as novelas, os reality shows de má catadura, mantêm o Povo amansado, alienado, distante do que é essencial, cego aos jogos políticos que se jogam em São Bento, e nos vão afastando da evolução.
E com esta política, acolitada pelo mais poderoso veículo de comunicação social, a televisão, instalou-se de tal modo no País, que o Povo acabou por ser vencido, sem se dar conta, por um Poder fantasiado de uma “democracia”, que esconde uma prepotência pior do que a de Oliveira Salazar, porque esse, ao menos, fazia as coisas às claras, e sabíamos com que contar.
Sim, podemos dizer que muitas coisas mudaram, depois de 25 de Abril de 1974.
Por exemplo, podemos votar livremente e escolher quem queremos que nos desgoverne.
Porém, de que serve o voto livre, se a maioria dos votantes não faz a mínima ideia do que faz, porque não é esclarecida? O padre da freguesia diz na missa: votem naqueles, e eles votam naqueles, sem saberem que aqueles vão para o Governo gerir os interesses dos lobbies e não os interesses do Povo, os interesses do País. Por isso, Portugal é, hoje, o paraíso de povos de várias nacionalidades, que aqui se abancam, podem e mandam e têm mais privilégios do que os Portugueses, e os portuguesinhos aceitam isto passivamente, servilmente, humildemente, parvamente, achando que o que é estrangeiro é que é bom, é que é moderno, é que é bué fixe.
Para complicar ainda mais as coisas, o Zé Povinho é adepto dos partidos políticos, como se os partidos políticos fossem o clube de futebol dele, portanto, vota nas cores dos partidos da sua predilecção, ainda que os candidatos possam ser incompetentes, corruptos, mentirosos e vigaristas. Esta parte não interessa ao Povo.
E isto não tem nada a ver com Democracia, mas com cegueira mental, ignorância, alienação, seguidismo.
As Democracias só funcionam plenamente quando o Povo é maioritariamente esclarecido, informado, instruído, pensante, dotado de espírito crítico. E não estou a referir-me aos canudos, porque os canudos só dão conhecimento específico em determinadas matérias. Um analfabeto pode ser muito mais esclarecido e informado e instruído e pensante e dotado de espírito crítico do que muitos doutores, que por aí andam de gravata ao peito, sendo a gravata a sua única medalha de mérito.
Em Democracia, os governantes são meros serviçais do Povo, que lhes paga o salário chorudo que ganham, para (des)governarem o País.
Em Democracia, os governantes, sendo nossos serviçais, têm o dever de responder às questões que o Povo lhes coloca, por escrito ou oralmente. Ora acontece que os governantes remetem-se ao silêncio, desprezando os apelos do Povo. Ignorando o Povo. E este desprezo não faz parte da Democracia que, se for verdadeira, o Povo é que é o detentor do Poder.
Daí a pergunta: o 25 de Abril entregou-nos uma Democracia a sério?
Os cravos de Abril murcharam, e Portugal não avançou para o futuro. Está prisioneiro de políticas retrógradas e de políticos incompetentes, corruptos, vigaristas, sem honra e sem brio, numa vergonhosa subserviência aos estrangeiros.
O Portugal hodierno limita-se a Lisboa, Porto, (e vá lá) Coimbra e ao Algarve, onde quem manda são os estrangeiros. O resto é território terceiro-mundista, nomeadamente o interior do País, onde ainda se vive sem água encanada, sem electricidade, onde ainda se passa fome, na maior miséria. Ao abandono total.
Eis o que temos para celebrar na passagem dos 45 anos do 25 de Abril (que os servilistas grafam “25 de abril”):
- Um país, onde ainda se continua a viver em pobreza extrema, com crianças e idosos a passarem fome.
- Um país, que continua a ter a maior taxa de analfabetismo da Europa.
- Um país dos que menos gasta na Saúde, com um Serviço Nacional de Saúde caótico, onde falta quase tudo, e o aumento da Tuberculose diz do subdesenvolvimento, do retrocesso e da miséria que ainda persistem por aí.
- Um país que empurra para o estrangeiro os seus jovens mais habilitados: enfermeiros, médicos, engenheiros, investigadores, artistas.
- Um país com o terceiro pior crescimento económico da Europa.
- Um país com a 3ª maior dívida pública da União Europeia.
- Um país cheio de desigualdades sociais, onde os ricos são cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
- Um país cheio de banqueiros e outros que tais ladrões.
- Um país cheio de berardos a jogar ao gato e ao rato com o dinheiro do Povo.
- Um país onde a Justiça ainda é extremamente cara, desigual, lenta e injusta.
- Um país que promove a violência contra animais não-humanos, o que por sua vez gera a violência contra os seres humanos.
- Um país com um elevado índice de violência doméstica.
- Um país com um elevadíssimo número de crianças e jovens em risco.
- Um país que atira crianças para arenas de tortura de animais, e permite que sejam iniciadas em práticas violentas e cruéis, roubando-lhes um desenvolvimento normal e saudável, o que constitui um crime de lesa-infância.
- Um país cheio de grupos e grupelhos de trabalho, de secretários, de secretários de secretários, de assessores, de secretários de assessores, de comissões, de subcomissões, que não servem absolutamente para nada, a não ser para ganharem salários descondizentes com os serviços que (não) prestam.
- Um país que descura a sua Flora e a sua Fauna, mantendo uma e outra ao abandono e à mercê de criminosos impuníveis.
- Um país que mantém as Forças de Segurança instaladas em edifícios a cairem de podres, e com falta de quase tudo.
- Um país onde ainda existem Escolas com instalações terceiro-mundistas, sem as mínimas condições para serem consideradas um lugar de aprendizagem.
- Um país onde as prisões são lugares de diversão, com direito a vídeos publicáveis no Facebook.
- Um país cheio de leis e leizinhas retrógradas, que não servem para nada, a não ser para servir lobbies dos mais hediondos, e proteger criminosos impuníveis.
- Um país que não promove a Cultura Culta, e para o qual apenas a cultura inculta conta, e é assegurada, contra tudo e contra todos.
- Um país, cujo Sistema de Ensino é dos mais caóticos, desde a implantação da República, com a agravante de estar a enganar-se as crianças com a obrigatoriedade da aprendizagem de uma ortografia que não é a portuguesa, a da Língua Materna delas, estando-se a incorrer num crime de lesa-infância.
- Um país, que tinha uma Língua Culta e Europeia, e hoje tem um arremedo de língua, uma inconcebível mixórdia ortográfica, imposta ditatorialmente por políticos ignorantes e servilistas, que estão a fabricar, conscientemente, os futuros analfabetos funcionais, e a promover a iliteracia. E já sou poucos os que escrevem correctamente.
- Um país onde, parvamente, se começou a dizer “olá a todos e a todas”.
- Um país, com um presidente beijoqueiro e viciado em selfies, e um primeiro-ministro que não tem capacidade para ver o visível, muito menos o invisível, que qualquer cego, de nascença, vê à primeira vista.
- Um país, que em 2018 foi marcado por uma constante contestação social, com o número mais elevado de sempre de greves em todos os sectores da sociedade portuguesa, número que continua a aumentar no corrente ano.
- Enfim, um País que perdeu o rumo, e faz de conta que é um país.
Enquanto tudo isto (e muito mais, que agora não me ocorre) não sair da lista do que não se quer para um País de Primeiro Mundo, evoluído e civilizado, o que há para comemorar neste 25 de Abril?
Há o facto de eu poder escrever este texto, sem ir parar ao Campo de Concentração do Tarrafal, o campo da morte lenta, para onde os médicos iam assinar certidões de óbito e não curar, criado pelo Estado Novo, na ilha de Santiago, Cabo Verde, num lugar ironicamente chamado de Chão Bom, de muito má memória.
Isabel A. Ferreira
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Para complementar este texto, leia-se este outro, da autoria de Manuel Damas, publicado no Facebook:
45 anos depois...
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