Pois, ó rico, se a si lhe deu um fanico, a nós deu-nos um grande asco quando lemos este comentário, por ser retrógrado, desactual, desadequado e impróprio de seres evoluídos.
Não que nos surpreendesse tal arengada, porque estamos fartos de saber que os acéfalos não pensam, nem têm sentimentos e seguem os instintos primitivos próprios de seres que ainda não evoluíram.
Mas sempre ouvimos dizer que água mole em pedra dura tanto dá até que fura, portanto não desistimos.
E ainda que ninguém encomendasse qualquer sermão, ele aqui vai desafrontadamente…
O PAN também não desiste, porque está representado na Assembleia da República Portuguesa pelo André Silva, um Homem evoluído, avançado no tempo, um espírito do futuro, que trouxe àquele lugar velho (que é o hemiciclo da AR, onde uma esmagadora maioria de gente que, apesar de nova, já nasceu velha, se senta, e faz discursos velhos, e aprova leis retrógradas no que concerne aos Direitos dos Animais e das Crianças), um discurso novo e adequado aos tempos modernos e ao avanço dos conhecimentos que hoje temos sobre a senciência animal, e que, os que optam pela ignorância e recusam esse conhecimento, desconhecem.
A proposta do PAN quanto à proibição do uso de carroças, charretes e “charabans” (charabãs) de tracção animal provém de uma mente aberta, arejada, evoluída, futurista, uma mente do século XXIII (assim 23 ou mais) depois de Cristo.
O que diria a rainha de Inglaterra?
E o que nos interessa o que diria a rainha de Inglaterra, uma nonagenária que não evoluiu o suficiente para saber que os Cavalos não nasceram para servir o pré-humano (aquele que ainda não evoluiu para Homem), e são seres extremamente sensíveis, e sofrem horrores a puxar carroças para que rainhas andem de traseiro tremido em cima delas.
E sim, há-de chegar o dia em que vai ser proibido montar Cavalos.
E sabe porquê rico?
Dizemos-lhe, para que não diga que não lhe disseram: porque não é só o esforço físico que muito custa aos Cavalos. São os ferros na boca que magoam e ferem as gengivas, a língua, o palato, a mandíbula, se for barbela, a pressão dolorosa sobre o chanfro, se for serrilha, dor e ferida por um arreio mal adaptado, e os malditos chicotes. E isto não é coisa nossa. Isto é o saber do Médico-Veterinário, Dr. Vasco Reis, que durante vários anos cuidou de Cavalos, no estrangeiro.
Mas os montadores não podem ver (ou não lhes interessa ver) os esgares de dor que os Cavalos exibem, quando são montados, quando puxam carroças, arados, charretes, enfim, quando são usados e abusados pelos pré-humanos.
O rico do PAN é rico, sim. Mas é rico em sentimentos, em sensibilidade, em inteligência, em saber, em evolução, em ética, em essência humana, e claro quando se fala em touradas, tanto defende o Touro como o Cavalo, obviamente, pois ambos estão incluídos nesta selvajaria.
Mas há aqui um pormenore que urge salientar: o PAN ou outro qualquer partido anti-tourada, não pode levar para a Assembleia da República uma proposta abolicionista destas práticas cruéis primitivas, por um motivo simples: é que o lobby tauromáquico está lá instalado de malas e bagagens, e se não passa um projecto de lei de protecção às crianças para que não assistam nem pratiquem estes horrores, como há-de passar um projecto de lei para proteger os animais, que para a esmagadora maioria dos deputados da Nação são apenas os Gatos e os Cães, que não sejam de circo ou de corrida?
A proposta abolicionista só fará sentido quando Portugal estiver representado por deputados evoluídos. Contudo, até lá, estas práticas bárbaras deixarão de existir porque a juventude prefere assistir ao Festival Super Bock Super Rock, e outros que tais, do que ver torturar bovinos e Cavalos indefesos, numa arena cheia de sádicos.
Apenas uma minoria inculta, retrógrada e a cair de velha (em idade, uns, e em mentalidade, outros) se dispõe a ir a uma arena de tortura.
Ó rico, não admira que não consiga entender onde quer chegar o deputado do PAN. E sabe porquê? Porque ele está distanciado de si milhares de anos-luz. E não só de si, como também de todos os que se recusam a ver o óbvio e a evoluir.
E quer saber, o deputado do PAN nunca iria propor que as carroças, as charretes e os seus “charabans” só poderiam circular se puxados por ricos encartados para o efeito, porque o deputado do PAN é um Homem civilizado.
Mas que apetece dizer que seria uma boa ideia, lá isso apetece. Assim os ricos iriam sentir o que custa puxar carroças, e talvez mudassem de ideias e evoluíssem e deixassem os Cavalos em paz.
Sabe, rico, dizer que “gosta muito de animais” e depois os tortura ou gosta de os ver torturados, não é de seres humanos, mas sim de seres desumanos.
Quem defende um Cavalo defende de igual modo um Homem, porque ambos são animais com ADN muito, muito semelhante.
Mas não nos peça para defender um rico, como o que escreveu este comentário, porque só defendemos animais humanos e não-humanos. Não defendemos animais pré-humanos ou desumanos.
E corram, corram bastante até perderem o fôlego, para ver se ainda conseguem alcançar o comboio da evolução, que já percorreu vários séculos, e vocês ainda não se deram conta de ele ter passado pela vossa rua…
Isabel A. Ferreira