Proponho-me a reproduzir aqui o precioso testemunho de uma ribatejana, publicado no Facebook, a qual não se identifica com a barbárie que caracteriza o Ribatejo.
Estas eleições autárquicas poderão servir para penalizar todos os candidatos que, à direita e à esquerda, por todo o país, apoiam a selvajaria tauromáquica, que tortura e mata animais não humanos e tira a vida e estropia animais humanos…
E nenhum destes candidatos merece o nosso voto…
Texto de Isabel Faria
«Aprendi a rejeitar as touradas, por uma questão de classe. Os donos dos touros eram sempre, nas minhas certezas juvenis, os latifundiários. Os mesmos que iam para a Praça do Mercado escolher os trabalhadores agrícolas para trabalhar à jorna, recusar dar trabalho a trabalhadores agrícolas, ou chamar a GNR para os reprimir.
Os toureiros eram deles. Os forcados eram os filhos dos capatazes das suas terras. Os que ambicionavam ser deles.
Possivelmente com alguma análise mais adulta, a equação não seria assim tão linear... mas ainda faltava muito para análises adultas.
Só com o tempo, juntei à questão da barricada, o marialvismo reaccionário, a barbárie do espectáculo, o sofrimento infringido aos animais, a desumanidade de ir para as bancadas vibrar com o sofrimento e aplaudir o sangue.
Por isso tudo, sou claramente a favor do fim das touradas. Por isso tudo, e voltando, de relance, às autárquicas, seria incapaz de votar num candidato ou num programa que as protegesse, impulsionasse, sequer, acriticamente, aceitasse.
Morreram dois jovens em pouco mais de uma semana, em arenas de Praças de Touros em Portugal. A morte é sempre uma tragédia. Os acidentes têm sempre responsáveis e culpados.
Estes acidentes são fruto de uma "tradição" bárbara e sem nenhum sentido, que massacra animais e mata homens.
À Esquerda devia ser uma linha vermelha intransponível, mantê-la ou apoiá-la.»
Fonte: