«Qual o sentido da vida humana, se não somos capazes de reagir e sair da pré-história, porque considero que enquanto a guerra for uma maneira de desatar os nossos conflitos e de resolver os nossos conflitos, continuaremos na pré-história, com a única diferença de que a barbárie dos homens primitivos, dos humanos primitivos, parece brincadeira de criança comparada à barbárie do tempo actual». (Mujica)
Obrigada, senhor Mujica. O senhor tem uma grande alma, é um grande ser humano, um Homo Sapiens Sapiens, que veio do futuro.
Obrigada, por esta preciosa lição de humanidade.
Isabel A. Ferreira
(Ao cuidado da PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA e do GOVERNO PORTUGUÊS que permite que as leis não sejam cumpridas em Portugal e que as autoridades não sejam punidas por esse incumprimento).
Ontem foi anunciado que os ilegais “touros de fogo”, previstos para a hipócrita “festa da falsa amizade”, no lugarejo de Benavente, distrito de Santarém, onde ainda se vive na Idade da Pedra Lascada, haviam sido cancelados OFICIALMENTE, confirmação a partir do Comandante do Destacamento de Coruche da GNR, passada através do oficial de serviço do Comando Territorial de Santarém da GNR, de acordo com a ONG Animal.
Eu, previdentemente, não deitei foguetes antes do tempo, porque em terra de doidos tudo é possível.
E na realidade, o que não devia ter acontecido, aconteceu: os “touros de fogo” saíram à rua, ILEGALMENTE, e as autoridades locais nada fizeram para o impedir.
Ver o vídeo aqui:
https://www.facebook.com/intervencaoeresgateanimal/videos/467351183605409/?hc_location=ufi
O PAN, na sua página do Facebook, informou que iriam agir em conformidade, contudo, a conformidade, neste caso, seria meter as autoridades na cadeia, por não terem feito cumprir a lei. Era o que fariam comigo, se eu não cumprisse o meu dever como cidadã. Certo?
Isto é uma vergonha para a Nação Portuguesa.
Vou enviar o vergonhoso cartaz da horrorosa "festa " da falsa AMIZADE de Benavente para os operadores turísticos estrangeiros. É que andam por aí a vender um Portugal bonito, que existe, sim, mas também existe este outro, feio e podre, que tem de ser denunciado ao mundo, para que se saiba que em Portugal, em determinadas localidades, ainda se vive no tempo da Pedra Lascada, e existe uma espécie de homo que está ao nível da mais primitiva bactéria, apenas porque as autoridades portuguesas assim o permitem.
O inconcebível aconteceu: a notícia diz que o evento dos “touros de fogo” foi CANCELADO, mas CANCELADO na linguagem das autoridades significa LUZ VERDE.
A barbárie dos “touros de fogo” CONSUMOU-SE, naquele lugarejo, habitado por atrasados mentais (não confundir com deficientes mentais ou com doentes mentais), sádicos e psicopatas e por autoridades que não têm autoridade para fazer cumprir a Lei.
O evento ILEGAL realizou-se, e nenhuma autoridade se atreveu a IMPEDI-LO. Porquê? É a pergunta.
Vivemos num tempo bárbaro, apesar de estarmos no terceiro milénio da era cristã. E Portugal e os Portugueses não merecem isto.
Pois agora é hora de denunciar essas autoridades a uma autoridade maior, se é que a há, neste nosso pobre país, entregue a bárbaros.
Sinto a maior vergonha por viver num país onde práticas bárbaras e cruéis fazem parte do “divertimento” de um povo abestalhado, apoiado por governantes irresponsáveis.
E amanhã, dia de São João, dizem que há mais: há as PICARIAS, também ilegais.
Ficamos a aguardar por mais este atrevimento.
Serão capazes de repetir o mesmo ERRO duas vezes seguidas?
(Origem da imagem:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=142650249621933&set=p.142650249621933&type=3&theater
O Pedro Calçada publicou um vídeo, e cobardemente retirou-o. Ficou apenas esta prova. Afinal isto não é uma festa. É um crime...??? Se fosse festa não teria sido retirado.
Isabel A. Ferreira
Reflexão de fim de ano sobre o Touro que os tauricidas chamam de “bravo”…
Um tal João Aranha, que não sei quem é, nem me interessa, escreveu um texto completamente imbecil, desprovido do mais básico conhecimento científico sobre bovinos, no aficionado “jornal” Correio da Manhã, sob o título «Do nascimento à extinção - Reflexão de fim de ano sobre o toiro bravo», onde esparramou uma ignorância que vem do tempo das mais profundas trevas, e que foi passando de geração em geração, como se fosse o saber dos saberes…
Porém (existe um porém) os tempos evoluíram, o mundo saiu das trevas, os conhecimentos avançaram, e hoje apenas os muiiiiito, mas muiiiiiito ignorantes é que não sabem que na Natureza não existem Touros “bravos”, mas simplesmente bovinos, que nascem como todos os bovinos, mas que são manipulados e torturados desde a nascença e ao longo da sua curta vida, para fazerem de conta que são “bravos”, e depois são enfraquecidos através dos mais repugnantes métodos, antes de entrarem na arena, para serem barbaramente torturados e morrerem lentamente, para que aos olhos dos sádicos que assistem à tortura, os cobardes tauricidas possam passar por “heróis”, porque a tauromaquia é a suprema arte da cobardia… desde o nascimento do bovino até à sua extinção na arena…
E esta é a única extinção que existe na tauromaquia: a morte lenta e dolorosa de um dócil e pacífico ser senciente, para satisfazer o prazer mórbido de psicopatas, sádicos e dos afectados por uma deformação mental, e encher os bolsos de criaturas acéfalas.
O que se extinguirá, com a abolição da selvajaria tauromáquica é a crueldade e a violência exercidas sobre seres que são muito superiores a quaisquer dos intervenientes nesta barbárie, e obviamente a extinção do bando de parasitas tauricidas que vivem à custa dos impostos dos portugueses.
***
Que haja joões aranhas por aí a destilar um ódio cavernícola por seres sencientes e pacíficos como os bovinos, e a dizer disparates de alto quilate, sobre uma matéria que desconhecem por completo, será (será?) normal, porque a anormalidade, neste nosso país ainda com raízes terceiro-mundistas, está legislada, por mais incrível que isto pareça.
O que é espantoso é existir um “jornal” que tem por função informar, e o que faz? Publica uma enxurrada de imbecilidades, que só contribui para que a ignorância continue a espalhar-se como um vírus nocivo. Por estas e por outras Portugal tem uma franja populacional ainda muito, mas muito atrasadinha…
(Do nascimento… do bovino)
(…à extinção do bovino na arena…)
Esmiucemos o que disse o João Aranha:
«Com mais um ano a findar, eis a ocasião propícia para algumas reflexões. Ao fazê-lo, dei comigo a meditar sobre a ignorância de alguns anti-taurinos e outros fundamentalistas urbano-depressivos que, nunca tendo visto parir uma ovelha ou cobrir uma burra, se permitem criticar quem aponta factos sobre tão importante matéria».
Só este primeiro parágrafo diz da deformação mental dos tauricidas. Eles é que são ignorantes (pois nada sabem de bovinos); eles é que são anti-taurinos (que significa inimigos dos touros) nós somos anti-touradas; eles é que são fundamentalistas, tipo islâmicos (pois sentem prazer em torturar seres vivos); eles é que são urbano-depressivos (tão depressivos que precisam de torturar animais para exorcizar as suas frustrações e a invirilidade de que sofrem); e como são extremamente ignorantes acham que todos são ignorantes também, e medem todos pelo mesmo alqueire.
Todos nós, animalistas, conhecemos bem tudo o que diz respeito aos animais, temos conhecimentos das ciências que se dedicam ao estudo dos animais no que se refere à sua biologia, genética, fisiologia, anatomia, ecologia, geografia e evolução, por isso sabemos do que falamos.
Não queiram vir ensinar o padre nosso ao vigário, quando nem sequer sabem rezar, porque o que vos ensinam nas igrejas que frequentam é apenas odiar os animais. Torturá-los para se divertirem. E isto não é cristão. É diabólico.
O parágrafo que se segue é de uma ignorância crassa. Medieval. Cavernícola. Uma mentira repetida há séculos, para enganar os ignorantes, tornou-se na verdade dos imbecis.
«Igual comportamento provem dos que, à porta do Campo Pequeno, em noite de corrida, ou mesmo na comunicação social, e até na Assembleia da República, continuam a afirmar que o toiro bravo (o toiro de lide destinado à tourada) mais não é do que um bovídeo que não estará condenado à extinção se as touradas acabarem, podendo sobreviver livremente na natureza. Uma tal crença peca por total ignorância de quem, com base num fundamentalismo sem fundamento, desconhece todo o percurso da espécie, desde que se chamava auroque e surgia pintado nas cavernas da pré-História até ao soberbo animal que hoje temos.»
Leia mais, João Aranha. Não enterre essa cabeça oca na areia. Saia das trevas. Ilumine-se.
Vou indicar-lhe aqui informação suficiente para deixar de ser ignorante, e nunca mais se atrever a vir a público dizer tanto disparate.
Fonte:
http://www.cmjornal.pt/opiniao/detalhe/do-nascimento-a-extincao
***
Quando falamos de selvajaria tauromáquica falamos disto:
A verdade perversa sobre a tortura de Touros e Cavalos, antes, durante e depois de lide
“A origem científica da "afición" ”
O sofrimento de um touro diagnosticado por um Médico-Veterinário
«A Assembleia da República deverá chumbar hoje a proibição dos menores participarem em corridas de touros. As propostas que aumentam a idade mínima para 18 anos foram ontem debatidas no Parlamento. PSD, CDS e PCP estão contra. O PS dará liberdade de voto.
As votações acontecerão hoje ao final do dia. Aguardamos com especial expectativa. Sim, estão aqui em causa os direitos fundamentais das crianças.» (PAN)
A proposta do PAN é racional, o resultado da votação poderá ser IRRACIONAL.
Esta é uma matéria que, se Portugal fosse realmente um país CIVILIZADO e EVOLUÍDO, nem sequer estaria em discussão, por tão óbvio ser o facto de a violência e a crueldade não fazerem parte dos valores HUMANOS que o Estado tem o dever de pugnar para a EDUCAÇÃO das crianças e jovens portugueses.
Mas não surpreende serem os partidos da DIREITA, CDS/PP, PSD e PCP e também o PS (Alguns) a chumbar tal proibição. Vivem num tempo anterior ao da Pré-História.
E francamente, nunca tivemos uns governantes tão incivilizados (salvo raras excepções), desde o tempo de Dom Afonso Henriques. A falta de lucidez, sensibilidade, bom senso e cultura que grassa na Assembleia da República é monumental.
É algo nunca visto.
Vemos aqui um bando de covardes a torturar um indefeso animal, que nem sequer tem as suas armas (os cornos) disponíveis – Imagem deplorável, que retrata a ignorância de uma gente que ficou parada na pré-história
O Luís Soares, um açoriano, aficionado emperrado, pois já não é a primeira vez que lhe deixo aqui motivos para sair da ignorância que trouxe do berço, mas ao que parece ainda não conseguiu aprender nada, deixou- me este comentário:
Luis Soares disse sobre UMA VEZ AFICIONADO EMPERRADO, SEMPRE AFICIONADO… na Quinta-feira, 2 de Maio de 2013 às 19:46:
1-"Ele é "fabricado" pelos ganadeiros, com um fim único. O Touro é simplesmente um bovino como outro qualquer. Manso, digno e que merece respeito. Extinguir-se-á mais depressa o homem do que qualquer outro animal não humano. Isto não sou eu que digo. É a CIÊNCIA.\". Disse que tudo o que diz é fundamentado. Gostaria de ler sobre essa sua afirmação. E saber os estudos feitos sobre a continuidade de touro Bravo. e me permite, sem faltar ao respeito, só mesmo uma pessoa que está completamente fora do assunto, é que afirma/acredita nisso. O touro Bravo é criado para a lide... É o resultado de uma seleção rígida, de forma a obter o melhor espécime! Não se cria um touro para comer... Ou para o trabalho! Mas pronto... Mostre me os estudos...
2- P.s.: Ontem.. as ruas da terceiras.. as quatro, onde houve tourada à corda, estavam cheias! Era tanta gente na rua a rir.. portugueses.. Americanos... Holandeses... A beber e a comer...Até um casal de italianos q eu conheci, e que me disseram que visitaram as 4 ilhas dos Açores, e que lhes foi aconselhado a terceira por causa das touradas à corda! Perguntei se estavam a gostar, no meio daquela folia toda... Eles disseram que é impressionante! E que estavam a adorar. Levei o marido a ir para a rua correr um pouco com o tourO. Era o último touro. Emprestou me a máquina para tirar umas fotos mais de perto. No final perguntou me quando era a próxima tourada.»
***
Quanto ao primeiro ponto, deixo-lhe aqui este excelente trabalho de um ZOÓLOGO. Talvez não entenda, porque está em castelhano, mas tem imagens, que provavelmente perceba.
A VERDADE SOBRE O TOURO DE LIDE
Há muitos mais textos sobre este assunto, espalhados por este Blog. Não vou fazer o seu trabalho de casa, Luís Soares. Se quiser saber mais, procure. Está tudo aqui.
Quanto ao segundo ponto, valha-o todos os santos e santas: as ruas da Terceira estavam cheias, sim, de gente BRONCA, PAROLA, incluindo os “estrangeiros” que também os há broncos e parolos.
Esses que aí foram, não vão a um concerto ouvir Mozart, ou a um ballet ver o Lago dos Cisnes.
Vão à Terceira ver como se tortura covardemente um pobre animal e emborracharem-se como é da praxe dos grosseirões.
O que disse neste seu segundo parágrafo só vem comprovar que, infelizmente, a EVOLUÇÃO não chegou à Ilha.
Mas tudo isto está a caminho do fim.
A estupidez não dura eternamente. Sabia?
Um aficionado publicou um texto na página da prótoiro, no Facebook, com a seguinte legenda: «Porque tauromaquia é cultura. Um excelente artigo que enquadra a festa brava nas festividades pascais» …
Escreveu isto como se estivesse a falar da Última Ceia de Cristo realizada numa arena, ao redor de uma mesa, onde pedaços do corpo de um touro a sangrar faziam parte do ritual desta ceia.
O texto é algo inacreditável. Devastador!
Coisa saída de uma mente completamente doentia. Anormal. De um alguém que ficou parado no tempo dos rituais mais antigos em que os machos humanos tinham de provar a sua macheza através de rituais primitivos e sangrentos, onde se sacrificavam animais, porque, na verdade, desconheciam tudo sobre a vida.
Ou seja, este texto apresenta os tauricidas do século XXI como autênticos australopitecos. A mentalidade deles não evoluiu absolutamente nada.
Mas é melhor ler. Por favor.
É um texto que deslumbra pela irracionalidade nele entranhada.
(Os sublinhados são meus).
***
Por Ignasi Corresa
«Durante a primeira Lua Cheia da Primavera celebra-se, em toda a Cristandade, a Semana Santa e a Páscoa, uma festa que se vive com o maior fervor popular em Espanha, e um exemplo disso é a quantidade de confrarias, irmandades e iconografia religiosa que durante esta época se reúnem em todos os centros urbanos de praticamente todas as localidades do país.
Sem desvalorizar nenhuma das celebrações próprias de cada localidade, únicas e originais, no passado domingo, na minha cidade, Sagunto, depois da procissão e da eucaristia na diocese de Santa Maria, realizou-se o sermão da Semana Santa no santuário do Sangue de Sagunto. Além de fantástico, breve, artístico, cadenciado, sereno e muito bem feito – tal como se tratasse de uma faena taurina – o orador, o matador de touros Vicente Barrera, falou de sangue, de tradição ancestral, costume, estética, de representação, simbolismo e culto…
Gostaria de acrescentar e relacionar estes conceitos de morte e vida, arte e estética, culto e paixão, tradição e identidade, em suma, esses valores que unem estas grandes festas de costumes ancestrais e que todavia ainda persistem na nossa sociedade - hoje em dia mais enraizada está a Semana Santa – graças à transmissão de pais para filhos de um sentimento de herança e de fervor que cala e entranha no nosso ser mais profundo.
Não é minha intenção fazer um sermão, mas tão só uma analogia entre duas práticas culturais, que, ao fim e ao cabo, representam paixão, morte e ressurreição, e isto em tauromaquia é vida, e no cristianismo é salvação - a vida eterna.
Porque a tauromaquia representa esse simbolismo milenário da vida através do derramamento de sangue que fertiliza a terra por onde se espalha, pois este líquido precioso em si, é a própria vida.
Ao fim e ao cabo a tauromaquia simboliza, desde os primeiros tempos, a própria vida através da subsistência e vigor, numa luta de morte, onde não vence o mais forte, mas o mais hábil e inteligente, uma forma de demonstrar que o ser humano é, sem dúvida alguma, o mais importante ser da criação, aquele que foi criado à imagem e semelhança do seu criador.
Na iconografia antiga, a espada erguida e manchada de sangue representava a pujança do homem, a sua fertilidade e a sua realização, através dessa espada ensanguentada que, ao fim e ao cabo, simbolizava o homem em si, a sua força.
As primeiras sociedades guerreiras lutavam nua, para impressionar o inimigo ou quem observava a batalha, com o tamanho do seu pénis, músculo onde acreditavam que residia a força e a fertilidade do homem, ou seja, a sua virilidade, uma vez que o homem se diferencia anatomicamente da mulher, entre outras coisas, pelo seu aparelho reprodutor.
De facto, no Museu de Belas artes de Valência, uma predela de um retábulo do século XV do pintor Joan Reixach, com o fim de representar a encarnação (Deus feito homem), para aprofundar a essência humana de Cristo numa das cenas da paixão -concretamente a da sua prisão - um soldado coloca a mão no pénis de Jesus, forma que o excelente pintor valenciano encontrou para testemunhar a humanidade de Cristo.
O vigor do homem e a fertilidade, ou seja, a paixão, morte e ressurreição – o ciclo da vida – na tauromaquia não só é representado na praça e no derramamento de sangue no chão, mas também em campo aberto – relembro que tanto na pintura gótica como barroca, o sangue derramado na crucificação de Cristo, geralmente inunda a terra, cujo significado corresponde ao símbolo da salvação do mundo (a Terra) através do sangue.
O “toro de la Veja” derrama o seu sangue a partir desse conceito de regenerar a terra (ressurreição) e o valente lanceador pendurará os testículos do touro bravo na sua lança para que se lhe reconheça o seu mérito de homem, ou seja, o seu valor como tal e a sua dignidade, que é reforçada pelos testículos espetados no mais alto da sua lança.
A tauromaquia conserva, na sua essência, todos os rituais culturais e tão ancestrais como o nascimento da religião nos alvores da nossa sociedade humana, que passaram de geração em geração, modificando-se e reinterpretando-se na história, mas que em si configura a essência que enriquece o toureio, o culto e a própria vida que envolveu o sacrifício entendido como paixão, do mesmo modo que paixão entendida como afición ou enamoramento; como morte, porque não se concebe a vida sem ela, e por sua vez a morte dá vida, se tivermos em conta que esse sacrifício nos dá força se comermos a sua carne e se acreditarmos – como se fazia nos tempos antigos – que o sangue , que é vida, fertiliza a terra e dá vigor ao homem (regenera).
Espero que estas poucas linhas tenham podido esclarecer o simbolismo cultural subjacente à tauromaquia de procedência pré-histórica, e que ao fim e ao cabo, de um modo ou de outro e salvaguardando as distâncias, com total respeito pelas minhas crenças e sem intenção de ofender ninguém, pois sou católico e confrade de uma das confrarias mais antigas de Espanha, a Confraria do Puríssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo de Sagunto (século XV), queria unir as celebrações mais importantes da Cristandade (paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo) com as tradições tão antigas como as das primeiras civilizações que, ao fim e ao cabo, explicam mitologicamente o que nós fazemos através da ciência e da religião.
E é curioso que o avanço científico e o avanço da tauromaquia coincidem plenamente na concepção e simbolismo, uma vez que em ciência falamos do avanço do mito ao logos (à razão) – analogicamente seria a força versus a razão – e na tauromaquia no século das Luzes (século XVIII) começa-se a ter um conceito, uma percepção do toureio, onde o elemento estético, começa a interessar, para chegar a converter-se, na actualidade, na componente primordial de uma faena.
Por isso, podemos afirmar que ao homem moderno, ao homem da ciência, ao homem do logos, já não o define tanto o valor, mas a inteligência.
Queria terminar com estas palavras do Angelus: «Et Verbum caro factum est et habitavit in nobis» (e o Verbo se fez carne e habitou entre nós).
Conservemo-lo nos nossos corações e conservemos as nossas tradições.»
26 de Março de 2013
http://www.burladero.com/140124/muerte-pasion-resurreccion-santa-semana-tauromaquia#.UVMISxip2mx
***
Confesso, que fiquei com náuseas, quando cheguei ao fim da tradução deste texto, demasiado sangrento e cruel, que merece ser analisado e aprofundado numa outra ocasião.
Como ainda podem existir seres tão primitivos, que não deram nem um pequenino passinho à frente da pré-história?
Como pode a igreja católica permitir tal analogia?