A propósito de um texto que escrevi em 2012, sobre a muito “franciscana” afición do padre Vítor Melícias, o Rui Palmela enviou-me um comentário, onde partilha a Carta Aberta que dirigiu ao padre Vítor Feitor Pinto, porque isto de padres católicos e touradas, são como unha e carne.
Nada sabem da criação do Deus que dizem representar, nem da obediência aos Papas, Pio V, Bento XVI entre outros, nem da Laudato Si’, Carta Encíclica do Papa Francisco, enfim, mas sabem de carnificina q.b.
Porque concordo com cada palavra do Rui Palmela, dou destaque à sua Carta e faço também minhas todas as palavras que escreveu…
É urgente que a igreja católica se transforme em Igreja Católica.
Grande Corrida Caras, em 2 de Maio de 2010 na praça de Touros do campo pequeno, em Lisboa. Padre Victor Melícias (embaixador português junto da UNESCO).
Rui Palmela, deixou um comentário ao post «As touradas, o padre Melícias e a Assembleia da República» às 00:21, 2017-05-25.
Comentário:
Entrei casualmente no Blog e aplaudo tudo o que nele se escreve contra a Tauromaquia de que o padre Vítor Melícias é fervoroso aficionado apesar de se dizer "franciscano".
Gostaria de partilhar aqui também uma CARTA ABERTA que dirigi há algum tempo ao padre Vítor Feitor Pinto por causa de uma afirmação que ele fez um dia dizendo que "os animais não têm alma"... Em face disso escrevi-lhe uma carta que deixo aqui:
Caro sr. Padre Vítor Pinto: Confesso que sempre gostei de o ouvir como homem da Igreja cheio de grande lucidez e sensatez falando das questões humanas cuja cultura não questiono pela sua dimensão, porém surpreendeu-me bastante pela forma como se exprimiu em relação aos animais que tal como diz o Génesis da Criação são criaturas de “almas viventes” criadas por Deus que fazem na Terra o percurso de sua evolução.
O homem surgiria muito tempo depois para dominar sobre todas as espécies e direi mesmo que muitos já perderam sua alma e se comportam hoje como 'zombies' sem coração que devoram até às entranhas seres viventes que confiam no homem, mas este se tornou pior que as bestas-feras que mata todos os dias milhões de animais que sofrem, mas como “não têm alma” são vistos como ‘coisas’ que vivem apenas para a nossa alimentação. É assim que pensa a maioria dos humanos e o sr. padre não é excepção!
Agora entendo porque é que muitas pessoas crentes em Deus desprezam e maltratam animais, inclusive com a bênção da Igreja Católica que não reprova as touradas por exemplo, de que o Padre Vítor Melícias é um grande aficionado apesar de se dizer “Franciscano”. Creio que Francisco de Assis ficaria escandalizado com isso e mais ainda a “Nª Srª da Conceição” que vê horrorizada o que se passa em Barrancos por altura das festas em seu nome que culminam com a tortura e morte de toiros frente à Capela, em plena praça pública, tudo feito em nome de uma 'tradição' que a Igreja aprova quando devia condenar esta situação. Mas, é claro, como “os animais não têm alma” (segundo a Igreja), então as pessoas pensam que eles não sofrem como nós e continuam a tratá-los de forma cruel e nisso tem muita responsabilidade a própria Religião. Talvez por isso o Pregador Eclesiastes já dizia o seguinte: ...”
«O que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, como morre um, assim morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego (alma, pneuma, anima); e a vantagem dos filhos dos homens sobre os animais (a este respeito) não é nenhuma. Todos vão para um lugar, todos são pó (matéria perecível) e ao pó (à terra) tornarão. Quem adverte que o fôlego (alma) dos filhos dos homens sobe para cima (para os céus) e que o fôlego (alma) dos animais desce para baixo da terra (ao inferius)?» - Eclesiastes, cap. 3:19 a 21, da Bíblia.
Portanto, caro senhor Padre Vítor Pinto, espero que cultive melhor a palavra de Deus e não a sua que precisa ser mais repensada e cuidada para não induzir em erro quem lhe pede esclarecimentos ou explicações sobre coisas para as quais deveria estar melhor preparado e não criar mais confusões. Os animais têm mesmo sua alma e sofrem como nós e deveriam ser respeitados e não torturados nem transformados em refeições. É o que penso de minha alma e meu coração!
Com os meus cumprimentos,
***
Já agora, para completar este périplo pelos pecados da igreja católica no que diz respeito a esta matéria, podem consultar o texto abaixo referido, onde esta relação mórbida é abordada.
03 de Dezembro de 2012
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/201627.html
Exmo. Reverendíssimo Senhor Dom António de Sousa Braga:
Está prevista a realização de duas touradas à corda na Ilha Graciosa, nos próximos dias 2 e 3 de Agosto, integradas nas festividades de Nossa Senhora de Guadalupe (que deve estar a chorar lágrimas de sangue).
Considerando que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara relativamente às touradas, que foram condenadas e proibidas, numa Bula ainda em vigor, pelo Papa Pio V, que as considerava «espectáculos alheios de caridade cristã»;
Considerando a crise socioeconómica em que os Açores estão mergulhados, à qual não ficam imunes as paróquias que se debatem com falta de recursos, e onde até se passa fome;
Considerando que a «tauromaquia é a terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras; traumatiza as crianças e adultos sensíveis; agrava o estado dos neuróticos atraídos por estes espectáculos e desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afrontando a moral, a educação, a ciência e a cultura» UNESCO, 1980;
Considerando que as touradas em nada contribuem para educar os cidadãos para o respeito a ter com todos os seres da criação divina, além de causarem sofrimento aos mesmos e porem em risco a vida dos adeptos de tal selvajaria;
Considerando que as touradas em nada promovem o turismo culto e de qualidade, que se quer para a Graciosa e para o Arquipélago dos Açores;
Venho manifestar a V. Reverendíssima, o meu mais veemente repúdio pela inclusão de uma “diversão” selvagem e cruel, como é a das touradas, sejam em que modalidade for, num programa de uma festividade da Igreja Católica, “diversão” essa que origina sofrimento, sem qualquer justificação, aos animais, e ferimentos e mortes aos adeptos dessa selvajaria, e repudiar também o mau uso de dinheiros da comunidade católica da Graciosa.
Esperando que V. Reverendíssima leve em conta estas linhas, que dizem do sentimento da esmagadora maioria dos açorianos, dos portugueses em geral e de milhões de cidadãos do mundo civilizado, e contribua para a evolução moral, cultural e religiosa desse Arquipélago, fico com a esperança de que elimine destas festividades e do território açoriano, definitivamente, este costume bárbaro e cruel, que não dignifica os Santos e Santas em nome dos quais se tortura um animal, que esteve presente no Nascimento de Jesus Cristo, naquele estábulo, em Belém… há 2014 anos...
Isabel A. Ferreira
Além de ser um enorme insulto a João Paulo II, é uma verdadeira vergonha para a Igreja Católica, um sacrilégio, é conspurcar o nome do Santo e de Deus.
Que “espécie" de catolicismo será este?
E o que terá a dizer D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, a este desconchavo?
E o que terá a dizer o Papa Francisco, que assim vê aliado o nome de um Santo à tortura de seres vivos, à violência, à psicopatia, ao sadismo, à crueldade, à estupidez e à ignorância?
Arena de Angra do Heroísmo
Origem da foto: http://www.panoramio.com/photo/4897629
Dizem que a bênção da “capela” decorrerá no dia da canonização do Beato João Paulo II, no próximo Domingo, dia 27 de Abril, desobedecendo, deste modo ignóbil, as normas da bula papal, ainda em vigor, que proíbe estas manifestações pagãs e cruéis, indignas de seres humanos.
O Padre Hélder Fonseca Mendes, Vigário geral da Diocese de Angra, saberá a má acção que levará a cabo, dando a uma capela que acolhe tauricidas, o nome de um Santo, que não aprovaria tal iniciativa vergonhosa?
Será que o vigário não tem a mínima noção da responsabilidade das suas funções, como um representante de Deus na Terra?
Isto é um acto inconcebível, intolerável, reprovável a todos os níveis, perpetrado por mentes enfermas, que não respeitam a Vida que Deus deu a todas as suas criaturas, de igual modo, nem se respeitam a si próprios, como vigários desse mesmo Deus.
Muitas contas terão de prestar.
E quem faz os Santos é Deus. Não os homens predadores.
E têm a insolência de dizer que a escolha do orago é “um tributo” ao antigo Papa que quando esteve na Terceira, onde se realizou a única eucaristia presidida por João Paulo II, em 11 de Maio de 1991, se paramentou nesta capela.
Saberia João Paulo II onde estava? Saberia para que servia aquela “capela” indigna dessa designação? Se sabia talvez não mereça o nome de Santo. Mas Deus o dirá.
Contudo, duvidamos que soubesse.
E quanto mais entramos na notícia, mais perplexos ficamos com a desautoridade destes “vigários” que, de todo, não são de Cristo, pois Cristo não aprovaria tal profanação da Vida de um ser.
Dizem eles: «A capela, construída junto à Praça, depois do sismo de 80 quando se procedeu à reconstrução deste importante monumento (entenda-se um monumento à ignomínia) cujas estruturas foram danificadas pelo sismo, é usada por todos os protagonistas da festa taurina e tem um capelão, o padre Jorge Mendonça.»
Pois padre Jorge Mendonça, se o Papa Pio V estivesse vivo, era imediatamente excomungado, pois está a desobedecer a uma Bula, e se não sabe, aqui fica a informação:
No dia 1 de Novembro de 1567 o Papa Pio V, horrorizado pela crueldade dos espectáculos taurinos procurou pôr fim a estes festejos ao publicar a Bula “Salute Gregis Dominici” proibindo determinantemente as corridas de touros e decretando pena de excomunhão imediata a qualquer católico que as permitisse ou participasse nelas.
E ordenou ainda mais esta: que não fosse dada sepultura eclesiástica aos católicos que pudessem morrer vítimas de qualquer espectáculo taurino.
Esta Bula continua em vigor.
E a desobediência a um Papa é um delito, portanto, os representantes da igreja católica, em Angra do Heroísmo, terão de prestar contas aos seus superiores.
Como se isto não bastasse para conspurcar o nome de Deus, para além das obras de conservação, a administração da praça adquiriu uma imagem da Virgem Macarena, patrona dos toureiros, em Sevilha, um dos palcos privilegiados da psicopatia taurina.
Como se a Virgem Maria pudesse ser patrona da selvajaria e da crueldade dos tauricidas!
Arlindo Teles, presidente da TTT (tertúlia tauromáquica terceirense) diz que esta dedicação é "um gesto muito bonito da administração da Praça de Touros que nós como crentes devemos sublinhar".
Gesto bonito? É um gesto profano, blasfemo, ridículo.
Crentes? Em quê? Na estupidez?
Como podem dizer-se “crentes” aqueles que desobedecem ao preceito máximo que Jesus Cristo deixou à humanidade: não faças aos outros (e nesses outros estão incluídas todas as criaturas vivas) o que não gostas que façam a ti, que é algo que os padres católicos não ensinam na catequese.
O que ensinarão os padres a estes “crentes”? Matai e esfolai vivo, um ser senciente e animal como nós?
E orgulha-se esta gente de que a capela da praça de Touros da ilha Terceira passa a ser, para já, a única na Diocese que tem como orago principal São João Paulo II. A nível do país também ainda não existe nenhuma conhecida.
Pois não existe.
É que para já, nem todos endoideceram, como em Angra do Heroísmo.
Isabel A. Ferreira
Fonte: http://www.diocesedeangra.pt/noticia_1956