Trogloditas de Portugal, aprendam com quem sabe.
«Touradas = Conservação das espécies?»
Por Hugo Evangelista (Biólogo)
«Os proprietários das ganadarias mantêm os touros nos seus terrenos, não porque tenham uma grande consciência ecológica e ambiental, mas porque daí retiram dinheiro. Muito dinheiro. No dia em que os touros deixarem de ser vendidos a 2000 euros cada, cerca de 2600 animais por ano (DN, 2007), os proprietários das ganadarias rapidamente se esquecerão de qualquer importância ecológica ou da biodiversidade do touro bravo.
É esta a principal, senão a única, verdadeira razão para a continuação das touradas no nosso país – interesse económico.
É claro que, para desculpar o indesculpável, atiram para os olhos o facto de se querer proteger uma espécie. Mas nem o touro bravo é uma espécie nem a extinção desta raça é irremediável e obrigatória quando as touradas acabarem.
Nada impede o Estado português de criar parques naturais ou outras soluções viáveis para a conservação destes animais.
O que não pode nunca acontecer é justificarmos o sofrimento e morte de um ser com a capacidade de sofrer para o poder “conservar”.
A conservação do panda passa por espetar bandarilhas no seu dorso? A recolocação do lince ibérico na Península Ibérica passa por o pegarmos de caras?
A conservação de espécies / raças, não é argumento para continuar a haver touradas. É um papel que tem de ser assumido pelos portugueses e pelo Estado e não por empresas que da exploração desses animais retiram avultados lucros.
Existe outro argumento frequente, que é o da conservação dos ecossistemas, mas este é ainda mais frágil. É que estamos a falar de um animal totalmente domesticado, que só existe por selecção artificial de características de interesse. Isto significa que um touro bravo é totalmente substituível senão supérfluo na manutenção dos montados portugueses.
Voltamos então ao único argumento de peso para a manutenção das touradas. Os interesses económicos. Interesses esses que vivem de um espectáculo que promove a ideia de que existe justiça e igualdade em colocar um animal num local estranho e com regras definidas pelos humanos; que coloca animais numa luta que estes não desejam entrar (mas são forçados a isso); que vive da diabolização da imagem de um herbívoro territorial e faz disso um espectáculo de entretenimento.
É vital rejeitarmos esta visão subvertida da realidade. É preciso dizer que a tourada não é uma fatalidade e que podemos acabar com uma das formas mais indignas e desumanas de tratamento dos animais da actualidade. É incontornável assumirmos este como um dos principais objectivos do movimento de defesa e de direitos dos animais.»
Fonte:
http://abolicionistastauromaquiaportugal.blogspot.pt/2008/08/touradas-conservacao-das-especies.html
Como todos sabemos, a tauromaquia tem os dias contados, não apenas na Península Ibérica, como no mundo, porque não sendo esta coisa nem arte nem cultura, apenas se encaixa numa prática bárbara tortura de seres vivos, que, nos tempos que correm, já não faz mais sentido em parte alguma do mundo civilizado.
Em Portugal, já foram encerrados três antros de tortura: em Viana do Castelo, Póvoa de Varzim e Albufeira.
Em Espanha, Colômbia e México várias localidades declararam-se anti-touradas.
Mas há mais notícias boas.
Sobre esta praça de Touros ler mais aqui:
in:
https://www.facebook.com/antitouradas/photos/a.215152191851685/3987768987923301/
Isto acontece em Portugal, um país que diz ter leis de Protecção Animal. Mas uns, são mais animais do que outros. E uns, são mais bárbaros do que outros. E os que perpetraram este biocídio deram aso aos seus mais primitivos instintos assassinos. Nenhum animal não-humano seria capaz de tamanha atrocidade.
O “massacre” da Azambuja envolveu a maior parte dos veados e gamos que viviam na Quinta da Torre Bela e também de uma quantidade considerável de javalis, e tal carnificina está a gerar uma revolta generalizada de autarcas locais, forças partidárias, ambientalistas e defensores dos animais.
Cerca de 540 animais foram mortos durante uma montada, ocorrida no passado dia 17 de Dezembro, na Quinta da Torre Bela, em Aveiras de Cima, concelho da Azambuja, na qual participaram 16 caçadores espanhóis, homens, mas também mulheres, numa iniciativa de uma empresa espanhola, que todos os anos promove esta prática bárbara na Península Ibérica.
Eis a posição do PAN sobre o massacre destes animais:
Imagens que correm nas redes sociais e envergonham Portugal e a Humanidade
De acordo com as informações recebidas pelo PAN – Pessoas-Animais-Natureza, foram abatidos 540 animais numa montaria realizada na Quinta da Torre da Bela, em Aveiras de Cima (concelho de Azambuja). No entender do PAN, matar por regozijo e desporto é simplesmente desumano e representa um grave retrocesso civilizacional.
O PAN tem defendido uma regulamentação apertada para o sector da caça decorrente dos visíveis impactos negativos para a biodiversidade, protecção e bem-estar animal e ainda que as propostas apresentadas por este Partido não tenham tido acolhimento parlamentar até à data, não deixarão de pugnar por uma legislação mais apertada e justa.
Por outro lado, refere o comunicado, ninguém sabe com exactidão qual é o estado de conservação das populações de espécies classificadas como cinegéticas. Os dados existentes resultam da contabilização dos animais mortos e não do número efectivo. Daí que, no entender do PAN, a realização de censos é fundamental. Foi nesse sentido que apresentaram uma proposta para que o Governo procurasse assegurar a realização de um censo e a monitorização das espécies sujeitas a exploração cinegética, a qual foi, contudo, rejeitada com os votos contra do PSD, PS, CDS-PP e PCP [sempre os mesmos atrasos de vida, uns que se dizem de esquerda, outros que se dizem de direita, unidos para viabilizarem massacres de seres vivos, para divertimento de uns poucos. Não esquecer disto na hora de votar].
Sobre esta questão em concreto, na zona da Azambuja, o PAN já questionou o Governo, através do Ministério do Ambiente e Acção Climática, liderado por João Pedro Matos Fernandes, com vista a apurar o que levou à autorização desta montaria, numa zona de grande sensibilidade ecológica, envolta em polémica, para onde está, inclusivamente, prevista a instalação de uma central fotovoltaica com 775 hectares e cujo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) encontra-se ainda em fase de consulta pública até 20 de Janeiro de 2021. Para além disso, o PAN requereu também hoje uma audição ao Ministro do Ambiente com carácter de urgência para esclarecer esta situação.
O que aconteceu na Azambuja é absolutamente repugnante. Os responsáveis por este massacre deviam ser acusados de biocídio.
O PAN promete investigar o caso e exigir responsabilidades sobre o sucedido.
Isabel A. Ferreira
«Com a Natureza agonizante, celebrar essa mesma agonia é digno de um monstro, o Monstro Humano desumano em festa. A vossa extinção, taurinos, é que será uma festa, sim, simbólica da libertação da Natureza.»
Uma análise que diz da deformação mental dos tauricidas.
Texto de Ricardo Silva
"Be a hero"... "laugh"... por acossar, zombar, maltratar, ferir uma cria de animal. O esterco da espécie humana no seu pior. Ao fim de 30.000 anos ainda não conseguiram livrar-se do trauma de terem encontrado na Península Ibérica uma espécie animal que lhes fez frente, que se opôs à invasão humanóide.
Dizimaram os então poderosos auroques, numa demonstração do que viria a ser o corrente extermínio em massa de espécies animais, a ignóbil "vitória humana sobre a bestialidade da natureza".
Continuam a celebrar hoje essa vitória, numa obscena velhacaria troçando da moribunda natureza às mãos desta única espécie que se diz a mais evoluída. Fazem-no com requintes narcísicos de malvadez e falsidade, demonstram e repetem exaustivamente a perversidade das suas vitórias cobardes. Chegam ao cúmulo de continuar a recriar esta modificada espécie a seu bel-prazer apenas para poderem continuar o gozo das suas acções, quando na verdade não estão sequer focados na não extinção da "raça taurina de lide" mas sim na perpetuação dos objectos simbólicos da sua "vitória e dominação da natureza".
Com a Natureza agonizante, celebrar essa mesma agonia é digno de um monstro, o Monstro Humano desumano em festa. A vossa extinção, taurinos, é que será uma festa, sim, simbólica da libertação da Natureza.
Fonte:
Comentário:
«A bestialidade humana contraria e conspurca a evolução que a espécie teve em tantos campos, como na ciência, nas artes, na tecnologia, em diversos outros saberes e também na elevação do espírito com princípios que se tornaram pilares de convivência nas sociedades. Pois, há uma parte da humanidade que, infelizmente, não é pequena e mancha a outra parte. Aqui temos em imagens, exemplos dessas manchas...» (José Costa)
Um texto magnífico de Teresa Botelho, no Blogue Retalhos de Outono, que diz do triste e pobre e medíocre, muito medíocre, estado da Nação…
É pouco provável que o povo acorde. Está dopado com futebol e novelas. E a televisão é a seringa.
Os das touradas pagam IVA a 6% (IVA igual ao das Artes Maiores e do pão dos pobres) para estraçalhar seres vivos dotados de sensibilidade, interesses próprios e dignidade, conforme o reconheceu o Parlamento de Bruxelas, há coisa de uma semana, existindo já legislação que efectiva este reconhecimento, mas apenas fora das fronteiras da Península Ibérica, ou seja na EUROPA e algumas outras partes do mundo. Razão tinha o meu professor de Geografia, na universidade brasileira que frequentei, o qual dizia que a Península Ibérica pertencia à África. Na altura, levantei-me e barafustei. Hoje, ter-lhe-ia dado razão.
***
Texto de Teresa Botelho
«O Campo Pequeno tocou hoje na Assembleia!
Quem é que teve o desplante de chamar "Casa da Democracia" a esse edifício neoclássico onde se burla o povo que, de venda nos olhos, a sustenta?
O governo decidiu que o IVA das touradas, não deveria ser de 6% como outros espectáculos, por ser considerado violento e inadaptado à actual evolução civilizacional, mas foi desautorizado não só pela maioria dos partidos, como por metade do grupo parlamentar que o suporta.
Enfim, não será por ninharias que o amianto de certas escolas deixará de ser retirado, as estradas reparadas, os equipamentos médicos renovados, ou se compre pelo menos um comboio novo, para fingir que se investe qualquer coisinha nos transportes públicos.
Voltemos então à "Casa da Democracia" e à votação do IVA das touradas, com música de fundo, olés e uma homenagem especial ao "grupo de forcados do largo do Rato" cujo número afinal é de 43, embora a maioria não consiga já com um gato pelo rabo (salvo seja), quanto mais com um touro...
Nestas coisas de pegas de caras e bandarilhas, a união das bancadas é como aqueles casamentos de conveniência, onde as desavenças e as traições se resolvem com um cartão de crédito.
Um deputado do PSD que por acaso não devia ter grandes razões para graçolas, visto que é um dos arguidos por recebimento indevido de vantagens das viagens ao Euro 2016, pagas pela Olivedesportos e que era para ter sido resolvido no passado mês de Agosto (2018), mas que pelos vistos não o foi por causa do calor, mas se não se falou mais nisso, foi porque agora já faz frio.
O humorista de turno, foi Luís Campos Ferreira que brindou a Assembleia da República com a música da tourada, gravada talvez no seu telefone, pela sua estimada mana Fátima Prós e Contras, durante algum orgasmo familiar experimentado durante as touradas transmitidas pela RTP.
Assim são os políticos portugueses, tranquilos e confiantes, dependendo da quadrilha, porque alguns, como é o caso deste honesto deputado, nem precisam rebaixar-se a justificar as faltas, coisa que, para qualquer funcionário público, dá processo disciplinar, mas para os "trabalhadores da Democracia", não é preocupante, visto que na "Subcomissão de Ética", quem lá está são os amigos. »
Fonte do texto:
A Lei do Retorno a funcionar em pleno.
Quando não é na arena, é fora dela.
Mas como esta "gente" é muito estúpida, não aprende nada com estes avisos bem inteligíveis.
O novilheiro Daniel Garcia Navarrete, de 23 anos, teve o que merecia quando, no passado domingo, cobardemente, tentava matar um indefeso e senciente novilho, na arena de Las Ventas, em Madrid (capital de um país da Europa do Sul, que, tal como Portugal, esbanja dinheiros públicos nesta selvajaria).
As notícias dizem que o novilho atacou o novilheiro. Quanta ignorância!
O novilho não atacou ninguém. Foi atacado. O novilho apenas se DEFENDEU do ataque COBARDE do seu carrasco. E com toda a legitimidade.
A notícia diz também esta coisa espantosa: «A violência do ataque ficou registada em vídeo, em imagens fortes que podem ferir a susceptibilidade dos leitores».
Qual violência? De que ataque?
A única violência que fere a susceptibilidade dos leitores é o ataque do cobarde tauricida ao novilho. O resto não nos interessa. O cobarde novilheiro estava na arena por sua livre e espontânea vontade. O valente novilho, não. O valente novilho foi para aquela arena, à força de muita crueldade. E ainda querem que olhemos para o cobarde carrasco como a principal vítima?
Só se fôssemos muito estúpidos!
O tauricida foi operado de emergência na enfermaria da arena. Tinha uma clavícula partida, um fémur furado e algumas perfurações na região cervical que atingiram o céu-da-boca. Coisa pouca, para quem gosta de torturar e matar por prazer.
Já no início do mês de Março, Juan José Padilla, o tal que ficou deformado por um Touro, que se defendeu valentemente das investidas cobardes deste tauricida, foi internado com ferimentos graves, desferidos por um outro Touro que, em legítima defesa, o atingiu, durante uma sessão selvática na Feria Fallas, em Valência.
Ultimamente, os Touros, legitimamente, têm feito bastantes estragos aos seus carrascos, mas estes continuam a atacar cobardemente os indefesos animais, com uma enraizada cegueira mental, legitimada por um governo também cego mental, que além de promover a violência gratuita contra animais indefesos, patrocina o estropiamento dos seus carrascos, que depois são tratados à custa do erário público. Em Espanha, tal como em Portugal.
Se a estupidez matasse, a Península Ibérica seria um imenso cemitério.
Isabel A. Ferreira
Fonte:
Queima das Farpas – rentrée
A tauromaquia já existiu por toda a Europa e tem vindo a ser banida de todos os países à medida que os respectivos padrões éticos se vão tornando mais exigentes.
Permanece ainda na Península Ibérica e nalgumas regiões do sul de França mas, à medida que a contestação sobe de tom e vão caindo um a um os pilares que a sustentam, toda a estrutura claudica...
De acordo com a listagem divulgada pelo CAS International, 109 municípios em Espanha já se declararam anti-tauromaquia, o que há uns anos seria impensável.
Portugal não vai ficar de fora desta onda de consciencialização e consequente tomada de posição relativamente a uma indústria que glorifica o massacre de animais, sorve dinheiros públicos e contraria abertamente as recomendações do Comité dos Direitos das Crianças da ONU.
Inúmeros estudos e sondagens demonstram que poucos são os que promovem activamente a violência, mas é a indiferença da maioria que a permite.
Queres pertencer à massa anónima de indiferentes que com tudo pactuam, ou preferes fazer da tua passagem por uma das Universidades mais prestigiadas da Europa um marco da sua evolução ética erradicando esta actividade do programa oficial da Queima das Fitas?
A sociedade conta connosco e nós queremos contar contigo. Junta-te a este movimento no seu caminho para uma Universidade mais justa, em que a alegria de uns não tem de significar o sofrimento de outros.
Coimbra tem mais encanto sem sangue na despedida.
Assina a petição:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=QueimaDasFarpas
Fonte:
«São Lucas Evangelista e o Touro»
Eis um magnífico e conciso texto que nos conta como a tauromaquia surgiu em Espanha, e mais tarde veio a ser introduzida em Portugal, através dos Reis Filipinos, e uma vez aqui implantada, os portugueses começaram a considerá-la erradamente "tradição portuguesa”.
A origem da tauromaquia assenta num ritual obscuro que acabou por ser adoptado pela Igreja Católica da Península Ibérica (Espanha e Portugal) no século XIV.
Neste trabalho, da investigadora espanhola Maria Luisa Ibañez, fica demonstrado o motivo por que a Igreja Católica cala e consente esta selvajaria, numa flagrante desobediência ao Papa Pio V, cuja Bula anti-tourada ainda está em vigor.
«São Lucas Evangelista e o Touro»
Texto de Maria Luisa Ibañez
«Deixo aqui esta informação sobre a atitude que ao longo dos tempos a Igreja Católica adoptou a respeito dos touros, no caso de alguém se importar.
Podem ter certeza de que isto se passa deste modo, porque há muito que investigo sobre esta matéria, e está tudo comprovado.
A saber: a atitude da Igreja Católica para com o Touro tem sido ambígua ao longo da sua História.
De facto, inicialmente, a Igreja teve em relação ao Touro uma atitude muito positiva e benevolente: O Touro era o animal que se identificava tanto com São Lucas como com o Arcanjo Gabriel e São Miguel.
No entanto, foi a partir do século XIV, que a igreja espanhola começou a planear incluir nas orações, aos seus santos padroeiros, oferendas de Novilhos ou Touros, no que veio a ser chamado de "Votos de Villa". Estas "oferendas" tinham como finalidade pedir ao santo ou à Virgem da devoção de cada um, que intercedessem junto de Deus para pôr fim a algumas das muitas calamidades que, naquela época, atormentavam as pessoas (doenças, secas, pragas ...).
Com base nestes "votos", alguns municípios, em conluio com os seus párocos e confrarias, utilizaram estes animais, para que os povos das vilas pudessem capeá-los, torturá-los e matá-los impune e devotamente, umas vezes, durante o percurso das romarias que o povo fazia aos santuários das respectivas Virgens; outras, enquanto celebravam outro tipo de festejo (linchamento) taurino. Em muitas ocasiões, e uma vez morto animal, acabavam repartindo a sua carne entre os vizinhos e os pobres.
Não há qualquer dúvida que foi então que começou a ligação dos “festejos” taurinos populares às celebrações religiosas a Virgens e Santos.
Mas também sabemos que, desde o início, este tipo de "votos" foi denunciado por uma parte dos eclesiásticos, chegando finalmente a ser proibidos, juntamente com outros “espectáculos” taurinos, através de uma bula do Papa Pio V.
A Bula anti-tourada de Pio V pode ser consultada aqui:
https://moimunanblog.com/2011/12/02/bula-salutis-gregis-dominici-de-san-pio-v/
O que é escandaloso é que ainda hoje, em pleno século XXI D.C., a Igreja Católica continue calada e consentindo estes “festejos” taurinos para celebrar Santos e Virgens.
Fonte:
(Tradução: Isabel A. Ferreira)
PODEMOS? CLARO QUE PODEMOS!
Milhares de espanhóis na “Marcha da Mudança”, em Madrid, no passado 31 de Janeiro
Origem da imagem
Como toda a gente sabe, a Península Ibérica é constituída por dois países: um Gigante (Espanha) e um Anão (Portugal), isto territorialmente falando.
Entre o Gigante e o Anão existem diferenças óbvias, mas também algumas semelhanças.
Uma das maiores diferenças está na mentalidade do povo que habita o Gigante. Um povo que sai para as ruas, em massa, e grita o seu desespero como verdadeiros lutadores.
O povo que habita o Anão, sim, faz umas manifestações para dizer do seu desagrado, contudo, na maioria das vezes, em vez de gritar palavras de ordem fortes, que possam abanar o sistema (que está podre e quebradiço), carregam garrafões de vinho, montam grelhas para assar febras, levam sanfonas e cantam Grândola Vila Morena.
Ora os governantes ao verem tal manifestação, pensam: «Este é um povo alegre, que come, bebe e canta. Está tudo bem, portanto!»
O povo, que habita o Anão ibérico, manifesta-se com cantorias, e na hora da “verdade” vai votar nos mesmos. E esses mesmos sabem disso, e não se esforçam nada para evoluírem. Fazem que fazem, e legislam despudoradamente para favorecer os lobbies mafiosos que adejam ao redor da Assembleia da República, quais abutres.
E o povo que habita o Anão, se bem que não aplauda esse enxovalho, finge estar farto, mas no momento em que podem dizer NÃO, através do VOTO, dizem um rotundo SIM aos mesmos, e tudo permanece igual.
Há quem pretenda avançar, mas com gente amarrada a laços do passado, não me parece que cheguem a lado algum.
Ao contrário, o povo que habita o Gigante ibérico começa a despertar. Agiganta-se. Grita nas ruas PODEMOS!
Lá existe uma alternativa poderosa.
Um jovem arejado das ideias, que pertence ao século XXI depois de Cristo, cavalga o vento da mudança e, com a ousadia dos grandes guerreiros, varre o fétido mofo que empesta o Gigante, e do qual o povo já está farto.
O Gigante ibérico segue a revolução iniciada na Grécia, com um outro jovem arejado das ideias e que, aconteça o que acontecer, já abriu uma portada, por onde entrou uma lufada de ar fresco, e depois disto, a Europa não mais será a mesma.
Resta o Anão ibérico adormecido na modorra de um passado já gasto e sem futuro, ACORDAR e cavalgar a onda do vento forte e cálido que está a fazer tremer os alicerces de uma Europa envelhecida, cheia de vícios e incapaz de criar um horizonte luminoso, onde possamos construir novos sonhos para o futuro.
Podemos? Claro que podemos!
Mas é preciso OUSAR a mudança.
Como é que algo, que pertence ao mundo sanguinário dos mitos, continua a ser admitido numa época em que os mitos não passam disso mesmo: mitos?
A nossa realidade é bem outra, mas a tauromaquia que assenta num mito sanguinário, continua tão primitiva quanto nesses tempos que já se perderam no tempo.
Está mais do que na hora de abolir essa reminiscência que transforma o homem, dito moderno, na besta que o Touro nunca foi.
Foto: © Marie-Lan Nguyen / Wikipedia
«Tauromaquia: do grego ταυρομαχία. Combate com touros.
Cnossos, Creta: o berço dos primeiros eventos com touros originou uma das histórias mitológicas mais trágicas e fascinantes do mundo; a lenda do Minotauro ainda assombra-nos pela crueza dos acontecimentos, envolvida num acto de bestialidade que deu origem a um ser híbrido assassino de humanos.
Todavia, como poderá estar este mito interligado com as corridas de touros?
A religião minóica era recheada de rituais orientados para o culto da vegetação. A morte e o renascimento dos deuses, bem como a representação simbólica e sagrada de alguns animais, eram a base primordial da cultura religiosa praticada. O touro, como um dos animais sagrados, eram obviamente utilizados nos cultos, especialmente em combates.
A magnificência e imponência do animal não passaram de todo despercebidas, originando o mito perturbador do Minotauro: este, rapidamente, tornou-se no símbolo do animalesco, roçando a barbaridade, a irracionalidade e o caos.
É importante salientar que apesar da crueldade do Minotauro estar associada ao seu lado animal, tal afirmação é incongruente: sabemos que o touro não mata pessoas por bel-prazer e que, muito menos, alimenta-se delas. Já o caso muda de figura em relação ao próprio ser humano, que não hesita em matar o seu semelhante num piscar de olhos. Podemos, desta forma, considerar que a violência imensa do Minotauro deve-se mais pelo seu lado humano: todavia, assim como as mulheres, os animais eram utilizados nos mitos para representar uma esfera negativa, daí a conspurcação exclusivamente feminina nesta história (a relação física de Pasífae com um touro) e a simbologia da destruição aliada somente à figura do animal presente no Minotauro.
O mito
O rei Minos de Cnossos recebeu um touro branco, vindo dos mares, como aprovação do deus Poseídon pelo seu reinado. Apesar de ter conhecimento do dever de sacrificar o animal em homenagem ao deus, Minos ficou tão admirado pela sua beleza sobrenatural que decidiu mantê-lo e sacrificar outro na esperança que tal passasse incógnito.
A tentativa de ludibriar Poseídon falhou: este, furioso, lançou um feitiço a Pasífae, esposa do rei, para que esta se apaixonasse perdidamente pelo touro branco. A mulher solicitou a ajuda de Dédalo para conseguir envolver-se amorosamente com o animal. O artesão construiu uma espécie de vaca em madeira, cujo interior abrigava e disfarçava Pasífae.
O acto sexual deu origem ao monstruoso Minotauro: o seu crescimento suscitou problemas ao tornar-se cada vez mais feroz. Por ser fruto de uma união não-natural entre um humano e um animal não-humano não tinha qualquer fonte natural de alimento, atacando e devorando homens para a sua sobrevivência. Minos decidiu recorrer à genialidade de Dédalo para arquitectar um imenso labirinto próximo ao seu palácio, no qual o ser híbrido foi encerrado.
Fresco no palácio de Cnossos, representando o culto do touro através da prova da resistência física com as mãos nuas - 1500 a 1400 a.C.
Veja-se que o labirinto não é somente o símbolo da perdição: os minóicos detestavam espaços fechados - o palácio e as restantes residências apresentavam imensas divisões em aberto - e o facto de o labirinto ter paredes altíssimas que permitiam ver o exterior sem poder alcançá-lo constituía uma fobia extrema que levava à loucura. O Minotauro, como humano, sofria com a solidão: como touro, sofria com a claustrofobia imensa do ambiente. Sabe-se que os touros adoram estar em liberdade e que necessitam de luz solar para o seu bem-estar: num labirinto escuro e frio tal era inacessível ao ser mitológico. Essa dupla castração despertou a violência extrema que acompanhou o monstro até à sua morte. E é aí que a tauromaquia e o mito aproximam-se ainda mais.
Os gregos odiavam os cretenses. Acusavam-nos de mentirosos, arrogantes e traidores. O próprio poeta Homero quase nunca indicou o povo de Creta nos seus poemas, exceptuando n'A Ilíada - em que estes lutavam ao lado de Tróia.
O mito do Minotauro foi, então, transformado num conto heróico ateniense através de Teseu: o filho de Egeu ofereceu-se como sacrifício, relacionado com a taxa imposta por Minos, por este ter saído vencedor numa guerra contra Atenas. Essa taxa comportava a entrega de sete jovens rapazes e sete donzelas, a cada nove anos, para serem devorados pelo Minotauro.
Deste modo, o rei cretense dava a certeza que não repetiria qualquer ataque bélico à cidade grega.
Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu. Mortificada por este estar prestes a ser engolido pelo assombroso labirinto, entregou-lhe um novelo de lã para marcar o caminho e assim conseguir sair ileso. Munido de uma espada, Teseu entregou-se ao labirinto de pedra e matou o Minotauro com um único golpe, cortando-lhe a cabeça.
Esta viragem no mito influenciou a visão humana sobre o touro: os atenienses cortaram com o véu sagrado que protegia-o e sacrificavam-no num verdadeiro culto sanguinário. O touro era agora simbolizado como uma besta hedionda e perigosa e matá-lo era sinónimo de coragem e força: o presente perfeito para os deuses do Olimpo. Os combates com touros intensificaram-se, com os actos violentos a aumentar cada vez mais. Havia até um costume absurdo que implicava a morte de um touro: tal arrastava-se numa espécie de jogo de acusações para descobrir-se quem, na verdade, o matou (?!).
A tradição de utilizar o touro para eventos, que resultavam invariavelmente na sua morte, foi absorvida pelos romanos após a invasão, que também utilizavam variados animais nos circos mortais, e consequentemente enraizada na Península Ibérica. A tourada que hoje em dia continua a ser realizada é, de facto, fruto de uma cultura que negativizou a imagem do touro em detrimento de um povo que era odiado. Foi pela rivalidade e pela inimizade entre homens que o grande animal viu a sua vida a ser selvaticamente alterada ao longo dos tempos.
Mas quiçá, tal e qual como uma história tem um ponto final, a barbaridade que continua a ser-lhe administrada findará também.»
Fonte:
http://grito-silenciado.blogspot.pt/2014/02/o-paralelismo-entre-tauromaquia-e-o.html