Quarta-feira, 18 de Março de 2020

In memoriam Pedro Barroso...

 

... o músico, o trovador, o poeta, aquele que usou as palavras e a pauta musical para lutar contra todas as tiranias, para lutar por uma sociedade mais humana, mais justa… falecido na passada segunda-feira à noite, dia 16 de Março, de doença prolongada. Tinha 69 anos.

 

Lutou igualmente contra o imbecil AO90 e em prol da Língua Portuguesa, que ele utilizava com tanta mestria, e sim, nenhuma Língua merece ser deformada tão imbecilmente, cerceando a liberdade e a inteligência de todos quantos a amam e utilizam, porque a Língua de um País não é uma coisa que se mexa e remexa ao sabor dos interesses obscuros de políticos irresponsáveis. A Língua é um Património Cultural Imaterial inviolável, um vector de identidade e unidade nacional.  

 

E só os apátridas e traidores não sabem disto.

 

Pedro Barroso.png

 

Viva quem assim escreve e canta!

Até sempre trovador!

 

 

Viva Quem Canta

Por Pedro Barroso

 

Já que aqui estou

Vou-lhes agora contar

De mil passos feitos vida

Desta vida atribulada

Desta vida de cantar

 

Se sobrar peito

Depois de mil melodias

Depois de tantas palavras

Tantas terras tant’stradas

Tantas noites tantos dias

 

Viva quem canta

Que quem canta é quem diz

Quem diz o que vai no peito

No peito vai-me um país

 

No Algarve mandei baile

Toquei adufes na Beira

Em Trás os Montes aprendi

A bombar como um Zé Pereira

Mundo fora dei abraços

Nos Açores e na Madeira

Deixei amigos do peito

E em casa cantei na eira

 

Viva quem canta

Que quem canta é quem diz

Quem diz o que vai no peito

No peito vai-me um país

 

Trago nos dedos malhões

Toquei rondas de caminho

No Douro aprendi Janeiras

Dancei as chulas no Minho

 

No Alentejo fica o peito

Da planície de cantar

No fado colhi o jeito

De um país por inventar

 

Viva quem canta

Que quem canta é quem diz

Quem diz o que vai no peito

No peito vai-me um país

 

Cantei no alto de um monte

Num tractor ou num celeiro

Para vinte ou vinte mil

E das palavras fiz viveiro

P’ra quem canta por cantar

Pouco mais se pediria

Mas quem canta p‘ra sentir

E p’ra explicar-se e p’ra ser

Pensem só quanto haveria

Ainda por dizer

 

Viva quem canta

Que quem canta é quem diz

Quem diz o que vai no peito

No peito vai-me um país

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:11

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Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2018

«SERÃO OS AFRICANOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA A VIREM ENSINAR AOS PORTUGUESES A ESCREVER CORRECTAMENTE A SUA LÍNGUA»

 

Recebi, via e-mail, uma carta de um ex-professor do Ensino Secundário, a qual aqui transcrevo, com a devida autorização, e que traça um retrato real da vergonhosa e inconcebível situação que se vive actualmente em Portugal, à conta do AO90.

A publicação desta carta insere-se numa acção a levar a cabo, brevemente, pelo Movimento em Prol da Língua Portuguesa (MPLP), que a seu tempo será divulgada.

Para já, fiquemos com a referida carta e com este grito de Pedro Barroso.

Sim, seremos milhões a não compreender o assassinato do NOSSO PORTUGUÊS.

 

PEDRO BARROSO.png

 

 

Carta de António Vieira,

(Os excertos a negrito são da minha responsabilidade).

 

Sr.ª Isabel A. Ferreira

 

Não vou tomar-lhe tempo com os argumentos esgrimidos contra esta aberração (ou acordo "mortográfico" na lúcida e muito oportuna tirada jocosa do Dr. António Bagão Félix), dado que os mesmos são já sobejamente conhecidos.

 

Fui professor do Ensino Secundário até há cerca de um ano, na Escola Secundária José Estevão, em Aveiro (actualmente sou empresário) e pude constatar diversas posturas de Colegas meus professores de Português: uns abertamente contra, mas "rumorejando" em silêncio (dado que a chantagem exercida pelas chefias e a preservação do posto de trabalho "falam sempre mais alto").

 

Outros, arvorados em "progressistas" de "ideias avançadas e arejadas" apoiam a aberração em causa, mas furtam-se a um debate sério (presumo que alguns deles colaborem com Editoras de manuais escolares e os "trocos" suplementares vindos ao fim do mês venham sempre a calhar!, há sempre quem se venda por um prato de lentilhas).

 

Na minha modesta opinião, penso ser de aproveitar os seguintes pontos:

 

1º- O Ministro da Educação actual, Tiago Brandão Rodrigues, é contra o "AO 90” e faz parte da plataforma no "Facebook" (foi uma agradável surpresa eu ficar sabedor deste dado crucial).

 

2º- Angola já declarou a não-conformidade com o AO90 e declarou que o não o irá ratificar. (Moçambique, parece-me não ter uma posição muito definida, julgo que o que pretende é que lhe ofereçam os manuais escolares à borla, seja em que grafia for). Penso que se houver pressão por parte de algumas figuras políticas de peso no sentido de se moverem "nos bastidores" (é assim que as coisas se processam sempre) algum resultado poderá ser atingido). Mas do que não tenho dúvidas é que se houvesse um número suficiente de professores que declarassem uma resistência frontal e adoptassem uma atitude de desobediência deliberada (semelhante à de uma greve), o peso do número não deixaria de constituir um argumento inultrapassável, tanto mais que o Ministro da tutela também se encontra do mesmo lado da "barricada", assim, por meio duma "arregimentação" através das redes sociais (isto hoje é facílimo), numa iniciativa sincronizada, aí não tenho dúvidas de que a questão ganharia outros contornos, não de uma solução definitiva, mas lá que o barco apanhava um forte "rombo" não tenho quaisquer dúvidas.

 

Tenho a certeza duma opinião emanada pelo Doutor Menezes Leitão (Prof. Catedrático de Direito em Lisboa e Presidente da Associação de Senhorios) segundo a qual "iremos passar pela vergonha de serem os Africanos, nossos ex-colonizados, a virem tornar a ensinar aos Portugueses a escrever correctamente a sua Língua (no site "Moçambique e o AO90).

 

E, sintomaticamente, é negativa a apatia e impavidez do nosso Povo totalmente "embrutecido" com a bola, com o Ronaldo, etc. que se acomoda e adopta uma postura totalmente distinta dos nossos vizinhos aqui do lado (galegos, catalães, etc.) que defendem os seus idiomas com unhas e dentes, embora já se assista a algum inconformismo (fui testemunha duma conversa de rua aqui em Aveiro, há algum tempo de pessoas falando contra o AO90), mas ainda há dias na "receção (?)" do escritório duma empresa, questionei a funcionária que respondeu: «...agora com o acordo ortográfico..." e eu perguntei-lhe: mas qual acordo? de quem, com quem? e ela não fazia a menor ideia do que eu estava a referir. E como esta, muitas outras pessoas, dentro do espírito de "carneirada e... Maria vai com as outras!".

 

Entrego-lhe em mãos estas duas sugestões, fico grato pela atenção dada a este breve e singelo libelo pessoal de inconformidade.

 

Com um abraço, subscrevo-me atenciosamente,

 

António José Ferreira Simões Vieira»

 

***

Não podia estar mais de acordo com tudo o que António Vieira escreveu, nomeadamente quanto à postura dos professores, que se quisessem, já tinham acabado com este desacordo.

 

A chantagem das chefias são um vergonhoso modo de impor algo que está para além da racionalidade. Contudo, as pessoas não deviam aceitar placidamente essa chantagem, até porque ninguém seria despedido por desobedecer a algo que é ILEGAL.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:06

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