As touradas vistas por um grupo de crianças da catequese no concelho da Praia da Vitória
«Touros e touradas
Uma tradição é a transmissão de práticas ou de valores espirituais de geração em geração, o conjunto de crenças de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações.
Na ilha Terceira as touradas são uma tradição muito antiga na qual as pessoas mostram-se adeptas e que respeitam os próprios elementos envolvidos nestas. Para haver apenas uma tourada envolve muita organização e dedicação, envolve licenças, polícia, fiscais, os próprios vendedores, os pastores e o animal, o touro.
Certas pessoas levam esta tradição a peito, pois não só divulga a nossa ilha por ser a única a ter touradas à corda apesar de outras ilhas como são Miguel já querer adaptar esta tradição, como divulga os Açores, tratam o próprio touro como respeito, as pessoas vão para contemplá-lo tirar tempo apreciar uma tourada.
Mas como é normal outras pessoas são contra estas touradas pois defendem que o animal é vítima de abusos, mas o touro como disse é um animal respeitado e tem cuidados antes e depois de uma tourada, desde o mato ao "alcatrão" e deste novamente para o mato.
Este animal tem um propósito de vida e penso que não é só estar a pastar no mato mas sim servir as pessoas, sim por vezes há pessoas que os maltratam e estes sofrem, mas é uma minoria.
Quem muitas das vezes discorda com as touradas são pessoas que não vivem esta tradição que não foram pessoas que foram crescendo nesta ilha ou nesta maneira de pensar.
Grupo de catequese, numa igreja do concelho da Praia da Vitória, Ilha Terceira
Maio de 2013»
***
Digam-me que isto não é verdade! Não posso crer.
Da Ilha Terceira não virá nada de bom?
Nem das crianças? Fazem-lhes lavagem ao cérebro?
E é permitido?
O que é isto? Estou completamente aterrorizada!
Onde está a Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco?
SOCORRO! É URGENTE!
Isabel A. Ferreira
Fonte:
Conheci-o um dia, na Póvoa de Varzim. Foi à Cooperativa «A Filantrópica», na sua qualidade de Polícia, falar sobre a Droga e as suas consequências.
Tivemos, os dois, uma conversa interessante, profunda, acerca do sofrimento dos pais de toxicodependentes, os quais preferem vê-los mortos-mortos do que mortos-vivos. E isso feria a sua alma de homem-polícia.
Começou aí a minha admiração pelo Dr. Moita Flores. Nessa noite conheci um homem sensível. Coisa rara nos tempos que corriam (e ainda correm).
Depois vieram os filmes na TV, dos quais gostei muito. Vieram os livros, bem escritos. E a minha admiração continuou intacta.
Até ao dia 25 de Agosto de 2010, quando o Dr. Moita Flores divulga uma Petição a favor do «Massacre de Touros». Muito bem escrita, aliás. Um apelo brilhante ao que chama os “Direitos da Terra”. Quase convence as pedras dos caminhos campestres, bordejados de flores amarelas, que os seus pés pisaram na infância.
Quase.
Mas não convence. Sabe porquê?
Porque o que lhe interessa não é defender o «Massacre de Touros» (vulgo touradas) a que chama Festa Brava, nem sequer o respeito pelos Direitos do Homem casados e em sintonia com os Direitos da Terra. Linda, esta frase. Gostei.
O que o Dr. Moita Flores defende é pura e simplesmente isto: uma “festa”, dita brava, em que um mamífero superior, que possui sistema nervoso central, tal como o Dr. Moita Flores, é massacrado até quase virar um picado de carne a sangrar por todos os orifícios que lhe fazem quando lhe espetam as farpas.
Quando diz que defende «os valores da Terra, da Vida e dos ritos exorcizadores da Morte, em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do PROGRESSO com Memória, em nome do DESENVOLVIMENTO sem perder o sentido da História», está a querer enganar quem?
Defender os valores da Terra, da Vida dos ritos exorcizadores da morte? Da morte de quem? Da sua, Dr. Moita Flores, ou da do Touro?
Em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, quando estes são sangrados lentamente, durante umas duas horas, impiedosamente, numa arena, cheia de criaturas a babarem-se diante do sangue desses mesmos animais?
Defender pastores, campinos? A quem quer enganar?
Da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do PROGRESSO com Memória, em nome do DESENVOLVIMENTO sem perder o sentido da História?
O que é isto?! Está a querer fazer do povo Português parvo?
Fale-me antes na DEFESA dos lobbies poderosos, dos ganadeiros e de outros, à custa da tortura e do massacre de animais magníficos. Isso sim.
O Dr. Moita Flores perdeu toda a sua razão quando diz: «Cheguei à idade onde já não há paciência para ser insultado por uma horda de analfabetos».
Horda de analfabetos? Quem? Nós? Os que defendem a VIDA, a CULTURA CULTA, a CIVILIZAÇÃO?
«Cheguei à idade da tolerância mas também ao tempo onde, mais do que nunca, acredito que só é possível salvar os Direitos do Homem se com eles salvarmos os Direitos da Terra».
Outra bela frase, para constar nos seus romances.
Quem pretende enganar com os Direitos do Homem e da Terra?
Nós falamos de DIREITOS DOS ANIMAIS.
Já viu bem o que pede que assinem na sua petição? Vou repetir: «Convido-vos a todos. Aos meus irmãos homens, às minhas irmãs mulheres, que afirmem por este abaixo-assinado fora, este combate pela CIDADANIA e pelos DIREITOS DA TERRA para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns.
CIDADANIA? Qual? A do direito a torturar um animal?
DIREITOS DA TERRA? Quais direitos da terra? Os direitos da terra beber o sangue derramado pelos Touros e pelos Cavalos quando estão a ser massacrados?
Quem são os histéricos aqui?
São os que gritam «BASTA DE MASSACRAR ANIMAIS», ou os que gritam “OLÉS” quando uma farpa fura o corpo do Touro e um jorro de sangue lhe escorre pelas costas, e mancha a terra que há-de “beber” esse sangue?
Veja a incongruência das suas palavras: «E fazem abaixo assinados, procurando destruir sem compreender, protestar quando a verdadeira essência do seu protesto são as suas PRÓPRIAS CONSCIÊNCIAS.»
Que consciências? Não somos nós que massacramos animais. As nossas consciências estão tranquilas. A sua não está?
E diz mais o Dr. Moita Flores: «Nem é o sofrimento do animal, como eles dizem, que os move. Pois se o fosse, estariam aos gritos em todos os locais em que se “fabricam”com hormonas, frangos, vacas, ovelhas para alimentar a cidade. Estariam às portas dos grandes matadouros escutando os urros de milhares de animais que adivinham o cheiro da morte. Estariam nas barricadas contra as guerras que matam homens e crianças, na linha da frente da luta pelo renascimento do campo e das culturas rurais, na linha da frente contra a violência doméstica.»
Anda cego e surdo, Dr. Moita Flores? Só lê e vê o que lhe interessa? Quem luta pela abolição do «Massacre de Touros», luta igualmente por todas as formas de tortura praticada contra seres humanos e seres não-humanos, em igual medida. Só não vê quem não quer ver. Só não sabe quem não quer saber.
E em seguida o Dr. Moita Flores diz esta barbaridade: «Não! Nada disto. Apenas (são) contra a PRETENSA violência contra os touros bravos. Nem pelo outro argumento comodista e repetido de que não são contra o abate dos animais mas sim contra o espectáculo que, no caso português, nem os abate. Maior hipocrisia não existe. Nem paciência para discutir a fé de angustiados.»
PRETENSA, Dr. Moita Flores? Esburacar um animal com farpas até o fazer sangrar é “pretensa violência”?
Pois quanto ao abate, do mal, o menos. Nesse aspecto os espanhóis são mais “humanos”, abatem logo o Touro na arena, e não o deixam em sofrimento atroz dias seguidos.
Os hipócritas aqui quem são, Dr. Moita Flores? Pretende chamar “água” ou "sumo de tomate" ao sangue derramado do Touro?
Fé de angustiados, Dr. Moita Flores? Linda frase, para constar nos autos de fé, dos “outros que tais”, em outros tempos.
E agora vem o mais inconcebível: «É a minha crença profunda. E sei que o combate passa por afirmar a defesa dos símbolos, dos valores, dos ritos, das cargas simbólicas que consolidaram a nossa secular matriz identitária.»
Símbolos? Valores? Ritos (medievais)? Matriz identitária? Por quem é Doutor! Portugal não precisa de se identificar com a barbárie. Já lhe basta a incompetência e a falta de Ética dos governantes.
E esta então é hilariante: «E esse combate feito de muitas frentes de luta, tem numa delas os ‘talibãs’ que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta e os animais sustentam, além da cultura a eles imanentes».
Talibãs? Então, agora já sei quem me chamou “talibã”, escondido sob um pseudónimo, no meu Blogue!
Em nome dos animais procuram destruir os animais? Iliteracia pura.
Já a economia que sustenta uns tantos à custa do Massacre de Touros, aí fale-me disso. A abolição desta tortura vai mexer nos bolsos de muita gente, que os tem a abarrotar com dinheiro manchado de sangue.
Cultura a eles imanentes? Que cultura? A Cultura da Morte?
DESILUDIU-ME COMPLETAMENTE, Dr. Moita Flores.
Sei que está-se nas tintas para a minha consideração, bem como eu estou-me nas tintas por me chamarem “talibã”. Direi como D. Manuel Martins, antigo Bispo de Setúbal, a quem um dia ouvi salientar: «se ser comunista é defender os direitos dos mais necessitados, então eu sou comunista».
Se ser talibã é DEFENDER os direitos de todos os animais humanos e não-humanos, então eu sou TALIBÃ.
Com muito gosto.
Web site da imagem de Moita Flores: estig.ipbeja.pt