«No mês de Junho de 2021, o país ouviu e leu que a Câmara Municipal de Lisboa tinha enviado dados pessoais, para a Embaixada da Rússia em Lisboa, de manifestantes russos, porque não Putinnistas, isto é, porque defensores da democracia e dos direitos humanos a serem praticados no seu país.
Feita uma auditoria aos serviços camarários, concluiu-se que mais dados pessoais tinham sido enviados a outras Embaixadas, devido a protestos verificados em Lisboa. Pelo que, a estes polícias políticos nos serviços camarários da capital, chamaram-lhe então o caso Russiagate.
O Russiagate foi anunciado em plena campanha eleitoral das eleições para as Autarquias locais de 2021, onde o presidente da Câmara era, como se sabe, o dr. Fernando Medina, que se recandidatava. Carlos Moedas do PSD, opositor a Medina, ganhou-lhe as eleições. O presidente da República, Marcelo R. de Sousa, ao ter conhecimento do caso, considerou-o “efectivamente lamentável” e Carlos Moedas em plena campanha pediu a demissão de Medina, pela polícia política interna – sob a sua liderança – ter fornecido dados pessoais de manifestantes estrangeiros, como os antigos bufos forneciam nomes à antiga p.i.d.e. de Salazar.
Vive o Mundo inteiro, a guerra na Ucrânia iniciada por Putin, da Rússia. Presentemente a Ucrânia está a transformar-se no maior palco de uma guerra criminosa, onde a Rússia parece não querer desarmar: matam-se ucranianos a qualquer hora do dia e não se importa Putin onde caem as suas bombas: é tudo para devastar, é tudo para ser carne para açougues, melhor, carne para abutres ou para valas colectivas.
Porque esta é a realidade de um tempo que parece parado, vários países da Europa e não só, enxotaram – porque não aceitam a guerra na Ucrânia – os embaixadores russos a quem chamaram de personas non gratas. Portugal, copiando as atitudes de condenação dos outros países à guerra que se vive, expulsou dez funcionários russos, argumentando que são pessoas “contrárias à segurança nacional” e a nota governamental acrescenta que - ao expulsar os servidores de Putin – “reitera a condenação, firme e veemente, da agressão russa em território ucraniano”.
Ora o sr. dr. Fernando Medina, então presidente da Câmara de Lisboa, por amizade política a Putin, pois mandava-lhe para a Embaixada russa os dados pessoais dos seus opositores em Lisboa. Sendo amigo político de Putin, ou então seu servidor ou então seu assalariado, não conheceria Medina, o seu partido e o seu Governo quem era esse polícia do KGB, homem que tem vindo há mais de uma dezena de anos a contrariar a nova política da Rússia, iniciada por Mikhail Gorbachev?
Onde está a coerência política, o saber ou o sentido de estadista de Fernando Medina em Junho de 2021, e agora ministro do Estado português que concorda com a expulsão dos seus “amigos”, ou dos seus “donos”, russos?
Pertencemos, no momento que passa, a um Mundo onde a toxicose da política manda, mata e se marimba para valores, cultura, usos e costumes. Manda no cidadão toda a merda transformada em bifes, desde que esteja em causa a obtenção de dinheiro e de poder. Os ditadores do Mundo dão – sempre procuraram dar – em vez de pão, pedras e granadas e, em vez de peixe, ódio e armas. São a antítese do bem, são os que matam o milagre dos cinco pães de cevada e dos peixes, anunciado nas salas do cristianismo.
Busca-se a paz e toda a Europa fala na paz que Putin não quer, odeia. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenskii, solicita à Europa que trabalhem e que lutem pela paz. Pede auxílios, dá sugestões e parece, na verdade, que se podia fazer mais pela paz e pela Ucrânia, onde o genocídio é o aroma que este país e este povo, respiram.
Portugal, por sugestão do partido PAN e por convite do presidente Marcelo e do presidente da Assembleia da República, convidaram o presidente Zelenskii da Ucrânia a discursar na AR. O dirigente ucraniano já informou que aceita falar, dirigindo-se aos deputados portugueses.
Pois este convite, este acolhimento, este testemunho de que Portugal está com o povo ucraniano e desejado pelos deputados portugueses, só teve um “senão”: o Partido Comunista Português, opôs-se a tal convite, condenou o convite e afirmou que a “Assembleia da República portuguesa não deve contribuir para o conflito”. O PCP, partido defensor de Josef Stalin e de Lenine, que foram causadores de várias dezenas de milhões de mortos para implantarem o comunismo, continua como nasceram: defensores dos genocídios até à obtenção do poder. Nem Álvaro Cunhal aceitou seguir Mikhail Gorbachev, nem Jerónimo de Sousa quer ouvir Zelenskii da Ucrânia.
Artur Soares
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)»
(Nota: Volodymyr Zelensky falou ao Parlamento Português, depois deste texto ter sido escrito. E, de facto, o PCP não o quis ouvir na frente dos restantes deputados da Nação e dos Portugueses. Ouvi-o às escondidas, e depois veio opinar, diante dos microfones da comunicação social, pela boca da sua líder parlamentar, Paula Santos, que, sem se dar conta, enterrou o partido (que já estava enterrado até à cintura) até ao pescoço. A continuar assim, não tarda nada ficará completamente soterrado. – Isabel A. Ferreira)
O discurso de Zelenski, para Portugal, na íntegra:
Este ano temos sete candidatos à Presidência da República, o mais alto cargo da Nação: aquele que representa Portugal e o Povo Português. Portanto, um cargo que deve ser exercido com dignidade, honestidade, independência total dos restantes poderes, do qual se tenha, sobretudo, a noção da responsabilidade do que é ser Chefe de Estado.
É um erro os partidos políticos apresentarem candidatos à Presidência da República. Um Presidente da República tem de estar acima de qualquer partido político, e de qualquer poder, para que possa exercer o cargo com a máxima independência. Tem de ser um candidato independente. O seu princípio tem de ser defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, de acordo com o juramento que faz na tomada de posse do cargo: «Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.»
Porém, jurar é fácil. Cumprir o juramento é que são elas!
Mas há mais atributos que se requerem de um candidato a Presidente da República.
Na imagem temos os candidatos à Presidência da República de Portugal, por ordem alfabética, porque isto de pôr uns mais à frente do que outros, seguindo sondagens encomendadas, não é honesto.
Todos merecem o nosso respeito. Afinal, são cidadãos que estão a exercer um dever cívico com a firme convicção de que são capazes de representar Portugal e o Povo Português com a máxima hombridade, não estão ali por mera vaidade de poderem ocupar o mais alto cargo da Nação, ou de se aproveitarem dele para segundas intenções. Pelo menos é o que esperamos deles
Desde o 25 de Abril que apenas um Presidente da República, eleito pelo Povo português, mereceu nota positiva durante e depois do mandato: o General Ramalho Eanes. Os restantes deixaram um desprestigiante rasto de muita parra e pouca uva.
O último deles (o ainda actual), nada fez de brilhante, por Portugal, nestes últimos cinco anos. Absolutamente nada que mereça ser destacado como um feito presidencial.
Na Presidência da República precisamos de uma pessoa que pense pela própria cabeça, não seja pau-mandado de ninguém, nem camaleão, nem maria-vai-com-as-outras, e que diga o que tem a dizer, sem papas-na-língua, com firmeza, doa a quem doer.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção do que representa chefiar uma Nação, servindo Portugal e os Portugueses unicamente; não pretender ser mais papista do que o Papa; e não enveredar por outros oceanos e servir interesses que não nos dizem respeito.
Precisamos de uma pessoa que execute, na íntegra, o juramento que faz, no momento da investidura do cargo, essencialmente o de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa (CRP).
Precisamos de uma pessoa que combata a corrupção e não que a varra para debaixo do tapete; precisamos de uma pessoa que ponha os interesses de Portugal acima dos interesses dos estrangeiros, e que os defenda com garra e convicção. E, neste ponto, quero salientar, particularmente, a questão do Acordo Ortográfico de 1990, cuja aplicação todos os juristas e constitucionalistas são unânimes em considerar inconstitucional e ilegal, mas que uma imponderada e conveniente “interpretação” de uma Lei que nem sequer existe, mantém vigente, desrespeitando abusivamente a Constituição da República Portuguesa.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção do que representa viver num Estado de Direito e numa Democracia, accionando todos os mecanismos intrínsecos à CRP, para que esse Estado de Direito e essa Democracia sejam uma realidade e não uma vergonhosa farsa. Pois para ditadura já nos bastou a salazarista.
Precisamos de uma pessoa que seja popular, mas não popularucha.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção do ridículo e se comporte em conformidade com o elevado cargo de Chefe da Nação, que ocupa.
Precisamos de uma pessoa que fale, quando deve falar, e se cale, quando deve calar-se.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção de que ao ser Presidente da República, está a ser presidente das pessoas, mas também dos animais não-humanos (de todos e não apenas de alguns) e do meio ambiente, e tudo faça, para que os direitos de toda a fauna humana e não-humana, da flora e de tudo o resto que constitui o todo português sejam respeitados, conforme consta na CRP.
Enfim, na Presidência da República precisamos de alguém que saiba arregaçar as mangas, e, ao mesmo tempo, honrar as calças ou as saias que veste.
E como se instala uma tal pessoa na Presidência da República?
Com atitudes.
Não é com a linguagem pirosa (a expressão pirosa não é minha, é do Miguel Esteves Cardoso, mas concordo totalmente com ele) dita inclusiva, que tem a pretensão de dar visibilidade às mulheres, através de redundâncias linguísticas como convidadas e convidados, todas e todos, eles e elas, amigas e amigos, caras e caros, Portugueses e Portuguesas, que vamos dar oportunidade às mulheres para que ocupem cargos públicos de alta envergadura, e dar-lhes salários iguais aos do homem: o mesmo cargo, o mesmo salário. O que não acontece e jamais acontecerá com pirosices linguísticas.
O problema dos candidatos que se apresentam às eleições é que nenhum deles reúne a totalidade das condições aqui apresentadas, e que fazem de um candidato um bom candidato para chefiar a Nação Portuguesa.
Se não vejamos:
Ana Gomes: escrevi-lhe uma carta a pôr-lhe duas questões (*) que, não só para mim, como para milhares de portugueses, são cruciais para o País, mas por serem tabus e estarem ligadas a lobbies poderosos, que os governantes servem mais do que a Portugal, os órgãos de comunicação social não estão autorizados a abordar publicamente. São elas a questão do Acordo Ortográfico de 1990 (ao serviço dos interesses brasileiros, e que nos está a levar à perda da independência linguística e cultural, o que não é coisa pouca) e a vergonhosa prática medieval de torturar touros numa arena para divertimento, algo que recebe chorudos subsídios, retirados dos impostos dos portugueses, e que mantém Portugal com um pé na Idade Média, ou seja, numa etapa evolutiva ainda muito atrasada, o que também não é coisa pouca.
O que sei de Ana Gomes, a este respeito, é que ela usa a pirosa linguagem inclusiva do “todos e todas”, aplica o AO90 na página dela, no Facebook, não sei se está interessada em cumprir a Constituição da República Portuguesa, compelindo o governo a extinguir o AO90, e a repor a Grafia Portuguesa, em Portugal, para podermos recuperar a nossa identidade linguística e cultural.
Quanto às touradas sei que é NIM.
A resposta às minhas questões foi ZERO. Não respondeu. E para zero, zero e meio.
André Ventura: sei que é contra o AO90 (o que não basta) e está ao serviço do lobby tauromáquico. Quanto ao resto, abomino extremismos de direita tanto quanto de esquerda, porque se tocam e fundem. E sabemos ao que pode levar estes extremismos: a horrendas ditaduras. Não aprenderam nada com a História. A postura deste candidato é um ultraje à Democracia.
João Ferreira: suponho que, por ser membro do PCP, e este ser contra o AO90, o candidato também o seja. Mas também está ao serviço do lobby tauromáquico, a não ser que se distancie da postura do Partido, a este respeito. Não sei. Mas sei que não condena publicamente as perversas ditaduras comunistas do mundo actual. Daí que não tenha perfil para presidir aos destinos de um País que se quer livre e democrático.
Marcelo Rebelo de Sousa: sabe-se, por ser público, que é aficionado de touradas. [Nem sei como isto é possível, não entendo as pessoas que têm oportunidade de evoluir, afinal chegou a professor universitário, e não evoluíram]. Quanto ao AO90, sabe-se, porque também é público, que é um seu adepto ferrenho e utiliza a grafia brasileira, preconizada pelo dito pseudo-acordo, na página oficial da Presidência, dá entrevistas, como PR, com o sotaque brasileiro, usa expressões brasileiras, e está-se nas tintas para a destruição da Língua Portuguesa, violando, deste modo, a Constituição da República.
Marcelo Rebelo de Sousa, nestes últimos cinco anos, nada fez por Portugal. Absolutamente NADA, mas fez TUDO pelo seu imenso ego. Mais cinco anos a levar com as suas actuações narcisistas será desastroso para Portugal, que continuará a marcar passo. Não se julgue que Portugal é bem-visto lá fora, porque não é. Só quem não viaja, pensa que somos os maiores! Além disso, Marcelo vulgarizou bastamente o cargo de Presidente da República, ao ponto de já ter um cognome que ficará para a História: “Celinho das Selfies”.
Por outro lado, tal como Ana Gomes, nunca respondeu às minhas questões, acima de tudo as questões de uma cidadã votante, e dotada de espírito crítico, que transmite o pensar e o sentir de milhares de Portugueses. Para zero, zero e meio também.
Marisa Matias: não tem perfil para Presidente da República. Limita-se a dar visibilidade e a defender o programa político do Bloco de Esquerda, que não serve para pôr em prática na Presidência da República. Além disso é adepta do AO90 e da pirosa linguagem inclusiva do “todos e todas”. É contra as touradas, mas isso não basta para lhe dar um passaporte para Belém.
Tiago Mayan Gonçalves: nada sei do que ele pensa, quanto às questões que mais me interessam (a mim e a milhares de Portugueses), por serem tabus. Mas sei que o IL é pró-tourada. Também sei que, no seu site, escreve em mixordês, ou seja, num misto de Português, acordês e brasileirês. As outras questões, não sendo tabus, já sabemos o que todos pensam sobre elas. O candidato, embora demonstrando falta de experiência nestas andanças, parece-me ser uma pessoa equilibrada e inteligente. Contudo, candidatar-se pelo Iniciativa Liberal, é um obstáculo.
Vitorino Silva: Genuíno. Inteligente. Trabalhador. Perspicaz. Um verdadeiro filósofo popular. Tem a sabedoria do Povo. Adoro as suas metáforas. Conhece o Portugal profundo. Não tem os vícios nocivos dos políticos “profissionais”, que nada têm de novo, para nos dizer. É alguém em quem se pode confiar. Como cidadão português tem todo o direito de se candidatar a Presidente da República. Afinal, não são os canudos universitários que fazem um bom presidente. Já todos tivemos oportunidade de o comprovar. Ser calceteiro não seria o impedimento maior. Não sei se aderiu ao AO90. Não sei o que pensa sobre isso e sobre as touradas, mas sei que gosta de animais e é bastante carinhoso com eles. Não tive tempo de lhe escrever, e questioná-lo sobre estes dois temas, que, para mim e milhares de Portugueses, são cruciais, e ninguém debate. Mas de uma coisa eu tenho a certeza: de todos os candidatos aqui apresentados, o Vitorino Silva seria o único a dar-me a honra de uma resposta.
Quem temos para pôr Portugal a mexer e a fazê-lo regressar à sua dignidade de País livre e independente? Porque podem crer, neste momento, quando andam todos distraídos com o futebol, as telenovelas e os realities shows, o nosso País não tem uma Língua que o identifique como Nação independente, e está no rol dos sete países (em 193) que mantém práticas primitivas, indignas de seres humanos.
E isto, para milhares de Portugueses é de máxima importância, porque nem só de pão vive o homem.
***
(*) Um esclarecimento sobre as duas questões (AO90 e touradas) que aqui destaquei por serem tabus, mas também porque têm a ver com a nossa dignidade, enquanto País europeu e civilizado.
Eu, que conheço o mundo civilizado, onde pessoas civilizadas se divertem civilizadamente; eu, que domino outras Línguas, para além da minha Língua Materna, sinto-me esmagada pela vergonha que sinto quando vejo o Parlamento Português viabilizar o massacre de mamíferos sencientes, com um ADN semelhante ao dos humanos, e promover uma mixórdia ortográfica, que desprestigia Portugal, transformando-o na colónia de uma ex-colónia. E de todas as coisas, estas duas são realizadas em nome da mais pura estupidez. Isto é algo que não quero para o meu País.
E se há algo que me tira do sério é precisamente a estupidez.
E a estupidez humana [não há outra], segundo Ernest Renan [escritor, filósofo, teólogo, filólogo e historiador francês] é a única coisa que nos pode dar a noção do infinito…
Todas as outras questões, que são trazidas à liça, nos debates presidenciais, e são esmiuçadas publicamente, até à exaustão, não são tabus, e quando se corrompem, não se corrompem devido à estupidez dos seus intervenientes, mas tão-só à mais vergonhosa incompetência, ao mais descarado despudor, à mais indecorosa indignidade e à mais imoral desonestidade.
Isabel A. Ferreira
O Parlamento português, sempre colado aos mesmos partidos políticos (PS, PSD, PCP, Chega, Iniciativa Liberal e CDS/PP) vai dando uma no cravo outra na ferradura, muito mais na ferradura do que no cravo, pois de vez em quando vão dando uns rebuçadinhos, para amainar as hostes.
De acordo com o PAN, ao longo dos últimos anos – inclusive nos dias anteriores ao massacre da Torre Bela – foram muitas as vezes que apresentaram propostas, numa tentativa inglória da urgente regulamentação da cruel e anacrónica prática da caça, contudo, nenhuma foi aprovada!
O lobby da caça até pode ser poderoso, mas não pertence ao mundo civilizado. E assim sendo, é o parente paupérrimo da sociedade portuguesa.
Diz o PAN que a maioria parlamentar continua, reiteradamente, a REJEITAR toda e qualquer proposta no sentido de transformar um sector, que continua a achar-se intocável, aliás como outros sectores quejandos, com a total conivência da maioria das forças políticas. Porém, e ainda de acordo com o PAN, nenhum sector o é, daí que continuarão a fazer finca-pé para provar isso mesmo, e mudar a realidade de violências e crueldades perpetradas contra animais não-humanos, que já só devíamos conhecer através dos livros de História!
2017: Suspensão da caça a norte do Tejo durante o período de dois anos? Não votada!
Fonte: https://www.facebook.com/PANpartido/photos/pcb.3723932874334447/3723930307668037/
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A propósito deste tema, para que se tenha uma ideia do que a maldita caça representapara o comum dos mortais, aqui deixo um comentário publicado na minha página do Facebook, de um cidadão português, que amaldiçoa esta actividade com toda a legitimidade, porque a caça nem é boa para os animais não-humanos, nem para os animais humanos, que somos todos nós. A caça é uma praga de parasitas da sociedade, que o Parlamento português sustenta a pão-de-ló.
E os cães que abandonam depois das caçadas! Eu, na minha aldeia (Beira Baixa), já recolhi dezenas deles, desde há 30 anos e, nesta data, tenho 12 desses! E os cães que matam e que atiram para os poços das hortas, nos últimos dias de caça! E as toneladas de chumbo que ficam "semeadas" lá pelos campos! Até um apiário, com 15 colmeias, que tinha numa horta dos meus pais tive que abandonar! Davam tiros nas colmeias e destruíram-me vários portões! Há mais de 20 anos que não passo um fim-de-semana na minha aldeia, por causa dos caçadores, venho sempre embora à sexta-feira à noite! Bandidos, Selvagens!!!!!!!
Mas não são apenas estes dois partidos que estão no Parlamento a servir os interesses dos tauricidas, que vivem à custa dos nossos impostos, recebendo milhões de Euros, que poderiam ser canalizados para a verdadeira Cultura, que anda, por aí, sobre brasas, mas não, os tauricidas, que se passeiam nos seus Ferraris e Porches, e vivem à tripa forra, forrados com os dinheiros que fazem falta ao que é essencial a Portugal.
A IL (Iniciativa Liberal), o PSD e o PS também andam pelo Parlamento Português a defender os interesses dos tauricidas, como se eles fossem agentes da Cultura Culta (aqui incluídas as culturas popular, gastronómica, folclórica…), quando não passam de agentes da única “cultura” inculta existente em Portugal – a tauromáquica, uma vez que os tauricidas e os seus apoiantes parlamentares fazem muita questão de considerar “cultura” a tortura de seres vivos.
Mas também temos o muito civilizado PCP a apoiar esta “cultura” tauricida, no Parlamento (isto acontece quando os extremos da direita e da esquerda se tocam).
António Filipe, membro do Partido Comunista, diz que os comunistas são pessoas civilizadas.
Serão? Em qualquer parte do mundo, uma pessoa civilizada não apoia a tortura de seres vivos, em circunstância alguma.
É urgente abolir todas as práticas selváticas que torturam animais para divertimento.
É urgente que a bota (civilização) bata com a perdigota (abolição da tauromaquia).
Só assim poderemos dizer que Portugal é, de facto e de direito, um país civilizado.
Até lá, é apenas um país que busca o caminho que leva à evolução social, moral, cultural e intelectual, do qual anda ainda muito desviado...
Os comunistas serão pessoas civilizadas quando deixarem de apoiar a prática selvática da tauromaquia. Até lá serão pessoas improgressivas (isto para ser simpática).
Isabel A. Ferreira
No passado dia 25 de Abril, enquanto nós comemorávamos os 46 anos da libertação da ditadura fascista, com pompinha e circunstanciazinha, no Parlamento português, a Itália, nesse mesmo dia, comemorou os 75 anos da libertação do domínio nazi-fascista. Foi em 25 de Abril de 1945 que os italianos derrubaram o regime fascista de Mussolini. 75 anos!
Como o fizeram?
Esta celebração costuma (costumava) levar o Povo Italiano às ruas em actividades cívicas por todo o país.
Contudo, no passado dia 25 de Abril, em pleno tempo de uma pandemia que fez parar o mundo e matou milhares de seres humanos, esta celebração contou apenas com a presença de Sérgio Matarella, presidente da República Italiana, com máscara, a depositar uma coroa de flores no monumento do soldado desconhecido, num acto solitário, mas principalmente solidário para com todos os italianos confinados, naquele dia, e principalmente por respeito àqueles outros italianos que perderam a vida devido ao Covid-19.
Por toda a Itália, o Povo confinado cantou às varandas e às janelas o “Bella Ciao”, a canção que se tornou um símbolo da Resistência Italiana contra o Fascismo durante a Segunda Guerra Mundial.
Para bom entendedor...
Isabel A. Ferreira
Quanta dignidade encontramos nesta imagem!
Como diz Isabel Sousa Lobo: «Isto tem tanta força!»
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Ou a tauromaquia cai de podre ou por decreto, porque cair, cairá. Em breve estaremos a festejar a abolição deste costume bárbaro, introduzido em Portugal pelos Reis Filipes de Espanha, entre 1580 a 1640: portanto, uma "coisa" antiga, sanguinária, monarquista e troglodita.
Seria da racionalidade não andarmos ainda a discutir o IVA das touradas na Assembleia da República, de um país integrado na União Europeia, em pleno ano de 2020, da era Cristã. Mas, em Portugal, a evolução de certas mentalidades ainda não se processou. Ainda há muito atraso civilizacional e de mentalidade, por aí, mormente no Parlamento português onde tudo se decide.
Contudo, ontem, deu-se mais um passo em frente a caminho da abolição e da evolução: a Assembleia da República aprovou, por maioria, o aumento do IVA das touradas para 23%, com os votos a favor do PS, PAN e BE.
E se isto foi uma vitória (e das boas) para a causa abolicionista, para os tauricidas, foi mais uma derrota, a somar a tantas outras, pois estão a perder terreno em várias frentes.
Prossigamos, então, a nossa senda até à abolição total.
O lobby tauromáquico terá de plantar hortas e pomares, que não dará, com certeza, para os Ferraris, que adquirem e exibem por aí, com os nossos impostos, mas dará, com toda a certeza, para um John Deere Gator HPX, que os ajudará no novo modo de subsistência.
Isabel A. Ferreira
Fonte da imagem:
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Apesar dos incontáveis apelos que se fizeram, o Parlamento português rejeitou, hoje, os dois projectos do PAN e do BE que pretendiam proibir as corridas de cães, especialmente de Galgos, em Portugal.
Os diplomas foram rejeitados com votos contra do PS, do PSD, do PCP e do CDS-PP. A favor votaram, além do PAN e do Bloco de Esquerda, o Partido Os Verdes e 12 deputados, a maioria da bancada socialista.
Prova-se, uma vez mais, que o Parlamento português está cheio de mofo. Cheira mal. Precisa de ser arejado. Esperemos que nas próximas eleições esse arejo aconteça.
Portugal merece coisa melhor. Merece governantes mais racionais, mais humanos, mais sensíveis, mais responsáveis, mais civilizados, mais evoluídos. Menos servis a grupos económicos de baixo nível moral e cultural.
Deixo-vos com o excelente texto de Teresa Botelho, no seu Blogue «Retalhos de Outono», fazendo minhas todas aas suas palavras.
O Parlamento português acaba de condenar os Galgos a este miserável destino.
Origem da imagem:
https://www.ideal.es/jaen/jaen/mundial-galgo-animal-20190201123146-nt.html
Texto de Teresa Botelho
«Afinal os galgos não são cães»
«Conseguiu-se finalmente em Portugal, uma legislação que defende alguns animais e permite que se explorem outros, porque pelos vistos, tal como acontece com o povo desta terra, nem todos merecem ser bem tratados!
"O cão é o melhor amigo do homem", mas não é assim que pensam alguns deputados da nossa Assembleia e por incrível que pareça, são sempre os mesmos carrascos insensíveis, cujos interesses pessoais se sobrepõem às leis e à visão honesta de certas situações condenáveis, sujas e mais que evidentes.
Sempre me pareceu que um Galgo era um cão com necessidades semelhantes a qualquer outro, cuja constituição física tem limites, mas cujo abuso da sua resistência, lhes limita a saúde, o bem-estar e a própria vida.
Quando um cão é abusado pelo seu detentor, chama-se a polícia, coisa que nesta terra de impunidades pouco resolve na maior parte dos casos, mas para certas classes altas, amigas do poder e cujas responsabilidades se perderam no lodo da corrupção e do compadrio, os Galgos não são cães, mas sim objectos úteis à especulação das apostas ilegais e dos interesses de minorias abastadas, interesseiras e das já bem conhecidas e frequentes trocas de favores.
No secretismo dos "clubes" de caça que agora também viram o proveitoso furo de treinarem cães para corridas, vale tudo, mas se os ditos "atletas", não cumprirem os objectivos, não aguentando os choques eléctricos, drogas e todas as "técnicas" desumanas de que são alvos, deixam de prestar e tornam-se pouco rentáveis, tal como acontece aos mais "incompetentes" das matilhas de caça que por aí se vão encontrando mortos, ou espalhados a monte por terras de ninguém.
Assim funcionam os "representantes" de um povo amorfo, analfabeto e alheio a tudo o que não sejam os seus umbigos, mas que ao contrário dos cães, faz gosto nos treinos a que o sujeitam!
Assim se compôs, com a colaboração deste povo cego e domesticado, a tal Casa da "Democracia" que há muito exige reforma e assim perduram e sobrevivem os dinossauros que dão lustro a certas bancadas, espoliando os nossos já parcos recursos e enxovalhando descaradamente, toda uma nação!
Fonte:
https://retalhosdeoutono.blogspot.com/
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Fim das corridas de galgos - rejeitado
Fonte:
https://www.facebook.com/PANpartido/photos/a.920439104683852/2409375119123569/?type=3&theater
Contra – PCP, PSD, CDS e PS (menos 12 deputados que votaram a favor)
Apesar do reconhecimento de um novo estatuto para os animais, que pretendeu robustecer a protecção e bem-estar destes seres sencientes, a maioria dos partidos fecham os olhos à brutalidade desta actividade, que não tem tradição em Portugal, com motivações puramente económicas e de entretenimento.
Sim, queríamos que acabasse este vergonhoso e cruel processo de selecção, manutenção, treino e destino dos galgos usados na competição profissional.
Diploma a diploma, a máscara vai caindo aos partidos que pretendem ter uma agenda de protecção animal. Não por sensibilidade, não por equidade, não por bondade, mas apenas para ganhar mais uns votos.
Consulta aqui o nosso Projecto de Lei:
https://www.parlamento.pt/
E depois dizem que não há dinheiro para a Saúde, para a Educação, para a Habitação, para a Cultura, sim, porque, como o mundo inteiro sabe, a selvajaria tauromáquica não é coisa da Cultura.
Para apoiar uma tourada, a realizar a 17 de Março, integrada nas Festas de São José (mais uma, para celebrar o Pai adoptivo de Jesus Cristo), a Câmara Municipal de Santarém comprou (com os dinheiros dos contribuintes), 10 mil euros em bilhetes (cerca de 1.300 entradas), que serão distribuídos pela população através das juntas de freguesia. Outras duas touradas a realizar durante a temporada taurina, terão apoio de 5 mil euros, cada (...), diz a notícia.
Isto é imoral, mas demonstra que a tauromaquia está "tuberculosa", em último grau... diz a minha amiga Maria João Gaspar Oliveira, no Facebook. E eu concordo com ela, porque, na verdade, só deste modo, conseguem povo na assistência, e mesmo assim, sempre os mesmos, em todos os antros, onde se realizam estas práticas desadequadas aos tempos modernos.
E chamam "valentia" pegar um Touro moribundo, mais morto do que vivo, a sangrar por dentro e por fora, com dores atrozes... Valentes são os Touros que, mesmo em grande sofrimento, por vezes, conseguem reunir as derradeiras forças e mandar os forcados desta para melhor. E dizer isto não é aplaudir, porque aplaudir, aplaudem, em júbilo, os sádicos na arena. Isto é simplesmente dizer a verdade nua e cruamente, como estas verdades devem ser ditas.
Esta notícia está na Categoria: Cultura. Esqueceu-se o órgão de tal informação, do prefixo IN, na categoria de cultura. E reza assim:
Bilhetes à borla para a tourada de 17 de Março em Santarém nas juntas de freguesia…
É que (diz também a notícia), a Câmara de Santarém quer que os habitantes do concelho continuem a sentir a Praça de Touros Celestino Graça como um factor determinante para o município e essa é uma das razões principais do apoio que a autarquia vai dar à associação Praça Maior, que gere os destinos do espaço desde o início do ano.
E quem o disse foi a vice-presidente e vereadora com o pelouro da (in)cultura na Câmara Municipal de Santarém, Inês Barroso, que muito (in) culturalmente, salientou a importância da festa brava, para se compreender a história do concelho e da região. E isto até se compreende: é uma região com um atraso civilizacional muito acentuado, e a explicação está dada, senhora vereadora. Não podia ser mais clara.
E isto é que é dar a um povo-marionete um entretenimento de elevadíssima qualidade, para o manter obtuso. É que um povo obtuso é mais submisso e fácil de manobrar.
Mas esta gente não tem culpa deste atraso. É que isto, por mais incrível que pareça, é legal, e apoiado pela esmagadora maioria do Parlamento português e pela igreja católica, ambos ao serviço da tauromáfia.
E viva a INCULTURA instalada em Portugal!
Isabel A. Ferreira
Fonte:
"Queremos mesmo sentar o Planeta no Parlamento Europeu"
Porque para VOTAR é preciso CONHECER.
Neste momento, o PAN parece-me uma óptima alternativa. Tem visão de futuro e não se verga a lobbies. E os Portugueses já estão fartos de “invertebrados” do tempo pré-histórico.
Manter no Poder os que já demonstraram incompetência governativa é passar um atestado de idiotice a si próprio.
Temos de mudar o rumo do Poder, porque o Poder está na mão do Povo, não está na mão dos governantes.
Isabel A. Ferreira
© PAN
Francisco Guerreiro, dirigente do PAN - Partido Pessoas - Animais - Natureza, e cabeça de lista nas eleições europeias de 26 de Maio é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.
Entrevista de Melissa Lopes
«É vegan e tem como hobby recolher lixo nas praias e florestas do país. Francisco Guerreiro, militante do PAN desde 2012, é candidato pelo partido às eleições europeias do próximo 26 de Maio.
Europeísta convicto, mas não acrítico, Francisco tem como ambição “sentar o Planeta no Parlamento Europeu”. Está convencido de que “nunca é tarde” para lutar pelo ambiente, sendo um acérrimo defensor de que “pequenas mudanças fazem realmente a diferença”.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Francisco critica a falta de coragem para romper com modelos vigentes e a incapacidade de tomar decisões económicas tendo em conta consequências ambientais calculadas. E o "depois vê-se”, lamenta.
Acolhido pela família europeia dos Verdes, se lá chegar, o PAN quer trabalhar no reforço da agricultura biológica, na transição energética e no apoio humanitário. No fundo, levar para Bruxelas a influência que o partido tem tido no Parlamento português.
Está preparado para ir para Bruxelas?
Este é um desafio a vários níveis, não só para o partido como para o paradigma que nós queremos explicar aos cidadãos e implementar. Felizmente, temos tido essa oportunidade nos últimos três anos dos quatro para os quais fomos eleitos. Acho que há esse reconhecimento da sociedade civil, de que temos, com poucos meios, trabalhado bastante e apresentado propostas válidas. Tanto é que nunca se debateu tanto questões ligadas aos direitos sociais, ambientais, animais. E isso faz com que os outros partidos se queiram posicionar. Isso para nós é positivo.
Somos europeístas convictos, mas não somos acríticos.
Não somos nem melhores nem piores do que os outros partidos, somos diferentes. Acho que os cidadãos conseguem perceber, hoje em dia, essa diferença. É surpreendente como é que um deputado, em 230, às vezes consegue passar propostas por larga maioria ou unanimidade, como foi o caso da aprovação da tara recuperável para embalagens plásticas e que depois vai ser alargada para metal e vidro. Medidas muito concretas direccionadas para o bem-estar das populações e do meio ambiente que conseguem ser feitas com a vontade de construir pontes. Muitas vezes não é a primeira proposta, a inicial...
… é a proposta trabalhada posteriormente.
Também é para isso que cá estamos. As pessoas compreendem que não há um governo PAN e que nós também votamos proposta a proposta, programa de Governo, Orçamento, tudo muito bem contextualizado. E o desafio das europeias vai um bocado nessa senda. O trabalho que temos feito no Parlamento nacional, gostaríamos também de o fazer no Parlamento Europeu.
Qual o nível de europeísmo do PAN?
É total. Somos europeístas convictos, mas não somos acríticos. Há obviamente sectores que têm de se alterar, especialmente no modo como a Europa gere os seus recursos, não só os dinheiros, mas também o modo como produz e distribui a sua economia.
Temos, por exemplo, a PAC (Política de Agricultura Comum), que é uma fatia substancial do peso do orçamento comunitário continua a direccionar-se muito para indústrias muito poluentes, nomeadamente para a agro-pecuária intensiva. Gostaríamos que esses recursos fossem alocados para modos de produção e distribuição de alimentos mais positivos, não só para a saúde humana como para os ecossistemas, nomeadamente no reforço da estratégia de agricultura biológica nos Estados-membros.
Em Portugal, temos feito esse caminho, temos sido largamente ignorados, infelizmente. Mas achamos que é uma visão a longo prazo que a comunidade europeia também deve ter.
Lá, como cá, há interesses instalados que não permitem esses avanços?
Sim. E o modo como sempre se fez as coisas é o mesmo, apenas se tem refinado e não se tem alterado. O modo como olhamos para a produção de alimentos, para o modo de os distribuir.
Não nos questionamos, é isso?
Não nos questionamos. Mesmo em relação ao impacto que tem estarmos a fazer comércio internacional, muitas vezes a custo de direitos humanos, direitos sociais e ambientais... Temos de repensar o modo como fazemos esses acordos.
E qual é a sugestão do PAN? Que objectivos quer perseguir?
Somos europeístas ao ponto de acharmos que é fundamental termos trocas comerciais, como é óbvio. Mas essas trocas devem valer os valores que nós achamos fundamentais: direitos humanos, protecção do meio ambiente, uma justaposição de forças, justaposição muitas vezes para países que estão em desenvolvimento e que precisam de um apoio extra e não propriamente quase um dumping de determinado tipo de mercadorias.
E é importante perceber que ainda temos um impacto muito grande na emissão de gases de efeito de estufa. Queremos promover também a transição energética dentro dos Estados-membros. Tentar, ao máximo, que sejam independentes energeticamente, para não estarem dependentes de países como a Rússia, países africanos e países do Médio Oriente, através de gás e de petróleo. Isso para nós é fundamental. Um dos nossos objectivos, um lema que temos é que queremos mesmo sentar o Planeta no Parlamento Europeu.
Não está neste momento?
Achamos que a ecologia é sempre secundarizada. Ou seja, olhamos para políticas económicas e depois vemos os efeitos hipotéticos ou secundários ou terciários que elas têm no ambiente. E vamos tentando colmatá-los, de modo mais profícuo ou não. E não pensamos ao contrário.
O que vemos é que Portugal, por exemplo, segundo a WWF, consome 2,2 planetas por ano, ou seja, nem chega a Agosto e já estamos a crédito.
Antecipando os problemas ambientais antes de tomar decisões económicas?
Exactamente. Não pensamos como é que conseguimos representar uma sociedade com estes valores que representamos – o altruísmo, a solidariedade, a dignidade humana, o bem-estar animal, a protecção ambiental – tendo em conta o longo prazo.
O que vemos é que Portugal, por exemplo, segundo a WWF, consome 2,2 planetas por ano, ou seja, nem chega a Agosto e já estamos a crédito. Qualquer país europeu é insustentável do ponto de vista da gestão dos recursos. Se não metermos esta linha condutora nas políticas públicas europeias será muito difícil depois conseguirmos construir um projecto de futuro.
Temos também de reduzir a quantidade de bens que consumimos, temos de pensar a forma como esses bens são reutilizados. Não basta só dizermos que somos a favor de uma economia circular se depois ela não se operacionaliza. Se continuarmos numa espiral de consumo de bens é depois difícil gerir esses resíduos.
De que forma podem ser combatidos os fenómenos populistas que crescem na UE?
Os fenómenos populistas contrariam-se com mais e melhor debate político, transparência, participação cívica e educação. Acresce o papel fundamental dos meios de comunicação que não podem ceder à tentativa de imediatismo económico e devem garantir os seus princípios deontológicos no tratamento e disseminação de informação. Isto tudo sem nunca esquecer o papel fundamental da não violência como eixo condutor de toda esta dinâmica. Não é com extremos ideológicos que se transita de modelo social.
Se for eleito, o PAN será acolhido pela família dos Verdes europeus. Terá assim mais força?
Um dos nossos grandes desafios – e é também por isso que estamos na família dos Verdes europeus – será trazer o ambiente para o Parlamento Europeu. Achamos que Portugal tem um défice de foco ecológico nos 21 representantes que lá estão e gostávamos de ter esse contributo. Num universo de 740 eurodeputados, sensivelmente, o nosso poder de influência será reduzido por si. Por isso é que ficamos numa família europeia.
Sobre o combate à expansão dos microplásticos e ao uso de plásticos, por exemplo, há uma estratégia que foi lançada o ano passado que aponta já algumas metas que são positivas mas temos de envolver a indústria, os cidadãos, tem que haver uma aposta na educação ambiental. Temos de partir do pressuposto que é geracional.
Escasseiam essas políticas de educação ambiental?
Se não tivermos políticas de educação ambiental não conseguimos construir esta identidade colectiva de visão a longo prazo. Vemos que a nossa biodiversidade está a ser posta em questão. Há uma usurpação do próprio interesse democrático dos interesses dos cidadãos em preservar as suas democracias que vai além do simples voto. As pessoas estão realmente preocupadas com a sua perspectiva de futuro, com a biodiversidade, com a qualidade dos rios, com a poluição generalizada, com uma alteração de estar na sociedade, de como consumimos, de como produzimos os nossos bens, qual é o impacto que tem, por exemplo, estarmos a trazer bananas do Equador.
O mundo despertou agora para esses problemas todos, já em cima deles, digamos assim. Não vamos tarde?
Achamos que nunca é tarde. É por isso, também, que estamos na política. Não é tarde e sentimos que há cada vez mais apoio às ideias e aos valores do PAN por isso mesmo. As pessoas estão cansadas dos partidos que olham para o mundo da mesma maneira.
De uma maneira que é egoísta, não planeando a longo prazo?
De uma maneira bastante restritiva. Consideramos que é uma visão que está adaptada ao tempo de cada partido. Se olharmos para estes partidos, conseguimos ver que têm a mesma visão que tinham há décadas. Há pequenas evoluções, óbvio, mas [a visão] está muito circunscrita à ideologia vigente daquele partido. Daí a emergência do PAN e de partidos como o PAN.
Os problemas existem e as soluções também. Muitas vezes vemos que há uma falta de vontade de romper com o paradigma vigente porque é fácil fazer como sempre foi feito e é difícil assumir que há mudanças a fazer, como partidos, como sociedade, como cidadãos e que temos que de arregaçar as mangas e encarar isto de modo positivo. Mostrando o problema e apontando soluções que são, muitas vezes, mais fáceis do que imaginamos. Obviamente que vamos contra sectores que estão instituídos. Um dos nossos objectivos é tentar mostrar uma transição que tem de ser rápida, mas efectivamente concretizável.
Muita da legislação que vem da UE já vem condicionada pelo lobby das grandes indústrias.
Não basta dizer qual é o problema, temos de apontar soluções e concretizá-las a nível económico. Uma das nossas bandeiras vai ser trabalhar, dentro da família dos Verdes europeus, para que o orçamento seja o mais exequível possível para apostar nestas transições que são muito importantes, fomentando uma economia verdadeiramente circular, olhando para esta questão do poder que a Europa tem como um só como algo positivo, sem esquecer as questões soberanas.
Em Portugal, tivemos e temos oportunidade de fazer algo muito bom, muitas vezes, porque há directivas europeias, algum discurso político tem a tendência de apontar o dedo sempre a Bruxelas quando nós próprios temos dificuldade em equilibrar os nossos orçamentos, em fazer apostas em infra-estruturas públicas que tenham realmente mais valias para todos nós, que se façam os investimentos que sejam benéficos para o Estado português.
As pessoas sentem-se distantes dos partidos tradicionais.
E não é justo apontar o dedo a Bruxelas?
Não nos parece de todo viável apontar só o dedo a Bruxelas e dizer que os tecnocratas é que gerem tudo. Muitas das directivas que aplicamos são muito positivas. Achamos também que é fundamental pensar nas singularidades de cada país, mas tentando ver linhas em comum, porque consideramos que é muito mais o que nos une – e os problemas comuns são globais - do que propriamente o que nos separa.
As pessoas sentem-se distantes dos partidos tradicionais porque não apresentam soluções positivas. Achamos que a democracia deve ser o mais participativa possível, que se devem criar mais ferramentas para a participação cívica para que as pessoas percebam a importância de estarem na Europa e de construir uma Europa global com uma influência positiva no mundo.
Mas temos de ver os factos. Muita da legislação que vem da UE já vem condicionada pelo lobby das grandes indústrias e ela, muitas vezes, são contraproducentes para as reais necessidades das populações.
O lobby das grandes indústrias irá ser um grande adversário no Parlamento Europeu?
Cremos que sim. Têm um lobby muito forte, têm uma presença constante em Bruxelas, são opinion makers, são criadores de legislação, muitas vezes é um combate muito desigual, não só em termos de recursos, mas também em termos de influência.
Mas acreditamos que empoderando mais os cidadãos, mais possibilidades estes têm de se manifestar contra determinadas políticas e visões. Obviamente que vai ser um caminho difícil, mas que tem de ser traçado e os desafios que temos são muito prementes, ou seja, estamos mesmo num pré-colapso da nossa biodiversidade global e os sinais estão à vista: alterações climáticas, poluição generalizada, e não temos um discurso catastrofista.
É preciso uma responsabilização nossa e dos agentes políticos e tem de haver um combate no sentido de uma apresentação de propostas muito concretas e assertivas no quadro europeu e passa, também, por chamarmos à equação quem tem um peso muito negativo na nossa economia e sociedade. Também queremos mostrar que essas indústrias têm a mais a ganhar se se juntarem a esta corrente.
Falou nas directivas positivas de Bruxelas. Lembro-me de uma que Portugal não está a cumprir e que se prende com o transporte de animais vivos para o Médio Oriente (Bruxelas diz que o transporte não deve exceder as 8 horas. Portugal faz transportes de oito dias).
No que concerne ao bem-estar animal, temos muitas directivas que mostram que estamos a anos luz.
E neste caso concreto, o negócio iniciou-se em 2015… não foi assim há tanto tempo. Não foi nos anos 80, por exemplo.
Lá está, o princípio economicista que tem repercussões no bem-estar animal. Numa abordagem filosófico-ética, existem limites ao nosso economicismo e o transporte de animais vivos é uma realidade muito dura e crua que só agora está a ser exposta. Como disse, temos matrizes muito positivas e que depois não seguimos.
Foi o André Silva que fez o convite ao Francisco para ser cabeça de lista às europeias?
Não. Foi auto-propositor. É definido em sede de comissão de política nacional, mas creio que também é exemplificativo do trabalho que tenho vindo a fazer no partido. Tenho também trabalhado junto do André na assessoria, não só política, mas também na área do ambiente, tenho responsabilidades municipais, sou coordenador na secretaria da comunicação. Dedico muito tempo do meu livre a tentar aproximar a ideologia, filosofia e a prática do partido às pessoas. Foi uma escolha natural e consensual. É um grande desafio, sem dúvida, a nível familiar e profissional.
E qualquer que seja o resultado [das eleições] vai ser muito importante. Até porque podemos ver claras diferenças em relação à candidatura de há cinco anos para agora. Não só pela exposição e responsabilidade que temos, mas também pelas expectativa que as pessoas têm do PAN. E no fundo vamos tentar fazer uma campanha diferente, que seja mais próxima dos cidadãos.
E que combata a abstenção, que é elevadíssima nestas eleições.
Sim, acima dos 60%, para nós é assustador. Queremos chamar as pessoas a esse nível. Mais do que votar no PAN, acima de defender o nosso projecto político, queremos defender a democracia. E defender a democracia é defender que as pessoas leiam os programas, as ideias, e escolham entre as várias opções. Parece-nos muito difícil que, entre 20 e tal partidos, não haja um ou outro que se aproxime à sua sensibilidade. Há programas políticos que se vão relacionar com qualquer cidadão.
Se o cidadão se disponibilizar a ‘consumir’ essa informação.
Mas lá está, as redes sociais podem ajudar nisso. Temos o bom e o menos bom das redes sociais e o que nós vemos é que no nosso caso tem vindo o melhor ao de cima. As pessoas comentam, criticam, nós respondemos, sentimos o apoio directo. Como não temos muita cobertura nos meios convencionais, na televisão, as redes sociais são uma ferramenta para informarmos os cidadãos e de nos aproximarmos destes. A partir daí, fazem as suas escolhas. Longe de nós pensarmos que todas as pessoas que seguem o PAN votam no PAN, mas, pelo menos, ficam esclarecidas. Mostramos que é possível fazer possível fora deste espectro dicotómico Esquerda-Direita, fora do paradigma economicista e produtivista.
Os políticos enchem muito a boca a falar da valorização do Interior.
Esse paradigma economicista reflecte-se em que maus exemplos, na prática, em Portugal?
Não podemos, por exemplo, estar só a olhar para o PIB quando há toda uma abrangência para além do que produzimos e consumimos. Questionamos e somos muito críticos das super culturas intensivas no Alentejo, queríamos que fosse feito um estudo para saber qual o impacto que tem no ambiente e nem isso foi aprovado. A biodiversidade (lagartos, abelhas, etc.) desaparece quando temos monoculturas intensivas. Gostamos de abordar que 80% do consumo água em Portugal vai para a agro-pecuária e para a agricultura, mas depois as campanhas de sensibilização são essencialmente para o ser-humano tomar banhos mais curtos, fechar a torneira enquanto lavam os dentes, o que é importante, mas corresponde a cerca de 20%. Reflecte um bocado uma falta de perspectiva do Governo e dos partidos convencionais a curto prazo. O Alqueva, que foi uma grande aposta, tem desperdícios que rondam os 40% e agora vai fazer-se investimentos para melhorar.
É desperdiçada como?
Devido à questão do regadio. A água é dispersa, não há sistema gota a gota. Depois há falhas no sistema. É aquilo que vemos sempre: primeiro faz-se e depois percebe-se. Como a questão do aeroporto do Montijo, não faz sentido quando já temos um aeroporto construído em Beja, com a possibilidade de se expandir. Bastaria melhorar a linha férrea e a infra-estrutura rodoviária.
Os políticos enchem muito a boca a falar da valorização do Interior, quando aqui tínhamos uma aposta muito clara na melhoria das condições de vida, para trazer pessoas, investimento e PME’s para esta zona. E vai-se construir um aeroporto no Montijo, com os impactos claríssimos no ambiente e que não tem possibilidades de expansão, e que vai trazer mais ruído, mais poluição, mais especulação.
Francisco Guerreiro é militante do PAN desde 2012© DR
Sobre o aeroporto no Montijo, António Costa já afirmou que não tem plano B caso o estudo de impacto ambiental seja negativo.
Não tem se não quiser. Porque existem soluções. O primeiro-ministro diz que foram estudadas 'n' soluções ao longo destes anos. Mas uma opção muito clara é Beja.
E foi estudada?
Nem sequer é considerada. O aeroporto (de Beja) já está construído. E, se é só uma questão de melhorar as infra-estruturas, é mais do que válida. O problema é que os acordos são sempre feitos com uma vertente muito unidireccional – os agentes mais interessados negoceiam e os restantes ficam sempre à margem das negociações. Fazer pré-acordos com a ANA sem fazer estudos de impacto ambiental, sem haver um debate público generalizado sobre a matéria, parece-nos muito curto. E, mais uma vez, estamos a centralizar tudo na área metropolitana de Lisboa. Podia haver uma aposta no aeroporto de Beja que trazia não só uma melhoria na qualidade de vida das pessoas do Baixo Alentejo, como uma melhoria das infra-estruturas. Havia um investimento a longo prazo e não sobrecarregávamos o Litoral.
A opção Montijo não é uma solução a longo prazo?
Numa perspectiva das alterações climáticas, em que o nível médio das águas tende a subir, construir um aeroporto à beira de um rio… parece-nos uma visão a curto prazo. Diz-se que é uma visão a longo prazo, mas não é.
É, portanto, uma má solução?
É uma clara má solução, a nosso ver. A linha directiva é a mesma, primeiro constrói-se e depois percebe-se.
O primeiro-ministro está confiante de que o estudo de impacte ambiental vai permitir a construção.
Deve saber alguma coisa que nós não sabemos. Mas o que vemos é que em casos em que são mesmo negativos, a APA (Associação Portuguesa do Ambiente) serve de validação. Vemos isso através das dragagens do Sado, em que claramente que não se conhecia o impacto nas espécies, que não se percebia que espécies seriam afectadas, que o único ponto forte seria a melhoria, que não havia benefícios em termos ambientais e que o único ponto forte seria a melhoria económica daquele porto, quando temos o porto de Sines mesmo ao lado, a APA veio dizer que sim, desde que se faça isto e aquilo. Vemos que o ambiente está em segundo ou em terceiro plano. Não é a base de onde tudo emana, é ao contrário.
Com o crescimento do partido, houve uma exposição mediática do PAN devido a temas polémicos como é o caso da tauromaquia. Como acompanhou a recente polémica que se gerou à volta do fim da tauromaquia, que começou com a questão do IVA?
Com naturalidade. Nós também fomos eleitos para incomodar. Tem sido uma matriz constante. Recebemos feedbacks e vemos reconhecido esse esforço e capacidade de mexer com sectores intocáveis, incómodos, de não termos barreiras intransponíveis.
A questão das touradas foi um processo natural. Fomos mais moderados do que os moderados. Quisemos que menores de 18 anos não pudessem participar em espectáculos tauromáquicos, foi rejeitado, quisemos acabar com o financiamento público das touradas, também foi rejeitado, questionámos a relação entre a Câmara Municipal de Lisboa e a praça de touros do Campo Pequeno, também não tivemos resposta. Há uma série de factores de que vamos falando e em que somos hipermoderados, dentro do tema, mas que nem isso é acompanhado.
Costa é uma pessoa com visão. Sabe que a tauromaquia tem os seus dias contados.
Nem nas questões de justiça fiscal conseguimos. O nosso objectivo foi trazer à sociedade um tema que muitos portugueses desconheciam. Mesmo quem não desgosta de touradas não acha justo que os artistas tauromáquicos sejam equiparados a médicos com isenção do pagamento do IVA. É surreal. Foi um momento que catapultou esta ideia de que o PAN é incómodo e que fala de sectores que até agora são intocáveis.
É positivo para nós o caminho que se fez, mesmo dentro do PS, a abstenção de alguns deputados do PSD. É positivo ver que há temas que têm de ser trazidos à sociedade e ao debate para os próprios partidos se posicionarem. É um trabalho que queremos continuar a ter no seio do Parlamento Europeu através de todos os mecanismos possíveis e imagináveis.
Foi surpreendente a posição de António Costa na carta aberta a Manuel Alegre?
António Costa é uma pessoa com visão, sabe, tal como muitas pessoas dentro da política sabem – que a tauromaquia tem os seus dias contados. E, então, posicionou-se, com todo o respeito que se deve ter. Percebeu que tendencialmente se deve caminhar para este lado. Agora, dando a liberdade de voto dentro do próprio partido, as propostas acabaram por não passar, mas foi um processo interessante, mesmo históricos do partido vieram, e muito bem, defender abertamente aquilo em que acreditam. É importante [que o façam], em vez de estarem escondidos. Só assim se constrói a democracia, falando abertamente dos temas, dos prós e dos contras.
E em relação ao envolvimento da ministra da Cultura que ao dizer que se tratava de algo civilizacional, foi criticada…
Não podemos dizer que a tauromaquia não tem violência, é uma acção violenta extrema e gratuita. E a ministra posicionou-se tendo as suas consequências políticas, mas também fez com que se debatesse se é ético, se não é ético, se é civilizacional, se não é, os custos que tem ou não. É uma posição que à ministra diz respeito, mas para nós foi positivo.
E quanto tempo faltará para o Parlamento aprovar o fim das touradas?
Está para mais breve do que se calhar é esperado.
O crescimento do PAN e a natural mediatização já trouxeram alguns incómodos ao partido. Na reportagem da TVI sobre o IRA ultrapassou-se a linha daquilo que deve ser o escrutínio público aos partidos?
Extravasou porque fez uma reportagem tendenciosa. Não houve um critério jornalístico e uma linha que se baseie na deontologia. Fazer uma reportagem de investigação tendo em conta um vídeo de sátira parece-nos bastante fora do que são os critérios jornalísticos. As pessoas compreenderam que não foi uma peça isenta, não foi uma peça com o objectivo de esclarecer o público e que descredibilizou o papel que o jornalismo deve ter num mundo cada vez mais bombardeado de notícias falsas. E isso não é positivo para as nossas democracias. Acho que isto resulta do facto de estarmos a crescer, e é normal. Mas há aqui um papel de responsabilização da classe jornalística em se readaptar às exigências.
Foi um dos piores momentos do PAN até agora?
Foi um momento mediático menos positivo, mas nós gerimo-lo com a maior sensibilidade possível.
Receberam mensagens de apoio?
Sim, curiosamente. E vimos que as pessoas questionaram muito. Viram a reportagem e depois questionaram-nos e compreenderam. Foi num momento muito específico, em que estavam em debate questões da tauromaquia. Recebemos um apoio generalizado e, aliás, as últimas sondagens mostram que não só não tivemos nenhum impacto como subimos. Vimos que a sociedade ficou alerta e que, através da nossa resposta, viram que não tinha qualquer sentido aquela reportagem e os exemplos que seguiram do canal também não foram os melhores.
Não nos furtamos a que haja investigações, mas tem de haver limites.
Quais?
Os eventos que a TVI vai tendo nesta guerra das audiências. Vão acabando por mostrar que, se calhar não vale tudo. É um debate que devemos ter é até onde é que devemos ir para ser líderes de audiências. São critérios jornalísticos e editoriais que cabe mais ao sector do que propriamente a nós.
Mas, isso [as fake news] condiciona. E nós não nos furtamos a que haja investigações e análises – o jornalismo serve para isso mesmo, para tocar em todos os sectores da sociedade, sejam eles quais forem -, mas tem de haver limites e o código deontológico tem de ser essa bússola que deve guiar todos os profissionais. Podemos ganhar no curto prazo em audiência, mas perdemos, a longo prazo, na nossa democracia.
Com o aproximar de eleições estão à espera de mais situações deste género?
É expectável. Mas só podemos continuar a trabalhar, mostrar do que é que somos feitos e aguentar. Não temos nada que não possa ser escrutinado. Que o jornalismo faça o seu trabalho e nós cá estaremos.
O PAN tem oito anos. Está no partido desde sempre? Como é que se ‘conheceram’?
Praticamente. Um amigo meu mostrou-me um clip em que o Paulo Borges (presidente na altura) falava dos valores do PAN. Identifiquei-me. Nunca tinha estado ligado à política, e apesar de ter votado sempre (à excepção de uma vez), era muito desalinhado. Não me revia nos partidos tradicionais, no modo como olhavam para a sociedade, para o sistema, como viam o mundo, como projectavam a construção desse mundo.
E através dos valores do partido, consegui perceber que era ali que me identificava. Tivemos grandes desafios no processo. Antes éramos partido pelos Animais e pela Natureza. A ideologia era a mesma, mas as pessoas na primeira abordagem não percebiam e perguntavam ‘Então e as pessoas?”.
E ainda hoje perguntam?
Ainda perguntam, mas já é menos, felizmente [risos].
Passei por esse processo todo. Fui candidato às autárquicas em Coimbra, em que não ficámos em último. E agora voltei a ser por Cascais onde tivemos 5,4%, foi o melhor resultado dentro do partido. Foi um processo natural. Acabei por dar muito tempo voluntariamente ao PAN, na comunicação, a reestruturar o partido, na fundamentação das nossas posições, a criar pontes e estrutura. Nunca me imaginei a concorrer a um cargo de eurodeputado, ou qualquer tipo de cargo político, mas tem sido muito orgânico e as coisas vão acontecendo. O convite para trabalhar como assessor do André também surgiu. Tenho aprendido muito e vejo que há uma dissociação da compreensão colectiva do que realmente se faz no Parlamento e é muito trabalho, muitas informações, muitas horas de comissões, debates, reuniões.
É um trabalho que não ‘passa’ para fora?
Às vezes é mal interpretado o sentimento colectivo do “não fazem nada”.
Generalizações.
Generalizam por maus exemplos, claro. Mas não podemos cair no ridículo de achar que não se trabalha e trabalha-se muito e em muitas temáticas. Basta ver o site do Parlamento que tem informação de tudo e mais alguma coisa. Queremos mesmo cativar as pessoas a serem mais activas e a pressionar os partidos políticos.
E desilusões na política?
Será mais uma desilusão pessoal do panorama nacional e internacional de como é que problemas tão graves são tão desconsiderados. Olhamos para a natureza como algo muito eufemístico, algo que não é palpável. Os problemas que temos são gravíssimos. A minha mãe é bióloga, sempre vi a BBC Vida Selvagem, sempre tive uma relação muito directa com a questão da biodiversidade, preservação do ambiente e das espécies e do envolvimento do ser humano.
E é disso que nasce o hobby recolher lixo nas praias e florestas?
Sim, desde sempre que recolho lixo.
Esse lixo que recolhe é cada vez mais ou tem vindo a reduzir?
Tenho a percepção de que é cada vez mais. Infelizmente é cada vez mais, mas também mais pessoas se andam a mobilizar.
Até já é um desporto ('plogging').
Não entro nisto por desporto porque é algo que surge com a necessidade de fazer algo pela comunidade. É o meu modo de ajudar a comunidade. Passei muitos Verões no Algarve e sempre que passava e via lixo, ia apanhando. Já nem sei as toneladas de lixo que recolhi. Mas sempre foi algo natural, faz mesmo confusão comportamentos que são tão fáceis de ser alterados. Por exemplo, atirar beatas para o chão.
Que agora vai ser punido em Lisboa ...
Pelo menos em Lisboa. Mas mais do que a punição, que é importante, é tentar explicar os impactos que têm esses comportamentos. Para mim, é natural. É como a reciclagem: já não penso.
Na reciclagem as pessoas desconfiam que depois o lixo que separaram vai todo para o mesmo lado, na hora da recolha.
Muitas vezes é falta de informação, há sistemas de distribuição diferentes.
Mas isso acontece? De o lixo acabar por ser todo misturado?
Mesmo que aconteça, depois voltam a separar. É ineficiente. Mas são casos muito pontuais, até hoje nunca vi nenhum facto que o provasse. Acho que é mais uma desculpa para não o fazer do que propriamente algo concreto. Não educarmos faz com que tenhamos taxas de reciclagem que são uma vergonha a nível europeu, não cumprimos nem as metas mínimas. Deve haver aqui uma consciência colectiva de que o desperdício que faço não me afecta só a mim, mas tudo o resto.
Isto de recolher o lixo é a minha boa acção constante, fora da política. Ainda no período do Natal recolhi cerca de 200 litros de lixo, na lagoa de Santo André. Isto reflecte o nosso alheamento dos problemas da sociedade. Pequenas mudanças fazem realmente a diferença.
Que outros contributos individuais dá ao ambiente?
Sou vegan, é um contributo que é muito pessoal, não sou um promotor do veganismo para os restantes. A mim faz-me todo o sentido levar a ecologia ao mais profundo acto também de compaixão e de responsabilidade para com os outros seres do Planeta, com o ser humano e com o Planeta. É tão comum como separar o lixo. Tenho a felicidade de ser casado com uma pessoa fantástica que cozinha maravilhosamente bem, o que também ajuda [sorriso].
Tem filhos?
Tenho uma filha de 11 anos.
E é vegan também?
Está na transição.
Não lhe impuseram esse tipo de alimentação?
De modo algum, é uma escolha dela. Prefere ser vegetariana. Respeitamos as decisões, tudo o que ela faz. Gosta de mostrar que tem um sinal positivo ao mundo. São alterações que são escolha dela, respeitamos e apoiamos.
Fonte:
(Aviso: este texto foi corrigido para a grafia portuguesa em vigor (a de 1945), via corrector automático, visto a aplicação do AO90 ser ilegal, em Portugal, e este Blogue não pactuar com ilegalidades).
Existem muitos motivos diferentes para cada um destes partidos, porém existem dois motivos que são comuns a todos, e que dizem tudo da ausência de VALORES ÉTICOS no seio deles, e que nos envergonham a todos enquanto Seres Humanos, por isso, não merecem os votos de quem tem um mínimo de Ética e de Empatia (o sentimento mais nobre do Homem) pelo outro, seja esse outro humano ou não-humano.
Comecemos por este vídeo, que mostra um descomunal atraso civilizacional ainda vigente em Portugal:
Os partidos acima referidos, estão unidos a favor das touradas que, nos tempos que correm, já deviam estar extintas, por constituírem uma prática assente no mais abjecto obscurantismo medieval. Não estando extintas, devem manter-se no lugar que ocupam na sociedade, ou seja, na lixeira social, se bem que uma lixeira da exclusiva lavra do Parlamento Português, até que os portugueses decidam por uma mudança radical.
Não devemos votar nestes partidos políticos porque depois de a Ministra da Cultura ter considerado, e muito bem, não nivelar a tortura de Touros pelos espectáculos das Artes Maiores, até porque torturar Touros não se encaixa em nenhum espectáculo civilizado, o assunto devia ter sido considerado encerrado. Mas não foi. Os partidos acima referenciados puseram a tortura ao nível das Artes, e passaram ao Parlamento um atestado de inferioridade moral, e desconsideraram a Ministra da Cultura. Eu ter-me-ia demitido.
Passemos a estes vídeos, que nos mostram as preocupações do PAN, do BE e do PEV rejeitadas pelos PS, PSD, PCP e CDS/PP:
Não devemos votar no PS, PSD, PCP e CDS/PP, porque estes partidos pugnam pelo maus-tratos aos animais, que são transportados vivos para o estrangeiro, sem as mínimas condições de bem-estar. Se não pugnassem, não teriam chumbado os diplomas do PAN, PEV e BE que visavam restringir o transporte de gado vivo para exportação, para abate, e regular o transporte com medidas que garantissem o bem-estar animal.
Estes partidos servem os interesses de lobbies, não servem os interesses de Portugal. E se não servem Portugal, pugnando pela sua evolução, não merecem o voto dos Portugueses.
Há que pensar muito antes de votar. Votar em partidos, como se fossem clubes de futebol, não faz avançar Portugal.
Não queremos mais do mesmo, para pior, queremos?
Isabel A. Ferreira