Quarta-feira, 24 de Janeiro de 2024

24 de Janeiro de 1944: ao Poeta vila-condense A. Monteiro dos Santos (Dário Marujo) na passagem do 80º Aniversário do seu Nascimento

 

A tua vida poderia ter sido breve, mas perdura na obra que deixaste.

Eras Poeta, e os Poetas são imortais.

Hoje quero celebrar-te e já não tenho palavras, porque ao longo dos últimos 15 anos, desde que partiste para as estrelas, em 22 de Novembro de 2008, gastei todas as palavras para te homenagear.

Hoje vou repetir-me.
Mas que importância tem isso, desde que esteja a celebrar-te?

***

A António Monteiro dos Santos devo o meu conhecimento e afecto que me ligou a Vila do Conde, à sua História, aos seus Poetas, a José Régio e família (o irmão Apolinário, e sobrinhos com quem privei). A Vila do Conde, para onde fui dar aulas, no ano lectivo de 1973/74, na Escola Frei João de Vila do Conde, era ainda Bacharel.

 

Mais tarde, já como Correspondente dos Jornais «O Primeiro de Janeiro» e «O Comércio do Porto» conheci António Monteiro dos Santos, na Biblioteca Municipal de Vila do Conde, onde fui buscar o conhecimento das coisas daquela cidade. 

Ele era um poço de saber. Um excelente paleógrafo. Pedi-lhe ajuda para que me introduzisse na História da cidade, da sua gente, dos seus hábitos, e o que A. Monteiro dos Santos me ensinou fez-me apaixonar por «Vila do Conde espraiada/entre pinhais, rio e mar!» (José Régio)

 

Depois vieram os seus livros de Poesia: «Por Ti Pintei a Lua» e “Se Eu Fosse Dono da Vida», sob o nome de Dário Marujo, «um nome que cheira a docas, um nome que cheira a cais», um nome que vem do tempo em que era Marinheiro, filho de um mar de gaivotas»…

 

António Monteiro dos Santos - Diana bar.png

A. Monteiro dos Santos, no Diana Bar (Póvoa de Varzim), à mesa onde José Régio costumava sentar-se e escrever os seus poemas.

 

Até sempre, meu amigo!

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:49

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Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2023

Isabel Lhano (Vila do Conde, 1953-2023) - Até sempre!...

 

Natural de Vila do Conde, Isabel Lhano faleceu no passado dia 10 de Dezembro, de madrugada, vítima de um aneurisma, informou a sua irmã, Graça Martins. A celebrar 50 anos de carreira e sete décadas de existência, a artista plástica tem patentes várias exposições até ao final do ano, quer na terra natal, quer na Póvoa de Varzim.

 

E uma delas foi inaugurada no Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim, no dia 07 de Outubro, do corrente ano,  a segunda exposição antológica " Império da Beleza " com desenhos e pinturas que percorrem várias fases e séries da sua vasta e fabulosa obra. A pintura que consta da imagem, mais abaixo, à direita, é uma delas, realizada no passado mês de Setembro. À esquerda, vemos Isabel Lhano em todo o esplendor da também sua beleza.

***

A vida uniu-nos através da Arte.
Da tua Arte.


Da Arte onde manifestavas as tuas emoções, a tua visão da vida, os teus sonhos, com pinceladas que nos diziam do teu Imo, da tua alma.


No passado domingo, ao cair da tarde, fui surpreendida com a notícia da tua tão inesperada morte.


A tua alma partiu para outra eternidade. Mas a tua fabulosa obra ficou para a eternidade terrena, e será através dela que viverás para sempre, entre nós...

Até sempre querida amiga! Até sempre!... ❤

Isabel A. Ferreira

 

LHANO.png

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:13

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Terça-feira, 27 de Setembro de 2022

Praça de Touros da Póvoa de Varzim foi finalmente demolida, numa acção civilizacional a ser seguida pelas Localidades Mais Trogloditas de Portugal, que ainda não evoluíram

 

Entrar numa cidade onde existe um antro de tortura de seres vivos indefesos, inofensivos e inocentes é algo NÃO compatível com Seres Sencientes e Sapientes, os quais, sentindo as vibrações negativas, que tais lugares exalam, através dos bafos bolorentos das criaturas insensíveis e inscientes que os habitam, evitam visitar.

 

A motivação que levou à demolição da Praça de Touros da Póvoa de Varzim poderia não ter sido exactamente o RESPEITO pelos Direitos dos Animais Não-Humanos, tão animais e tão sencientes como nós, e com Vida própria, mas sim outros interesses, menos compassivos.

 

De qualquer modo, congratulamo-nos com esta atitude, que permitiu à Póvoa de Varzim ter uma atmosfera mais limpa e mais respirável, e retirou a cidade do rol das Localidades Mais Trogloditas de Portugal.

Isabel A. Ferreira

 

Praça de Touros Póvoa.PNG

Fonte da notícia e da imagem:

https://www.jn.pt/local/noticias/porto/povoa-de-varzim/praca-de-touros-da-povoa-de-varzim-comeca-a-ser-demolida-15199010.html

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:46

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Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2021

Site tauromáquico avança com a notícia de que a Praça de Touros de Albufeira vai fechar definitivamente

 

Isto a ser verdade é fantástico!

 

As touradas em Albufeira eram a nódoa negra daquela região, frequentada por estrangeiros, mas também por Portugueses, que se estão nas tintas para esta prática troglodita que, ao contrário do que se lê na imagem, em nada servia os jovens, mais inclinados que estão para os festivais de música de Verão, e muito menos os turistas que frequentam as belas praias de Albufeira, e não vão enfiar-se num antro, para ver torturar Touros e Novilhos.

 

Albufeira não perde absolutamente nada.  Muito pelo contrário, Albufeira ganha muito mais prestígio por se ter livrado deste costume bárbaro, e por dar lugar à evolução.  Albufeira só tem a ganhar com este passo em direcção à civilização.

 

Até que enfim!

 

Muito se deve ao médico-veterinário Dr. Vasco Reis e ao seu grupo de activistas, que sempre se bateram por uma Albufeira livre de crueldade e violência e mais civilizacionalmente avançada.

 

Quanto a mim, já não terei o trabalho (eu e o meu pequeno grupo) de andar a rasgar e a pôr no lixo os panfletos de propaganda às touradas, que eram largados no chão, aos magotes, nos parques de estacionamento de acesso às praias e lugares turísticos, e junto aos restaurantes,  gerando lixo na via pública, e insultando a inteligência dos transeuntes e a sensibilidade das crianças com imagens de grande violência.

 

Também já não terei (eu e os meus netos) de fazer-de-conta que vomitamos sempre que passamos diante deste mono de tortura que desfeia aquela estância balnear do Algarve.

 

Melhores ares se respirarão em Albufeira, tal como já se respira em Viana do Castelo e Póvoa de Varzim, sem aquele fedor bafiento a urina, a bosta, a suor e a álcool, que empestava as redondezas.

 

Isabel A. Ferreira

 

Praça de Touros de Albufeira.jpg

Fonte:  https://www.facebook.com/antitouradas/photos/a.215152191851685/3977140465652820/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:51

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Terça-feira, 9 de Fevereiro de 2021

Site tauromáquico avança com a notícia de que a Praça de Touros de Albufeira vai fechar definitivamente

 

Isto a ser verdade é fantástico!

 

As touradas em Albufeira eram a nódoa negra daquela região, frequentada por estrangeiros, mas também por Portugueses, que se estão nas tintas para esta prática troglodita que, ao contrário do que se lê na imagem, em nada servia os jovens, mais inclinados que estão para os festivais de música de Verão, e muito menos os turistas que frequentam as belas praias de Albufeira, e não vão enfiar-se num antro, para ver torturar Touros e Novilhos.

 

Albufeira não perde absolutamente nada.  Muito pelo contrário, Albufeira ganha muito mais prestígio por se ter livrado deste costume bárbaro, e por dar lugar à evolução.  Albufeira só tem a ganhar com este passo em direcção à civilização.

 

Até que enfim!

 

Muito se deve ao médico-veterinário Dr. Vasco Reis e ao seu grupo de activistas, que sempre se bateram por uma Albufeira livre de crueldade e violência e mais civilizacionalmente avançada.

 

Quanto a mim, já não terei o trabalho (eu e o meu pequeno grupo) de andar a rasgar e a pôr no lixo os panfletos de propaganda às touradas, que eram largados no chão, aos magotes, nos parques de estacionamento de acesso às praias e lugares turísticos, e junto aos restaurantes,  gerando lixo na via pública, e insultando a inteligência dos transeuntes e a sensibilidade das crianças com imagens de grande violência.

 

Também já não terei (eu e os meus netos) de fazer-de-conta que vomitamos sempre que passamos diante deste mono de tortura que desfeia aquela estância balnear do Algarve.

 

Melhores ares se respirarão em Albufeira, tal como já se respira em Viana do Castelo e Póvoa de Varzim, sem aquele fedor bafiento a urina, a bosta, a suor e a álcool, que empestava as redondezas.

 

Isabel A. Ferreira

 

Praça de Touros de Albufeira.jpg

Fonte:  https://www.facebook.com/antitouradas/photos/a.215152191851685/3977140465652820/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:05

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Sábado, 16 de Maio de 2020

Covid-19 e touradas

 

«Sempre ouvimos dizer que o fim das touradas traria um grande drama social com milhares de desempregados. É falso
(Plataforma Basta de Touradas)

 

«As touradas não geram emprego nem contribuem para a economia do país.»

Desde o início da pandemia já foram canceladas 30 touradas e não se perdeu nada, muito pelo contrário, cerca de 200 touros foram poupados à tortura na arena (mas ao que dizem foram parar ao MATADOURO) e perderam-se zero empregos, porque os toureiros, os forcados os empresários tauromáquicos, entre outros, não vivem apenas de tourear. Tourear, para eles, é um hobby, tendo empregos principais que lhes dão o sustento.

São os próprios criadores de touros a dizer que só se dedicam a criar bovinos exclusivamente pela paixão das touradas, porque isso não é rentável. «O fim das touradas não vai trazer nenhum drama social como se comprovou em Viana do Castelo e na Póvoa de Varzim, muito pelo contrário, vai permitir a reconversão das praças de touros em espaços para serem utilizados por toda a população o ano inteiro e gerar dezenas de novos postos de trabalho» refere a Basta de Touradas.

Ainda de acordo com esta Plataforma, a própria criação de bovinos pode e deve ser reconvertida numa actividade de lazer e turismo da Natureza, para que todos possam desfrutar da mansidão dos bovinos no campo.

As touradas em nada beneficiam a sociedade portuguesa e a humanidade.

É tempo de evoluir para um Portugal mais civilizado, sem o derramamento do sangue de animais inocentes, indefesos e inofensivos, nas arenas de tortura, para que uma minoria sádica possa divertir-se alarvemente.

 

Touradas.png

 

Fonte: https://www.facebook.com/Basta.pt/photos/a.472890756075069/3210966018934182/?type=3&theater&ifg=1

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:38

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Sábado, 12 de Outubro de 2019

Tourada na Póvoa de Varzim cancelada por falta de autorização

 

A prótoiro queria fazê-la em Agosto, na praça de Touros, mas a praça de Touros está em fase de demolição.

Depois queriam fazê-la, amanhã, numa praça amovível, no terreno de um aficionado. Só que precisavam de autorização, e essa, por falta de documentação, não foi concedida.

Conclusão:  a prótoiro anda por aí a dizer que não a fizeram por causa das condições meteorológicas.

 

tourada-povoa-cancelada.jpg

Fonte da imagem:

https://protouro.wordpress.com/2019/10/11/tourada-na-povoa-de-varzim-cancelada/

 

Mas o que se passou foi o seguinte:  não se pode realizar um evento público, sem a devida autorização da autarquia. A autarquia poveira solicitou um documento de autorização do dono do terreno, e tal documento nunca foi entregue, e não foi entregue, naturalmente porque o dono não autorizou, e se não autorizou fica tudo dito, e mais alguma coisa. E o tribunal deu razão à autarquia.

 

Ora não contentes com esta situação, a protóiro, num comunicado diz que a tal tourada fica adiada para Julho de 2020.

 

A ver vamos. Até lá, muita água passará debaixo da ponte, muita evolução acontecerá, e os trogloditas serão, cada vez mais, atirados para um canto, e não terão mais vez, em parte alguma.  

 

O futuro da tauromaquia é um buraco negro, sem fundo.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:15

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Quarta-feira, 11 de Setembro de 2019

Póvoa de Varzim: «Não, proibir touradas não é inconstitucional»

 

O desespero dos aficionados é tal que nem ler sentenças judiciais sabem, e há órgãos de (des) informação que fazem o jogo deles, e caem no ridículo.

Repondo a verdade dos factos:

Aqui está um texto do Blogue Prótouro que explica por que é que  proibir touradas não é inconstitucional.

 

PRAÇA TOUROS PÓVOA.jpg

Praça onde se torturava Touros, na Póvoa de Varzim

 

«NÃO, PROIBIR TOURADAS NÃO É INCONSTITUCIONAL»


«Foi hoje conhecida a sentença do TAF Porto relativamente à acção judicial movida pela “prótoiro”, Clube Taurino Povoense e Associação Aplaudir contra a Câmara Municipal da Póvoa do Varzim por esta não ter permitido a realização de uma tourada na praça de touros da localidade.

 

A “prótoiro” veio de imediato com as aldrabices do costume e citamos:

 

A partir de hoje fica claro que nenhum município em Portugal pode proibir touradas, porque isso viola os direitos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos portugueses. O direito a organizar, participar e aceder a touradas é um direito fundamental, garantido pela nossa Constituição.”

 

Ora vamos por partes o que a sentença diz é que a Varzim Lazer, E.M. e o Município da Póvoa de Varzim não podem proibir a realização de espectáculos tauromáquicos. Daí a referência a inconstitucionalidade orgânica ou seja o que tribunal quer dizer com isto é que considera que o órgão municipal não tem competência para proibir touradas porque essa competência é do governo.


Esse é o motivo pelo qual é referida a frase inconstitucionalidade orgânica se bem que a sentença esteja errada por considerar que a competência é do governo quando deveria referir que é da Assembleia da República.


Mas a sentença também afirma que a autarquia não é obrigada a ceder o espaço para a realização da tourada. Além disso também diz que a proibição da autarquia deve seguir em frente, não por causa do posicionamento da câmara em relação às touradas, mas porque o espaço onde ela podia decorrer não tem condições de segurança para receber este espectáculo.

 

Portanto a “prótoiro” gastou dinheiro num processo onde levou que contar porque o que queria ou seja realizar a tourada na praça de touros foi-lhe negado pelo acórdão.

 

Quanto a afirmarem que é inconstitucional proibir touradas essa é uma distorção propositada da “prótoiro” que sabe que muitas pessoas se limitam somente a ler títulos e não os artigos. Logo quando dizem que proibir touradas é inconstitucional a única finalidade é porem a ideia na cabeça das pessoas para que depois estas propaguem a falsidade.

 

Prótouro
Pelos touros em liberdade»

 

Fonte:
https://protouro.wordpress.com/2019/09/10/nao-proibir-touradas-nao-e-inconstitucional/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:56

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Quinta-feira, 27 de Junho de 2019

«A MORTE NATURAL DA TAUROMAQUIA EM PORTUGAL»

 

Quem o diz é Aitor Hernández-Morales, (correspondente em Portugal do Jornal El Mundo). Aitor refere que em 2018 realizaram-se apenas 173 touradas no país vizinho, ou seja, em Portugal, num novo mínimo histórico. O texto está escrito em Castelhano, num site espanhol.

Traduzi-o para Português, e o original vem indicado num link mais abaixo.

 

Nem tudo o que Aitor Hernández-Morales escreve corresponde à verdade. Por isso, decidi apensar umas NOTAS repondo os factos tal como são.

 

TOROS1560868236_101781_1560868694_noticia_normal_r

 

Texto de Aitor Hernández-Morales

(Traduzido do Castelhano por Isabel A. Ferreira)

 

«Houve um tempo em que a cidade portuguesa da Póvoa de Varzim era conhecida pela sua afición tauromáquica. No século XVIII, as touradas eram realizadas na praça principal da fortaleza da cidade, e nos anos 40 do século passado, a popularidade da lide entre os habitantes locais era tal que eles exigiram a construção de uma grande praça no centro da cidade.

 

No entanto, setenta anos depois, as touradas já não entusiasmam os poveiros, e a monumental praça tem os seus dias contados. Durante anos, realizaram-se touradas na cidade, e a arena, construída para acolher os grandes toureiros de então, tem estado meio abandonada. Com a finalidade de melhor aproveitar o recinto (…) a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim anunciou que em poucos meses a praça será demolida; no seu lugar será construído um pavilhão municipal multiusos, com instalações que a autarquia considera ser de maior interesse para os residentes locais.

 

O destino da Praça de Touros da Póvoa de Varzim é idêntico ao de muitas outras que desapareceram nos últimos anos em Portugal, onde a tauromaquia parece estar em vias de extinção. De acordo com o mais recente relatório da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), entidade estatal encarregada de supervisionar a tauromaquia em terras lusas, em oito anos os eventos tauromáquicos perderam quase metade do seu público, passando dos mais de 680.000 espectadores em 2010, para os 379.000 registados no ano passado. Em 2018, o número de eventos tauromáquicos em Portugal também caiu para mínimos históricos: das mais de 300 touradas realizadas em 2006, apenas 173 ocorreram no ano passado.

 

O ocaso de uma actividade histórica

 

Durante séculos a actividade tauromáquica foi um elemento fundamental da cultura portuguesa. Documentos históricos mostram que as touradas já foram realizadas em Portugal no século XII (1), e no século XVI o rei português exigiu a interferência do Papa quando um inquisidor de Lisboa tentou abolir a actividade. No século XIX, surgiu o factor que hoje em dia continua a diferenciar a lide portuguesa da espanhola: as autoridades proibiram a morte do Touro em público, de maneira informal, e assim nasceu a “tourada portuguesa”, na qual o touro morre nos curros da praça, ou directamente no matadouro. (2)

 

As touradas fascinavam os Lusos do século passado, e em algumas cidades portuguesas a obsessão pelas touradas abeirava a loucura (3). No Porto, havia 11 praças a funcionar ao mesmo tempo e, na cidade vizinha de Espinho, a praça primitiva acolhia um público de mais de 5.000 espectadores. Quando assumiu o poder, o ditador António de Oliveira Salazar reconheceu a força deste sector e decidiu dar-lhe apoio oficial (4). Ao longo do seu regime do Estado Novo (1933-1974) o Governo (Salazar) apoiou a tauromaquia e subsidiou a construção de praças não só em Portugal, mas também nas então colónias portuguesas de Angola e Moçambique (5).

 

No entanto, a Revolução dos Cravos, em 1974, pôs fim a tudo isso. Tal como o fado, a luta também foi rejeitada quando vista como uma actividade excessivamente associada à ditadura de Salazar. Sem apoio institucional, as touradas passaram a depender de um público cada vez mais desinteressado em um sector hoje visto como algo reaccionário, cruel e desonesto. (6)

 

Actualmente existem alguns locais activos nas regiões centro e sul, nas regiões agrárias do Alentejo e Ribatejo, em lugares como Vila Franca de Xira, Évora, Estremoz e Montijo. A praça mourisca do campo pequeno em Lisboa - o equivalente português de Las Ventas em Madrid - foi parcialmente convertida num centro comercial e actualmente acolhe mais concertos e convenções do que touradas.

 

Um tema apolítico

 

No país vizinho (Portugal) a tourada não tem cores ideológicas: onde há menos touradas é na região Norte, reduto dos conservadores portugueses, enquanto o Alentejo - feudo tradicional dos comunistas portugueses - foi onde se realizou o maior número de touradas, no ano passado. Ao contrário de Espanha, onde comunidades autónomas como as Ilhas Canárias e a Catalunha promoveram a abolição da tauromaquia, e onde outras como Madrid e Múrcia financiam a lide - em Portugal os políticos têm permanecido fora do debate sobre o futuro das touradas (7).

 

Na Assembleia da República, os deputados rejeitam a proibição das touradas - há um ano a grande maioria votou contra uma proposta que teria abolido a lide em terras lusas - mas também não mantêm a lide com subsídios. A nível local, menos de 10% dos municípios portugueses destinam fundos à prática de actividades tauromáquicas (8).

 

Desta forma, o futuro do sector é decidido pela lei do mercado, e o desinteresse do público tem um papel determinante no resultado da situação. Embora a tourada portuguesa não desapareça completamente amanhã, a cada ano que passa é menos viável realizar touradas em praças meio vazias.

 

Embora lamente a tendência, o sociólogo Luís Capucha, presidente da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal (ATTP), clama que «o futuro de um evento popular está nas mãos do povo» e não nas mãos de políticos.

 

«Lamento que desapareça, porque para os aficionados o Touro é um animal sagrado, que nós respeitamos pela sua bravura, e é uma lástima que se proíba o motivo pelo qual foi criado, ou seja, para lutar pela sua morte digna».

 

«No entanto, não há necessidade nem que o Parlamento, nem que um autarca proíba as touradas; já existem muitas pessoas para quem os Touros não lhes dizem nada. Se uma cidade quer realizar touradas, que paguem para vê-las. E se não, então não as tenham». (9)

 

Texto original em Castelhano neste link:

https://cadenaser.com/ser/2019/06/18/internacional/1560868236_101781.html?fbclid=IwAR0bwlN3-gu7B3aiXbRjBUYUXweihJUNkBuz1t91TEiWewra1_N_Comj6K4

 

***

 

NOTAS:

 

(1) As touradas foram introduzidas em Portugal, pelo Rei Filipe II de Espanha, I de Portugal, na segunda metade do século XVI.

 

(2) O que na realidade acontece, é que os Touros não morrem nos curros das praças, porque deixam-nos ficar ali a morrer lentamente, sem qualquer lenitivo, dois ou mais dias, até que os levem para o matadouro. Alguns morrem com grande sofrimento, antes de os levarem.

 

(3) Ainda hoje podemos comprovar essa loucura nas localidades   mais atrasadas, onde a tauromaquia está ainda arreigada, como no Ribatejo e Alentejo, em algumas ilhas dos Açores, nomeadamente ilha Terceira, e Ponte de Lima.

 

(4) Apesar de se ter realizado a Revolução de Abril, que pretendeu acabar com as políticas salazaristas, todos os que vieram substituir Salazar, na dita “democracia”, continuaram, porém, com algumas políticas do ditador, entre elas esta de apoiar a selvajaria tauromáquica institucionalmente.

 

(5) Que no entanto e entretanto, abandonaram essas práticas bárbaras, levadas pelo colonizador. No que Angolanos e Moçambicanos só mostraram elevação de espírito.

 

(6) Repondo a verdade: com a Revolução dos Cravos, em 1974, não se pôs fim a tudo isto. Tal como o Fado (que foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade, em 2011) a Tauromaquia NÃO FOI rejeitada quando vista como uma actividade excessivamente associada à ditadura de Salazar. Pois tal actividade continua com APOIO INSTITUCIONAL, e as touradas AINDA EXISTEM, devido a esse apoio institucional. De resto, É VERDADE que existe um público cada vez mais desinteressado num sector hoje visto como algo reaccionário, cruel e desonesto. Apenas o PS, o PSD, o PCP e o CDS/PP NÃO consideram ÚTIL esta actividade monárquica e salazarista e reaccionária e cruel e desonesta, por isso, mantêm o apoio institucional.

 

(7) Os políticos NÃO têm permanecido fora do debate sobre o futuro das touradas. Os políticos portugueses, ou melhor, o PS e PCP (que se dizem de esquerda) e o PSD e CDS/PP (da direita) têm-se mantido UNIDOS a favor dos apoios às touradas, enquanto o BE, o PEV e o PAN se têm pautado pelo FIM dos apoios às touradas.

 

(8) Na Assembleia da República, graças aos deputados do PS e PCP (que se dizem de esquerda) e do PSD e CDS/PP (da direita) os subsídios às touradas mantêm-se, e não fosse isso, as touradas já teriam acabado. Duas dezenas de ganadeiros vivem à tripa forra, à custa desses subsídios, oriundos do erário público. Constituem um grupo de pressão económica aos quais aqueles partidos são completamente subservientes. E, na verdade, dos 308 municípios portugueses, apenas 40 mantêm esta prática bárbara, se bem que em franca decadência.

 

(9) O “sociólogoaficionado de touradas, Luís Capucha, considera que um “evento popular” como a tortura de touros está nas mãos de que povo? De uns poucos trogloditas que não evoluíram, e não nas mãos de políticos? Como se engana, o “sociólogo” Capucha. Aliás, fica-lhe bastante mal, como “sociólogo” proferir tamanhas patacoadas, como as que proferiu, chamando SAGRADO ao Touro que vão estraçalhar e matar lentamente, achando que o Touro foi criado para LUTAR por ESSA MORTE LENTA e INDIGNA.

Realmente não há necessidade de se proibirem as touradas, porque elas extinguir-se-ão, naturalmente, pelas mãos de aficionados como o “sociólogo” Capucha, com argumentos tão irracionais, como os que proferiu.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:13

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Segunda-feira, 24 de Junho de 2019

«A TAUROMAQUIA É UMA ESPÉCIE DE “DESPORTO” DOS “SENHORES FEUDAIS” DOS BURGOS QUE EXPLORAM A POBREZA DE ESPÍRITO DA PLEBE…»

 

… com a ajudinha dos outros senhores feudais, sentados no hemiciclo da Assembleia de uma República que, no que respeita à tauromaquia, tem um pé fincado na Monarquia.

Destaco este comentário, que recebi do Filipe Garcia, que faz uma análise lúcida e realista do que se passa neste submundinho da tauromaquia.

Aprendam com quem tem todos os neurónios a funcionar, senhores deputados do PS, do PSD, do PCP e do CDS/PP!

 

arena póvoa.jpg

A Praça de Touros do Norte, a que se refere o Filipe Garcia é a da Póvoa de Varzim, que está a cair de podre, e vai ser demolida, apesar do estrebuchar dos da prótoiro, que mandam no quintal deles, mas não, no quintal dos poveiros que já evoluíram.

 

Filipe Garcia comentou o comentário ANTÓNIO PEÇAS, O EX-FORCADO DE ESTREMOZ QUE INCITOU À VIOLÊNCIA CONTRA OS ANTI-TOURADAS, DIZ QUE «A AMI É UMA CAMBADA DE BANDALHOS» às 08:16, 24/06/2019 :

Estimada Isabel Nunca a expressão "Há bons médicos e há maus médicos" fez tanto sentido"... O exercício da medicina requer, desde logo, uma componente empática que é absolutamente essencial á boa e nobre prática da medicina, isto é, para ser bom médico, não basta ter os conhecimentos "técnicos" e de análise para definir diagnósticos correctos e respectivas terapêuticas, vai muito para além disso... É necessário a capacidade de perceber o sofrimento do outro, de ser solidário, de ser empático, isto é, de "entrar" no nosso interlocutor e perceber as suas angustias e anseios, ora, pelo que li até aqui, parece por demais evidente que este cavalheiro Peças, não tem essa capacidade. As touradas são uma prática aberrante, que nada têm que ver com "cultura", mas que subsistem meramente por razões de natureza económica e financeira, atento a importância que assumem na economia regional (nas localidades onde se pratica), que é ainda subdesenvolvida. Este é o factor central que importa combater. Enquanto os governos sucessivos não apostarem verdadeiramente no interior, dotando de infra-estruturas que permitam instalar e fixar pessoas, desenvolver o tecido empresarial criando empregos e apostar na formação não apenas académica (está bom de ver porquê) mas também cívica e humana, este degradante e hediondo espectáculo irá manter-se. Mais, isto é uma espécie de "desporto" dos "senhores feudais" lá do burgo, que exploram a pobreza de espirito da plebe, numa espécie de feira de vaidades, de pseudo-afirmação, de poder, de protagonismo bacoco, para manter o "culto do Endeusamento" perante a plebe. Depois chamam-lhe "cultura"...um autêntico embuste. Recentemente, houve uma Câmara Municipal no Norte que resolveu a questão, de forma radical mas certamente eficaz. Perante a persistência destes energúmenos das touradas, tomou a corajosa decisão de "arrasar" a praça de touros, ou seja, vão demolir. Acabou-se o recreio! Cumprimentos para si.

 

***

Obrigada, pelo seu lúcido testemunho, Filipe Garcia. Receba o meu apreço.

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:48

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