Sexta-feira, 24 de Julho de 2009
De 01 a 03 de Outubro de 2009
Em Braga e Oseira (Ourense - Espanha)
1 – Apresentação
Nos dias 01 e 02 do próximo mês de Outubro, a cidade de Braga vai acolher o IV Congresso Internacional Sobre Cister em Portugal e na Galiza, com o apoio da Universidade Católica, na pessoa do Cónego Pio Alves de Sousa, que tem sido incansável na cooperação da organização deste evento.
Porquê em Braga?
Porque é uma cidade com uma grande carga histórica, próxima da Galiza, onde nasceu a ideia destes Congressos sobre Cister, que sempre tiveram um êxito notável, reunindo monges cistercienses, estudiosos da Arte, da Espiritualidade e da História de Cister, ou simplesmente leigos apaixonados pela riqueza do legado da Ordem, oriundos de muitas partes do mundo.
Aproveitando o facto de em 2010 se celebrar o Ano Santo Compostelano, este IV Congresso terá como tema especial «Os Caminhos de Santiago e a vida monástica cisterciense», cuja associação tem uma feliz expressão na vida de São Famiano de Oseira, venerável monge peregrino do século XII.
Tal como os congressos anteriores, também este estará articulado em torno de três secções: História, Arte e Espiritualidade.
Integradas em todas as secções serão proferidas conferências pelos mais altos especialistas nas matérias. Todos os estudiosos e investigadores são convidados a apresentar comunicações, partilhando, assim, com os congressistas, os resultados dos seus estudos.
Estará presente, de modo muito particular, a reflexão sobre o pensamento do monge cisterciense Rafael Arnaiz, místico contemporâneo que será canonizado no dia 11, do próximo mês de Outubro.
2 – Entidades organizadoras
Os três anteriores Congressos foram organizados pela Abadia Cisterciense de Oseira e a Diocese de Ourense. Este ano a estas entidades junta-se a recém-formada Associação Portuguesa de Cister (APOC), criada precisamente devido ao crescente interesse em Portugal pela vida monástica, pela Ordem de Cister e pelos estudos cistercienses.
APOC:
A Associação Portuguesa de Cister (APOC) é uma associação sem fins lucrativos que pretende reunir todos os amigos portugueses da Ordem de Cister, isto é, todos aqueles que se interessam pela Espiritualidade cisterciense, pela História de Cister em Portugal e pelo património artístico que os cistercienses legaram ao nosso país, durante os sete séculos que estiveram entre nós.
A primeira aspiração da APOC é contribuir para a restauração da Ordem de Cister no nosso País. Portugal, que tanto deve a Cister, é um dos poucos países europeus onde os monges brancos não têm hoje uma presença viva.
Os outros objectivos da associação são o estudo e a divulgação da História da Ordem de Cister em Portugal; a vivência e a divulgação da espiritualidade cisterciense; o estudo e a divulgação da vida e da obra de São Bernardo de Claraval e de outros cistercienses; e a promoção do estudo e restauro do património cultural português – mobiliário, imobiliário e imaterial – legado pela Ordem de Cister.
A notável História de Cister em Portugal (é preciso não esquecer que é aos monges brancos que o nosso país deve a sua repovoação, as técnicas de agricultura, aos quais Dom Afonso Henriques, à medida que ia conquistando terras, lhas entregava para que aqueles as devastassem, cultivassem e trouxessem gente para se fixarem nelas) e o seu incomparável legado artístico e espiritual fazem com que a refundação da Ordem no nosso país seja uma aspiração que, emocionadamente, todos os seus amigos portugueses partilham.
Com este congresso a APOC pretende contribuir também para que esta aspiração se cumpra com brevidade.
Abadia Cisterciense de Santa Maria de Oseira
(Mosteiro de Oseira)
A Abadia Cisterciense de Santa maria de Oseira é um dos mais impressionantes e monumentais conjuntos monásticos da Península Ibérica. As origens deste mosteiro remontam ao século XII, sendo certo que em 1141, Oseira integrou-se em Cister sob a dependência da abadia de Claraval e aí se constituiu uma numerosa comunidade plena de vitalidade espiritual.
Os grandes momentos de esplendor que Oseira conheceu ao longo dos tempos são bem reflectidos na sua arquitectura. Desde a sua magnífica Igreja de traça cisterciense do século XII aos três claustros, Oseira apresenta notáveis elementos arquitectónicos que vão desde o século XII ao século XVIII.
Depois de um século de abandono que se seguiu à expulsão do século XIX e levou o mosteiro a um lamentável estado de ruína, os monges regressaram em 1929 e iniciaram uma modelar reconstrução que mereceu o Prémio Europa Nostra, em 1990.
Hoje, Oseira é um mosteiro cisterciense vivo em que a presença e a paz dos monges nos transmitem uma preciosa sensação de esperança.
3 – Patrocínios e Apoios
O congresso é patrocinado por:
a) Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional de Braga), através da cedência de instalações e apoio científico.
b) Xunta da Galiza e Xacobeo 2010, através de apoio financeiro.
E tem ainda o apoio de:
c) Diocese de Ourense
d) Deputación de Ourense
e) Concello de Cea
4 – Temas do Congresso
Como já foi referido, o congresso estará organizado em torno de três secções – História, Arte e Espiritualidade – sublinhando-se a íntima relação que existe entre estes três grandes temas.
Os Caminhos de Santiago e a sua relação com o monacato peninsular constituirão um tema transversal às três secções referidas.
As conferências previstas serão proferidas por eminentes especialistas nas matérias.
História: Abrangerá os aspectos gerais e concretos dos mosteiros portugueses e galegos, com os seus prioratos, personagens e acontecimentos.
Arte: Compreenderá todas as facetas – Arquitectura, Pintura, Escultura, Artes Decorativas, Música – incluindo os aspectos de conservação e restauro.
Espiritualidade: Incluirá todas as abordagens à espiritualidade cisterciense. Dada a iminente canonização do beato cisterciense Rafael Arnaíz, será dada particular atenção à espiritualidade deste grande místico contemporâneo.
Caminhos de Santiago: Tratará da contribuição dos mosteiros para a fixação das rotas de peregrinação e do apoio prestado à peregrinação jacobeia, em particular através da hospitalidade monástica.
5 – Conferências
Os conferencistas e os temas das respectivas conferências são os seguintes:
Arte (Portugal): Professor Doutor Nelson Correia Borges da Universidade de Coimbra: «Lorvão e Arouca: arte e glorificação de Cister».
História (Portugal): Professor Doutor Frei Geraldo Coelho Dias, OSB da Universidade do Porto: «Cistercienses e São Bernardo nos Primórdios Da Portugalidade»
Arte (Galiza): Profesor Doctor Eduardo Carrero Santamaría da Universitat de les Illes Balears: «Arte y arquitectura en torno a San Bernardo y el Cister gallego».
História (Galiza): Professor Doutor José Miguel Andrade Cernadas da Universidade de Santiago de Compostela: «La acogida en los monasterios del Camino de Santiago»
Espiritualidade:
Dom Manuel Clemente, Bispo do Porto: «Peregrinação e Monacato»
Dom Bernardo Bonowitz, OCSO, Abade do mosteiro de Nossa Sr.ª do Novo Mundo – Brasil: «A Peregrinação como Caminho de Conversão na tradição protestante: a Obra de John Bunyan, contemporâneo de Rancé».
Irmã Ingrid Mohr (Alemanha): «A espiritualidade do Beato Rafael Arnaiz»
Conferência de Encerramento: Don Juan António Martinez-Camino (Bispo Auxiliar de Madrid)
6 – Informações
O Programa, Inscrições e outras e mais actualizadas informações irão sendo disponibilizadas no site oficial do congresso:
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Quinta-feira, 7 de Maio de 2009
Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
Lá... entre o Bosque e o Riacho, onde Deus vive...
Imagem do Monsterio de Santa María de Oseira (Oseira- Ourense)
Tudo começou com um convite de Manuel Ferreira Lopes*:
«Não gostaria de visitar o Mosteiro Cisterciense de Oseira, em Ourense, entre a montanha dourada dos carvalhais galegos, onde se respira a espiritualidade dos monges brancos que o habitam?»
Não hesitei. Como poderia eu recusar a oportunidade de fugir da selva de cimento e da incivilização que a caracteriza, e embrenhar-me num bosque, algures entre as montanhas, onde os riachos cantam como as aves; onde a vida se renova, em cada madrugada; onde as velhas pedras conservam o segredo dos tempos e a memória dos homens?...
A principal razão desta minha primeira visita a Oseira foi a de contactar a comunidade dos monges brancos e dela dar conhecimento, podendo com isso, despertar, porventura, novas vocações entre os jovens portugueses, para que seja possível activar um mosteiro cisterciense, no nosso país, onde existem tantos mosteiros em ruínas, ao contrário (para não ir mais longe) do nosso país irmão: a Espanha.
Estávamos em 1992.
Gostaria hoje de reviver o Encontro e a Descoberta, que fiz então, pois em tudo (como sempre) pensou Manuel Lopes, ao dar-me a conhecer a existência do Mosteiro de Oseira, cravado nos montes da Galiza.
Falar de Deus ou das coisas de Deus é concebível apenas quando nos abstraímos do mundo materialista tal como ele se nos apresenta hoje: vazio do tão necessário espiritualismo que nos conduz ao Supremo Ser, ao Criador de todas as coisas – visíveis e invisíveis.
Quem ainda não se deu conta de que Darwin começou o estudo da sua teoria da evolução, a partir precisamente do ponto em que Deus deu por terminada a Sua intervenção na criação do Universo?
Esse espiritualismo não o encontro eu nos templos que por aí abundam, onde o mundanismo, o materialismo e um exacerbado consumismo imperam, esvaziando toda a essência divina do sentimento religioso.
Deus, encontrei-O eu em Oseira, no sorriso dos seus monges; na sua simplicidade; na sua bondade; no seu labor de cada dia; nas suas orações; nos seus cânticos gregorianos; nos seus rituais litúrgicos; no seu absoluto despojamento das coisas supérfluas; na vida contemplativa que escolheram viver.
Deus, encontrei-O eu entre as velhas pedras do Mosteiro, resgatado das cinzas pelos próprios monges; nas águas cantantes do riacho que o contorna; no bosque dourado que lhe dá a sombra; nos prados verdes, onde tranquilamente o gado pasta; nas montanhas que o protegem dos ventos agrestes; e do silêncio que nos abraça com ternura.
Na verdade, estes monges cistercienses, afectos a São Bernardo, um dos reformadores da Ordem de Cister, representam os mais preciosos valores de que este nosso mundo conturbado necessita para sobreviver, segundo as regras humanas.
Com eles os crentes fortalecem a sua fé, e os não crentes são seduzidos por uma luz tentadora; pela profunda espiritualidade que deles emana, e por um silêncio que, inevitavelmente, nos catapulta para um mundo que não o terreno.
E foi lá, no seio daqueles monges brancos, entre o bosque e o riacho que, naquele tempo, encontrei Deus, há muito perdido de mim.
♥
Depois de ter assistido ao Ofício de Completas, à hora em que os monges celebram o cair da noite e o fim de um dia de labor, e, solenemente, entoam a Salvé Cisterciense, numa cerimónia que remonta ao Século XIII, colocando nas mãos da Santíssima Virgem o mérito de uma vida de total consagração a Deus; e antes de me recolher, Manuel Lopes, discretamente, levou-me para um canto do claustro e ofereceu-me um pequeno livro, para ler antes de adormecer, com a seguinte dedicatória: «À Isabel Ferreira, esta leitura elegíaca da tranquilidade espiritual que buscamos neste lugar de criativo e dulcificante silêncio…»
Foi então que descobri o poeta Alain Bosquet, no Mosteiro de Oseira, entre o conforto simples, despojado de luxo, da cela n.º 17, envolvida pelo místico silêncio, que aquelas velhas pedras tornam ainda mais misterioso.
«O Tormento de Deus» – assim se chamava o livro de poemas, que tinha entre as mãos, numa edição precisamente daquele ano, 1992, da Quetzal Editores.
Hoje, posso afirmar com grande lucidez, que nenhuma outra leitura poderia ter sido mais oportuna do que esta, àquela hora e naquele lugar. Tão bem o sabia Manuel Lopes!
Deus disse: Se tal vos repugna,
não acrediteis em mim,
mas ficaria feliz
se encontrásseis algum encanto
num ou noutro ser da minha lavra:
o búzio, onde dorme a música,
o plátano, que cresce para lá das estrelas,
o mar, que diz cem vezes: «Eu sou o mar».
Sinto-me muito humilde:
O meu universo não é mais belo
do que um poema perdido.
Eu acabara de descobrir um Poeta.
Um poeta que me falava do tormento de Deus – o ser mais solitário entre todos os seres que Ele próprio criou:
«Estou triste», disse Deus,
«por ter nascido adulto.
Jamais tive uma infância
nem alguma vez me permitiram
a descoberta de um mundo
já formado.
Não encontrei ninguém
a quem dizer: “Bom dia, meu pai!”
Nem “Minha mãe, como é que tem passado?”
Não me sinto sem culpa.
Todos eles – o sílex, a lava, a peónia,
o mosquito, o homem, o zéfiro,
exigiam que eu fosse activo e responsável.
Estou triste:
Falta-me um passado.»
Descobri um Poeta que me falava de um Deus inseguro:
Deus disse: «Entre mim mesmo e eu,
sinto que falta
uma espécie de doçura;
eis porque improviso um colibri,
algum orvalho,
uma ligeiríssima ilha,
um cântico de amor e um sonho intermitente
onde se passeia um outro deus.»
Descobri um Poeta, que ao falar do tormento de Deus, me falava do seu próprio tormento:
O homem queixa-se:
«Tu deste-me um corpo
mais pequeno que o corpo da montanha.
Deste-me um cérebro
com que não posso compreender-me.
Deste-me um coração
que não serve para me aceitar.
Deste-me palavras,
que são um luxo na minha desordem.
Deste-me um deus
o qual não sei quem é, se eu, se tu.»
E foi assim que, num mesmo dia, conheci os monges brancos de Oseira, que me devolveram a crença numa espiritualidade que eu julgava perdida; tive um encontro com Deus, entre aquelas velhas pedras do Mosteiro, rodeadas pelo riacho, o bosque, os prados e a montanha; e descobri um Poeta, no silêncio da cela onde pernoitei.
E o mundo pareceu-me então feito à medida da minha compreensão.
…
Hoje, «O Tormento de Deus» acompanha-me, para onde quer que eu vá.
É um livro de uma erudição belíssima, independentemente de se crer ou não em Deus. A sua leitura serena as nossas inquietações.
O seu tradutor (um excelente tradutor), Jorge Guimarães, diz de Alain Bosquet, na introdução: «A ideia de Deus habita esse espírito tanto no temor, como no ódio, como na indiferença». Bosquet «improvisa, discorre, ironiza, perdoa, comove-se e exalta-se, e tudo na mesma palavra, e tudo no mesmo olhar».
As palavras de Bosquet deslizam serenamente pela nossa alma e diz-nos da dimensão do imensurável… E Deus disse ao seu poeta:
«Eu escolhi-te para que me informes
sobre a minha identidade».
O poeta é travesso: escreve uma palavra,
depois uma segunda, depois risca-as.
Deus mostra-se apressado:
«Diz aos homens como hão-de venerar-me:
criei-te para isso.»
O poeta sorri, escrevendo rosa,
e azul, e tucano,
e silêncio, e deus.
E diz:
«Todas as palavras são intermutáveis.»
Alain Bosquet nasceu na Rússia, antes da Revolução, oriundo de uma família judaica da alta burguesia, imigrado depois em França…
* Manuel Ferreira Lopes, nascido na Póvoa de Varzim, foi Director da Biblioteca Rocha Peixoto, naquela cidade. Um grande homem do Saber e da Cultura, o qual lá… entre o Bosque e o Riacho, onde Deus vive, tal como eu, encontrou o caminho da espiritualidade cisterciense.
E entre o Poeta Alain Bosquet e o Homem de Cultura Manuel Lopes sinto-me aquela que crê e nada sabe, e ama as palavras e com elas traça um trilho em areias movediças, ainda desconhecido…
Isabel A. Ferreira
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Segunda-feira, 15 de Setembro de 2008
Copyright © Isabel A. Ferreira 2008
Repara: no mundo das plantas não existe Racismo. Nem Xenofobia. Todas as espécies coexistem pacificamente... Civilizadamente...(Foto Isabel A. Ferreira: Bosque do Mosteiro de Oseira - Ourense)
Todos os homens nascem iguais e morrem mais iguais ainda
Sabes o que distingue Homem de “omem”? É a letra H, claro.
Se me falas do Homem, evidentemente, escrevo a palavra com H de Humanidade (humano); com H de Hombridade (digno); com H de Honestidade (íntegro); e com H de Honra (distinto), para mim, qualidades de quem é civilizado.
Se me vens falar de alguém que não é civilizado, isto é, de um “omem”, então escrevo a palavra com O de obscuro (arrevesado); com O de oblíquo (vesgo); com O de obsoleto (desusado); e com O de obtuso (ignorante).
Mas se das palavras passarmos às pessoas, podemos claramente distinguir quem é quem, pelo seu modo de ser e de estar na vida, isto é, pelos seus actos. Um Homem, porque é humano, digno, íntegro e distinto, é sempre um Homem, assim como um cão é sempre um cão, independentemente da sua raça ou da sua origem.
Um “omem”, porque é arrevesado, vesgo, desusado e ignorante, não é um Homem, até porque se dedica, entre muitas outras iniquidades, ao culto do Racismo e da Xenofobia, assim como um verme se dedica a um cadáver.
E o que é isso de Racismo?
Trata-se da ideia de que umas raças de homens são superiores a outras raças também de homens, por isso, ao longo da história da humanidade os que se julgam “superiores”, vêm escravizando, exterminando, discriminando ou simplesmente desprezando quem dizem ser “inferiores”.
E a Xenofobia, o que é?
É antipatizar com pessoas ou com coisas estrangeiras, como se cada um, na terra do outro, não fosse estrangeiro também.
Ai gostas de viajar? E és xenófobo?!...
Ora que eu saiba, apenas os excrementos humanos e a malvadez dos “omens” são coisas inferiores e execráveis, por isso, passíveis de desprezo.
E em que é que um negro, um amarelo, um vermelho ou um branco diferem de ti? Pretendes uma resposta? No meu pensar, diferem na Humanidade, na Hombridade, na Honestidade e na Honra que eles têm e tu não tens, caso sejas apenas um “omem”.
Todos os Homens nascem iguais e morrem mais iguais ainda. Todos nascem nus do ventre da mãe. Para a sepultura uns vão mais vestidos do que outros, porém, quando se transformam em ossos, como distinguir, a olho nu, a ossada de um branco da ossada de um negro?...
Repara: no mundo das plantas não existe Racismo. Nem Xenofobia. Todas as espécies coexistem pacificamente... Civilizadamente...
in Manual de Civilidade (12 €)
Este livro pode ser adquirido através do e-mail:
Quarta-feira, 20 de Agosto de 2008
Copyright © Isabel A. Ferreira 2008
Se és terrorista atira-te a um poço cheio da tua própria imundície
(Pormenor da Rua do Passeo - Ourense)
... Um verdadeiro Homem é pacifista por natureza...
Tocar ao piano um prelúdio de Chopin é da condição humana.
Ser fiel é atributo do Cão.
Voar é um dom que têm os Abutres.
E governar por meio do terror, espalhar violência e gerar pânico através de boatos alarmantes entre populações indefesas, será um atributo de quem?
De um Homem, não é com certeza. Muito menos de um Cão. E menos ainda de um Abutre. O Homem se é Homem é humano. O Cão possui uma índole pacífica, inteiramente fiel aos seus valores caninos, amigo de quem sabe ser seu amigo. O Abutre é um ser alado, privilegiado, vive nas alturas, acima de todas as coisas, não tendo de sujar os seus pés na lama, a não ser que precise, por uma questão de sobrevivência.
O terrorismo será então um atributo de quem?
De um terrorista, naturalmente. E um terrorista não é um Homem, porque um verdadeiro Homem é pacifista por natureza. Não é um Cão, porque o Cão tem dignidade. Não é um Abutre, porquanto o Abutre está muito acima de qualquer baixeza.
O que será então um terrorista?
Simplesmente isto: uma inútil e desprezível criatura, que destrói o Homem e o que o Homem constrói. Logo, não tem o mínimo valor humano, nem a dignidade de um Cão, nem tão pouco a superioridade de um Abutre.
Porquê então não devemos ser terroristas?
Não tanto porque o terrorista espalha terror. Não devemos ser terroristas porque não é da condição humana. Apenas isto: se fores Homem não és terrorista, se fores terrorista não és Homem. Sugiro até que reflictas nesta ideia: na história bélica das sociedades humanas de todos os tempos nunca interferiu o Homem.
Se algum dia te passar pela ideia ser terrorista, pelo menos, tem a coragem de te atirares a um poço cheio da tua própria imundície, porque se não morreres sufocado pela sujeira que de ti jorrar, ficarás adequadamente ataviado para saíres à rua e praticares os actos sujos condizentes com a tua condição de criatura inútil e desprezível, e nem sequer precisas mostrar-te: o cheiro fétido que deixarás no ar, dirá da tua presença.
O terrorista é sobretudo um cobarde. Disfarça-se com máscaras, escuda-se atrás de armas, esconde-se em bunkers e nunca enfrenta de frente um Homem. E quando nu, na praça pública, pede clemência, como um fraco que é, e a sua cobardia mostra-se, então, em toda a sua plenitude.
Não sei o que pensas acerca disto. Eu prefiro a dignidade de um Cão.
in Manual de Civilidade
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