Exigimos que não sejam licenciadas touradas sem que tudo o que é exigido no tal regulamento esteja de acordo com ele.
As leis e os regulamentos não são para cumprir?
Então que se cumpram na íntegra.
E nenhuma tourada se realizaria em Portugal, porque ninguém cumpre o que o regulamento determina na sua totalidade.
Mas em que tempo estamos? Custa-me a acreditar que estou no século XXI depois de Cristo. Só acredito, porque no Século XXI antes de Cristo, não havia jornais, nem notícias deste tão baixo nível social, cultural, moral e humano, como a que vemos neste pedaço de papel imprimido.
Que saudades tenho do tempo das tabuinhas de argila e do papiro…!
Quem diria!
E o que, nesta notícia, diz o João Santos Andrade (outro nome para constar no Livro Negro da Tauromaquia) da Associação Portuguesa dos Criadores de Touros de Lide (leia-se bovinos manipulados geneticamente para serem torturados) ali naquela foto ao lado da Rita Silva da Associação Animal, é uma desmedida parvoíce.
Diz ele, na sua santa ignorância: «Esta é uma prática cultural que sempre existiu e desde sempre se seleccionaram os animais que sofrem menos. Faz parte da nossa cultura».
Ó João Santos Andrade, faça um favor a si próprio: não torne a dizer tal idiotice em público. O João não sabe que o seu saber é mínimo. Mas nós sabemos que o seu saber é mínimo, a rondar muitos zeros abaixo de zero. Portanto reduza-se à sua pequenez, e não torne a repetir estes disparates. Fica-lhe muito mal.
Primeiro: porque a tourada não é uma prática cultural. Durante séculos, os ignorantes foram passando, de geração em geração, esta intrujice, esta visão retorcida da realidade, porque eram muiiiiiito ignorantes, de facto.
A tourada é tão-só um costume bárbaro, praticado por psicopatas, para deleitar sádicos, e que de cultural nada tem.
Segundo: a tourada não existiu desde sempre: os homens primitivos, os das cavernas, não faziam touradas. Não torturavam animais parta se divertirem. Isso aconteceu mais adiante, quando os homens, depois de terem avançado cinco passos, regrediram quatro. E a tourada nem sequer é algo que nasceu em Portugal. Foi introduzida no nosso país quando estivemos subjugados pelos reis Filipes de Espanha, onde a barbárie estava implantada, também não desde sempre.
E como os portugueses incultos sempre gostaram de importar estrangeirices parvas, cá ficaram com este costume bárbaro.
Terceiro: como pode dizer-se que desde sempre se seleccionaram animais que sofrem menos? Animais que sofrem menos? Isso não existe na Natureza. Isso faz parte de uma ignorância colossal sobre o que é o sofrimento animal.
Os animais, todos os animais, humanos e não humanos, sofrem. Sentem a dor da mesma maneira. E de que maneira! Acontece, que uns têm mais capacidade para resistir à dor do que outros, o que não significa que o sofrimento e a dor não sejam imensos.
Os seres do sexo masculino não conhecem a dor do parto. A dor do parto das mulheres é igual à de todas as fêmeas mamíferas da Natureza. Só que uma gata talvez não grite como uma mulher grita, na hora de dar à luz. Mas também nem todas as mulheres gritam ao dar à luz. Certo? Eu fui uma das que dei à luz duas crianças, em partos normais, e não gritei. Nunca grito, seja em que circunstâncias forem. E no entanto, a dor é a mesma. A dor existiu. A dor foi grande. A dor é exactamente a mesma em todas as criaturas.
Quatro: Faz parte da nossa cultura? O quê? A tourada? Não, não faz, até porque, como já disse, a tauromaquia é um costume bárbaro introduzido em Portugal pelos espanhóis, por volta do século XVI depois de Cristo. Portanto, fazer parte da nossa cultura, não faz. E se fizesse, naturalmente, eu, que estudei Cultura Portuguesa, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo como Professor José Sebastião da Silva Dias (um ilustre filósofo e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e depois da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o qual também trabalhou no campo do jornalismo, da assistência social, na Polícia Judiciária e esteve ligado a várias realizações e actividades pedagógico-científicas, tendo deixado uma obra vasta e relevante, resultado de uma vida dedicada ao Ensino e à Cultura) eu lembrar-me-ia com toda a certeza. Mas tal asquerosidade nunca fez parte dos currículos das cadeiras de Cultura Portuguesa do ensino superior. Como poderia fazer?
Portanto, João Santos Andrade, não torne a repetir tais parvoíces em público. E mesmo em privado será de evitar.
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Quanto mais avançamos nos séculos, mais a mentalidade do animal humano regride.
O homem primitivo, o chamado “das cavernas” não era cruel para com os animais. Não se divertia a torturá-los e a matá-los sem razão alguma, a não ser para se alimentar, porque ainda não tinha descoberto a agricultura. Não havia pomares, nem hortas, nem campos de milho, de trigo, de batatas, enfim…
Mas, o animal humano do século XXI depois de Cristo, ainda que não precise de matar animais para comer, mata-os. E pior do que isso, mata-os para simplesmente se divertirem.
E depois, os que permitem tal desumanidade, hipocritamente, reúnem-se “preocupados” com o povo de Gaza, da Síria, da Líbia, do Iraque, da Ucrânia… massacrados por animais humanos predadores, para os quais os seres humanos e os seres não humanos não têm a mínima importância.
Quanto mais racionais eram os nossos antepassados da Idade da Pedra!
A eles devemos grandes passos no sentido da Evolução. E ao que se classificou de Homo Sapiens… devemos grandes passos no sentido do retrocesso civilizacional, moral, social e humano.
Por isso, hoje estamos aqui a EXIGIR que o regulamento tauromáquico seja totalmente salvaguardado aquando da realização da tortura de bovinos.
É o caminho mais directo para a abolição.
É isto e a suspensão da obscenidade de 16 milhões de Euros retirados do erário público para a prática desta tortura.
Esta mulher terá capacidade mental para criar um filho?
Esta imagem poderia ter acontecido algures em Portugal, porque este tipo de gente aficionada é igual em todos os países onde a tauromaquia ainda perdura como uma peste negra…
Isto passou-se à porta de uma arena. Pobre criança. Que educação poderá dar-lhe esta que não sabe o que é ser mãe?
E aqui, além do gesto obsceno (a obscenidade é uma característica entranhada nos aficionados como uma segunda pele) ainda temos o riso boçal do “macho” que não sabe ser Homem.
Fonte:
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