É esta uma das imagens que a RTP faz questão de oferecer aos maiores de SEIS anos... Quanta “dignidade”! Não, Joel Neto?
por JOEL NETO
1. A resistência da maioria à proposta do Bloco de Esquerda para proibir a exibição de touradas na RTP (e limitá-la na SIC e na TVI) anda a deixar o Portugal do Chiado e do Cais do Sodré em brasa. No fundo, todos nós, os que gostam de touradas, ou que pelo menos reconhecem a importância histórica e o valor etnográfico, somos uns brutos. Há dias estava a ver um combate de Ultimate Fighting Championship na SIC Radical e pensei nisso: é curioso que, tanto quanto me lembre, nem o BE, nem nenhum outro moderninho luso alguma vez promoveu uma proposta de lei, ou um protesto avulso, sobre a exibição de pessoas estilhaçando-se à porrada e abraçando-se ensaguentadas na TV. Por outro lado, claro, não é tão curioso assim. Como sabemos, os ucranianos terem "assassinado" uma série de cãezinhos de rua também nos preocupa muito mais do que o massacre de civis na Síria. Esta espécie está de pernas para o ar - e, quanto a isso, já não há nada a fazer.
2. Percebo que o canal Hollywood promova uma "festa Sexo e a Cidade" para assinalar a emissão do segundo filme inspirado na série. O que não percebo é que tantas figuras do audiovisual (e do chamado jet set) continue a acorrer a este tipo de eventos com tal afã. Suponho que as nossas figurinhas queiram com isso deixar bem expresso que vão beber à revolução sexual, que também sabem ser sexualmente agressivas e, claro, que são moderníssimas. Imagino que nunca tenham percebido que Carrie Bradshaw, no seu afã libertário, era profundamente conservadora. E que menos ainda lhes passe pela cabeça que qualquer afã em torno da série é tão tonto como andar a vender o Dartacão há 30 anos, como fazem os nossos humoristas da personagem geracional e da piada mil vezes repetida.
COMENTÁRIO DE Rui C. Barbosa AO “MUNDO MODERNINHO” do JOEL
http://www.carris-geres.blogspot.pt/2012/06/o-grande-bruto.html
De tempos a tempos lá surge aqui algo que em nada está relacionado com o tema deste blogue... a vida é assim.
Hoje, dia 27 de Junho de 2012, no Diário de Notícias surgiu uma brutalidade com o título "O mundo moderninho" da autoria de Joel Neto que não conheço nem quero ter o desprazer de conhecer. Gente deste tipo não me interessa. No entanto, não posso deixar de escrever umas linhas sobre esta crónica... brutalmente ignorante.
Esta gente que gosta de touradas utiliza argumentos que para alguém a uns degraus acima do seu nível intelectual é difícil de compreender. Costuma-se dizer que nunca devemos tentar argumentar contra um idiota, pois este rebaixa-nos ao seu nível e bate-nos aos pontos. Assim, nem vou tentar desmontar o argumento da suposta "importância histórica e valor etnográfico" da tourada que a comparo à importância histórica e ao valor etnográfico de outras velhas tradições há muito esquecidas do nosso imaginário nacional.
No entanto, e por muito que tente compreender a utilização de argumentos por parte deste gente, é-me difícil entender qual o paralelismo entre os combates da Ultimate Fighting Championship (UFC) e as touradas. Ou melhor, tirando a perfeita estupidez de ambos, não vejo outros pontos de tangência. Vejamos, na UFC dois humanos lutam entre si de forma voluntária e consciente sabendo qual o possível resultado final da luta. Na tourada, um animal mal tratado antes, durante e depois da tourada, enfrenta um touro que ali está depois de ter sido espicaçado e abusado antes de entrar na arena para sofrer maus tratos e torturas que certamente mais tarde ou mais cedo lhe trarão a morte gloriosa e digna que os defensores desta barbaridade tanto apregoam num apogeu cultural sem paralelo num palco, num ecrã ou num CD deste país. Se chamar a isto é uma certa «brutalidade» é um exagero, então não sei o que será.
Talvez brutalidade seja tentar encontrar falaciosos argumentos para se tentarem convencer a eles próprios de que o que fazem é o correcto. Dizem que é legal e que pelo tal o podem fazer. Concordo que seja legal pois este país tem a tendência para manter na legalidade as coisas mais absurdas, tentando atribuí-lhes o estatuto de património imaterial ou coisa do género.
Talvez um dia, Sr. Joel Neto, encontrem a cura para a sua doença. Sua doença e de muitos outros, porque no fundo é isso o que vocês são, doentes! Da mesma forma que um pedófilo tira o prazer ao esturpar uma criança, vocês tiram o vosso prazer ao esturpar a dignidade, violentar e maltratar os animais. E isto impede-lhes o discernimento de entender que a maior preocupação daqueles que defendem os animais está no bem estar da Humanidade e como tal são capazes de se preocupar tanto com o massacre de cães na Ucrânia como na chacina dos homens, das mulheres e das crianças na Síria, bem como ter uma certa compaixão de infelizes como você, Joel Neto, que na brutalidade da sua ignorância e na limitação dos seus horizontes não percebe que de facto é um simples bruto.