(Obrigada, Ana Macedo, pela inspiração)
O QUE SE PASSA ACTUALMENTE EM PORTUGAL, NO QUE DIZ RESPEITO À SELVAJARIA TAUROMÁQUICA (VULGO TOURADA) É ABSOLUTAMENTE VERGONHOSO!
ÚLTIMA HORA!
A vistoria que a Câmara Municipal de Viana do Castelo, cumprindo o que está no RET, pretendeu fazer à barraca que está a ser montada em Darque para a realização de mais uma sessão de selvajaria tauromáquica prevista para o próximo domingo, não foi realizada.
Motivo: os promotores da barbárie dizem que essa sessão de selvajaria tem VISTORIA até Maio de 2015 (notícia da aficionada RTP)
O quê?????
Como pode isto acontecer?????
Já sabemos que é só para os paus da barraca.
Exmas. Autoridades:
Nos últimos dois anos a população de Viana do Castelo tem assistido à passividade das autoridades fiscalizadoras competentes em relação à arena amovível que tem sido montada nesta cidade.
Este ano a organização da selvajaria tauromáquica pretende montar a mesma arena à revelia da legislação vigente. As diversas associações, assim como os cidadãos em geral, vão estar atentos e denunciarão, uma vez mais, junto dessas mesmas autoridades as ilegalidades cometidas e exigirão o apuramento das responsabilidades.
A Lei, uma vez que existe, tem de ser cumprida e não estar sujeita a lobbies que visam interesses particulares, ou seja, os interesses de cerca de duas dezenas de famílias portuguesas (entre milhares) que fazem fortuna a torturar bovinos para diversão.
Houve um tempo em que Portugal foi grande e livre.
Hoje, Portugal pertence a muitos países, e é um país pequeno, que retrocedeu séculos. Um pequeno país, mundialmente quase desconhecido (só será conhecido pelo Ronaldo, pelo Eusébio e pelo Figo, e pela Amália Rodrigues, vá lá…) e o que é conhecido, politicamente falando… é uma autêntica tragédia.
Uma vergonha.
A República quase nada trouxe de novo. Politicamente foi mais do mesmo: a dualidade no poder, arrastando tudo o que foi criticado na monarquia: corrupção, esbanjamento do erário público, pobreza, incultura, tudo o que temos para dar e vender...
Hoje, vivemos numa república das bananas, com uma democracia de faz-de-conta.
O 25 de Abril que, supostamente devia ter libertado Portugal do fascismo e de uma sociedade retrógrada, não cortou o mal pela raiz, e cá ficaram todos os fascistas mais os seus descendentes, que ainda predominam por aí… por isso continuamos com um atraso civilizacional, cultural e moral bastante acentuado.
Por isso somos um país que, apesar de territorialmente ser pequeno, já foi grande, muito grande, no tempo em que deu novos mundos ao mundo, e hoje é um zezinho ninguém, de uma pobreza moral, social e cultural gigantesca.
Por outro lado, quase nada mudou a nível governamental, desde que iniciei, neste Blog (que foi criado com a intenção de divulgar Literatura – a minha e a de outros escritores), a luta pela Abolição da Tauromaquia em Portugal.
Coloquei aqui à disposição de todos os envolvidos na selvajaria tauromáquica (desde aficionados comuns, a autoridades de todo o género, incluindo a igreja católica) toda a informação científica e não científica disponível sobre este costume bárbaro espanhol.
E a todos (ou quase todos) tenho enviado os textos aqui publicados.
No início, pensei que a tauromaquia ainda existisse em Portugal por falta de informação. Por uma ignorância, digamos, involuntária, o que seria normal.
Contudo, depois de toda a informação, depois de tudo o que aqui e noutros blogues e sites, foi dito, e depois de ter maçado os governantes com toda a informação, o maior culpado da existência desta selvajaria, da violência legislada, ou seja, o Estado Português, nada fez para pôr fim a este cancro social, que não dignifica Portugal, o seu povo e os seus governantes.
E da boa vontade, passei obviamente à indignação elevada ao quadrado (não se confunda com agressividade ou falta de educação, como é o costume dos que não sabem distinguir os conceitos).
É que posso suportar razoavelmente a ignorância quando ela é fruto do desconhecimento.
Mas sinto uma repulsa, uma revolta, um desprezo enorme pelos que, tendo ao seu dispor toda a informação para deixarem de ser ignorantes, optam pela ignorância, tenham o motivo que tiverem.
E esta é a pior das ignorâncias. É a mais imperdoável das ignorâncias.
Daí a minha mais veemente indignação (à qual tenho direito, consignado na Constituição da República Portuguesa).
Por isso, sinto-me no direito cívico de demonstrar essa indignação, utilizando a linguagem mais apropriada a indivíduos que desconhecem o sentido da vida.
E tendo em consideração o miserável nível de desgraça a que este país se deixou arrastar, já pouca coisa surpreende o cidadão comum, no entanto devo salientar que esta situação consegue, ainda, provocar-me surpresa!
Como é possível que um tribunal que arrasta processos durante anos a fio esteja preparado para dar resposta em 48 horas e sempre a favor do alegado infractor?
Como é possível que, num país supostamente democrático, haja excepções à lei (Barrancos) num determinado município, e que seja negada a excepção pela vida a um município que se declarou, com toda a legitimidade, anti-tourada?
Como é possível que, para benefício de um pequeno grupo de interessados na preservação de um costume bárbaro espanhol, se atropele a lei, até em relação às crianças, cujos direitos são claramente violados?
Devo acrescentar que não tenciono parar de contestar este aviltante insulto à Cultura e Civilidade Portuguesas, até que a lei seja cumprida no meu país.
Tencionamos avançar para os Tribunais Europeus, uma vez que as autoridades portuguesas demoram a dar uma resposta racional a algo que é absolutamente cruel, e obviamente degradante para o prestígio de Portugal.
Os tribunais portugueses apenas são céleres a despachar a favor da selvajaria tauromáquica, assente numa lei absolutamente parva, inadequada aos tempos modernos! Uma lei desumana.
Ainda assim, a Câmara Municipal de Viana do Castelo decidiu, e muito bem, cumprir essa Legalidade.
Nenhuma selvajaria tauromáquica, em qualquer das suas bárbaras modalidades, jamais foi realizada dentro da lei, em Portugal.
Este ano, não permitiremos que a ilegalidade e a legalidade sejam uma e a mesma coisa.
Com a minha mais veemente indignação,
Isabel A. Ferreira