Este texto, por si só, deveria servir como último argumento para dar a estocada final na tauromaquia, que João Nascimento [e com toda acerteza os restantes Homo Sapiens] considera «uma procissão macabra de sadismo requintado e agonia dilacerante.»
Considero este texto, a "Bíblia" dos anti-touradas, pois nele estão concentradas todas as repugnantes verdades sobre esta prática bárbara, que já devia estar extinta há muito.
Uma obra-prima, lúcida e transparente, da literatura anti-tauromaquia, que darei a conhecer ao mundo, para que se saiba do quão degradante e vil é torturar Touros numa arena, para satisfazer os maus instintos dos sádicos.
E isto ainda acontece em Portugal!
Isabel A. Ferreira
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«A ciência já nos elucidou, de maneira incontestável e definitiva, que os animais não são meros objectos desprovidos de sensações ou consciência; eles sofrem, sentem emoções, estabelecem laços sociais. Como podemos então, com uma lógica retorcida e aberrante, e em nome da Tradição, dar as costas a essa realidade, acabando por sufocar a nossa própria capacidade de empatia, como se estivéssemos a amputar deliberadamente um pedaço da nossa própria humanidade?»
«Num mundo que se orgulha da sua sofisticação tecnológica e avanços éticos, onde a bioética, os direitos humanos e a inteligência artificial frequentemente ocupam os púlpitos das discussões intelectuais, a existência de uma prática tão abjecta e detestável como a tourada, é um enigma sociocultural desconcertante e uma afronta à razão.
E aqui, em Portugal, este anacronismo persiste, ostentando-se como uma tradição cultural, um espectáculo, uma arte até. Um anacronismo que deveria mergulhar-nos numa profunda vergonha existencial, e não ser o mote para celebrações efusivas.
Ah, a tradição! Este argumento sacrossanto, brandido com uma devoção quase religiosa, como se a palavra em si fosse um escudo hermético contra qualquer crítica, um refúgio para a razão castrada e a empatia sufocada. Um mantra repetido em loop, automatizado, quase robótico, numa tentativa patética de justificar o injustificável.
Contudo, permitam-me uma digressão filosófica: a tradição, por si só, não confere virtude. O apedrejamento, a escravidão, crianças a fumar no dia de Reis, ou a Queima do Gato, também eram tradições. A tradição, então, não é mais do que a velha guarda da estupidez humana, uma relíquia a ser questionada, e não uma virtude a ser venerada.
A tourada é uma procissão macabra de sadismo requintado e agonia dilacerante.
Imagine-se o cenário: um touro, confinado e angustiado, é lançado numa arena. Picadores armados com lanças cravam-na na carne do animal, rasgando músculos e nervos, resultando num espectáculo de sangue e sofrimento que se desenrola perante uma plateia em puro êxtase. Matadores, esses bailarinos da morte, fazem a sua entrada, provocando e torturando o animal já debilitado, numa dança grotesca que culmina com a estocada final, um golpe que trespassa o coração ou os pulmões do animal, que, em agonia profunda, se afunda no seu próprio sangue. E tudo isto em nome do quê? Entretenimento? Tradição? Arte?
Há algo profundamente perturbador, quiçá psicopático, em extrair prazer do sofrimento alheio. E não nos enganemos; é sofrimento, é tortura, e sim, é extremamente imoral.
A ciência já nos elucidou, de maneira incontestável e definitiva, que os animais não são meros objectos desprovidos de sensações ou consciência; eles sofrem, sentem emoções, estabelecem laços sociais. Como podemos então, com uma lógica retorcida e aberrante, e em nome da Tradição, dar as costas a essa realidade, acabando por sufocar a nossa própria capacidade de empatia, como se estivéssemos a amputar deliberadamente um pedaço da nossa própria humanidade?
Que espécie de ética aberrante nos motiva a fechar olhos e ouvidos ao grito agonizante de um touro, perfurado por bandarilhas pontiagudas, cujo sangue vital tinge a areia com matizes de um vermelho nauseabundo, enquanto nos deleitamos com requintes de prazer na sua indizível agonia ?
O argumento da tradição é, novamente, uma cortina de fumo, uma fachada frágil por detrás da qual se esconde uma verdade mais incómoda; a tourada é o espelho de uma sociedade que ainda não aprendeu a respeitar a vida em todas as suas formas. É uma expressão de um tipo de humanismo distorcido, que estende a sua empatia apenas até aos limites da espécie humana e que vê nos outros animais, nos nossos parentes evolutivos, nada mais do que objectos de uso e abuso. Tal visão do mundo é não só intelectualmente empobrecedora, como eticamente falida.
Se o critério para merecer consideração ética é a capacidade de experimentar dor, sofrimento e angústia, como podemos justificar a nossa surdez moral que nos permite perpetrar, e até se regozijar, em rituais que impõem a seres sencientes tormentos inimagináveis?
Ah, e claro, a divina providência, a eterna resistência anti-humanista! Quão convenientemente é invocada para justificar os abusos infligidos aos nossos irmãos não humanos? É como se um capricho teológico desculpasse o sofrimento terreno; “Deus criou os animais para o nosso consumo“, proclamam os fiéis, de mão no peito, como se tal argumento fosse um antídoto mágico contra a ética e a compaixão.
É uma falácia que não só denota um flagrante desprezo pela ciência e pela razão, mas também expõe, ao mesmo tempo, uma contradição moral grotesca. Ao fecharmos os olhos para a dor que causamos aos outros seres sencientes, sob o pretexto de estarmos abençoados por uma divindade que, supostamente, colocou tudo à nossa disposição, revelamos nada mais do que uma arrogância antropocêntrica disfarçada de piedade. É uma ironia cruel, digna de um conto kafkiano, que a mesma religião que prega a compaixão e o amor ao próximo se torne cúmplice de tamanha brutalidade quando o “próximo” não pertence à espécie Homo Sapiens.
Ah, e o grandioso Miguel de Sousa Tavares, esse paladino da democracia que paradoxalmente ergue a bandeira do sofrimento animal como se fosse um símbolo de liberdade democrática. Quando a democracia se torna o altar onde sacrificamos a ética e o bem-estar de seres capazes de sentir, torna-se uma caricatura de si mesma. O seu argumento é um acorde dissonante numa sinfonia que deveria celebrar a vida e a compaixão, não a agonia e o derramamento de sangue.
O dilema não reside em quem assiste ao espectáculo, mas em quem se encontra no epicentro da dor, o animal. A ética transcende as estatísticas de maiorias e minorias; ela é, ou deveria ser, a ressonância de uma verdade mais profunda que não pode ser silenciada por argumentos tão superficiais. Portanto, antes de entoar hinos à liberdade que as touradas supostamente representam, talvez seja prudente ponderar o preço ético dessa sua tão apregoada liberdade.
Na tourada desvenda-se um dos episódios mais sombrios do nosso património cultural português, uma nódoa repulsiva que conspurca o nosso tecido social, e nos arremessa de volta a uma época menos iluminada da condição humana. Chegou o momento de encerrar este capítulo sangrento, e relegar a tourada ao panteão das barbáries humanas, um museu de horrores onde repousam outros vestígios da nossa natureza mais primitiva e vil.
A perpetuação desta crueldade não é um acto de celebração da tradição, mas sim um doloroso lembrete de que ainda temos um longo caminho a percorrer na plena compreensão da nossa própria humanidade. E enquanto a arena continuar a ser tingida com o sangue de seres que gritam em agonia para uma plateia, será um testemunho vivo da nossa falha moral colectiva, um espelho que reflecte não a nossa grandiosidade, mas a nossa incapacidade de evoluir para além das sombras do nosso passado cruel. É hora de despir a indiferença e vestir a armadura da empatia, da ética e da compaixão. Somente assim poderemos, verdadeiramente, reivindicar a nossa humanidade.»
Por que razão precisamos de fazer este APELO ao presidente da República de Portugal?
1 – Porque a Língua Portuguesa está a ser destruída pelo fraudulento acordo ortográfico de 1990, aplicado ilegalmente em Portugal;
2 – Porque esta é uma questão política, mais do que uma questão linguística, e só não vê as trocas-baldrocas que envolvem Portugal e Brasil, no que à questão da Língua Portuguesa diz respeito, quem não quer ver, quem não quer ser informado, quem se recusa a aceitar o gravíssimo erro que os políticos portugueses cometeram, quando aceitaram, servilmente, que o AO90, engendrado pelo enciclopedista Líbano-brasileiro, Antônio Houaiss, que se propôs a deslusitanizar o Português (o termo é dele) fosse introduzido em Portugal, para acabar com a Língua dos Portugueses. E isto é um facto inegável.
3 – Porque é como diz o Miguel Sousa Tavares:
Portanto, proponho que, quem estiver de acordo com o texto/apelo, abaixo reproduzido, dirigido ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o subscrevam, enviando os vossos nomes e profissões, para o e-mail deste Blogue: isabelferreira@net.sapo.pt
É que, se assim o quiserem os desacordistas, ainda vamos a tempo de salvar a NOSSA Língua, porque a língua que anda por aí escrita e falada nas televisões; nos jornais e nas revistas; nos livros, escritos por acordistas ou traduzidos; nos manuais escolares (um autêntico atentado à inteligência das crianças e dos jovens alunos); nos anúncios, enfim, o que anda por aí a escrever-se é uma linguagem pobre, andrajosa, desenraizada das suas origens, um insulto à Cultura LinguísticaPortuguesa, e apenas o Chefe de Estado, sendo ele o guardião-mor da nossa Constituição, poderá declarar ilegal e inconstitucional, a aplicação do fraudulento AO90.
Texto/apelo a enviar a Marcelo Rebelo de Sousa, da autoria de um jurista, para subscrição:
Dirigimo-nos a Vossa Excelência apelando à Sua intervenção no sentido da defesa da Língua Portuguesa, tal como esta nos surge definida no n.º 3, do artigo 11.º da Constituição da República Portuguesa.
Permita-nos, Vossa Excelência, o exercício do nosso dever cívico e obrigação de invocarmos a Lei Fundamental, designadamente no que tange aos deveres e obrigações que dela decorrem para todos os agentes do Estado, e, em especial para o Presidente da República, enquanto primeiro e máximo representante do Estado. Estado a quem cabe, nos termos da alínea f) do artigo 9.º também da Constituição da República Portuguesa “[a]ssegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da Língua Portuguesa”.
Bem sabemos, Excelência, que, nos últimos anos, em concreto desde que o Estado impôs aos portugueses a aplicação de uma grafia que consideramos inconstitucional, tais deveres não têm sido cumpridos.
Esta não é uma questão de somenos importância. É um imperativo de cidadania. É um dever que nos é imposto pela Constituição da República Portuguesa. Trata-se, na verdade, da defesa do nosso Património Linguístico -- a Língua Portuguesa -- da nossa Cultura e da nossa História, os quais estão a ser vilmente desprezados.
Apelamos a Vossa Excelência que, nos termos consagrados na Constituição da República Portuguesa e no uso dos poderes conferidos ao Presidente da República, diligencie uma efectiva promoção, defesa, valorização e difusão da Língua Portuguesa.
Apelamos a Vossa Excelência que defenda activa e intransigentemente uma Língua que conta 800 anos de História.
Apelamos a Vossa Excelência que contrarie a imposição aos Portugueses da Variante Brasileira do Português, composta por um léxico que traduz acentuadas diferenças fonológicas, morfológicas, sintácticas, semânticas e ortográficas, e essencialmente baseado no Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943.
Apelamos-lhe, Senhor Presidente da República, que proporcione às nossas crianças a possibilidade de escreverem na sua Língua Materna - naquela em que escreveram Gil Vicente, Camões, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, José Saramago e tantos, tantos outros -, ao invés de numa grafia desestruturada, incoerente e desenraizada das restantes Línguas europeias, que também estão a aprender (Inglês, Castelhano, Francês).
Apelamos a Vossa Excelência, ao Presidente da República Portuguesa, mas, também, ao académico e cidadão Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que recuse deixar às gerações futuras, como legado para a posteridade, a renúncia da nossa Língua, da nossa Cultura, da nossa História, de quase nove séculos.
Apelamos, em suma, a Vossa Excelência, que seja reconhecido e revertido o gravíssimo erro cometido e por via do qual o Estado Português adoptou o Acordo Ortográfico, anulando-o, e restituindo a Portugal e aos Portugueses a sua Língua.
«Após termos ouvido o esclerosado Miguel Sousa Tavares afirmar na TVI que se as touradas acabassem perder-se-iam milhares de postos de trabalho republicamos um artigo escrito por nós em 16/7/2012 que continua actual e prova exactamente o contrário do que foi afirmado.
Um dos argumentos da indústria tauromáquica reside na afirmação que se as touradas acabassem milhares de postos de trabalho perder-se-iam!»
«Não são milhares e a maioria nem sequer pode ser considerada como verdadeiro posto de trabalho.
Muitos desses postos de trabalho são sazonais e quem os ocupa tem outro tipo de trabalho caso contrário como é que sobreviveria o resto do ano?
De acordo com um “parecer” da “prótoiro” entregue no princípio deste ano na Assembleia da República, para organizar uma tourada são precisas 175 pessoas que vão desde o pessoal dos curros, bilheteiros, banda, bombeiros, polícia e trabalhadores dos bares.
O pessoal dos curros, os bilheteiros, a banda e os trabalhadores dos bares só trabalham quando há espectáculos, ou seja muitas vezes aos fins de semana, se estes fossem os seus únicos postos de trabalho morreriam de fome.
Quanto aos bombeiros e à polícia é totalmente absurdo a sua inclusão neste “parecer”, porque enquanto estes elementos são desviados para dar cobertura a esta actividade deixam de estar onde são realmente precisos; combate à criminalidade e ajuda a pessoas vítimas de acidentes ou combate a incêndios.
Mas continuemos a analisar o dito “parecer”.
“Existem 14 delegados técnicos tauromáquicos e 15 veterinários taurinos”. Uma vez mais todas estas pessoas não vivem disto têm outros postos de trabalho.
“37 cavaleiros, 24 cavaleiros praticantes, 6 matadores de touros, 86 bandarilheiros, 15 bandarilheiros praticantes, 20 moços de espada e 30 emboladores”.
Cavaleiros, toureiros, etc, a maioria deles têm outras fontes de rendimento, tal como ganadarias onde criam outros animais à parte dos touros de lide, isto para não falar dos subsídios que recebem por essa actividade.
“Existem 48 grupos de forcados que totalizam 1.440 moços de forcado”. Esta actividade não é um emprego todos eles têm outros postos de trabalho e mais, segundo eles nem sequer recebem nada por pegar touros.
“Existem 120 promotores de espectáculos tauromáquicos”.
Uma vez mais nem todos eles vivem exclusivamente dessa “profissão”, muitos deles têm outras, e mesmo que só vivessem desse trabalho poderiam em vez de ser empresários de espectáculos tauromáquicos ser empresários de actividades que não envolvam a exploração e tortura de animais.
“Finalmente as 110 ganadarias existentes empregam 350 pessoas”. No entanto, estas ganadarias não criam exclusivamente touros de lide portanto, se as touradas acabassem, essas pessoas não perderiam os seus empregos.
Contas feitas onde é que estão os milhares de postos de trabalho!
Milhares de pessoas neste país perderam os seus verdadeiros empregos e a taxa de desemprego aumenta a uma velocidade impressionante.
Se as touradas fossem abolidas amanhã nenhum posto de trabalho se perderia.
Esta é tão só uma das muitas mentiras que os aficionados apregoam!
Ontem, no debate na TVI, entre Inês Sousa Real deputada do PAN e Miguel Sousa Tavares, caçador e aficionado de touradas, este último, cego pela obscuridade da caverna onde vivem os tauricidas, demonstrou uma ignorância sobre o que é a tauromaquia e o que se passa ao seu redor, inadmissível numa figura que (diz que é) comentador daquela estação televisiva. No mínimo devia ter-se informado, mas foi para ali de olhos fechados, tal como no dia em que nasceu.
O Miguel acha lindas as praças de touros, e passa por cima do sofrimento dos bovinos, matéria sobre a qual demonstrou uma profunda ignorância. Nunca leu nada a propósito. Isso não lhe interessa. Uma argumentação paupérrima, ao nível do mais ignorante dos ignorantes tauricidas.
A Inês Sousa Real esteve muito bem. Poderia ter acrescentado que o mencionado “ Touro de Lide” não existe na Natureza (está tudo documentado) logo não se extingue, e ter levado os números e os nomes dos ganadeiros que vivem à custa dos nossos impostos e deslocam-se em carros de topo de gama.
Se hoje, o fim aos subsídios para torturar Touros não se concretizar, significa apenas que o parlamento está cheio de trogloditas que, além de não terem ainda evoluído, não servem os interesses de Portugal, mas tão- só o interesse privado de umas poucas famílias de parasitas da sociedade portuguesa.
Reparem no argumento do Miguel, em defesa da tauromaquia: «Quando é que proíbem os periquitos nas gaiolas». Ó Miguel Sousa Tavares: uma estupidez não se justifica com outra estupidez. O Periquito na Gaiola é outro filme. Não pertence ao filme " Torturar Touros para divertir sádicos», sim, porque só os sádicos se divertem com o sofrimento deoutro ser vivo.
Quando é que se proíbe Miguel de Sousa Tavares de dizer barbaridades em horário nobre?
1- Ninguém depende financeiramente apenas da tauromaquia. As pessoas que trabalham na área têm outros empregos
2- O financiamento público directo e indirecto ultrapassa os 16 milhões de euros por ano. Muitas são as câmaras que preferem atribuir milhares de euros para comprar bilhetes para touradas, enquanto as escolas do município caem de podres ou as estradas permanecem com buracos (ex: a Câmara de Santarém e a De Vila franca de Xira)
3- Os animais não foram postos no mundo com funções específicas. Isso é uma ideia humana, os humanos é que atribuem funções aos animais.
4- A questão do sofrimento animal é inegável, os touros são animais, mamíferos, possuem sistema nervoso e cérebro e logo a capacidade de sentir e processar a dor.
5- Enquanto seres humanos dotados de sensibilidade e da capacidade de sentir a dor, o sofrimento do outro, não podemos considerar correcto causar dor desnecessária tendo por base o argumento da tradição. As tradições evoluem no espaço e no tempo e não são argumentos para a nossa moralidade.
6- Tendo em conta o sofrimento envolvido, o facto de ninguém depender financeiramente apenas de touradas, e que vivemos num país pobre com escassez de recursos em várias áreas muito mais importantes na vida de todos, não faz sentido algum o estado atribuir mais de 16 milhões de euros por ano à indústria tauromáquica.
7- Se a Tauromaquia gera receitas (como o Miguel de Sousa Tavares diz) então para que que precisa de subsídios públicos?
Na passada segunda-feira, na TVI (Jornal das 8, do qual é editor) Miguel Sousa Tavares considerou uma «incoerência total» o retomar de todas as actividades culturais, à excepção da tortura de Touros (vulgo tauromaquia), logo no dia em que, cerca de uma centena de torturadores de touros (não lhes chamem artistas porque insultam e espezinham os verdadeiros artistas) se manifestaram em frente ao campo pequeno, contra a não abertura às bárbaras práticas tauromáquicas, de que aquele recinto é a catedral, em Lisboa, antes do início do primeiro de dois espectáculos do projecto Deixem o Pimba em Paz, de Bruno Nogueira e Manuela Azevedo.
E o Miguelito, que também é caçador, saiu-se com esta: «Eu não entendo como é que hoje e amanhã vai haver um concerto para duas mil e tal pessoas e não pode haver uma tourada. É um espectáculo igual. Como é que, mantendo as distâncias, pode haver um concerto e não pode haver um espectáculo que é uma tourada que se passa na arena? Não consigo perceber» acrescentando que «só há uma justificação: a perseguição às touradas continua».
Pois continua, Miguelito, primeiro porque as touradas não são um espectáculo, mas tão-só uma prática bárbara e medieval. A ser um “espectáculo” será simplesmente um “espectáculo macabro”, que não faz parte da civilização humana. Segundo, porque enquanto esta nódoa negra manchar o bom nome de Portugal, no mundo, haverá vozes que se levantarão contra as touradas, que são coisa de um passado que já passou há muito.
Por causa destas suas declarações, Miguel Sousa Tavares foi arrasado nas redes sociais, pois as suas pobres e tristes palavras, desadequadas na boca de um intelectual, não foram bem aceites por quem as ouviu. E o resultado foi este:
Mas o Miguel Sousa Tavares ainda está na TV porquê…?; Ontem Miguel Sousa Tavares voltou com a lengalenga das touradas serem cultura. Isto a propósito do espectáculo no Campo Pequeno do Bruno Nogueira. Tudo o que proporcionar, sofrimento e sangue não engrandece um país, simplesmente amesquinha os mais fracos. Que besta quadrada!; Eu não suporto o Miguel Sousa Tavares, o homem acabou de dizer que não percebe o porquê de abrirem o campo pequeno para concertos e para touradas não; O Miguel Sousa Tavares calado era poeta. Ele diz que é contraditório serem permitidos concertos e não serem permitidas touradas. Eu também acho contraditório existir uma lei que condena os maus-tratos a animais e ainda existirem touradas; Miguel Sousa Tavares, por favor não comparares um concerto a uma tourada, porque não são coisas comparáveis. Entendo a lógica da distância social e tal, mas não touradas não é cultura; Nós no meio de uma reabertura por causa da pandemia e o que Miguel Sousa Tavares tem a dizer em primeiro lugar é que há uma perseguição às touradas.
Também Nuno Markl se juntou às vozes do protesto, e no seu Instagram arrasou o Miguelito, que é muito boa pessoa, mas tem um monumental defeito, tal como todas as boas pessoas têm os seus defeitos, mas não tão monumentais. E o maior defeito dele é achar que torturar seres vivos é arte e cultura e um “espectáculo” IGUALao do Bruno Nogueira, sim, porque o Bruno Nogueira fartou-se de espetar bandarilhas em Touros e o sangue escorreu pelo chão do campo pequeno.
Nuno Markl achou que, mantendo as distâncias era óptimo, logo a começar pela distância entre o toureiro e o touro… Pediu «calma» a Miguel Sousa Tavares, e acrescentou que «de certeza [ou não] que o sangue já volta a correr. Mas, depois destes meses, não é egoísta querer que uma tradição [tradição, não, costume bárbaro] que é só para alguns se sobreponha a uma arte que é para todos?».
Enfim, enquanto, em Portugal, não se entender que as touradas não fazem parte do rol dos espectáculos civilizados; e os toureiros, forcados e afins não são artistas, mas tão-só torturadores/carrascos de Touros, as vozes dos que pugnam por uma sociedade mais humana, mais culta e mais civilizada far-se-ão ouvir por aí…
Uma douta intervenção do Dr. Vasco Reis, Médico-Veterinário, num comentário no Facebook, a propósito da aludida confrontação entre Civilização e Obscurantismo.
E pensar que os Touros são bovinos mansos, porque herbívoros, que se os deixarem em paz, pastam tranquilamente nos prados, como cordeirinhos...
E pensar que é a isto que os reduzem, para satisfazer o “gosto” dos miguéis sousas tavares do mundinho tauromáquico…
Massacre ilegal de Touro em Monsaraz, com crianças envolvidas, algo permitido pelas autoridades e governantes portugueses.
Vasco Reis Bravo ao José Pacheco Pereira pela sua argumentação tão correcta, corajosa e com muito sentido de ética. Creio que se deve reconhecimento a este digno cidadão abolicionista e agradecimento à sua tomada de posição pública, manifestando-se e argumentando contra a praga tauromáquica. Toda a solidariedade é importante para aqueles que o fazem!
É bom que se conheça o que o Miguel Sousa Tavares diz acerca de touros e de touradas, uma série de erros e de falácias, que os defensores da tauromaquia impingem como de costume e que não têm qualquer reconhecimento científico e nenhum sentido de ética. É democraticamente inaceitável a opinião que defende sobre a liberdade de se permitir a crueldade intrínseca da tourada, montra de maltrato animal, que antes, durante e após este "tradicional" evento representa de sofrimento psicológico e físico. Uma ideia vergonhosa de democracia para se continuar com a barbárie!
Talvez, o comentador em questão, que define o touro como animal de luta, sempre ao ataque, pudesse imaginar-se na situação do animal e viesse a mudar de mentalidade, se tivesse capacidade para tal. Pois, o animal é criado e habituado a um ser humano (pastor) ameaçador e tal, até com varapaus de comprimento imponente; apartado e transportado em pânico e em cubículo claustrofobizante; "preparado" para a lide com requintes e de maneira a perder força e capacidade; empurrado para a arena vindo da escuridão e ofuscado pelo sol; assustado pelo alarido; provocado pelos "artistas" a pé e a cavalo; esgotado; cravado de arpões, que tão cruelmente como foram espetados, assim são retirados. Seguem-se horas e dias depois deste "calvário" a sofrer acidose, febre e dores provocadas pelos ferimentos das bandarilhas, confinado e novamente transportado em pânico, até que uma morte sofrida lhe ponha termo a tanto sofrimento.
E porquê tudo isto? Para que haja negócio e porque gente como o aficionado Miguel Sousa Tavares adora esta luta, aliás (para ele "bailado"), que acha tão bela e tão valorosa e que importa manter esta tradição, que não considera cruel. A iniciativa deste frente a frente por parte da estação televisiva foi importante e contribui para conhecimento de argumentação pró tourada (que é indefensável) e de argumentação contra a tourada! (que é irrefutável)! Que malvadez para touros e cavalos, que prejuízo civilizacional para a sociedade e que desprestígio para Portugal.
"E aqui vemos o Miguel no seu habitat de domingo à noite. Que exemplar fabuloso! Observem esta majestosa criatura enquanto ela pasta no prado da ignorância e regurgita mitos ultrapassados sobre os véganes e sobre o ambiente.
A natureza nunca deixa de surpreender. Que espécimen maravilhoso!
Atenção! Parece estar a haver uma movimentação! Mas não, afinal era só diarreia."
- Lewis Vaitemborough
=P Só uma pequena resposta às declarações do Miguel Sousa Tavares relativamente às europeias 2019, ao PAN, os vegans, perdão, "véganes":
Um destes dias, publiquei um texto neste meu Blogue, no qual questionei o motivo que levou um cidadão português (?) (o actor Ricardo Pereira) a falar brasileiro, num programa dirigido aos portugueses lá de casa. Ver este link:
E a questão é: Portugal e Brasil falam a mesma língua?
A propósito disto, recebi alguns comentários, e imagens que circulam por aí, que deixam claro que Portugal e Brasil não falam a mesma língua. Porque em Portugal, fala-se Português, e no Brasil, fala-se Brasileiro.
Vamos conferir?
Neste site, seleccione-se a Língua: o Brasileiro é a língua (entre outras línguas estrangeiras). E em Brasileiro escreve-se projeto(prujêtu) claro está. Porque em Português escrevemos projeCto, e em Inglês projeCt.
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Até a Porto Editora sabe que não falamos a mesma Língua, embora este grupo editorial seja um dos que fomenta o negócio do AO90. Este dicionário é exclusivo para o Brasil, pois para Portugal existe este outro, exclusivo, em acordês.
E isto cheira a um nítido negócio da China.
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Observe-se com atenção a 2ª. bandeira na fila de baixo, das Línguas a bordo deste autocarro panorâmico, o Yellow Bus, que circula em Lisboa: nitidamente a bandeira é a brasileira, que corresponde à Língua Brasileira. A bandeira portuguesa está confinada ao 3º. lugar, na fila de cima, mas em casa de ferreiro, o espeto não é de pau? Conclusão: neste autocarro fala-sePortuguês eBrasileiro (entre outras línguas). Alguém duvida que são duas Línguas distintas?
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Neste vídeo José Saramago teve de ser legendado, sim, porque José Saramago fala Português, uma língua incompreensível no Brasil. Desconhecia que, no Brasil, programas, novelas ou filmes portugueses são legendados e dobrados (no Brasil, dublados, do Francês doublage) em Brasileiro (no tempo em que por lá andei, não eram, até porque não se emitia nada em português). Em Portugal isto é algo que não acontece com os programas, novelas e filmes brasileiros.
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Equador é uma série televisiva portuguesa de ficção histórica, de drama e romance, produzida pelo canal TVI, baseada na obra Equador, de Miguel Sousa Tavares. Os actores são portugueses e falam PORTUGUÊS, língua estrangeira para os Brasileiros, que necessita de ser dobrada, tal como o Inglês, o Francês e outras línguas estrangeiras.
Brasil e Portugal falam a mesma língua? Não me parece. Se falassem, não haveria necessidade de dobrar ou legendar o Português. Nenhum africano de expressão portuguesa o faz, porque eles falam e escrevem Português.
Qual a explicação para isto? Será a de que nós, Portugueses, somos mais dotados para as línguas estrangeiras do que os Brasileiros, por isso não necessitamos de legendar as novelas, os filmes e os programas brasileiros?
Para os Brasileiros, a Língua Portuguesa é língua estrangeira (tal como já é em Cabo Verde), para ser legendável e dobrável? Então? Não falamos a mesma língua?
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Este é um texto que encontrei no frasesparaoface.com, (um site brasileiro). E como este, há centenas deles, que circulam no “face” e levam até aos facebookianos este tipo de linguagem que, ao ser lida e relida e treslida, passa a ser a mais utilizada. E esta não é a linguagem portuguesa. Se os políticos portugueses e brasileiros pretendem que falemos a mesma língua, muita coisa tem de mudar da parte brasileira, porque os restantes países lusógrafos não escrevem deste modo anómalo. A Internet está repleta de uma linguagem a que chamam “português do Brasil ou brasileiro”, mas que de Português tem apenas vestígios. Este tipo de linguagem é exclusivamente brasileira.
Definitivamente, não me parece que Portugal e Brasil falem a mesma língua. E andam por aí trapaceiros portugueses a vender-nos gato por lebre. Comentei, perante tanta evidência.
E o meu amigo João M. Galizes respondeu-me assim:
«Claro que venderam gato por lebre aos incautos portugas-esponjas. Muitos portugueses absorvem facilmente as ideias que vêm de fora. Os negociadores pegaram em dois pulhíticos corruptos: o Molusco no Brasil, e o Filósofo, em Portugal, e no pseudo-linguista maleiro castelaca (com minúsculas, como o sujeito gosta), e disseram que iam uniformizar o Português - mentira - e que as crianças iam passar a escrever mais facilmente sem consoantes que atrapalhavam. No entanto, incentivam o uso do Inglês, em Portugal, que é uma Língua, como nós sabemos, que "não" tem consoantes desnecessárias!»
E a minha amiga Idalete Giga disse isto:
«Algo vai péssimo nesta república labrega e nova rica de Portugal (!) Como é possível que o tal actor se preste assim a cair num ridículo total? Isto já nem é pornografia linguística à maneira do dom Cangalheiro. É deboche (!!!!!)»
E o meu amigo Francis Likin, acrescentou:
«Há já algum tempo, creio que durante o Campeonato Mundial de Futebol, as autoridades brasileiras exigiram a um jornalista português a apresentação de uma TRADUÇÃO OFICIAL do seu PASSAPORTE PORTUGUÊS, para que pudesse dispor das credenciais oficiais e ser "acreditado" como jornalista português no Brasil durante esse mesmo campeonato!»
Duvidei disto, porque isto é um pouco DEMASIADO!
Contudo, Francis Likin insistiu: «Mas é VERDADE. É REAL. A desculpa dada pelas autoridades brasileiras é que a lei diz que todo e qualquer passaporte estrangeiro tem de ser traduzido para "português do Brasil" Isso circulou por aqui. Proibiram também uma miúda de 15 anos de ir para a Escola com uma camisola da Selecção Portuguesa. Só a do Brasil era permitida. Há muitos exemplos desses...»
Pasmei! Desconhecia isto.
E o meu amigo Pedro Soares comentou o que se segue, referindo-se aos governantes que temos e que permitem estas coisas que põem os portugueses abaixo de cão:
«Mas será que este desgraçado País está condenado a bater no fundo? Será que estamos condenados a esta gente medíocre, que em 44 anos não produziu um só Estadista? Quando chegará o D. Sebastião?...... Já chega de nevoeiro!»
Todos têm razão. Por tudo isto, não podemos baixar os braços. Não podemos deixar que a Língua Portuguesa seja deste modo desprezada, em nome de coisa nenhuma que valha a pena ser.
Cada um de nós tem de ser um D. Sebastião, para se acabar com este nevoeiro que obscurece Portugal e a sua Cultura Linguística.
Definitivamente, está na hora de o Brasil assumir a sua língua: a BRASILEIRA. Serão milhões a propagá-la, sem terem de arrastar atrás de si, o cordão umbilical do país que os colonizou. Não deixem para amanhã o que podem fazer hoje. Porque é certo e seguro, que o destino da língua falada e escrita no Brasil é o de ser BRASILEIRA. É o que eles querem, é o que eles farão. E eu concordo plenamente.
Ontem, decidi ouvir, no Jornal da Noite da TVI, o que Miguel Sousa Tavares tinha a dizer sobre o IVA das touradas e sobre a corajosa atitude da actual Ministra da Cultura, que considera que evoluir faz parte da Civilização (este é um recado para a Manuela Moura Guedes).
Os trogloditas acham que existe uma perseguição à tauromaquia.
O termo não é perseguição, é acção, acção em prol da evolução.
E já não é sem tempo! Basta de tanta incultura!
Na sua intervenção, Miguel Sousa Tavares começou por dizer: «Se calhar aquilo que a Ministra entende por civilização e civismo não é o mesmo que eu entendo».
Não é com toda a certeza. Nem pouco mais ou menos.
Sugiro a leitura deste texto, bastante actual, escrito em 2009, embora não seja acessível a mentes fechadas, para que se possa aferir o conceito hodierno de Cultura e Civilização:
Na sua intervenção, no Jornal da Noite na TVI, a alturas tantas, Miguel Sousa Tavares disse que «o PAN mete mais medo do que um Touro selvagem, na arena», disse que «o PAN aterroriza a Assembleia da República. Ah! Grande André Silva!
Bem, que o PAN (sempre o disse eu) é a mosca que incomoda o elefante, na Assembleia da República, é uma verdade incontestável.
Meterá medo, sim, porque as ideias inovadoras, que conduzem à evolução das sociedades, sempre assustaram as mentes medíocres.
Porém, que meta mais medo do que um Touro selvagem na arena!!!
Selvagem???
Como se os Touros fossem animais selvagens, por natureza! Como se os Touros não fossem bovinos, animais ruminantes, pacíficos, que gostam de pastar tranquilamente nos prados. E que, por ventura, se tornarão “selvagens”, em situação de legítima defesa, quando atacados por animais-humanos selváticos, tal como acontece a qualquer um de nós. Quem já não foi de meigo a selvagem diante do ataque de um animal-homem selvático? Eu já fui.
Estarreceu-me ouvir o Miguel dizer que nós, que pugnamos pela abolição das touradas, temos medo de que as crianças ao verem torturar touros na RTP, fiquem a gostar de touradas, como se as crianças fossem muito parvas, elas, que gostam de animais e ainda não têm as mentes deformadas, ficam horrorizadas com tais cenas sangrentas e brutais. E dizer que elas vêem coisas muito mais horríveis, por exemplo, nos videojogos, absolutamente impróprios para crianças, (e esta parte é verdade), comparando bonecos animados, que são esborrachados e mortos sem dó nem piedade, com touros vivos, que são torturados e sangrados ao vivo, é de uma falta de clarividência descomunal.
Mas o que não dizem os aficionados de selvajaria tauromáquica para defender o indefensável!
Para concluir, recomendo também a consulta do seguinte texto, para aferir o conceito de incultura, aquela da qual faz parte a tauromaquia:
Estes episódios repetem-se frequentemente, tão frequentemente que nos leva a reflectir sobre o “carácter” destes crimes.
Os caçadores são indivíduos com instintos assassinos. Se não o fossem, não se embrenhavam nos matos, para matarem, cobardemente, por mera diversão, animais inocentes, indefesos e inofensivos, que são surpreendidos e mortos no seu habitat, assim… sem mais nem menos…
(Origem da foto - «Pai atinge filho com tiro de caçadeira em Ponte de Lima»
A caça justificou-se nos primórdios do mundo, quando a Humanidade dava os seus primeiros passos.
O homem primitivo teve necessidade de caçar, para subsistir, como qualquer dos outros animais que com ele partilhavam (e ainda partilham) o planeta Terra.
Mas à medida que foi evoluindo, e ao tornar-se agricultor, a caça deixou de ser uma actividade básica do homem.
Contudo, depois disso, uma parte dessa Humanidade não conseguiu evoluir, e não evoluindo, os instintos primitivos que obrigavam o homem a matar outros animais (mas a matar sem crueldade, como desde sempre o fizeram todos os animais ditos irracionais e carnívoros) permaneceram quase imutáveis, e ainda hoje vemos tribos caçadoras, muito primitivas, que ainda caçam para subsistirem, na selva, onde a civilização ainda não entrou.
Porém, uma parte, dessa parte da Humanidade não evoluída, desenvolveu esses instintos assassinos, e fez da caça um desporto, matando pelo simples prazer de matar. Algo que sempre esteve ligado à realeza, às classes mais altas, por ser “chique” ir à caça…e que depois se estendeu à plebe.
E a partir daqui é que estas histórias trágicas de assassinatos a tiro de caçadeiras começaram a expandir-se.
Quando o instinto assassino lateja nas entranhas de um indivíduo, qualquer pretexto, qualquer contrariedade leva o caçador a matar. E não lhe interessa qual seja o animal. Será o que estiver mais à mão: humano ou não-humano.
Os mais desesperados suicidam-se depois. Os mais cobardes fogem ou deixam-se apanhar, tendo de arcar com a consequência dos seus actos. Mas nada aprendem.
Ora este instinto assassino teria tendência a dissolver-se, caso não fosse a caça uma modalidade desportiva, disfarçada de “necessária para o ecossistema”. Caso os lobbies dos caçadores e o da venda de armas não fossem poderosos e incentivadores deste instinto assassino. Caso os governantes tivessem a coragem de legislar a favor da evolução, da civilização e da cultura culta.
Enquanto não houver consciência, bom senso, responsabilidade e sensibilidade para as questões da Ética Animal, estes crimes continuarão a acontecer, pelas localidades mais atrasadas civilizacionalmente, onde uma boa fatia do povo ainda vive num estádio ainda muito primitivo. Mas não só.
Nem de propósito, ontem estive a ler uma entrevista de Sophia de Mello Breyner ao Jornal de Letras, nº 468, de 25 de Junho de 1991, e a alturas tantas o José Carlos de Vasconcelos (o entrevistador e director do jornal) afirmou:
- O seu pai estava ligado à alta burguesia do Porto.
Ao que Sophia respondeu:
- Mas era uma pessoa muito original. O que gostava era de caçar, da natureza, dos jardins e dos cães.
Agora entendo por que Miguel Sousa Tavares, filho de Sophia e neto do caçador que fazia parte da alta burguesia do Porto, diz o que diz e é o que é em relação à sua apetência por touradas e pela caça, e à sua aversão pelos animais não-humanos.
Alguém que gosta da caça, mas também da natureza, de jardins e de cães, não pode ser original. Será outra coisa, será tudo, menos original. Que Sophia me perdoe.
Alguém que goste de caçar, não pode gostar da Natureza, da qual os animais caçados fazem parte. Alguém que goste de caçar não tem a noção do ser cósmico. Alguém que goste de caçar está reduzido a uma dimensão meramente terrena, ainda pouco evoluída, pertença à burguesia, à realeza ou à plebe.
Quem não respeita um animal não-humano, não respeitará o animal humano, e muito menos respeitará a si próprio.
E então os títulos de matanças surgem como cogumelos em matas húmidas:
- Homem mata pais e avó a tiro de caçadeira (Montemor-o-Velho)
- Mata ex-militar a tiro de caçadeira (Vinhais)
- Pai atinge filho com tiro de caçadeira (Ponte de Lima)
- Desavença termina com dois tiros de caçadeira (Alcochete)
- Jovem de 18 anos baleado a tiro de caçadeira (Almancil)
- Foi provocado em casa e matou rival com tiro de caçadeira (Santiago do Cacém)
- Jovem morto a tiros de caçadeira (Ferreira do Alentejo)
- Tragédia com morte a tiros de caçadeira (Mafra)
- Mata mãe a tiro de caçadeira (Paderne)
Estes são apenas alguns dos inúmeros títulos que podemos encontrar numa busca, no Google. Reparem nos nomes das localidades onde estes crimes foram cometidos. Não vos dizem nada?
Até quando os caçadores e as suas caçadeiras vão andar por aí a matar animais humanos e não-humanos, apenas porque o instinto de matar, seja quem for (coelho, raposa, perdiz, javali, cão, gato, pai, mãe, filho, irmão, avós, vizinho, mulher) fala mais alto do que qualquer outro instinto mais humano?
Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.
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