«Edifício histórico com 200 anos albergava colecções únicas, que terão desaparecido no fogo (Jornal Público).
(Isabel A. Ferreira)
Era assim o Museu Nacional do Rio de Janeiro…
… completamente destruído por um fogo que apagou a História do Brasil.
Um incêndio maciço destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro. O fogo deflagrou neste domingo no edifício com 200 anos e terá queimado mais de 20 milhões de objectos museológicos, como peças de arqueologia e outras colecções históricas. Era um dos maiores acervos histórico e científico do país.
A destruição do palácio, que chegou a ser a residência imperial, foi “uma perda incalculável para o Brasil”, disse o Presidente Michel Temer num comunicado. “Duas centenas de anos em trabalho, investigação e conhecimento foram perdidas.”
Ainda não se conhece a possível origem do fogo, nem se houve algum ferido ou morto devido ao incêndio. Os bombeiros do Rio não responderam a nenhum comentário sobre o incêndio. O incêndio deflagrou após o encerramento do horário de visitas ao museu, às 17h (21h em Lisboa) de domingo, e continuou a queimar durante a noite.
Falta de água nas bocas de incêndio prejudicou combate
De acordo com o comandante-geral dos bombeiros, Roberto Robadey, as duas bocas-de-incêndio localizadas na área do museu estavam sem água, o que dificultou o combate às chamas. Os bombeiros tiveram de esperar por camiões-cisterna. À Folha de S. Paulo, o comandante dos bombeiros diz ter accionado a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), mas o problema não foi resolvido.
Diz ainda Robadey que o tipo de construção e o conteúdo do museu acabaram por contribuir para a proporção do incêndio, uma vez que o prédio, para além de antigo, continua peças guardadas em álcool.
Ao mesmo jornal, o comandante afirmou que, numa primeira análise, as autoridades acreditam que não existe risco de desabamento do edifício. "É um edifício muito antigo, com paredes grossas. Os engenheiros analisaram e não detectaram risco por enquanto."
"Uma tragédia anunciada", diz Marina Silva
"A catástrofe que ainda atinge o Museu Nacional neste domingo equivale a uma lobotomia na memória brasileira. O acervo da Quinta da Boa Vista contém objectos que ajudaram a definir a identidade nacional, e que agora estão virando cinza", declarou a candidata presidencial Marina Silva. "Infelizmente, dado o estado de penúria financeira da UFRJ e das demais universidades públicas nos últimos três anos, esta era uma tragédia anunciada", analisou a política brasileira, na sua página de Facebook.
Os problemas financeiros
Durante anos, o museu foi negligenciado por muitos governos, explicou o vice-director da instituição à televisão Globo. “Nunca tínhamos nada do governo federal”, disse Luiz Duarte. “Recentemente finalizámos um acordo com o BNDES [banco público associado ao Governo] para um investimento maciço, para que pudéssemos finalmente restaurar o palácio e, ironicamente, planeámos a instalação de um sistema de prevenção de incêndios novo.”
"O arquivo de 200 anos virou pó. São 200 anos de memória, ciência, cultura e educação, tudo transformado em fumo por falta de suporte e consciência da classe política brasileira", afirmou o responsável, sublinhando: "O meu sentimento é de imensa raiva por tudo o que lutamos e que foi perdido na vala comum".
Segundo disse, no aniversário de 200 anos da instituição nenhum ministro de Estado aceitou participar da comemoração: "É uma pequena mostra do descaso", sublinhou.
Em 2015, o museu chegou a ficar fechado por dez dias depois de uma greve de funcionários da limpeza, que reclamavam salários atrasados. Os alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da universidade chegaram mesmo a criar "memes" (imagens ou vídeos que se espalham de forma viral) em que mostravam fósseis à espera de verba, ironizando os cortes.
Nas redes sociais, investigadores, políticos, alunos e professores brasileiros partilham depoimentos, lamentando o ocorrido e atribuindo a tragédia aos cortes orçamentais dos últimos anos.
Museu era um dos mais ricos do país
O edifício, inaugurado em 1818 e fundada por D. João VI, de Portugal, estava ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro e ao Ministério da Educação. Nele estavam guardadas colecções de referência, como artefactos egípcios e os fósseis humanos mais antigos do Brasil. Nas colecções de Etnologia estavam expostos objectos que mostravam a riqueza da cultura indígena, cultura afro-brasileira, culturas do Pacífico.
Segundo a edição brasileira do El País, o acervo tinha ainda o maior e mais importante acervo indígena e uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do Brasil.
Num comunicado colocado no site em Junho, o BNDES acordou em financiar o museu com 21,7 milhões de reais (4,5 milhões de euros) para “restaurar o edifício histórico” e também para “garantir uma maior segurança das suas colecções”.
Fonte da notícia e imagens:
Jornal Público
O presidente da República Federativa do Brasil, Michel Temer, sancionou a Lei 13.364, que reconhece a ignominiosa prática da vaquejada e do rodeio (pasme-se o mundo civilizado!) como patrimónios culturais imateriais e manifestações da cultura do Brasil.
Ou seja, esta cobarde agressão a um indefeso bovino, que podemos ver neste vídeo, passou a ser património de um país.
Acreditam?
Há cerca de dois meses o Supremo Tribunal Federal havia proibido esta prática que considerou causar sofrimento aos animais, agredindo os princípios de preservação do meio ambiente, presentes na Constituição.
«PEC 50/2016 (das Vaquejadas). Comissão cheia. Discutido (não, não foi) e aprovado na CCJ do Senado. Em menos de 2 minutos. NENHUM (eu disse NENHUM!) voto contrário. Aplausos na comissão» (retirado do Facebook).
Michel Temer, surdo a todos os apelos de organizações e activistas animalistas internacionais, e aos milhares de brasileiros que se manifestaram nas ruas de várias cidades, contra esta prática cobarde, violenta e cruel contra um ser vivo senciente e indefeso, sancionou uma lei, que passa a constar do rol das vergonhosas acções levadas a cabo por governantes.
Em nome de quê?
Em nome da ESTUPIDEZ, de que só o VIL METAL é capaz.
Como lamento, pelos Bovinos que serão sacrificados em nome desta ESTUPIDEZ!
Vaquejada: sofrimento do boi e do cavalo.
Foto Orlando Brito origem:
https://osdivergentes.com.br/ivanir-bortot/1083rbpqejffnvb-q98r8jg/
Para memória futura aqui fica registada esta vergonha:
LEI Nº 13.364, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2016
Eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais, à condição de manifestação cultural nacional e de património cultural imaterial.
O presidente da República Federativa do Brasil: Michel Temer
Sim, é bom que se envergonhe, presidente Temer!!!!!!
«Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais, à condição de manifestações da cultura nacional e de património cultural imaterial.
Art. 2º O Rodeio, a Vaquejada bem como as respectivas expressões artístico-culturais, passam a ser considerados manifestações da cultura nacional.
Art. 3º Consideram-se património cultural imaterial do Brasil o Rodeio, a Vaquejada e expressões decorrentes, como:
I – montarias;
II – provas de laço;
III – apartação;
IV – bulldog;
V – provas de rédeas;
VI – provas dos Três Tambores, Team Penning e Work Penning;
VII – paleteadas; e
VIII – outras provas típicas, tais como Queima do Alho e
concurso do berrante, bem como apresentações folclóricas e de músicas de raiz.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 29 de Novembro de 2016; 195° da Independência e 128° da República.
MICHEL TEMER
Alexandre de Moraes
SHAME ON YOU, BRASIL!
Isabel A. Ferreira
Vaquejada
Apelo de uma cidadã que vive inserida num mundo que pertence ao século XXI D.C.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Doutor Michel Temer
Excelência:
Tendo conhecimento de que está nas mãos de Vossa Excelência o poder de vetar o Projecto de Lei 24/2016, que visa proteger a violenta e cruel vaquejada como património cultural, que o Congresso Nacional, inacreditavelmente, aprovou, atrevo-me a apelar a Vossa Excelência que apoie a decisão do Supremo Tribunal Federal, que considerou inconstitucional esta prática bárbara.
Motivos básicos para o meu apelo:
1 – A vaquejada é uma actividade violenta, cruel e ofensiva aos mansos e herbívoros Bovinos, que, numa situação indefesa, são atacados cobardemente, por seres que dizem pertencer à espécie humana.
2 – A vaquejada é uma prática irracional, que está completamente ultrapassada e que não se justifica nos tempos modernos, nem se harmoniza com a evolução da Humanidade.
3 - Estas práticas são de uma violência extrema e demonstram uma enorme falta de respeito para com os Bovinos, seres sencientes e profundamente sensíveis (pois se até uma mosca os incomoda) provocando-lhes um sofrimento inenarrável e inútil, tanto físico como psicológico.
4 – A vaquejada é uma actividade bárbara e primitiva, que em nada dignifica a essência do ser humano, tortura animais inofensivos e indefesos, e envergonha o Brasil, um país que tem tudo para ser grande, mas nunca o será, enquanto apoiar estas práticas terceiro-mundistas, uma vez que, segundo Mahatma Gandhi, «a grandeza de um país mede-se pelo modo como ele trata os seus animais não-humanos».
5 - Num país que se quer civilizado e desenvolvido não se admite que animais não-humanos sejam perseguidos, torturados e mutilados em nome do entretenimento.
6 - Não pode considerar-se entretenimento a violência e a crueldade exercida sobre um ser vivo indefeso.
7 - A maioria da sociedade brasileira afirma-se hoje contra a obscena cultura de violência que a vaquejada representa.
8 – Os Brasileiros, como o restante mundo civilizado, apelam para que o Brasil seja um país evoluído e progressista onde os animais não-humanos sejam bem tratados, protegidos e respeitados.
9 – A prática da vaquejada além de integrar comportamentos brutos sobre um animal não-humano, constitui também um perigo para os praticantes.
10 – A nossa liberdade termina onde começa a liberdade de outro ser senciente, neste caso, a liberdade de Bovinos indefesos. O mundo evoluiu. Foram-se dando direitos aos seres humanos considerados, durante muitos séculos, seres sem alma: escravos, mulheres, crianças e animais não-humanos. A evolução tem passado ao lado de países onde ainda se mantém estas práticas bárbaras contra animais não-humanos. Porém, actualmente, os Direitos Universais dos Animais Não-Humanos são uma questão fundamental. Tal como foi em tempos a abolição da escravatura, que também teve os seus opositores, mas a racionalidade acabou por vencer, em nome da evolução da inteligência e consciência humanas, que nunca aconteceu em simultâneo a todos os seres humano: os mais conscientes lutam, e as leis vão mudando; os outros, menos evoluídos, acabam por ter de aceitar e ir a reboque... Sempre foi assim, e assim sempre será.
Por isso, se o Brasil não quiser ficar para trás na escala da evolução, tem de começar a olhar para os animais não-humanos, com olhos compassivos, e tentar sentir e compreender que apesar de eles terem uma fisionomia e algumas características diferentes das nossas, têm tanto direito a viver uma vida em liberdade, com saúde e bem-estar, quanto nós. Afinal, são nossos companheiros na aventura da Vida no Planeta Terra.
11 – A vaquejada não tem mais lugar numa sociedade civilizada. O ser humano tem evoluído no sentido de cada vez mais respeitar o sofrimento e vida dos animais e, por esse motivo, as vaquejadas têm vindo a ser repudiadas por todo o mundo civilizado. Trata-se de uma actividade bárbara que não serve absolutamente nenhum interesse do ser humano, mas apenas o interesse económico de alguns, e o de uma minoria que insiste em alimentar e perpetuar este “gosto” mórbido, leviano e sádico de se entreter à custa do sofrimento de um animal herbívoro, que mais não quer do que, pacificamente, pastar e conviver com os da sua espécie.
12 – As vaquejadas promovem a violência gratuita, deseducam as crianças que a elas assistem, inclusive provocam-lhes traumas (estudos provaram-no), representam uma afronta à Ciência que já demonstrou e provou sobejamente que os Bovinos são animais sencientes e conscientes, tal como nós, animais humanos.
Motivos científicos comprovados:
1 - Em Março de 2012, um grupo de neurocientistas de renome internacional, declarou pela Universidade de Cambridge que todos os mamíferos, aves, répteis e outros animais de várias espécies, além de serem sencientes têm também consciência. Quer isto dizer, que têm plena noção do que se passa à sua volta e que, tal como o animal humano, têm a capacidade de experimentar sofrimento físico e emocional, como dor, tristeza, medo, stress, pânico, mas também alegria, amor e emoção. Não há de facto, aos olhos da ciência e de qualquer pessoa civilizada e compassiva, diferenças fundamentais entre nós humanos e os restantes animais não-humanos.
2 - Segundo o Médico Veterinário Dr. Vasco Reis, as vaquejadas «contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais humanos e não-humanos. No que respeita ao sofrimento e desenvolvimento de afectos eles estão ao nível dos seres humanos».
2 - A utilização de animais não-humanos, submetidos à violência e à brutalidade, não pode ser branqueada como «espectáculo que não tem sangue e é só para divertir o povo». Será para um povo sedento de violência.
3 – Ainda que não haja sangue (como por exemplo nas touradas), «a vaquejada provoca grande sofrimento aos animais, e contribuem para a perda de sensibilidade das pessoas, e para o gosto pela crueldade e violência».
4 – A vaquejada é uma prática fútil, sádica e cobarde, que revela um grande atraso civilizacional, por parte de quem a pratica, a aplaude e a apoia.
Posto isto, apelo ao raciocínio humano e à sensibilidade de Vossa Excelência, para que reflicta sobre este assunto e tome a decisão mais civilizada: a de vetar o Projecto de Lei 24/2016.
Esta é, sem dúvida, uma oportunidade única para Vossa Excelência ficar na História, como o Presidente que conduziu o Brasil para a Civilização e Modernidade, banindo do país uma prática terceiro-mundista.
Com os meus mais cordiais cumprimentos,
Isabel A. Ferreira