Extraordinário texto do cronista e escritor Walter Ramalhete, publicado no jornal online Figueira na Hora.
Nunca li nada tão extraordinariamente real.
Uma descrição perfeita, magnífica, sobre a verdade obscena das touradas.
Uma leitura absolutamente obrigatória para os que odeiam, mas também para os que amam as touradas…
Este texto é um monumento à ridícula prática tauromáquica.
Isabel A. Ferreira
… consciente do efeito visual - projecta, premeditadamente, as pudendas partes, artificialmente avolumadas e parcimoniosamente espartilhadas, na direcção de algumas sobreexcitadas damas, com as entre coxas entumecidas por inconfessáveis devaneios, acirrados pelo cheiro a sangue…
Texto de Walter Ramalhete
«Horrorizado, li, que quando um touro mata um toureiro, toda a manada donde proveio é, também, sacrificada. A ser verdade…
Que hedionda vingança!
Que hedionda cobardia!
Estes…, estes,…estes, … - entre tantas palavras que me ocorrem, não consigo encontrar nenhuma, suficiente, para os qualificar -… estas malvadas criaturas, sabem muito bem aquilo que fazem. Com este procedimento, eliminariam um “apuramento”, suprimiriam uma selecção genética, que “A tempo “, poderia redundar na consolidação duma estirpe de animais mais apta, mais ferozmente defensiva que, com maior frequência, passaria a reclamar o seu sangue, com sangue igualmente derramado nas arenas, pelos seus cobardes torturadores. Na verdade, deixar correr naturalmente o curso evolutivo genético, poderia redundar na “troca por troca” ; “ olho por olho, dente por dente”; “ sangue por sangue”; “ moeda por moeda”, como é da mais elementar justiça de Talião!
Mas não!
Por falta de coragem e astuta cobardia, retiram-no da sua casa. Retiram-no dos amplos prados verdejantes, que percorre com mansidão e garboso porte, onde, a sua imponente silhueta é recortada pelo sol, que dele, projecta uma sombra altiva e intimidatória.
Ao invés!
Encerram-no num curro claustrofóbico, depois de horas de viagem, sob calor, fome, sede e, frequentemente, já num estado febril. Por fim, lançam-no numa arena, cercada por barreiras e camarotes apinhados de gentalha, de bêbados, marialvas, coristas e “galifões de crista” que vociferam brados e olés. Lançam-no num espaço confinado e com uma forma geométrica que lhe é totalmente desconhecida.
Fica cercado, envolvido por guizos, chocas, cornetas, cornetins, capotes, mantilhas pretas e uma algazarra intimidante. Por detrás daquela multidão ululante, - e daquele triste “espectáculo”, rebordado por pasodobles vomitados por estridentes cornetas e fanhosos cornetins -, um “machito” espartilhado por roupas reluzentes e coloridas que realçam músculos e volumes ilusórios, falsa e artificialmente aumentados e evidenciados por gestos, passos e compassos duma lúgubre “dança”, escudado por solícitos e atentos peões de brega, bandarilheiros, forcados, cavaleiros e outros tantos patéticos e sinistros actores menores, dá início a um trágico ritual de morte.
Ritual que abre com um cavaleiro que, munido duma lança convenientemente comprida, a espeta no dorso do animal, picando-o vezes sucessivas, por forma a causar-lhe dor e sofrimento desnorteantes. Já diminuído e desnorteado, é ainda mais fatigado por sucessivas verónicas, enfunadas por estirados rodopios em bicos dos pés do “toureador”, rodopios que lhe retesam o corpo, como que acometido por um torpor orgástico, enquanto que – consciente do efeito visual - projecta, premeditadamente, as pudendas partes, artificialmente avolumadas e parcimoniosamente espartilhadas, na direcção de algumas sobreexcitadas damas, com as entre coxas entumecidas por inconfessáveis devaneios, acirrados pelo cheiro a sangue.
Damas que, mais tarde, se submeterão, furiosamente, às estocadas dos usados, mas não ousados marialvas. Já mais lesto, febril, e a sentir-se a desfalecer, é impiedosamente bandarilhado. Não apenas uma vez, nem duas, nem três, mas, enquanto mostrar uma réstia de vitalidade e arremesso. Entretanto, este massacre é acompanhado com gáudio, brados, olés, pasodobles, palmas, e outros vociferantes sons exteriorizados numa histeria colectiva.
Finalmente, arfante, por vezes, já a expelir sangue pela boca, humilhado através de sucessivos passes de muleta, passes que antecedem a morte – morte que, por vezes finta o touro e colhe o energúmeno toureiro - avança, enfraquecido, com o discernimento reduzido, com os reflexos embutidos por tanta dor.
Avança com coragem, com nobreza, com uma dignidade inaudita. Vai. Vai sobre as suas próprias patas, – de uma forma exemplarmente digna –, vai colher a morte libertadora e consoladora que põe termo a tanta crueldade, sofrimento e humilhação.
Desta forma, o tido por irracional - mortalmente estocado com arte de assassino - curva lentamente os quartos dianteiros e superioriza-se à verdadeira besta, ao seu algoz, ao patético “dançarino”.
A turba vociferante, saciada de inocente sangue, entra em êxtase! Atinge-se o clímax da estupidez e da selvajaria. Termina o atroz e vil espectáculo. O cadáver do malogrado “herói” é preso a correntes e é arrastado para fora da arena, ficando, por surda testemunha, um enorme rasto de inocente sangue.
Em contrapartida, o marreco mental, o vilão, entre vivas, olés e pasodobles é ovacionado e levado em ombros por uma turba ululante que grasna patéticos e quejandos sons, ritmadamente acompanhados pela esganiçada fanfarra. Até que, - um dia que espero muito próximo - esta “prática” primária, gratuitamente violenta e absurda, esta nódoa vergonhosa na história da humanidade, seja definitivamente erradicada pela sua incontornável evolução.
Assim como foi com a hedionda escravatura, assim será com a não menos hedionda tauromaquia!»
Fonte: http://www.figueiranahora.com/opiniao/gosto-de-touros-odeio-touradas-e-abomino-toureiros-
Extraordinário texto de Walter Ramalhete, publicado no jornal online Figueira na Hora.
Nunca li nada tão extraordinariamente real.
Uma descrição perfeita, magnífica, sobre a verdade obscena das touradas.
Uma leitura absolutamente obrigatória para os que odeiam, mas também para os que amam as touradas…
… consciente do efeito visual - projecta, premeditadamente, as pudendas partes, artificialmente avolumadas e parcimoniosamente espartilhadas, na direcção de algumas sobreexcitadas damas, com as entre coxas entumecidas por inconfessáveis devaneios, acirrados pelo cheiro a sangue…
Texto de Walter Ramalhete
«Horrorizado, li, que quando um touro mata um toureiro, toda a manada donde proveio é, também, sacrificada. A ser verdade…
Que hedionda vingança!
Que hedionda cobardia!
Estes…, estes,…estes, … - entre tantas palavras que me ocorrem, não consigo encontrar nenhuma, suficiente, para os qualificar -… estas malvadas criaturas, sabem muito bem aquilo que fazem. Com este procedimento, eliminariam um “apuramento”, suprimiriam uma selecção genética, que “A tempo “, poderia redundar na consolidação duma estirpe de animais mais apta, mais ferozmente defensiva que, com maior frequência, passaria a reclamar o seu sangue, com sangue igualmente derramado nas arenas, pelos seus cobardes torturadores. Na verdade, deixar correr naturalmente o curso evolutivo genético, poderia redundar na “troca por troca” ; “ olho por olho, dente por dente”; “ sangue por sangue”; “ moeda por moeda”, como é da mais elementar justiça de Talião!
Mas não!
Por falta de coragem e astuta cobardia, retiram-no da sua casa. Retiram-no dos amplos prados verdejantes, que percorre com mansidão e garboso porte, onde, a sua imponente silhueta é recortada pelo sol, que dele, projecta uma sombra altiva e intimidatória.
Ao invés!
Encerram-no num curro claustrofóbico, depois de horas de viagem, sob calor, fome, sede e, frequentemente, já num estado febril. Por fim, lançam-no numa arena, cercada por barreiras e camarotes apinhados de gentalha, de bêbados, marialvas, coristas e “galifões de crista” que vociferam brados e olés. Lançam-no num espaço confinado e com uma forma geométrica que lhe é totalmente desconhecida.
Fica cercado, envolvido por guizos, chocas, cornetas, cornetins, capotes, mantilhas pretas e uma algazarra intimidante. Por detrás daquela multidão ululante, - e daquele triste “espectáculo”, rebordado por pasodobles vomitados por estridentes cornetas e fanhosos cornetins -, um “machito” espartilhado por roupas reluzentes e coloridas que realçam músculos e volumes ilusórios, falsa e artificialmente aumentados e evidenciados por gestos, passos e compassos duma lúgubre “dança”, escudado por solícitos e atentos peões de brega, bandarilheiros, forcados, cavaleiros e outros tantos patéticos e sinistros actores menores, dá início a um trágico ritual de morte.
Ritual que abre com um cavaleiro que, munido duma lança convenientemente comprida, a espeta no dorso do animal, picando-o vezes sucessivas, por forma a causar-lhe dor e sofrimento desnorteantes. Já diminuído e desnorteado, é ainda mais fatigado por sucessivas verónicas, enfunadas por estirados rodopios em bicos dos pés do “toureador”, rodopios que lhe retesam o corpo, como que acometido por um torpor orgástico, enquanto que – consciente do efeito visual - projecta, premeditadamente, as pudendas partes, artificialmente avolumadas e parcimoniosamente espartilhadas, na direcção de algumas sobreexcitadas damas, com as entre coxas entumecidas por inconfessáveis devaneios, acirrados pelo cheiro a sangue.
Damas que, mais tarde, se submeterão, furiosamente, às estocadas dos usados, mas não ousados marialvas. Já mais lesto, febril, e a sentir-se a desfalecer, é impiedosamente bandarilhado. Não apenas uma vez, nem duas, nem três, mas, enquanto mostrar uma réstia de vitalidade e arremesso. Entretanto, este massacre é acompanhado com gáudio, brados, olés, pasodobles, palmas, e outros vociferantes sons exteriorizados numa histeria colectiva.
Finalmente, arfante, por vezes, já a expelir sangue pela boca, humilhado através de sucessivos passes de muleta, passes que antecedem a morte – morte que, por vezes finta o touro e colhe o energúmeno toureiro - avança, enfraquecido, com o discernimento reduzido, com os reflexos embutidos por tanta dor.
Avança com coragem, com nobreza, com uma dignidade inaudita. Vai. Vai sobre as suas próprias patas, – de uma forma exemplarmente digna –, vai colher a morte libertadora e consoladora que põe termo a tanta crueldade, sofrimento e humilhação.
Desta forma, o tido por irracional - mortalmente estocado com arte de assassino - curva lentamente os quartos dianteiros e superioriza-se à verdadeira besta, ao seu algoz, ao patético “dançarino”.
A turba vociferante, saciada de inocente sangue, entra em êxtase! Atinge-se o clímax da estupidez e da selvajaria. Termina o atroz e vil espectáculo. O cadáver do malogrado “herói” é preso a correntes e é arrastado para fora da arena, ficando, por surda testemunha, um enorme rasto de inocente sangue.
Em contrapartida, o marreco mental, o vilão, entre vivas, olés e pasodobles é ovacionado e levado em ombros por uma turba ululante que grasna patéticos e quejandos sons, ritmadamente acompanhados pela esganiçada fanfarra. Até que, - um dia que espero muito próximo - esta “prática” primária, gratuitamente violenta e absurda, esta nódoa vergonhosa na história da humanidade, seja definitivamente erradicada pela sua incontornável evolução.
Assim como foi com a hedionda escravatura, assim será com a não menos hedionda tauromaquia!»
Fonte:
http://www.figueiranahora.com/opiniao/gosto-de-touros-odeio-touradas-e-abomino-toureiros-
(Noções científicas que caracterizam estes três mamíferos, e podem ser confirmadas por qualquer cientista honesto)
Origem da foto: http://acucar-e-arte.blogspot.pt/2011_09_01_archive.html
Por Dr. Vasco Reis (Médico Veterinário – Aljezur)
1ª - O desenvolvimento embrionário é idêntico nas primeiras fases e pouco diverge nas fases seguintes, além de aspectos morfológicos e de alguns órgãos não essenciais.
2ª - Pode verificar-se que o esquema anatómico (aparelhos e sistemas) é comum; fisiologia e neurologia são idênticas.
3ª - A semelhança de sistema nervoso (centros nervosos, nervos) é flagrante.
4ª - A partir de encéfalos (central onde se processa o sentir, o pensar, o compreender, o decidir, o reagir) com estruturas correspondentes nas três espécies, é de se esperar que senciência/sentidos, consciência, sentimentos, estados de disposição, reacções sejam muito semelhantes nas três.
5ª - Os vários comportamentos confirmam isso mesmo, implicando semelhanças de necessidades (ar, alimento, água, movimento, espaço, liberdade); de sentidos; de consciência do que se passa à volta; de sentimentos; de humores; de reacções a agressão, dor, ferimento, susto, prisão, cio; de confiança e desconfiança; de amizade; de sentido de guarda e de protecção; de ligação sentimental maternal, filial, paternal, fraternal, de grupo; de gosto por carícia, por desafio, por provocação, por brincadeira, etc..
6ª Agressão a um touro ou a um cavalo - seres sencientes - é causadora de sofrimento, não muito diverso do que sofreria um ser humano em circunstâncias análogas.
7ª - Sofrimento físico (dor) é fundamental para compelir o ser a defender-se, a afastar-se do agente causador e a procurar segurança e alívio. A dor é assim fundamental e imprescindível para a defesa e a sobrevivência do ser e da espécie.
8 ª - Não é reacção que se ponha de lado com mais ou menos excitação ou com mais ou menos hormonas (ao contrário do que Illera pretende na sua pseudo-ciência).
9ª - As plantas são seres desprovidos de sistema nervoso e, portanto, não podem sentir dor, não têm consciência, não podem reagir rapidamente, não podem fugir. Não sofrem!
***
Os animais não humanos têm consciência e sentimentos não muito diferentes dos nossos, o que um senso comum desperto compreende e como a ciência comprova.
Os bovinos vivem em grupo (manada) habitualmente e aí mantêm laços de companhia, solidariedade e, também de tranquilidade e habituação em relação ao sítio.
O sofrimento físico causado por violência (perseguição, captura, contenção, e castigo por aguilhão eléctrico, prisão, aperto na caixa de transporte, movimento e travagens do veículo) é acompanhado de enorme sofrimento psicológico (separação do grupo e do sítio, percepção da violência humana, claustrofobia, etc.).
E isto é só o início do martírio imposto pela tauromaquia. Não há paliativos eficazes a não ser a total abolição desta prática cruel.
Estes ferros, espetados nas costas de um homem, doem tanto como espetados no lombo de um Touro. Comprovadamente.
Testemunho de Estela Lourenço, a quem agradeço a permissão para publicar estas palavras
«Eu fui testemunha do sofrimento atroz que provocam aos touros, dentro, e pior ainda, depois das touradas. Sobrinha de um toureiro e matador de touros, virei-lhe as costas quando atingi a idade de compreender que afinal os touros sentem dores e muito, no dia em que desmaiei ao ver o que fizeram a um touro depois da corrida, quando lhe tiravam os ferros e ouvir os berros agonizantes do animal...
Estive décadas que nem pelo telefone falava com o meu tio, que durante anos me tentara convencer de que os touros não sentiam dores.
Foi marcante Isabel, eu estive 3 dias cheia de febre e com o médico á cabeceira da cama. Estava sempre a ouvir os berros de agonia do pobre animal, naquela altura não havia psicólogos, ou se havia, estavam incógnitos, mas bem que precisei de um, porque arrastei até aos dias de hoje os berros do animal na minha mente.
Não conto o que vi fazer, porque é mau demais, eu que por várias vezes tinha "brincado" com touros nas lezírias. Eles quando estão em manada, deitados, são pachorrentos, o pior é quando algum se tresmalha, porque o instinto do animal não é matar ou ferir, é defender-se de tudo o que mexe e que ele considera uma ameaça, especialmente quando, desde bezerros, começam a ser picados pelas varas com "agulhões" em ferro.
Repare que quando os toureiros passam com as capas pela frente dos touros, eles não vão marrar nos toureiros, só quando estes se descuidam e passam a capa por detrás do corpo, o touro, marra no "objecto" em movimento, e por vezes apanha o corpo do toureiro. Os touros não vêm a cores, só a preto e branco, a cor vermelha é para disfarçar o sangue que lá fica agarrado. Os touros marram no que move á frente dos olhos, não para atacar, mas para se defenderem.
Os chifres, que a Natureza lhes colocou na cabeça, são para defesa.
Posso descrever com detalhes a barbaridade que vi com os meus olhos, e mais, vi tirarem ferros espetados não no "cachaço" como na gíria é conhecido, mas o verdadeiro nome é "pojadouro", que estavam "enterrados" no meio do lombo.
Eu ouvi o meu tio dizer, quando estava em grandes almoçaradas com outros toureiros, que em Espanha chegou a cortar orelhas e rabos e o animal ainda não tinha morrido, estava meio morto-meio vivo, quando eu gritei: malvado! ele tentou acalmar-me dizendo que os touros não sentiam dores, que tinham nascido para aquele fim e que por isso, não sofriam...»
***
Ocorre-me fazer quatro observações:
Primeira: o efeito nocivo destes rituais macabros nas crianças.
Segunda: o sofrimento real dos Touros. Se não sofressem, a Estela Lourenço nunca teria ouvido os berros agonizantes do animal, quando lhe retiravam, a sangue frio, os ferros enterrados no lombo, e que a perseguem até aos dias de hoje.
Terceira: uma criança pode “brincar” com os touros nas lezírias, sem que nada de mal lhe aconteça…
Quarta: E é isto que a igreja católica abençoa; e é isto que o governo português apoia com as suas leis pacóvias.
***
(Este texto assinado pela "Engrácia" foi publicado no âmbito de uma estratégia para desmascarar a prótoiro que, utilizando o nome da Ganadaria Palha, entregou-me pistas preciosas para chegar ao mundo imundo da tauromaquia)
Outro testemunho atroz:
«Que vergonha, e o pior é que é verdade.
Vinda de uma família que criou toiros até uma década atrás, posso atestar pela veracidade de tudo isto. Infelizmente na minha família quando iam os toureiros treinar os cavalos novos com os bebés, usavam detergente para lhes meter nos olhos para que a visão ficasse turva. Normalmente usavam detergente da loiça do tipo Sonasol pois criava uma pelicula como se fosse uma bola de sabão que turvava a vista ao pobre animal.
Tem sido uma luta mas felizmente vou perdendo o medo de falar. Já não me podem fazer mal e está na altura de todos saberem quem eles são realmente.
Os anos de violência a que estive sujeita num casamento preso no tempo e no que chamavam de "tradição" deixaram marcas. Agora que já passou tanto tempo estou livre para poder falar. O mundo da afición é um mundo de violência que se estende também a casa e famílias.
Tudo o que disse é verdade.
Eu fui casada durante 27 anos com um filho bastardo de uma família de ganadeiros. Era ele que tratava da ganadaria e teve sempre problemas com o álcool. Fui agredida anos a fio e a agressão não era só física. A pior era a psicológica constantemente deitando-me abaixo e rebaixando-me junto de tudo e todos. Levei muita pancada, Isabel. Muita.
Mas acompanhei sempre a vida no campo e a ganadaria embora nunca tivesse gostado de touradas. Mas sempre que queria falar o medo era sempre maior. Aguentei por causa do meu filho…
Uma das coisas que para além do que lhe contei eles faziam era antes dos treinos colocar dentes de alho no recto dos animais. Um dia antes, o que faz com que os animais fiquem num estado febril e debilitados quando saem à arena. (Maria Engrácia Facas)
***
Quando pensamos que já conhecemos todas as torturas por que passam os desventurados Touros, e quem acompanha os tauricidas, aparecem mais e mais...
Que mundo mais macabro, este, da tauromaquia!
Que monstros andam neste mundo!
Isabel A. Ferreira