O texto que deu origem a este protesto pode ser recordado neste link:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/denuncia-ao-cuidado-do-pan-acores-640860
O Touro a sangrar (tinha uma argola enfiada nas narinas). Disseram que era um “piercing”, acrescentando que os humanos também usam “piercings”. Ainda que fosse. Só que os humanos usam “piercings” de livre e espontânea vontade, e ao Touro puseram-lhe umas argolas à bruta, sem o seu consentimento. Isto será coisa de gente civilizada, torno a perguntar?
Eis o conteúdo do protesto:
«Boa tarde,
A Irmandade do Divino Espírito Santo da Mãe de Deus, vem por este meio expressar o seu profundo descontentamento pela notícia apresentada no vosso Blog do passado dia 11/05/2016.
Informamos que a notícia, ou melhor, o texto elaborado da notícia não corresponde à verdade.
A ideia transmitida no vosso texto faz referência a maus tratos e violência ao animal, e é falso.
Mais uma vez informo que a verdade do acontecimento foi a seguinte: esta família, fez uma oferta ao Divino Espírito Santo, ou seja, o referido animal. Por ser um animal de grande porte, geralmente é aplicada uma argola na narina aos 2 anos de idade, sempre que o animal apresenta ameaça ao tratador/agricultor. Este animal tinha 4 anos de idade, ou seja, já tinha a referida argola à mais de dois anos, colocada pelo proprietário/agricultor a quem a família comprou o animal. Neste dia, o animal foi descarregado e amarrado em frente à moradia da referida família. Por ser um ambiente diferente para o animal, e também por ser um animal de grande porte, o mesmo animal com a força que fez, rebentou a tal argola, sem que alguém toca-se nele, e feriu a narina, e na respiração do animal, foi projectado algum sangue deste corte.
Nnão houve maus tratos ao animal.
E mais, estava presente um agente de autoridade com a nossa Irmandade, que pode comprovar a justificação acima apresentada.
A nossa Irmandade, vem mais uma vez por este meio, solicitar a correcção da referida notícia, ou até mesmo a sua eliminação.
A nossa Irmandade está disposta a tudo, pela verdade, sobre esta matéria e contra os argumentos apresentados no vosso texto/Blog.
Com os meus melhores cumprimentos,
Carlos Vieira»
(AVISO: uma vez que a aplicação do AO90 é ilegal, não estando efectivamente em vigor em Portugal, este texto foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático, não estando abrangidos erros gramaticais).
***
Exmo. Senhor Carlos Vieira,
Em primeiro lugar, agradeço este protesto, pois vai dar-me oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes.
O senhor diz: «A ideia transmitida no vosso texto faz referência a maus tratos e violência ao animal, e é falso.»
Bem… se o que vemos na foto NÃO SÃO maus tratos e violência ao animal, o que será? Mimos? Delicadezas?
Um inocente, inofensivo e indefeso animal, acuado numa rua, amarrado a um muro, com uma argola enfiada nas narinas, entre uma poça do seu próprio sangue não será, por si só, uma violência?
Só se for nos Açores.
Em qualquer parte do mundo civilizado isto é uma violência, por não ser natural que um bovino esteja amarrado, a sangrar, numa rua.
Primeiro, porque o animal não está no seu habitat, está amarrado a um muro, com umas cordas, com uma argola enfiada nas narinas, e isso, por si só, já constitui uma violência.
Segundo, porque o animal está a sangrar devido a um corpo estranho ao seu próprio corpo, que lhe foi enfiado nas narinas sem o seu consentimento, e obviamente muito à bruta, o que é outra violência.
Mas o senhor Carlos Vieira diz ainda que a «verdade é que esta família (suponho que seja a proprietária do animal) fez uma oferta ao Divino Espírito Santo, ou seja, o referido animal.»
Esta família ou outra qualquer poderia ofertar ao Divino Espírito Santo qualquer outra coisa, como arrecadas de ouro, sacos de batatas, pipos de vinho, excepto um animal vivo, a sangrar, retirado do seu habitat e manietado com cordas.
A Irmandade do Divino Espírito Santo da Mãe de Deus devia ser a primeira a dar o exemplo cristão e recusar tal oferta, por ir contra o preceito máximo que Jesus Cristo deixou aos homens: «não faças aos outros (e nestes outros estão incluídas todas as criaturas de Deus, animais não-humanos incluídos) o que não gostas que te façam a ti.
Naturalmente nenhum dos senhores da Irmandade gostaria de estar no lugar daquele bovino amarrado com argolas nas narinas. Certo?
E a tentativa de justificar o injustificável continua: «Por ser um animal de grande porte, geralmente é aplicada uma argola na narina aos 2 anos de idade, sempre que o animal apresenta ameaça ao tratador/agricultor.»
Ameaça????
Um animal manso, herbívoro, pacato, ruminante, que se o deixarem a pastar tranquilamente no campo, não faz mal nem sequer a uma mosca, que espécie de ameaça pode representar ao seu tratador se esse tratador o tratar bem? Será ameaça para se defender dos seus torturadores… aliás, como qualquer dos irmãos da Irmandade se alguém os atacasse.
Nenhum bovino precisa de argolas nas narinas, para coisa nenhuma. Isso não é da natureza deles.
E o senhor Carlos Vieira diz ainda mais esta, com um desplante como se tudo isto fosse muito natural: «Neste dia, o animal foi descarregado e amarrado em frente à moradia da referida família (o que, só por si, já constitui uma violência contra o animal).
E arremata: «Por ser um ambiente diferente para o animal, e também por ser um animal de grande porte, o mesmo animal com a força que fez, rebentou a tal argola, sem que alguém toca-se nele, e feriu a narina, e na respiração do animal, foi projectado algum sangue deste corte.»
Exactamente: o animal estava fora do seu habitat, num ambiente diferente. Assustado. Descarregado (o termo é seu), sabe-se lá como! Amarrado (qual o animal, seja humano ou não-humano, que gosta de estar amarrado? Isto é uma violência). Fez força… resta saber como e porquê? Rebentou a tal argola, sem que alguém TOCASSE nele… e pronto… feriu as narinas, muito naturalmente, e também muito naturalmente foi projectado algum sangue. Uma insignificância. Coisa pouca, nem deu para notar… como podemos ver na imagem.
Não houve maus tratos ao animal diz o senhor Carlos Vieira. Não. O que fizeram a este indefeso animal foram mimos. Vejamos então.
- Foi delicadamente retirado do campo, com uma argola enfiada nas narinas.
- Amarrado a uma corda.
- Descarregado em frente à casa de uma família (como se fosse um saco de batatas?).
- Assustado, o animal agitou-se, a tal ponto que se magoou e esvaiu em sangue, como a foto demonstra.
E não houve maus tratos ao animal? O que seria então, se houvesse maus tratos?
«E mais…», diz o senhor Carlos Vieira, «estava presente um agente de autoridade com a nossa Irmandade, que pode comprovar a justificação acima apresentada». Como se isto sirva de justificativa para o injustificável, ou seja, fazer de um animal indefeso, uma “coisa” para ofertar ao Espírito Santo que, se pudesse manifestar-se, diria tudo o que eu já disse.
E agora vem o mais surpreendente:
«A nossa Irmandade, vem mais uma vez por este meio, solicitar a correcção da referida notícia, ou até mesmo a sua eliminação».
Pois já dou como corrigida a “notícia”, que não é só minha. Corre pela Internet do mesmo modo que eu a dei.
Quanto à sua eliminação, por alma de quem deveria ser eliminada?
E se a vossa Irmandade está disposta a tudo, pela verdade, sobre esta matéria e contra os argumentos apresentados no meu Blogue, a autora do Blogue também está disposta a tudo, pela verdade.
E a verdade é que a Irmandade do Divino Espírito Santo da Mãe de Deus deveria seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e pôr em prática o exemplo de São Francisco de Assis, que tinha os animais não-humanos, como seus irmãos (que também são meus irmãos, por isso, os defendo com as garras de fora) e não permitir que façam a um bovino indefeso, inocente e inofensivo, o que não gostariam que vos fizessem a vós, porque, repito, é uma violência arrancar do pasto, um bovino, enfiar-lhe uma argola nas narinas, descarregá-lo numa rua, e amarrá-lo com uma corda a um muro, para servir de “oferta” ao Espírito Santo, que não lhe fará bom proveito.
E esta violência não fui eu que a inventei.
E repito: isto é a maior demonstração do atraso civilizacional em que ainda está mergulhado o arquipélago dos Açores, em pleno século XXI depois de Cristo.
E não sou eu que o digo. Aprendi isto com Mahatama Gandhi - a Grande Alma.
E o animal que esta imagem nos mostra foi efectivamente maltratado, e não importa os meios ou os fins, porque nem uma coisa nem outra justifica o animal estar ali amarrado, com uma argola enfiada nas narinas e a sangrar copiosamente.
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Na audição do Secretário de Estado da (In) cultura, Jorge Barreto Xavier, realizada no passado dia 6 de Janeiro, o tema discutido com uma “solenidade” que abeirou o ridículo, foi o “acesso à profissão de artista e auxiliar tauromáquico», ou seja, o acesso à prática da crueldade, da tortura e da violência gratuitas contra inofensivos, indefesos e inocentes bovinos, a qual é aqui considerada “profissão de artista”, o que além de ser a demonstração de uma tremenda ignorância sobre o que é um artista, entende-se que ser carrasco é uma profissão ainda viável no século XXI, depois de Cristo.
Desconhecem que a profissão de carrasco (que é o tal artista tauromáquico) ficou lá muito para trás, com a extinção dos costumes bárbaros praticados num tempo em que a mente humana estava mergulhada no mais profundo obscurantismo, do qual os governantes portugueses ainda não se libertaram.
(Pode ver-se esta intervenção de muito baixo nível cultural aqui)
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/audicao-do-secretario-de-estado-da-in-502321
Em Portugal, com os governantes retrógrados que temos, não, não serão capazes de notar a diferença nesta imagem: a amorosa criança, doce e mansa, e o monstrinho, que numa idade tão precoce, já mostra a expressão diabólica dos que se dedicam à violência e a matar bovinos por prazer.
Nesta audiência, estiveram a discutir qual a idade mais apropriada para as crianças portuguesas (que têm a infelicidade de ver o seu destino nas mãos de desassisados), serem iniciadas nesta brutalidade, como sendo algo (para os intervenientes nesta discussão) importantíssimo para o futuro de Portugal.
Ora isto além de ser um atentado a tudo quanto é da essência racional humana e cívica, é inconstitucional e viola a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, hipocritamente assinada pelo governo português.
E só não vê isto quem é cego mental e muito tacanho das ideias.
Ora sabendo-se, como se sabe (e isto é um dado universal adquirido) que a violência, a crueldade, a banalização do acto de torturar e de matar, a imbecilidade, a cobardia, a brutalidade, enfim, tudo o que caracteriza a selvajaria tauromáquica, não faz parte da Cultura de nenhum povo, nem da identidade cultural de nenhum povo, a não ser de uma minoria bronca, que os governantes teimam em manter bronca. De uma minoria inculta. De uma minoria a quem não deram e continuam anão dar a oportunidade de evoluir.
Mahatma Gandhi, um dos grandes mestres iluminados e bafejados pela sublimidade da sabedoria, diz que a violência é a lei do bruto, e outra coisa não poderia ser.
Para os governantes portugueses, contudo, a violência é uma lei que pretendem impor às crianças, enviando-as para antros, onde as ensinam a ser monstrinhos indesejáveis e inúteis à sociedade.
Enquanto esta mentalidade pacóvia perversa continuar a prevalecer nestes “debates” de secretários de estado de uma incultura crassa, Portugal nunca avançará para o século XXI depois de Cristo.
Continuaremos a ter brutos entre nós, o que comprometerá o futuro civilizado que todos desejamos.
Senhor Doutor Jorge Barreto Xavier, não sei o que lhe ensinaram na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas quase posso garantir que não lhe ensinaram que da Cultura Culta não faz parte a selvajaria tauromáquica em todas as suas cruéis modalidades.
Abra-se este link para ver o “curriculum” deste governante apologista da brutalidade.
O que levará um governante, com um tal “curriculum”, a ver na selvajaria tauromáquica, uma alternativa válida para a educação de crianças e jovens portugueses?
Que futuro pretende para Portugal, Senhor Doutor Jorge Barreto Xavier?
Um futuro terceiro-mundista?
Agora veja-se como é constituído o Gabinete do Secretário de Estado da Cultura, para que a Cultura Culta em Portugal, seja apenas a miragem que é:
http://www.portugal.gov.pt/pt/o-governo/nomeacoes/secretario-de-estado-da-cultura.aspx
Não há dinheiro para as Academias de Música, de Teatro, de Dança, de Cinema, de Artes Plásticas?
Pois não. Como poderá haver, se o dinheiro é canalizado para tanta gente inútil e para a tauromaquia?
Há apenas lugar para o “fabrico” de broncos, como um tal João Amaro, de Vila Franca de Xira, que me enviou um comentário a propósito de algo que eu disse acerca de uma montagem abusiva que a prótoiro fez da imagem de Cristiano Ronaldo: «Há quem odeie tanto o Ronaldo, ao ponto de o vestir à moda do que há de pior no ser humano: um cobarde forcado», porque um forcado, na realidade, não passa disso mesmo: um cobarde que ataca bovinos moribundos.
E então o génio inculto com o "valor" da marca «made in Portugal» declarou o seguinte (a linguagem é a original):
«Um cobarde forcardo excelentíssimos gostaria de os ver a pegar um toiro, vocês em vez de se preocuparem com as barbaridades mundiais, como a fome e a pobreza preocupam-se com as touradas. Gostaria que um dia fossem a vila franca de xira exporem a vossa insatisfação com as touradas. Gostava mesmo.»
Esta é a “cultura” que os governantes portugueses fomentam.
Miserável povo, aquele a quem não dão oportunidade de evoluir.
Não precisamos de ir a Vila Franca de Xira para expormos a nossa insatisfação acerca das touradas, João Amaro.
Daqui mesmo dizemos que as touradas são a identidade cultural de uma minoria bronca de portugueses, fomentada por aqueles que têm a seu cargo a função de promover a Educação, a Cultura e o Desenvolvimento da Personalidade no sentido do progresso da sociedade, ou seja, fomentada pelo Estado Português, o qual, contrariando a Constituição, favorece a deseducação, a incultura, e a germinação da psicopatia no seio da sociedade, no sentido do retrocesso e do obscurantismo.
Demitam-se todos aqueles que servem o lobby tauromáquico e o obscurantismo.
Envergonham Portugal e os Portugueses.