Deu hoje entrada no Parlamento uma iniciativa do Grupo Parlamentar do PAN - Pessoas-Animais-Natureza, em que questiona o Ministério do Ambiente e Acção Climática sobre a morte de mais um Lobo-Ibérico, em Montalegre:
- Terá o Ministério conhecimento da morte de mais um exemplar de Lobo-Ibérico, em Montalegre, ocorrida no corrente mês de Março?
- Se tem, quais as diligências efectuadas pelas autoridades competentes?
- Já teria sido apurada a causa da morte do animal? Qual o resultado da autópsia?
- Tendo em conta os casos recentes da morte de Lobos-Ibéricos naquela região, existirá alguma investigação em curso, considerando o regime especial de protecção desta espécie?
- E que acções de sensibilização para a protecção desta espécie irá o Governo promover, de modo a evitar que este tipo de situações venha a repetir-se?
Estas são as questões que o PAN quer ver respondidas.
Origem da foto: Internet
Alertado por populares e de acordo com a imprensa local, o Núcleo de Protecção Ambiental da GNR, de Chaves (SEPNA/NPA), encontrou, na manhã do passado dia 09 de Março, um cadáver de um jovem Lobo-Ibérico no lugar de Salto, em Montalegre (Trás-os-Montes), o qual não apresentava qualquer ferimento.
No âmbito da investigação iniciada foi, então, feita uma pesquisa no terreno para ver se existiam indícios de crime, tendo sido o cadáver do animal transportado para um laboratório em Vila Nova de Gaia para ser autopsiado e apuradas as causas da morte.
Segundo o PAN, lamentavelmente, nos últimos anos, têm sido frequentes as notícias de Lobos-Ibéricos mortos naquela região, ou na sequência de acidentes de viação ou do uso de armadilhas de caça.
Já em Setembro de 2021, foi encontrado um exemplar morto próximo da vila de Montalegre, presumindo-se que tenha sido vítima de acidente de viação. Nesse mesmo ano, em Fevereiro, foi noticiada a morte de dois Lobos-Ibéricos e de um Cavalo garrano, na freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, dentro do perímetro do Parque Natural da Peneda-Gerês.
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PS: Pergunto-me: será que o Lobo-Ibérico está mesmo protegido dos homens-predadores, dos caçadores, que adoram matar tudo o que se mexe nos matos e nas zonas florestais, protegidas ou não?
Mas não são só os Lobos, são também Cabras-Montesas (no passado mês de Fevereiro, mataram-nas, também no PNPG, para exibirem as suas cabeças como troféus), Cavalos, Javalis, e às vezes até outros caçadores, mortos por tiros que saem ao lado…
É que não basta existirem LEIS, há que as pôr em prática e penalizar, com pesadas penas, os que se atrevem a violá-las.
Mas, no nosso País, infelizmente, as LEIS NÃO são para cumprir (a começar pelos "de cima") nem para se fazerem cumprir.
Isabel A. Ferreira
«Até os magníficos lobos-ibéricos estão à mercê do homem predador? Mas o que andam a fazer as autoridades portuguesas? Para que servirá a legislação? Que gente é esta que nos (des) governa?» - Isabel A. Ferreira
Comunicado de Imprensa
«Perante a situação de ameaça da espécie, organizações exigem mais protecção, mais fiscalização e punições exemplares
O recente caso do abate da loba “Bragadinha” dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês reflecte a impunidade com que se está a matar ilegalmente o lobo-ibérico em Portugal. As organizações subscritoras juntam-se num apelo público à acção contundente em relação aos crimes contra esta espécie ameaçada e protegida na legislação nacional e internacional.
A fêmea adulta “Bragadinha” foi encontrada morta a 30 de Outubro de 2013 e os resultados da sua necrópsia foram claros: abatida a tiro de caçadeira e simultaneamente atacada por uma matilha de cães. Este episódio, ocorrido dentro da Zona de Caça Associativa da Gavieira, Arcos de Valdevez, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, é o quinto abate ilegal de lobo-ibérico de entre os 15 lobos seguidos por telemetria no Alto Minho.
Esta fêmea era uma jovem reprodutora da alcateia existente na área, tendo tido a sua primeira ninhada em Maio deste ano.
O Sistema de Monitorização dos Lobos Mortos, implementado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), indica que para os 80 registos de mortes de lobos identificados entre 1999 e 2011, 71% tiveram como causa a acção humana, muitas das vezes em circunstâncias de perseguição ilegal, como por exemplo o tiro, laço e veneno. Dados do CIBIO, obtidos por telemetria no Noroeste de Portugal, revelam que anualmente 45% dos lobos da zona são mortos por acção humana e de forma ilegal. Esta mortandade é insustentável e levará, se não for travada, ao rápido desaparecimento dos 300 exemplares que ainda sobrevivem em Portugal.
Na mesma zona de caça onde foi abatida a loba “Bragadinha”, no ano passado deu-se a morte a tiro de um lobo adulto durante uma batida ao javali. O indivíduo responsável pelo crime foi apenas punido com uma multa de 300€, um valor que se considera irrisório e sem qualquer efeito dissuasor.
LPN - Liga para a Protecção da Natureza | www.lpn.pt | Telf: 217 780 097 | 217 740 155
217 740 176
Estrada do Calhariz de Benfica, n.º 187 , 1500-124 Lisboa;
O lobo, pelo seu estatuto de protecção, não é espécie cinegética em Portugal e estes abates ilegais com arma de fogo, que nada têm a ver com a caça e com a exploração sustentada dos recursos cinegéticos, não podem continuar a ocorrer. Por esta razão urge sensibilizar e dialogar com as Organizações do Sector da Caça, envolvendo todas as partes no esforço de conservação do lobo, erradicando tais actos criminosos e encontrando formas de mitigação das motivações que estão na sua base.
As organizações subscritoras deste comunicado exigem às autoridades competentes, nomeadamente ao ICNF, ao SEPNA/GNR e em especial ao Ministério Público, uma acção urgente e contundente no que diz respeito a estes casos:
- Os ataques dos lobos a animais domésticos, que constituem uma das principais motivações para a perseguição ilegal a este carnívoro, deverão ser minimizados através da eficaz vigilância do gado e indemnizados atempadamente ao abrigo da Lei de Protecção do Lobo-Ibérico;
- Tem de haver um reforço dos meios de fiscalização (existem no total apenas 15 Vigilantes da Natureza no Parque Nacional da Peneda-Gerês, menos de metade do que seria necessário, e sem as armas necessárias para a fiscalização);
- Os processos-crime têm de ser julgados exemplarmente – a aplicação de sentenças ligeiras nestes casos é um autêntico incentivo à prossecução da ilegalidade e do crime impune, consumando-se um extermínio que aproxima cada vez mais o lobo-ibérico da extinção.
As organizações subscritoras deste apelo compreendem e reconhecem o complexo conflito entre o Homem e a Natureza, em particular o lobo, mas insistem na utilização plena das ferramentas desenvolvidas para mitigar as consequências desta realidade. O reforço destes instrumentos é crucial para a conservação a longo prazo desta e de outras espécies protegidas.
Às autoridades públicas competentes cabe promover todas as iniciativas necessárias para inverter a tendência perversa, que conduz à destruição do nosso património natural e cultural. O lobo-ibérico é o expoente máximo da biodiversidade da região, sendo a Peneda-Gerês o único parque nacional do país, razão pela qual é absolutamente inaceitável que se possam reproduzir em anos sucessivos situações de ilegalidade impune como esta.
Lisboa, 8 de Novembro de 2013
Para mais informações:
João Camargo (963367363)
Helena Rio-Maior (965749092)
As organizações subscritoras:
ALDEIA – Acção Liberdade, Desenvolvimento, Educação, Investigação, Ambiente
ANPC – Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade
APGVN – Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza
ASCEL – Asociación para la Conservación y Estudio del Lobo Iberico
Associação Transumância e Natureza
CARNIVORA – Núcleo de Estudos de Carnívoros e seus Ecossistemas
FAPAS – Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens
Grupo Lobo – Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema
LPN – Liga para a Protecção da Natureza
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza»
Fonte:
http://lobo.fc.ul.pt/docs/CI%20Lobo.pdf