É que nem me tem apetecido falar da politicagem que anda por aí...
Da Política
A política em Portugal anda pelas ruas da amargura.
Aquelas cenas no Parlamento Português, no dia 11 de Março de 2025, aquando da votação da Moção de Confiança ao XXIV Governo Constitucional foi... foi... foi... não existem palavras para classificar tal coisa. O que seria aquilo?
Não há cargo político algum, em Portugal, que não tenha sido manchado pela falta de lucidez de quem o ocupa, obviamente com raríssimas excepções.
Os bons recolhem-se, com medo de se transformarem em maus, porque o PODER corrompe, e digo isto com conhecimento de causa. Lidei durante quase 30 anos com políticos, com autarcas, com presidentes, com deputados, e quando o Jornal me mandava cobrir um acontecimento com discursos de políticos, eu escrevia o discurso antes de ir para as ocorrências, para adiantar serviço. Se houvesse alguma novidade era só introduzi-la no que eu havia escrito. Se não houvesse, os discursos estavam prontos para seguir para a redacção do Jornal. Sabia aquele blá-blá-blá político de cor e salteado. Sempre o mesmo, sempre a ausência do interesse pelos interesses do País e dos Portugueses.
E isso não mudou.
Vivemos tempos vazios de valores e cheios de sombras.
Até quando?
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Quando me perguntaram se Luís Montenegro vai ou não deixar de ser primeiro-ministro, não sei, mas uma coisa eu sei: Portugal precisa de sangue novo no Parlamento, aliás, precisa de sangue novo em todos os cargos políticos, do mais elevado ao menos elevado.
Nenhum dos que pretendem candidatar-se à fantochada das próximas eleições legislativas devia poder candidatar-se. Já demonstraram a sua incompetência, a sua falta de lucidez e bom senso, o estarem-se nas tintas para os interesses de Portugal e dos Portugueses. O que lhes interessa é o PODER pelo PODER, é alimentar o próprio ego, é de ver quem consegue chegar mais alto, ainda que para isso tenha de sacrificar o País.
Comportam-se como uns parasitas, que sugam o sangue, suor e lágrimas dos Portugueses e dos pobres imigrantes que para aqui vêm iludidos com a “terra prometida, onde escorre leite e mel”, porque os há ricos e a usufruir de privilégios, à custa dos nossos impostos.
Isto das eleições é vira o disco e toca o mesmo, e os Portugueses já estão fartos de ver as mesmas caras, os mesmos discursos vazios, dos que querem abancar-se em São Bento, para lutarem pelos seus próprios interesses, e pelos interesses dos lobbies que representam.
Não direi que não haja políticos honrados, dignos de ocuparem os cargos mais altos da governação portuguesa. Porém, onde estarão, que não os vejo? Dos que estiveram no Poder nos últimos anos, e principalmente àqueles a quem dirigi cartas abertas e privadas, no meu estilo impecável [devo acrescentar que, conforme as circunstâncias, tenho vários estilos de escrita, e se me dirijo aos governantes, obviamente, sempre fui impecável] e nenhum, nenhum teve a hombridade de, como é da prática democrática, responder às questões que uma cidadã que paga impostos e cumpre os seus deveres cívicos, lhes pôs, levando-me a deduzir que não tinham respostas para perguntas tão incisivas. Como poderiam dizer-me que não estavam interessados no que aos Portugueses interessava?
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Do AO90
Um cidadão escreveu-me a dizer que existem maneiras de acabar com o nefasto acordo ortográfico de 1990 [algo que está a provocar a perda da identidade portuguesa], por exemplo: substituir os políticos profissionais anti-Portugal e anti-Portugueses. O que pensava sobre isto?
Respondi-lhe o seguinte:
Que existem maneiras de acabar com o nefasto AO90 é algo que se vê a olho nu, mas nem todos os que podem, querem e mandam têm a capacidade de ver a olho nu, precisando de uma lupa gigante para ver o que está diante do nariz deles, e como não têm lupa...
Como diz, uma das maneiras para nos livrarmos do “abortográfico” talvez possa passar pela substituição dos políticos profissionais anti-Portugal e anti-Portugueses, porém, não me parece que haja gente que possa substituir tantos apátridas de uma só vez. A via mais natural e mais fácil passa pelo presidente da República, que tem o DEVER de cumprir a Constituição da República Portuguesa, conforme prometeu na tomada de posse do cargo, e os parlamentares cumprirem a lei vigente, que obriga à grafia de 1945.
Como não temos uma justiça que possa levar à barra do tribunal quem NÃO cumpre a Constituição e a Lei, temos o que temos: um país sem rei nem roque, sem Língua e sem rumo.
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Da crueldade sobre animais não-humanos
O mesmo cidadão diz-me que são precisas pessoas influentes na luta contra as touradas, a caça, a pesca desportiva, o tiro aos pombos, as corridas de galgos, a pesca submarina, o uso de animais em experiências laboratoriais, as corridas de cavalos, o abate de pintainhos em empresas de produção de ovos, o corte dos cornos das vacas em empresas de produção de leite, os abates rituais hallal e koscher de bovinos, caprinos e ovinos, a "matança" do porco, o uso de animais em circos, o uso de golfinhos em "delfinários", os jardins zoológicos, as competições de pombos correio, a venda de animais silvestres para viverem em cativeiro, o uso de animais em trabalhos rurais, o uso de bois, burros e cavalos a puxarem carroças e outros veículos, outras práticas degradantes, cruéis e humilhantes para os animais não-humanos, que não podem defender-se, estando à mercê dos TROGLODITAS, com assento na Assembleia da República, responsáveis pelas leis que permitem todas estas barbaridades. Sim, penso que essas pessoas influentes são precisas.
Porém, eu iria um pouco mais longe: também é preciso correr com todos esses trogloditas da AR, os quais são a maioria. Muitos candidatam-se APENAS para defender os vários lobbies que representam, entre eles o lobby tauromáquico, muito acarinhado por praticamente TODOS os partidos políticos, da esquerda à direita (nisto praticam as mesmas políticas) excepto o PAN e o BE, e este é contra a barbárie, mas não muito.
Enquanto houver na Assembleia da República esses trogloditas, nenhuma lei de protecção animal, englobando TODOS os animais não-humanos explorados e torturados pelo bicho-homem, poderá passar.
Para a maioria dos deputados da Nação, apenas alguns Gatos e alguns Cães (nem todos) são reconhecidos como animais a merecer protecção. Todos os outros, incluindo certos Gatos e certos Cães são considerados ervas daninhas que podem ser destruídas, sem um pingo de dó, nem piedade.
Esta questão é uma questão civilizacional. E enquanto houver trogloditas a ditar as leis, desventurados animais que tiveram a desdita de nascerem num País onde quem quer, pode e manda deve milhares de Euros à Civilização.
Isabel A. Ferreira
Caro L.
Cá tenho recebido os teus e-mails, e leio-os com atenção, e gosto dos teus comentários.
Desta vez apeteceu-me responder-te.
(Sobre o André Ventura):
Quanto mais lhe batem, mais o Povo gosta dele. E não me surpreenderá nada se, num tempo próximo, ele vier a ocupar o poleiro.
A alternativa de esquerda tem sido um autêntico desastre, em Portugal e nos países onde a extrema-direita cresce.
Mas como a extrema-direita e a extrema-esquerda estão quase ao mesmo nível, para não dizer ao mesmo nível, as coisas estão a complicar-se no mundo.
A esquerda tem de se mostrar mais próxima do Povo e não andar por aí a enganá-lo, como a geringonça fez. Se o Chega hoje é o terceiro partido no Parlamento, isso deve-se à inexistência de uma política bem estruturada e ao desastre que foi a tal geringonça.
As alternativas são péssimas.
Há que repensar as políticas e mandar às malvas TODOS os actuais "políticos" e pôr gente NOVA no Poder, gente SEM os vícios políticos dos actuais governantes e deputados da Nação, dinossauros que, desde o “25 de Abril” andam ali a SERVIR lobbies e NÃO o POVO.
Somos um país de taxas, de supertaxas, de taxinhas e de TACHÕES; mas também de vigaristas, de corruptos e de LADRÕES.
E o que resta do POVO PENSANTE, que não emigrou, está farto disto.
E isto PAGA-SE caro, com um Ventura a subir, de vento em popa. E ele, que não é parvo, vai aproveitar-se, como a meloa italiana se aproveitou do fracasso da dita esquerda.
Eu sei que sabes que nada tenho a ver com o Chega, nem com as ideologias de extrema (ou não-extrema) - direita, nem sequer da extrema (ou não-extrema) - esquerda, que as ponho as duas no mesmo saco, bem como as outras que estão pelo meio.
Aliás, eu sou uma livre pensadora e não estou ligada a nenhuma ideologia política, especificamente, para poder ser LIVRE. Penso pela minha cabeça, tenho as minhas ideias e os meus ideais, NÃO sou apolítica, mas sou apartidária, e quando voto, ou voto útil (quase nunca) ou no partido com menos possibilidade de chegar ao Poder, que é para eu não ter de me arrepender do meu acto cívico, mais tarde. Já fui de votar em branco, por pensar que o voto branco era um voto de protesto. Mas agora sei que não é. Quando for, e representar lugares vazios no Parlamento, eu voltarei a votar em branco, se, entretanto, a mediocridade e a incompetência continuarem a ser a nota dominante entre os candidatos ao Poder.
A “geringonça” foi o que me levou a deixar de apoiar o BE. Aliar-se ao PS foi um erro crasso. E este erro o BE pagou-o ao ser ultrapassado pelo Chega, que, repito, continuará a subir, porque o Povo Pensante começa a estar farto de uma democracia fantasiada de ditadura e que não faz Portugal avançar, pelo contrário, mantém-no na cauda da Europa. Se o Chega chegar ao Poder será um regresso ao passado de má memória. Mas de UM elemento, já vai em terceiro maior partido. Isto é preocupante, mas os que se dizem democratas nada estão a fazer para mudar este rumo. Muito pelo contrário: estão a dar-lhe todos os trunfos.
As maiorias absolutas são sinónimo de tiranias. E só os Zés Parvinhos, pouco esclarecidos, dão maiorias a um partido que demonstrou uma incompetência anormal, e continua a demonstrar, estando a levar o país para o abismo.
Sabes também que sou pela Abolição das Touradas, primeiro, porque sou defensora dos Direitos de TODOS os seres vivos, sejam humanos ou não-humanos, ou simples ervas do campo; e segundo, porque abomino estar a contribuir, com parte dos meus impostos, para ganadeiros viverem à grande e à francesa à custa do Povo. E uma coisa que me choca é ver a dita “esquerda” aliada à direita e à extrema-direita para apoiar uma prática herdada da monarquia espanhola, e que nada tem a ver connosco, só para fazer o jeito ao lobby tauromáquico (os patrões deles). Aliás, eles vão para o Parlamento com essa incumbência: servir esses patrões/parasitas.
Eis o que se passa:
A dita “esquerda” pratica ou não pratica políticas de direita, quiçá, monárquicas?
Quanto ao que dizes sobre o capitalismo, conheço muita gente que se diz contra o capitalismo, mas vive como capitalista, inclusive comunistas, que de oprimidos nada têm, e nem sequer são da classe operária.: vivendas, contas chorudas no estrangeiro, bons carros, boa cama e boa mesa...
A História ensina-nos que desde que o homem descobriu que juntar bens e riqueza lhe dava PODER, nunca mais parou. E ao longo da História da Humanidade é esse Poder que manda e desmanda no mundo, incluindo os que se dizem comunistas, que vivem em palácios e a classe operária é que paga e é oprimida (vê o exemplo da China e da antiga União Soviética ou agora do nazista russo).
Ainda está por vir o regime político ideal, em que não haja ricos, nem pobres, e todos vivam com o necessário, para terem uma vida condigna, e não uns com o necessário, outros com o necessário + o desnecessário, para poderem pisar com a suas patorras os que apenas querem viver com dignidade, e ainda outros sem coisa nenhuma.
Como se chega a este equilíbrio? Não me perguntes.
Eu faço a parte que me cabe. Sempre trabalhei para ter o necessário, e nada mais do que o necessário, e tenho contribuído, com os meus escritos, para as causas mais prementes em prol do Planeta e de TODOS os que connosco o partilham, desde o Homem à Lesma, desde a Urtiga às Águas, ao Ar e aos Solos.
Contudo, abomino o abominável homem irracional, insensível e insciente do século XXI depois de Cristo, que se recusa a evoluir, ainda que a Humanidade tenha milhares de séculos de existência e de exemplos de má memória, que é da irracionalidade serem repetidos, como estão a ser, nos tempos que correm.
Um grande abraço,
Isabel A. Ferreira
Porque Portugal precisa livrar-se da praga tauromáquica, assinem esta petição, por favor, ou enviem os vossos protestos para:
geral@cm-palmela.pt ; j.f.palmela@gmail.com
Este ano temos sete candidatos à Presidência da República, o mais alto cargo da Nação: aquele que representa Portugal e o Povo Português. Portanto, um cargo que deve ser exercido com dignidade, honestidade, independência total dos restantes poderes, do qual se tenha, sobretudo, a noção da responsabilidade do que é ser Chefe de Estado.
É um erro os partidos políticos apresentarem candidatos à Presidência da República. Um Presidente da República tem de estar acima de qualquer partido político, e de qualquer poder, para que possa exercer o cargo com a máxima independência. Tem de ser um candidato independente. O seu princípio tem de ser defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, de acordo com o juramento que faz na tomada de posse do cargo: «Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.»
Porém, jurar é fácil. Cumprir o juramento é que são elas!
Mas há mais atributos que se requerem de um candidato a Presidente da República.
Na imagem temos os candidatos à Presidência da República de Portugal, por ordem alfabética, porque isto de pôr uns mais à frente do que outros, seguindo sondagens encomendadas, não é honesto.
Todos merecem o nosso respeito. Afinal, são cidadãos que estão a exercer um dever cívico com a firme convicção de que são capazes de representar Portugal e o Povo Português com a máxima hombridade, não estão ali por mera vaidade de poderem ocupar o mais alto cargo da Nação, ou de se aproveitarem dele para segundas intenções. Pelo menos é o que esperamos deles
Desde o 25 de Abril que apenas um Presidente da República, eleito pelo Povo português, mereceu nota positiva durante e depois do mandato: o General Ramalho Eanes. Os restantes deixaram um desprestigiante rasto de muita parra e pouca uva.
O último deles (o ainda actual), nada fez de brilhante, por Portugal, nestes últimos cinco anos. Absolutamente nada que mereça ser destacado como um feito presidencial.
Na Presidência da República precisamos de uma pessoa que pense pela própria cabeça, não seja pau-mandado de ninguém, nem camaleão, nem maria-vai-com-as-outras, e que diga o que tem a dizer, sem papas-na-língua, com firmeza, doa a quem doer.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção do que representa chefiar uma Nação, servindo Portugal e os Portugueses unicamente; não pretender ser mais papista do que o Papa; e não enveredar por outros oceanos e servir interesses que não nos dizem respeito.
Precisamos de uma pessoa que execute, na íntegra, o juramento que faz, no momento da investidura do cargo, essencialmente o de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa (CRP).
Precisamos de uma pessoa que combata a corrupção e não que a varra para debaixo do tapete; precisamos de uma pessoa que ponha os interesses de Portugal acima dos interesses dos estrangeiros, e que os defenda com garra e convicção. E, neste ponto, quero salientar, particularmente, a questão do Acordo Ortográfico de 1990, cuja aplicação todos os juristas e constitucionalistas são unânimes em considerar inconstitucional e ilegal, mas que uma imponderada e conveniente “interpretação” de uma Lei que nem sequer existe, mantém vigente, desrespeitando abusivamente a Constituição da República Portuguesa.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção do que representa viver num Estado de Direito e numa Democracia, accionando todos os mecanismos intrínsecos à CRP, para que esse Estado de Direito e essa Democracia sejam uma realidade e não uma vergonhosa farsa. Pois para ditadura já nos bastou a salazarista.
Precisamos de uma pessoa que seja popular, mas não popularucha.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção do ridículo e se comporte em conformidade com o elevado cargo de Chefe da Nação, que ocupa.
Precisamos de uma pessoa que fale, quando deve falar, e se cale, quando deve calar-se.
Precisamos de uma pessoa que tenha a noção de que ao ser Presidente da República, está a ser presidente das pessoas, mas também dos animais não-humanos (de todos e não apenas de alguns) e do meio ambiente, e tudo faça, para que os direitos de toda a fauna humana e não-humana, da flora e de tudo o resto que constitui o todo português sejam respeitados, conforme consta na CRP.
Enfim, na Presidência da República precisamos de alguém que saiba arregaçar as mangas, e, ao mesmo tempo, honrar as calças ou as saias que veste.
E como se instala uma tal pessoa na Presidência da República?
Com atitudes.
Não é com a linguagem pirosa (a expressão pirosa não é minha, é do Miguel Esteves Cardoso, mas concordo totalmente com ele) dita inclusiva, que tem a pretensão de dar visibilidade às mulheres, através de redundâncias linguísticas como convidadas e convidados, todas e todos, eles e elas, amigas e amigos, caras e caros, Portugueses e Portuguesas, que vamos dar oportunidade às mulheres para que ocupem cargos públicos de alta envergadura, e dar-lhes salários iguais aos do homem: o mesmo cargo, o mesmo salário. O que não acontece e jamais acontecerá com pirosices linguísticas.
O problema dos candidatos que se apresentam às eleições é que nenhum deles reúne a totalidade das condições aqui apresentadas, e que fazem de um candidato um bom candidato para chefiar a Nação Portuguesa.
Se não vejamos:
Ana Gomes: escrevi-lhe uma carta a pôr-lhe duas questões (*) que, não só para mim, como para milhares de portugueses, são cruciais para o País, mas por serem tabus e estarem ligadas a lobbies poderosos, que os governantes servem mais do que a Portugal, os órgãos de comunicação social não estão autorizados a abordar publicamente. São elas a questão do Acordo Ortográfico de 1990 (ao serviço dos interesses brasileiros, e que nos está a levar à perda da independência linguística e cultural, o que não é coisa pouca) e a vergonhosa prática medieval de torturar touros numa arena para divertimento, algo que recebe chorudos subsídios, retirados dos impostos dos portugueses, e que mantém Portugal com um pé na Idade Média, ou seja, numa etapa evolutiva ainda muito atrasada, o que também não é coisa pouca.
O que sei de Ana Gomes, a este respeito, é que ela usa a pirosa linguagem inclusiva do “todos e todas”, aplica o AO90 na página dela, no Facebook, não sei se está interessada em cumprir a Constituição da República Portuguesa, compelindo o governo a extinguir o AO90, e a repor a Grafia Portuguesa, em Portugal, para podermos recuperar a nossa identidade linguística e cultural.
Quanto às touradas sei que é NIM.
A resposta às minhas questões foi ZERO. Não respondeu. E para zero, zero e meio.
André Ventura: sei que é contra o AO90 (o que não basta) e está ao serviço do lobby tauromáquico. Quanto ao resto, abomino extremismos de direita tanto quanto de esquerda, porque se tocam e fundem. E sabemos ao que pode levar estes extremismos: a horrendas ditaduras. Não aprenderam nada com a História. A postura deste candidato é um ultraje à Democracia.
João Ferreira: suponho que, por ser membro do PCP, e este ser contra o AO90, o candidato também o seja. Mas também está ao serviço do lobby tauromáquico, a não ser que se distancie da postura do Partido, a este respeito. Não sei. Mas sei que não condena publicamente as perversas ditaduras comunistas do mundo actual. Daí que não tenha perfil para presidir aos destinos de um País que se quer livre e democrático.
Marcelo Rebelo de Sousa: sabe-se, por ser público, que é aficionado de touradas. [Nem sei como isto é possível, não entendo as pessoas que têm oportunidade de evoluir, afinal chegou a professor universitário, e não evoluíram]. Quanto ao AO90, sabe-se, porque também é público, que é um seu adepto ferrenho e utiliza a grafia brasileira, preconizada pelo dito pseudo-acordo, na página oficial da Presidência, dá entrevistas, como PR, com o sotaque brasileiro, usa expressões brasileiras, e está-se nas tintas para a destruição da Língua Portuguesa, violando, deste modo, a Constituição da República.
Marcelo Rebelo de Sousa, nestes últimos cinco anos, nada fez por Portugal. Absolutamente NADA, mas fez TUDO pelo seu imenso ego. Mais cinco anos a levar com as suas actuações narcisistas será desastroso para Portugal, que continuará a marcar passo. Não se julgue que Portugal é bem-visto lá fora, porque não é. Só quem não viaja, pensa que somos os maiores! Além disso, Marcelo vulgarizou bastamente o cargo de Presidente da República, ao ponto de já ter um cognome que ficará para a História: “Celinho das Selfies”.
Por outro lado, tal como Ana Gomes, nunca respondeu às minhas questões, acima de tudo as questões de uma cidadã votante, e dotada de espírito crítico, que transmite o pensar e o sentir de milhares de Portugueses. Para zero, zero e meio também.
Marisa Matias: não tem perfil para Presidente da República. Limita-se a dar visibilidade e a defender o programa político do Bloco de Esquerda, que não serve para pôr em prática na Presidência da República. Além disso é adepta do AO90 e da pirosa linguagem inclusiva do “todos e todas”. É contra as touradas, mas isso não basta para lhe dar um passaporte para Belém.
Tiago Mayan Gonçalves: nada sei do que ele pensa, quanto às questões que mais me interessam (a mim e a milhares de Portugueses), por serem tabus. Mas sei que o IL é pró-tourada. Também sei que, no seu site, escreve em mixordês, ou seja, num misto de Português, acordês e brasileirês. As outras questões, não sendo tabus, já sabemos o que todos pensam sobre elas. O candidato, embora demonstrando falta de experiência nestas andanças, parece-me ser uma pessoa equilibrada e inteligente. Contudo, candidatar-se pelo Iniciativa Liberal, é um obstáculo.
Vitorino Silva: Genuíno. Inteligente. Trabalhador. Perspicaz. Um verdadeiro filósofo popular. Tem a sabedoria do Povo. Adoro as suas metáforas. Conhece o Portugal profundo. Não tem os vícios nocivos dos políticos “profissionais”, que nada têm de novo, para nos dizer. É alguém em quem se pode confiar. Como cidadão português tem todo o direito de se candidatar a Presidente da República. Afinal, não são os canudos universitários que fazem um bom presidente. Já todos tivemos oportunidade de o comprovar. Ser calceteiro não seria o impedimento maior. Não sei se aderiu ao AO90. Não sei o que pensa sobre isso e sobre as touradas, mas sei que gosta de animais e é bastante carinhoso com eles. Não tive tempo de lhe escrever, e questioná-lo sobre estes dois temas, que, para mim e milhares de Portugueses, são cruciais, e ninguém debate. Mas de uma coisa eu tenho a certeza: de todos os candidatos aqui apresentados, o Vitorino Silva seria o único a dar-me a honra de uma resposta.
Quem temos para pôr Portugal a mexer e a fazê-lo regressar à sua dignidade de País livre e independente? Porque podem crer, neste momento, quando andam todos distraídos com o futebol, as telenovelas e os realities shows, o nosso País não tem uma Língua que o identifique como Nação independente, e está no rol dos sete países (em 193) que mantém práticas primitivas, indignas de seres humanos.
E isto, para milhares de Portugueses é de máxima importância, porque nem só de pão vive o homem.
***
(*) Um esclarecimento sobre as duas questões (AO90 e touradas) que aqui destaquei por serem tabus, mas também porque têm a ver com a nossa dignidade, enquanto País europeu e civilizado.
Eu, que conheço o mundo civilizado, onde pessoas civilizadas se divertem civilizadamente; eu, que domino outras Línguas, para além da minha Língua Materna, sinto-me esmagada pela vergonha que sinto quando vejo o Parlamento Português viabilizar o massacre de mamíferos sencientes, com um ADN semelhante ao dos humanos, e promover uma mixórdia ortográfica, que desprestigia Portugal, transformando-o na colónia de uma ex-colónia. E de todas as coisas, estas duas são realizadas em nome da mais pura estupidez. Isto é algo que não quero para o meu País.
E se há algo que me tira do sério é precisamente a estupidez.
E a estupidez humana [não há outra], segundo Ernest Renan [escritor, filósofo, teólogo, filólogo e historiador francês] é a única coisa que nos pode dar a noção do infinito…
Todas as outras questões, que são trazidas à liça, nos debates presidenciais, e são esmiuçadas publicamente, até à exaustão, não são tabus, e quando se corrompem, não se corrompem devido à estupidez dos seus intervenientes, mas tão-só à mais vergonhosa incompetência, ao mais descarado despudor, à mais indecorosa indignidade e à mais imoral desonestidade.
Isabel A. Ferreira
«🐂 Hoje, no Parlamento Europeu, o decrépito lobby tauromáquico Português, Espanhol e Francês, através da União de Criadores de Touros de Lide, tentou mascarar a crueldade e a violência da indústria com uma exposição sobre a relevância destes seres sencientes e sensíveis na preservação da biodiversidade. Desespero?
➡️ Para nós, PAN, o único caminho é a abolição da tauromaquia. ⛔️ ↗️ Demore o tempo que demorar a não violência vencerá.» (Francisco Guerreiro – Deputado pelo PAN)
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Uma tal exposição só demonstra a gigantesca ignorância de quem a elaborou. E se da parte dos visitantes houve alguém que acreditou no que a exposição exibiu, também demonstrou uma fenomenal ignorância. E se o Parlamento Europeu pactuar com essa ignorância, teremos um PE também muito ignorante.
Porque tudo na tauromaquia assenta na maior ignorância e na mentira, que geram a monumental estupidez que a caracteriza.
Caro Francisco Guerreiro, deixo-lhe aqui o texto de um Biólogo, que pode ajudar o Parlamento Europeu a não acreditar nas mentiras dos tauromafiosos:
«A tourada, razão da existência do Touro bravo?» Ou a queda de um mito...
Isabel A. Ferreira
Texto publicado por Prótouro – Pelos Touros em Liberdade
https://protouro.wordpress.com/2018/12/04/deputados-presentes-em-reuniao-da-protoiro/
A “prótoiro” realizou no passado dia 29 uma reunião para discutir a estratégia para a tauromaquia e para a qual não convidou a imprensa tauromáquica.
Mas na dita cuja pasmem-se estiveram presentes representantes dos partidos que apoiaram a descida do IVA na Assembleia da República, ou seja deputados do CDS, PSD, PS e PCP.
O não terem convidado a imprensa foi propositado já que não queriam os mesmos revelassem o que foi discutido e postassem fotos dos deputados, portanto, sem fotos não sabemos quem foram os canalhas.
Os alarves que estiveram presentes não têm um pingo de vergonha na cara já que para além de terem votado para apoiar o lobby tauromáquico, agora também participam nas reuniões da “prótoiro”!
E se participam nessas reuniões é caso para perguntar em que outras coisas da “prótoiro” participarão?
Prótouro
Pelos touros em liberdade
Legenda da imagem:
- O que é a democracia? – pergunta o professor.
- Democracia é a liberdade de escolhermos os nossos ditadores – responde a aluna.
Exactamente. Depois de o “25 de Abril” começou-se por aí a dizer que se vive em democracia, e que o povo é quem mais ordena…
Mentira.
Se não, vejamos:
Facto: a grande, grande, grande, muito grande maioria do povo português rejeita as touradas.
E o que acontece? Os portugueses, individualmente ou representados nas associações e grupos e plataformas abolicionistas portuguesas escrevem aos políticos a dizerem da sua rejeição à barbárie e a exigirem a abolição desta selvajaria. E o que acontece?
Acontece que circula por aí que, apesar de a Ministra da Cultura não considerar as touradas uma questão de gosto, mas de civilização e baixar o IVA da tortura para 13 %, pois não pode estar nivelado pelos espectáculos artísticos superiores, o partido socialista prepara-se para contradizer a Ministra e aprovar o IVA de 6% para a tortura de touros, nivelada pelo “Lago dos Cisnes”, mas se Assunção Cristas (CDS/PP) vê nas touradas um bailado, porque não haverá o PS de ver também um bailado nos rodopios das bailarinas enchumaçadas, que atacam touros indefesos na arena, vestidinhas à maneira e com collants cor-de-rosinha?
Escrever a esses cérebros mirrados e não escrever dá no mesmo. Eles têm ideias fixas, e na definição da democracia deles, não cabe a palavra POVO. O povo não tem nada que dar palpites. É o que eles acham. E fazem o que bem entendem. Daí que sirvam o lobby tauromáquico e não o povo, que lhes paga o salário e é forçado a pagar os subsídios aos tauricidas, para que continuem a torturar touros, à nossa custa.
E se não é o povo que mais ordena, então não temos uma democracia, mas uma autocracia socialista, uma vez que são socialistas os mandantes, a qual tem de ser derrubada, tal como foi derrubada a ditadura salazarista.
Isabel A. Ferreira
Eis a carta que a Susana de Faria, do “Gabinete de Apoio aos Provedores”, da RTP, enviou aos telespeCtadores que escreveram a Jorge Wemans, que dizem ser provedor do “telespetador” (seja lá o que isto for…) a protestar pela transmissão de touradas (leia-se actividade selvática, cruel e violenta) no canal público.
Talvez se fosse Provedor do TelespeCtador (como deve ser em Bom Português, e tal como o saudoso Jaime Fernandes) o senhor Wemans teria respondido de um modo mais condizente com os direitos dos telespeCtadores que lhe pagam o salário e os salários dos que mandam na RTP, canal público de televisão que esbanja o erário público a transmitir selvajaria tauromáquica, apenas para servir o pequeno e apoucado lobby tauromáquico.
Esta foi a postura de um autêntico Provedor, Jaime Fernandes, que soube ler as mensagens dos que, em maioria, protestaram contra a transmissão da barbárie, na RTP, estação pública de televisão.
Eis a carta, escrita à moda brasileira (com excePção de telespeCtador, que os Brasileiros salvaram da mutilação, e só os portuguesinhos muito ignorantes escrevem incorreCtamente), que diz da absoluta inutilidade de um cargo, que existe não para ser porta-voz das queixas dos telespeCtadores, mas para ser o yes-man dos patrões, não podendo desautorizá-los.
Pasmemo-nos com a resposta do senhor Wemans (fiz questão de grafar a vermelho os erros ortográficos, como é da praxe escolar, porque em Portugal escreve-se à moda portuguesa):
«Exmo(a) Senhor(a)
Encarrega-me o Senhor Provedor do Telespetador de lhe transmitir a seguinte resposta à mensagem que lhe enviou:
"Agradeço a sua mensagem.
Ela é em tudo semelhante a outras que recebi com igual teor. Houve mesmo defensores da sua posição que me enviaram mais do que uma mensagem. Também tenho recebido mensagens favoráveis à transmissão de touradas pela RTP. Já no ano passado, ao tomar posição sobre esta matéria, indiquei claramente que a decisão quanto à interdição da televisão pública transmitir touradas não deve estar dependente da opinião dos seus diretores, ou do seu presidente.
De facto e como certamente saberá, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social pronunciou-se favoravelmente à transmissão de touradas. Também o Parlamento, em assunto conexo, voltou, há menos de um mês, a chumbar diploma para acabar com as touradas.
Neste contexto e para além da minha opinião pessoal não creio que a RTP deva desautorizar as instâncias que regulam a sua atividade, interditando o que estas aprovam.
m/ cumprimentos,
Jorge Wemans
Provedor do Telespetador»
***
Inacreditável! Inconcebível!
Senhor provedor do “telespetador” (o que será isto!) o senhor quando aceitou o cargo sabia ao que ia?
Missão dos Provedores
Os Provedores do Ouvinte e do TelespeCtador têm por missão:
E sabe o que o senhor Wemans fez ao dar esta resposta?
Simplesmente fez ouvidos de mercador aos protestos dos inúmeros telespeCtadores que lhe escreveram, e vergou-se à também inútil ERC, que de ÉTICA nada sabe e está nitidamente ao serviço do pequeno e apoucado lobby tauromáquico, e vergou-se igualmente ao Parlamento, que não é bom exemplo para ninguém, uma vez que a maioria dos parlamentares está-se nas tintas para o senso comum, e também está ao serviço do pequeno e apoucado lobby tauromáquico.
Tenho muitas coisas de que me envergonhar neste meu infortunado País, que não tem culpa de quem nele desmanada. E esta é mais uma.
Demita-se senhor Wemans.
Não está a cumprir a sua missão, e não merece o salário que lhe pagamos. Os pró-tourada também pagam impostos, mas são uma minoria que envergonha o país. E se vivêssemos em Democracia, o Parlamento ouviria a voz da maioria, e não obedeceria tão servilmente ao pequeno e apoucado lobby tauromáquico, que só existe para encher os bolsos a duas dezenas de parasitas da sociedade portuguesa.
Isabel A. Ferreira
Senhores deputados: olhem bem para esta imagem.
É isto que resta de um Touro, ser senciente, tão animal como eu, depois de ser barbaramente torturado por cobardes, nas arenas de Portugal.
Se pretendem fazer desta imagem um símbolo da identidade portuguesa, esqueçam as palavras que escreverei a seguir, e mantenham-se mergulhados nas trevas que vos ofusca a visão da modernidade.
Para amanhã, dia 6 de Julho de 2018, está marcada uma discussão do Projecto de Lei pela Abolição da Tauromaquia em Portugal, proposto pelo Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), a qual pode catapultar o nosso País para o rol dos países civilizados, e retirá-lo do número restrito de países terceiro-mundistas (oito, em 193 existentes no mundo) que ainda mantêm esta prática do tempo da monarquia espanhola, que a introduziu em Portugal e na América Latina.
Gostaria de aqui expor o seguinte: aproximam-se eleições legislativas, e o meu voto, e o voto de milhares de Portugueses, dependerá das decisões que os partidos políticos, ao serviço do minoritário lobby tauromáquico, tomarem, amanhã.
À parte de considerar inacreditável e inaceitável que, em pleno século XXI D. C., ainda se esteja a discutir, na Assembleia da República Portuguesa, um projecto de lei que pede o fim da tortura de um animal numa praça pública, mais inconcebível se torna o facto de ser permitida a entrada e participação de menores nesta actividade. A posição da ONU em relação à exposição/participação de crianças em eventos tauromáquicos é muito clara:
“In order to prevent the harmful effects of bullfighting on children, the Committee recommends that the State party prohibit the participation of children under 18 years of age as bullfighters and as spectators in bullfighting events.”
(Espero que todos os Senhores Deputados saibam ler Inglês, porque Português, nem todos sabem, uma vez que por mais informações que lhes damos a este respeito, na nossa Língua, a esmagadora maioria dos senhores não entende nada, e como gostam de estrangeirismos, o Inglês poderá ser mais conveniente).
Para além disso, é absolutamente escabroso o apoio, na forma de subsídios da ordem dos 16 a 20 milhões de euros anuais, a uma actividade que está em franco declínio, é cruel, violenta e desadequada aos tempos modernos, enquanto que nas áreas da Saúde, do Ensino, da Cultura Culta, os apoios andam muito minguados.
Daí que me parece de carácter urgente e mandatório que os senhores deputados da minha Nação tenham a hombridade de votarem a favor do Projecto de Lei do PAN, e, desse modo, contribuírem para a evolução de Portugal.
Mais saliento que, ao votarem contra este projecto, estarão directamente a legislar tanto contra as recomendações da ONU relativamente aos direitos das crianças (não salvaguardando a integridade moral e psicológica das crianças portuguesas), como a permitir que vastas somas de dinheiros públicos, de contribuintes como eu, continuem a sustentar uma obsoleta e medievalesca prática, como a manter Portugal no número restrito de países atrasados civilizacionalmente. Porque basta que 40 municípios, em 308, mantenham esta barbárie, para que Portugal não possa ser considerado um país civilizado.
Anda-se por aí a fazer-de-conta que é. Mas na realidade não é.
Esperando que amanhã, a Assembleia da República seja iluminada pela lucidez, envio os meus cumprimentos, que só serão respeitosos no dia em que eu vir os senhores deputados respeitarem as normas da civilidade para com os Touros e os Cavalos, que também são criaturas de Deus e animais como eu, os quais, em nome da mais hedionda estupidez, são torturados nas arenas portuguesas.
Isabel A. Ferreira
Um magnífico texto de André Silva, Deputado da Nação, pelo PAN, descomprometido e livre das amarras do lobby tauromáquico instalado na Assembleia da República Portuguesa.
Esperamos que aos deputados, aficionados da selvajaria tauromáquica, que ainda vivem no passado, chegue a lucidez suficiente, para que possam interpretar as palavras do Deputado André Silva, um Homem que pertence à modernidade, e os faça catapultar para o Século XXI D.C.
(Os excertos do texto a negrito são da minha responsabilidade)
Isabel A. Ferreira
Por André Silva
«Conseguimos saber algo importante sobre uma pessoa através da forma como ela trata os que são mais fracos do que ela. Mas conseguimos saber quase tudo sobre uma pessoa através da forma como ela trata os que não têm qualquer poder, os que são impotentes. E os candidatos mais óbvios a este estatuto são os animais. Milan Kundera diz que a verdadeira bondade humana só pode manifestar-se, em toda a sua pureza e liberdade, em relação aos que não têm poder.
O verdadeiro teste moral da humanidade, o mais básico, reside na relação que mantém com os que estão à nossa mercê. E é neste ponto que encontramos a maior derrota da tauromaquia. Sem tibieza, Fernando Araújo dá-nos a mais crua e límpida definição de uma corrida de touros, que consiste na exibição da mais abjecta cobardia de que a espécie humana é capaz, o gozo alarve com a fragilidade e com a dependência alheias.
Na falta de argumentos saudáveis e convincentes, ao estertor tauromáquico nada mais resta do que defender ad nauseam que estas manifestações são parte integrante do património cultural português e da sua identidade. Estagnados no tempo em que a maioria das pessoas não sabia ler nem escrever, tentam fazer-nos acreditar que mutilar e rasgar carne a um animal e fazê-lo cuspir sangue faz parte da nossa herança cultural.
A identidade de um povo cria-se a partir do que é pertença comum e não daquilo que nos divide, pelo que forçar a identidade tauromáquica à população portuguesa é ofensivo e contraproducente para uma desejada unidade nacional.
Aceitando por um lado que devem ser banidas e condenadas as violências contra animais, tentam fazer-nos crer que infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões a um animal é legítimo, desde que se faça num anfiteatro, que o mal-tratador use fato com lantejoulas e que seja acompanhado ao som de cornetas.
Esta deplorável cena troglodita, em Barrancos, leva-nos a um nome: Jorge Sampaio, ex-presidente da República Portuguesa, que não soube defender a Civilização.
O país pede uma evolução civilizacional e ética em relação a este assunto, sendo que as tradições reflectem o grau de evolução de uma sociedade, pelo que não é mais aceitável que o argumento da tradição continue a servir para perpetuar a cultura da brutalidade e do sangue que se vive nas arenas. Todas as tradições devem ser colocadas em crise quando atentam contra a vida e integridade de terceiros. As pessoas têm muitas formas de satisfazer o seu direito cultural sem que tenha que passar por infligir sofrimento a animais.
Mais de 90% dos portugueses não assiste a touradas e as corridas de touros têm vindo a perder milhares de espectadores todos os anos, tendência confirmada pelos recentes referendos nas universidades de Coimbra e de Évora, onde milhares de estudantes decidiram afastar a violência tauromáquica das suas festas académicas, após várias instituições de ensino superior já o terem feito.
Assim, afirmar que a tourada faz parte da identidade nacional é pretender que uma minoria da população que assiste a corridas de touros seja considerada mais “portuguesa” do que a grande maioria que não se revê neste tipo de espectáculos, o que é, no mínimo, desconcertante.
A identidade de um povo cria-se a partir do que é pertença comum e não daquilo que nos divide, pelo que forçar a identidade tauromáquica à população portuguesa é ofensivo e contraproducente para uma desejada unidade nacional.
Tenha a classe política a coragem para acompanhar o desejo de não-violência da esmagadora maioria dos portugueses.
André Silva»
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Comentário, na página, ao texto de André Silva, o qual subscrevo:
Acontece que a "classe política" é tão cobarde como um toureiro, e a população de certos locais e adepta deste primitivismo é particularmente agressiva. Viu-se na palhaçada de Barrancos onde a população se manifestou mais para ter touradas ilegais do que para ter um centro de saúde decente. E em vez de impor a lei, o Estado rebaixou-se e cedeu perante alguns burgessos ululantes. Uma pena e uma vergonha nacional que se continuem a praticar touradas. (Gustavo Garcia)
Fonte: