Em Portugal, celebraremos o dia 23 de Abril - Dia Mundial do Livro - rejeitando LER os livros escritos conforme a cartilha do Acordo Ortográfico de 1990, porque:
Da importância do acto de LER e dos Livros
© Isabel A. Ferreira
«Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive». (Padre António Vieira).
Livraria Lello (Porto) - A Catedral do Livro, incluída na lista das Livrarias mais belas do Mundo. (Origem da imagem: Internet)
Os livros são barcos que dão para muitas viagens.
LER é, pois, como viajar num barco e ir a muitos lugares, onde nos é permitido viver uma infinidade de aventuras.
LER é entrar na Máquina do Tempo, que nos transporta a todos os tempos. Até ao início do mundo, passando por todas as épocas, por todos os lugares, por todas as gentes. Até às mais longínquas galáxias do universo, se tivermos imaginação.
Quando somos crianças gostamos que nos contem histórias.
Mia Couto, um prestigiado escritor moçambicano, que também gosta de LER, costuma dizer que ao ler «recuperamos as histórias da nossa infância». Para ele, LER «é uma caixa de tesouros que não encontramos em mais lado nenhum. Devemos ler para podermos contar histórias».
Daniel Sampaio, escritor português – que é também psiquiatra, sobre os livros diz-nos: «Os livros são para podermos imaginar».
Vasco Graça Moura – poeta e escritor, também português – escreveu este belo texto, acerca dos livros, que passo a citar:
«Há livros que são mágicos.
Abrimo-los e é como se estivéssemos instalados num tapete voador das Mil e Uma Noites: transportam-nos através do tempo e do espaço;
Fazem vibrar aos nossos ouvidos os ecos fortes da História;
Põem-nos diante dos nossos olhos um fervilhar de gente;
Dão-nos a medida dos trabalhos e dos dias;
Mostram-nos as cores, as formas e os volumes das paisagens;
Penetram-nos no coração com os seus excursos mais prosaicos ou com os seus acentos mais líricos, tornando-nos possível fazer uma deambulação e vagabundagem com uma respiração diferente e mais livre, com um paladar de palavras feito que tem o perfume e o encorpamento de um vinho velho».
Paulo Filipe Monteiro, guionista, encenador e actor, diz do livro: «Um bom livro é uma viagem absorvente e nocturna para os espaços próprios da obra, para os seus mundos possíveis».
Fernanda Pratas (crítica literária) escreve: «LER é uma tarefa irrequieta. Envolve os sentidos todos, exige energia, mete-se com a nossa vida. Desata velhas emoções, inventa outras com um cheiro a novo que até faz doer, serena almas e inquieta-as outras vezes. Consegue o prodígio de nos dar saudades de pessoas que nunca conhecemos».
Teolinda Gersão (escritora) diz: «A leitura é isto: um sentido que se ilumina de quando em quando, mas que não nos é dado gratuitamente. Atravessamos um túnel, fazemos um certo esforço para chegar a qualquer lado e o lado onde chegamos é o sentido do livro. O Metro pode ser uma metáfora para isso: atravessa-se um túnel para se chegar a um lugar iluminado. A leitura não é uma coisa automática. Tem de haver um certo trabalho interior. Mesmo do leitor, porque lhe exige o esforço de se colocar na pele da personagem, vendo com os olhos dela».
Manuel de Pedrolo (escritor espanhol), defende os livros como a principal e insubstituível fonte de transmissão do saber.
E na opinião de Nelson de Matos (editor) «os livros ajudam-nos a decifrar o mundo e a conhecermo-nos a nós próprios ou, como disse o filósofo George Steiner (...) os livros são o santo e a senha para convertermos em melhor aquilo que somos. E “melhor” também quer dizer “menos sós”, mais solidários. Na medida em que busca um leitor (um interlocutor), um livro também nos ajuda a romper a solidão».
Arturo Pérez-Reverte, um dos escritores espanhóis mais lidos na actualidade, diz: «Nasci numa casa com uma biblioteca muito grande, cresci entre livros e descobri desde muito pequeno que os livros são uma explicação para o mundo. Quanto mais se lê mais vitaminas se tem, mais recursos se adquirem para enfrentar a vida, para sobreviver. E isso, para mim, foi decisivo».
O Livro é, pois, um companheiro fiel, um amigo, que nunca nos deixa ficar sós, em lugar nenhum, e é um óptimo antídoto para a ignorância.
Através da leitura podemos imaginar mundos infinitos e imensos, e cada um de nós imagina esses mundos de um modo tão desigual quanto único.
Através da leitura, podemos criar as imagens, as paisagens, os rostos das personagens de acordo com a nossa própria visão e modo de sentir as coisas, que são diferentes de pessoa para pessoa, de acordo com a nossa imaginação.
Podemos até impregnar-nos dos aromas que as histórias dos livros nos sugerem: como o da terra molhada; como o das flores; o do mar; o do suor das gentes que trabalham nos campos...
Podemos rir ou chorar, conforme a história nos diz da alegria ou da tristeza.
LER é também aprender. Quem não lê não aprende. Quem não aprende não sabe. E quem não sabe, é quase como quem não vê.
LER é conhecer uma infinidade de pessoas, umas inventadas, outras verdadeiras, em torno das quais giram peripécias vulgares ou invulgares que, de um modo ou de outro, enriquecem o nosso conhecimento do mundo.
Cada escritor é um escritor. Cada um tem as suas próprias vivências. Vê as coisas de um modo diferente, por isso, todos os escritores podem até escrever sobre um mesmo tema, imaginemos, por exemplo, que escrevem sobre o mar, mas esse mar será diferentemente descrito, porque os olhos de cada um vão olhá-lo de um modo absolutamente singular. E o mar, que é o mesmo, será então muitos mares.
Daí que quantos mais livros lermos, quantos mais escritores conhecermos, maior será também o nosso conhecimento do mundo.
Quem não lê não vive, nem as venturas, nem as desventuras, nem as aventuras da vida. Porquê? Porque a leitura, mais do que os filmes que vemos na televisão ou no cinema, isto é, mais do que todas as imagens, nos proporciona uma ligação íntima, só nossa, única, com o que cada um de nós tem de mais valioso, que é a nossa liberdade de pensamento, e essa liberdade ninguém, nem o mais feroz e audaz dos carrascos pode tirar-nos. e esta é que é a verdadeira liberdade.
A leitura desenvolve a nossa imaginação, a nossa criatividade, e também o nosso raciocínio, se nos propusermos a LER, quase como se mastigássemos as palavras, nelas sorvendo cada gota de sentido que a escrita nos oferece.
E como LER nos dá conhecimentos, muitos conhecimentos, LER é preciso, para nos tornarmos pessoas esclarecidas, porque: «Quanto mais esclarecidos formos, mais livres seremos», de acordo com Voltaire, um grande escritor e pensador francês, que viveu no século XVIII.
E a LIBERDADE que vem do nosso SABER é o bem mais precioso que temos, é a coisa mais nossa que possuímos, porque nem que nos encerrem numa masmorra, ou nos condenem à escuridão de uma funda caverna, ninguém, neste mundo, jamais poderá destruir, em nós, essa liberdade.
Façamos então do LIVRO um amigo, um companheiro para a VIDA.
Além dele nos proporcionar uma liberdade infinita, far-nos-á companhia nem que seja na mais deserta ilha do nosso planeta, porque com um LIVRO estamos na companhia de um Escritor; estamos com as Palavras; estamos com as Personagens das narrativas; podemos até entrar na história, se nos deixarmos levar pelas asas da nossa imaginação, transformando-nos também numa personagem.
LER, enfim, é viver muitas vidas; e quantas mais vidas vivermos, mais humanos nos tornamos; e quanto mais humanos formos, melhor será o mundo em que vivemos; e quanto melhor for esse mundo, maior será a harmonia do futuro. E hoje, mais do que nunca, é URGENTE acreditar num futuro mais promissor.
Porém, ainda há quem, pura e simplesmente, não leia, porque LER dá muito trabalho e é preciso pensar. E pensar também dá muito trabalho…
© Isabel A. Ferreira
Comprar livros, obviamente.
Mas ATENÇÃO: em nome da nossa Língua Portuguesa, não comprem livros acordizados. Temos óptimos escritores e editoras que recusam a absurdez do Acordo Ortográfico de 1990, e escrevem e publicam em Português de FaCto.
Aqui deixo a lista de escritores e editoras que rejeitam o AO90:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/estas-sao-as-vozes-audiveis-que-gritam-137738
A lista é longa, e a ela juntei a dos 199 subscritores da Petição «Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990» [publicada como Manifesto no Jornal "Público", em 23 de Janeiro de 2017] a qual vergonhosamente os meros 230 deputados da Nação (com algumas poucas excepções) se recusam a levar em conta, estando deste modo a empalear os Portugueses, numa atitude ditatorial, não se decidindo pela anulação deste que foi o maior desacordo em toda a História de Portugal.
Numa DEMOCRACIA isto jamais aconteceria.
E aqui fica o link para a Página Português de FaCto, no Facebook
https://www.facebook.com/portuguesdefacto/
onde podem encontrar bastantes sugestões de livros recentemente editados, em Português CorreCto.
Em nome da Língua Portuguesa, dêem lucro a quem o merece.
Isabel A. Ferreira
«Eu já faço o meu boicote há bastante tempo: não compro livros em AO/90, nem jornais, nem revistas. NADA. E até era uma boa cliente das livrarias.
LER é o meu VÍCIO.
LER, para mim, é um PRAZER, não uma tortura.
Daí não me consentir LER numa língua estropiada» (I. A. F.)
Caros amigos, vamos fazer um favor à nossa Língua e não comprar um único livro impresso segundo a patética ortografia (exceptuam-se os livros escolares por razões óbvias), de resto, aqueles que não são essenciais à aprendizagem escolar, poderão ser ignorados e deixados no seu melhor lugar as prateleiras das livrarias e das lojas de batatas e cebolas: os hipermercados.
Esqueçam, também, os jornais e revistas mal redigidos, vamos tocar-lhes na ferida: os lucros, ou neste caso os prejuízos pela não-venda.
Os desgovernos fazem ouvidos-de-mercador, pois estão conluiados com as editoras, mas a estas a única coisa que lhes importa são a quantidade de livros vendidos e o capital recebido. Se não conseguirem os seus objectivos terão de voltar atrás.
in:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=362158327307452&set=gm.581739265262867&type=1&theater
«Portugal é feito de belas paisagens de água, como as do Oceano Atlântico e das suas ondas ora poderosas, ora mansas, a beijar-lhe a costa, pontilhada de recantos paradisíacos, de areais imensos, e de penedias, sobre as quais voejam as gaivotas; como as dos rios que serpenteiam por entre vales e planícies verdejantes e majestosas montanhas; e as dos barcos que descansam nas águas, ao entardecer.
Portugal é feito de paisagens de campo, de paisagens citadinas, belas e coloridas, como a magnífica cidade do Porto, Património Mundial, com o seu casario a escorrer para o rio, onde os barcos rabelos emprestam um ar bucólico à foz do Douro, e que o Sol poente matiza das mais variadas cores.
Portugal é feito de aldeias e vilas antigas, casas senhoriais, palácios, castelos altaneiros, lugares que ainda conservam a essência das suas origens, monumentos fabulosos, uma arte requintada, como o Estilo Manuelino (uma variação portuguesa do Gótico) que surpreende pela sua beleza, e a admirável azulejaria que ainda pode ser apreciada na fachada das casas de muitas localidades.
Portugal é feito da música das guitarras de Coimbra ou do fado de Lisboa; é feito de muitas cores, de muitos verdes, de Sol e das palavras luminosas dos seus poetas.»
...
Estas palavras, escrevi-as na minha «Contestação» do livro «1808», da autoria do jornalista brasileiro Laurentino Gomes, onde Portugal e os Portugueses e o nosso Rei Dom João VI são muitíssimo amesquinhados, maltratados, predominando a mentira, e o preconceito do colonizado sobre o colonizador.
Na verdade, Portugal é um paraíso onde poderíamos viver placidamente, não fosse estar cheio de pessoas e políticos com mentes tacanhas que, empoleirados em cargos maiores, transformam o País lá no quintalinho deles, deixando tudo o que faz parte da sociedade portuguesa, por aí à deriva, sem rumo, e se não somos um povo maior, a essas mentes tacanhas o devemos.
Diz-se que um povo que não se sente não é filho de boa gente, por isso aqui estou, uma vez mais, a defender, desta vez não o País, mas algo que faz parte da sua Cultura e são desprezadas pelo preconceito bacoco que reina entre os pseudo-intelectuais, que por aí andam e mandam no caduco sistema editorial português: as Edições de Autor.
Vocês sabiam que a maioria dos livros que por aí circulam são, no fundo, edições de autor? Porque quem paga a edição é o próprio autor. Mas como levam a chancela de Editoras, umas mais, outras menos afamadas, são acolhidas como “filhas” e têm o aval das livrarias e dos próprios leitores. Podem não valer nada como leitura ou Literatura, mas trazendo o “selo” de uma editora, entram em todo o lado. As outras, as Edições propriamente ditas de Autor, são tratadas, injustamente, como “enteadas”.
Eu faço edições de autor, por opção, e devo confessar que tenho grande dificuldade em escoar os livros, precisamente devido a esse preconceito bacoco contra o facto de os livros não terem o suporte de uma editora.
Decidi, por uma vez, experimentar a publicação da «Contestação» através da Chiado Editora (ainda com pouco nome, mas era uma editora). Imprimiram-se 500 livros. Paguei-os todos (e não foi pouco). E ainda tive de dar uma percentagem. E o contrato que se assinou, então, não foi cumprido, pela parte da editora. Viram-se com o dinheiro no bolso, e a cláusula que diz: a editora obriga-se a distribuir, promover e divulgar a obra, ficou no papel do contrato.
Ora para isso, prefiro fazer as minhas próprias edições de autor. Pago o livro, tenho grandes dificuldades em os distribuir, promover e divulgar, mas também não tenho de dar percentagens a quem devia distribuir, promover e divulgar o livro e não o faz (para isso se dá a percentagem).
E qual a diferença entre a publicação com chancela ou sem chancela? Absolutamente nenhuma. O conteúdo é o mesmo, a paginação, capa e revisão são feitas por gente do meio. A única diferença é o “selo”.
A Comunicação Social vai pelo mesmo caminho. Entregar edições de autor aos media para divulgação é o mesmo que as deitar ao caixote do lixo. Os próprios “divulgadores” de livros (como as publicações da especialidade) e o próprio Marcelo Rebelo de Sousa (divulgador de livros numa estação de televisão) que um dia, no "Correntes d’Escritas" na Póvoa de Varzim, disse que «é preciso acarinhar as Edições de Autor», desprezam-nas (e eu que o diga, pois os livros que enviei a todos, incluindo a Marcelo, foi o mesmo que os atirar ao caixote do lixo).
Só divulgam as edições de autor dos amigos, e este é o lado perverso da edição em Portugal.
Contudo, nem toda a Edição de Autor é lixo. E nem toda a Edição, com a chancela de Editoras, tem qualidade.
Nos tempos que correm, os novos autores não são escritores. São futebolistas. São apresentadores de televisão. São apresentadores de telejornais. São pessoas com vidinhas escandalosas. São Josés Castelos Brancos. São os Big Brothers. São os policiais. Enfim, são todos aqueles que diariamente têm visibilidade, aparecem nas televisões, nas revistas cor-de-rosa, com mais ou menos protagonismo. E eles é que vendem. A Literatura é marginal.
São vendas garantidas. As edições são pagas (tive muitas ofertas dessas) pelos autores. Os editores só têm a ganhar.
A verdadeira Literatura deu lugar às caras que aparecem nos ecrãs e nas revistas. E é a essa “cultura” que os editores dão o seu aval.
É a mediocridade a progredir. É o País a regredir.
Além destes, apenas são publicados os autores já consagrados. Autores sem nome no mercado (a não ser que sejam amigos de amigos dos editores, ou filhos de figuras públicas) não são publicados. Ponto final. Tenham ou não tenham obra de qualidade.
Culpo os escritores portugueses, que nunca se rebelaram contra esta situação humilhante. O que lhes interessa é publicar, nem que seja a troco de umas migalhas.
O que resta fazer, então? O inusitado. O imprevisto. Porque, como já dizia Miguel Torga, que começou por fazer Edições de Autor: «Ser livre é um imperativo que não passa pela definição de nenhum estatuto. Não é um dote, é um dom».
Por estas e por outras, os talentos portugueses estão a singrar no estrangeiro. E Portugal a afundar-se, cada vez mais, na mediocridade.
Isabel A. Ferreira
Uma vez que a história deste amigo é a história que eu teria para aqui contar, vou transcrever o artigo (com a devida vénia) porque o autor "tirou-me as palavras da boca".
Afinal, não me acontece apenas a mim.
Por João José Brandão Ferreira
«Já plantei árvores, tenho filhos e escrevi livros. Posso pois, segundo um ditado popular, partir desta vida e passar a outra “dimensão”. Mas lamento já cá andar há 56 anos e não ver melhorar um rol de coisas extenso, que não pára de aumentar. E da melhoria das pequenas coisas se poderia partir para outras mais importantes. Foi desse modo que Nova Iorque se tornou, possivelmente, mais segura, hoje em dia, que Lisboa…
Livros escrevi cinco, mas só deste último consegui auferir, até hoje, alguns direitos de autor. O mundo editorial não foge à pandemia geral (essa sim, real), de desonestidade em que vivemos. Já fui vítima de algumas coisas que se tornaram corriqueiras: deslizamento temporal das promessas de pagamento; falências, quiçá fraudulentas; desaparecimento do mercado por fraude; e até um “não tenho dinheiro para lhe pagar, pois ninguém me paga, olhe só lhe posso pagar em livros…”.
Quando finalmente recebo uns assinaláveis 10% (!) pelo preço de venda de cada exemplar, sou informado que tenho que pagar 7,5% de IRS para os cofres da Fazenda Pública.
Usando de um pouco da ousadia que me prégaram nos bancos da escola militar, que frequentei, resolvi interrogar-me porquê?
Ou seja com que direito e porque bulas, as finanças – que na Idade Média só cobravam impostos depois de aprovados em Cortes onde estavam representados o Clero, a Nobreza e o Povo – se arroga o direito de me espoliar de 7,5% do meu trabalho a que pomposamente apelidam de “propriedade intelectual”?.
Vejamos, eu não sou profissional desse território; escrevi o livro nos meus tempos livres, não tendo para isso usufruído de nenhum “serviço” do Estado; usei papel, canetas, computador, net, consultei bibliotecas, comprei outros livros e mais um conjunto de consumíveis sobre os quais esse mesmo Estado já me cobrou impostos – para além de estar a contribuir para o PIB - dou trabalho à editora, à distribuidora e ajudo no negócio dos livreiros – ou seja estou a contribuir para o emprego de muita gente ; finalmente, dou o meu contributo para a cultura nacional – notem que até escrevo com pontuação e tudo! – e que fez o Estado? Pois o Estado vai-me esbulhar de 7,5% de uma pequena mais valia que obtive exclusivamente com a iniciativa e trabalho próprio. O Estado não me taxa, agride-me e tira-me, por completo, a vontade de com ele colaborar.
O Estado está assim a incorrer na falta em garantir a Justiça e o Bem-Estar dos cidadãos que é suposto servir, que, juntamente com a Segurança, são os três únicos desígnios para os quais existe e foi inventado.
Poder-se-á argumentar que este imposto contribui para o Bem Geral, mas essa tirada só faz ouvir o gargalhar mais longe e mais audível.
Nem os outros cidadãos têm o direito de usufruir de nada para o que não concorreram, nem eu me sinto no dever de tal partilhar, a não ser por deliberação própria.
Um Estado que esminfra quem trabalha, protege quem especula e subsidia quem não quer fazer nada (ou está preso!) além de privilegiar as cunhas de parentesco, “grupo” ou partidárias, é um estado de um país sem futuro, à beira dos maiores precipícios.
Não se acerta uma.»
28/6/2010
TCor/Pilav(Ref)
Livraria Lello (Porto) - A Catedral do Livro (Origem da imagem: Internet)
Mary Shelley, escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da feminista e escritora Mary Wollstonecraft, diz sobre o acto de ler: «Gostar de ler é ter tudo ao nosso alcance».