Um belíssimo texto de Raul Tomé, para dizer da vilania da tauromaquia
«Hoje terás de lutar meu nobre amigo.
A noite aproxima-se e o teu oponente já sente o nervoso miudinho a crescer dentro de si. Prepara-se para a ribalta e para os aplausos que ecoam como espingardas por debaixo do mar de luz fervente que inundará aquele indouto povo.
Tem o seu melhor fato vestido. As lantejoulas já brilham para o seu serão engalanado.
A multidão sequiosa aplaude e espera-o no centro daquela bárbara arena.
Pisa a areia e sente cada grão de adrenalina estalar sob a sola imberbe dos seus sapatos.
Começa o espectáculo e em poucos segundos ouve a primeira ovação, depois a segunda e ainda uma terceira.
O seu fato continua imaculado, mas tem nas mãos a cor da morte, da dor e do sangue que derrama.
O seu olhar brilha de ódio e de emoção. E o público rejubila com a sua matança. Sente na boca o sabor escarlate e quente da seiva que faz viver o ser assassino que carrega dentro de si.
E tu, ferido, olha-lo com doçura e condescendência. Lutas até ao fim, mas as armas são diferentes. Ele usa o ferro e o ódio contra o amor e a bondade de quem nunca quis lutar.
Ele não te desafia, ele impõe. Ele não luta, destrói. Ele não é vilão, é demónio.
Mas numa coisa ele tem razão meu corajoso amigo. Ele escolhe lutar contigo porque diz que és nobre e, de facto, a tua nobreza é ímpar… Tu tombas como ele jamais tombaria, lutas como eles jamais lutará… Porque tu não lutas nem por ódio nem por prazer.
Tu lutas por tudo aquilo que lhes falta e antes de tombares, os teus olhos inundados de humanidade e dignidade serão farpas que cravarás no coração ignóbil e estéril do teu desprezível assassino.
Raul Tomé»
Fonte:
Faço minhas todas as palavras dirigidas por Jorge ao seu amigo aficionado.
Quanto a mim, dirijo-as aos aficionados que aqui vêm ameaçar-me, insultar-me com as ordinarices próprias de quem anda neste mundinho sangrento, e que me odeiam do mesmo modo que odeiam os Touros.
(Este é um texto publicado neste Blogue, em 8 de Julho de 2014, e que aqui reproduzo hoje, porque, hoje, recebi um comentário do Jorge a dar-me conta de que se tornou vegetariano. Bem-haja, Jorge!)
«Manel M., já somos amigos... sei lá... há 25 anos?! e sabes bem que numa coisa sempre me mantive fiel. O meu amor aos animais. Já discutimos sobre este assunto por diversas vezes e não quero que tomes a integridade da minha posição como uma "farpa" espetada a nível pessoal, mas sobre as touradas já sabes que nunca nos encontraremos do mesmo lado da "arena".
Manel, sabes bem que não posso admitir que hoje, em pleno século XXI; que hoje, em que sou Pai e tenho duas filhas, que educo promovendo o respeito pelos seres vivos e para que tenham coragem para ajudar os mais fracos; que hoje, ainda se pratique e promova uma actividade de tortura de seres vivos como espectáculo.
Tu, que és aficionado, poderias por exemplo divulgar DETALHADAMENTE como se "preparam" os touros antes das touradas. Sim, porque as touradas não são lantejoulas, trajes de luzes, cornetas e cavalos.
Conta por exemplo, como se deixam os touros sem água e sem comida na escuridão, como se serram as pontas dos chifres até aos nervos, fazendo com que cada marrada lhes provoque dor, como se lhes coloca vaselina nos olhos para evitar que vejam bem, como são manuseados, picados e espancados dentro dos curros... para depois serem soltos numa arena barulhenta, estranha, plena de ódio e cheia de pessoas sedentas de sangue que se divertem e regozijam com cada ferro que lhes é espetado no dorso... tu, que és aficionado diz-me o comprimento da lâmina serrilhada que tem cada farpa... 4cm? 6cm? 8cm? 10cm?
Manel, fomos colegas de carteira nas aulas de Biologia, lembras-te? Não me venhas dizer que o touro não sofre, que não sente a dor ou que o seu instinto o preparou para aquilo... amigo, até tu, um aficionado, sabe que não é assim.
Sim, sou contra as touradas, sou contra a forma como os animais são abusados e sabes porquê? Porque me coloco no lugar deles e aí sinto a dor, a humilhação e o estupro... sim, Manel, também sou contra a forma como os animais são criados, transportados e mortos nos matadouros, por isso sou quase vegetariano...
Já não me recordo quem disse que o nível cultural e de evolução de um Povo se mede pela forma como trata os seus animais...
Tira daí as conclusões que queiras sobre quem és e sobre quem todos nós somos e quem queremos ser; recebe um forte abraço com amizade,
Jorge»
Fonte:
Arco de Almedina
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/as-touradas-nao-sao-lantejoulas-441134
Faço minhas todas as palavras dirigidas por Jorge ao seu amigo aficionado.
Quanto a mim, dirijo-as aos aficionados que aqui vêm ameaçar-me, insultar-me com as ordinarices próprias de quem anda neste mundinho sangrento, e que me odeiam do mesmo modo que odeiam os Touros.
«Manel M., já somos amigos... sei lá... há 25 anos?! e sabes bem que numa coisa sempre me mantive fiel. O meu amor aos animais. Já discutimos sobre este assunto por diversas vezes e não quero que tomes a integridade da minha posição como uma "farpa" espetada a nível pessoal, mas sobre as touradas já sabes que nunca nos encontraremos do mesmo lado da "arena".
Manel, sabes bem que não posso admitir que hoje, em pleno século XXI; que hoje, em que sou Pai e tenho duas filhas, que educo promovendo o respeito pelos seres vivos e para que tenham coragem para ajudar os mais fracos; que hoje, ainda se pratique e promova uma actividade de tortura de seres vivos como espectáculo.
Tu, que és aficionado, poderias por exemplo divulgar DETALHADAMENTE como se "preparam" os touros antes das touradas. Sim, porque as touradas não são lantejoulas, trajes de luzes, cornetas e cavalos.
Conta por exemplo, como se deixam os touros sem água e sem comida na escuridão, como se serram as pontas dos chifres até aos nervos, fazendo com que cada marrada lhes provoque dor, como se lhes coloca vaselina nos olhos para evitar que vejam bem, como são manuseados, picados e espancados dentro dos curros... para depois serem soltos numa arena barulhenta, estranha, plena de ódio e cheia de pessoas sedentas de sangue que se divertem e regozijam com cada ferro que lhes é espetado no dorso... tu, que és aficionado diz-me o comprimento da lâmina serrilhada que tem cada farpa... 4cm? 6cm? 8cm? 10cm?
Manel, fomos colegas de carteira nas aulas de Biologia, lembras-te? Não me venhas dizer que o touro não sofre, que não sente a dor ou que o seu instinto o preparou para aquilo... amigo, até tu, um aficionado, sabe que não é assim.
Sim, sou contra as touradas, sou contra a forma como os animais são abusados e sabes porquê? Porque me coloco no lugar deles e aí sinto a dor, a humilhação e o estupro... sim, Manel, também sou contra a forma como os animais são criados, transportados e mortos nos matadouros, por isso sou quase vegetariano...
Já não me recordo quem disse que o nível cultural e de evolução de um Povo se mede pela forma como trata os seus animais...
Tira daí as conclusões que queiras sobre quem és e sobre quem todos nós somos e quem queremos ser; recebe um forte abraço com amizade,
Jorge»
Fonte:
"A Câmara Municipal de Coruche desviou € 4.075,00 do erário público para pagar a viagem dos Forcados de Coruche ao Canadá, nos dias 15 e 16 de Junho. Foram atacar bovinos e envergonhar a imagem de Portugal e ainda por cima à custa dos contribuintes!"
Foto do Grupo Forcados Amadores de Coruche, no bem-bom à custa do povo, que só tem de correr com quem permite este insulto.
Nem os Coruchenses gostam!
Alguns comentários publicados no Facebook:
- «Para além de tudo isso, ainda tomam banho todos juntos, usam collants, sabrinas e coletinhos e lantejoulas???? Tem pai que é cego...»
- «Tão ridículos quanto esses imbecis são os políticos que liberam recursos para viagem e essa apresentação»
- «Esse é mais um mito urbano em que só embarca quem quer desculpar os bandidos da quadrilha e só quer ver parte ínfima do tema. Também porque evitam que se mostre tudo.
A forcadagem salta para a areia para participar na humilhação simbólica dum pobre animal e em não é por fazerem aqueles salamaleques rituais que são menos cruéis do que os que espetam. O mesmo para os peões que lá andam com os capotes, o gajo da corneta, o director de corrida e o prior que os abençoa, etc.
Um forcado para chegar a cabo de touros + de 450 Kg à volta de 1/2 tonelada, já levou muita costela magoada, já deu muita cabeça, muita queda e já levou muito nos cornos, não está bom da cabeça. Não mede o que está a fazer quem alinha em fazer pegas de caras.
Uma cena que nunca se irá ver é uma Pega à gaiola de modo a o touro sair do curro à arena directo para os braços dum cabo de moços forcados, com todos alinhados, à espera dele a sair fresquinho, isso é que ia ver homens a voar até aos candeeiros!!!
Só fazem a pega ao touro depois de sangrado e enfraquecido de cansaço»
Juventude Anti-tourada Portugal & Mundo
Fonte:
A Hora do Riso, por Ricardo
(Para entenderem o que o Ricardo quer dizer, têm de abrir primeiro a publicação d’«O Blá, Blá, Blá…»)
Ricardo, deixou um comentário ao post O blá blá blá de sempre dos aficionados... falam, falam e não dizem nada que se aproveite… às 22:09, 2013-03-17.
Comentário:
«Este comentário merece ser analisado pois contém todos os pré-conceitos e clichés característicos da filosofia (ou ausência de) aficionada.
Quase que tenho pena deste individuo*, tal é o estado de ilusão em que se encontra, mas não é mais do que o resultado de anos e anos de lavagem cerebral.
A imagem que este sujeito tem de um "animalista" (conceito bacoco inventado pelos aficionados para descrever o resto do mundo) é a imagem que tem vindo a ser insistida pelo lobby tauromáquico, na sua frustrada tentativa de delimitar e definir o seu "inimigo".
É uma imagem completamente falsa, uma triste tentativa de criar uma figura ridicularizável com o qual se tentam vingar de o facto de os aficionados serem motivo de chacota de toda a sociedade.
Eles pavoneiam-se cobardemente em arenas, ostentando uma combinação de collants cor-de-rosa e lantejoulas que faz chorar os olhos de um daltónico e depois os "animalistas" é que são ridículos.
A forma como os aficionados inferem sobre características tão específicas das pessoas que condenam a sua actividade leva-me a crer que eles são omnipresentes.
Volta e meia lá vem um aficionado acusar abolicionistas de comer carne ou (neste caso) sapateira. Pergunto então: será que seguem os manifestantes depois das touradas? Será que vão até às casas deles para verem o que têm no frigorífico? Talvez recolham fezes para depois analisar, quem sabe?
Ao que parece, o Luís leu "algures" que alguém na Alemanha ou Austrália (aproximadamente, uma vez que um dos países é logo ao lado do outro...) que uma mulher que pertencia a uma associação de protecção de animais foi acusada de zoofilia. É suposto isso denegrir os abolicionistas? Em que sentido?
E se eu disser que li algures que no México ou em Espanha, um toureiro foi encontrado com centenas de Gigabytes de pornografia infantil no seu computador? Em que sentido é a minha afirmação menos fiável que a sua?
Este comentário limita-se a fazer conjecturas sem qualquer base lógica para tal. Tenta ser insultuoso ou talvez até provocador, mas acaba apenas por enaltecer a estupidez e falta de inteligência que é tão característica da comunidade aficionada.»
***
Boa, Ricardo! Esta foi na “mouche”.
E como eles gostam de dizer: quem não gosta, não leia…
Porque o facto de ler ou não ler não implica TORTURA para ninguém.
* O indivíduo a que o Ricardo se refere é Luís Soares, o autor do comentário (não o vão confundir com o torcionário da imagem).
Isabel A. Ferreira