Desde que essa criatura foi posta no Poder, por obra e graça da ala mais alienada dos norte-americanos (como foi isso possível?) que andava a urdir um texto para dizer da minha enorme revolta, por pressentir que o mundo iria retroceder séculos, com Donald J. Trump, dotado de um cérebro do tamanho de um feijão, a desmandar nesse mundo. E o pior é que ele não enganou ninguém. Disse ao que ia, enquanto o Ocidente dormia... E não conseguia encontrar as palavras certas que pudessem dizer da minha revolta e repulsa. Fiquei completamente bloqueada.
Porém, ao ler, no Facebook, o texto escrito por Miguel Sousa Tavares (com quem discordo, em absoluto, quando se trata dos seus hobbies predilectos, a caça e as touradas, que eu combato aguerridamente) disse cá para mim: era isto mesmo o que eu queria dizer, e não consegui, mas o Miguel conseguiu. Porque aqui há dois Miguéis, e eu sei discernir entre um e outro. Eu também não sou perfeita.
Por isso, decidi transcrever o texto «Um só homem”, fazendo minhas as rigorosas e singulares palavras do Miguel (porém, nem todas) no dia em que, desvairadamente, a criatura iniciou uma guerra comercial global, e nós, que já não estávamos bem, com alguns energúmenos no Poder a matar milhares de pessoas inocentes, em várias partes do mundo, em nome da estupidez, ficámos pior, o mundo ensombreceu, e a criatura começou a cavar a fossa onde os EUA se há-de afundar, se ainda houver justiça no mundo.
Isabel A. Ferreira
«Um só homem”
por Miguel Sousa Tavares
«No dia 20 de Janeiro, depois de ter assistido à tomada de posse de Donald J. Trump como Presidente dos Estados Unidos, prometi a mim mesmo que não iria seguir obcecadamente cada passo da sua administração nem me deixaria deprimir pelo que aí vinha. A vida tem motivos muito mais interessantes do que acompanhar o desvario político, mental e humano do homem mais poderoso do mundo. Sim, Trump é Presidente dos Estados Unidos e os Estados Unidos detêm a maior capacidade militar e nuclear do mundo. Quer isto dizer que, em querendo, podem dar ordens ao mundo inteiro e ditar o destino de todos. Mas o meu, não.
Enganei-me: o meu também. Não consegui manter a minha promessa pela simples razão de que tudo o que está a acontecer na América ultrapassou em pior a minha imaginação, e como eu vivo neste tempo e neste mundo em que está um bandido à solta na Casa Branca e um grupo de marginais a acolitá-lo, não é possível, como cantava o Adriano Correia de Oliveira, viver serenamente. Não é possível, por mais que se queira — até como forma de resistência —, abstrair das malfeitorias diárias do Presidente dos Estados Unidos.
Se a agenda foi cumprida, o Conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz, acompanhado de altas patentes militares, está esta sexta-feira na Gronelândia para avaliar in loco as potencialidades militares de um território a que Trump disse que, por razões de segurança, ia deitar a mão, “de uma maneira ou de outra”, comprado ou invadido. Na comitiva vai também a “vice-primeira dama”, a mulher do idiota J. D. Vance, e um filho, viajando em missão turística para ela mostrar à criancinha a conquista que o pai e o seu amigo Presidente vão fazer para os Estados Unidos. A Gronelândia, recorde-se, pertence à Dinamarca e a Dinamarca pertence à NATO, a organização militar de defesa comum liderada pelos Estados Unidos. Isto parece inacreditável, mas somos forçados a acreditar depois de termos visto, apenas nos primeiros 60 dias de governo, Trump reivindicar, além da Gronelândia, o canal do Panamá, a Faixa de Gaza, as riquezas minerais e as centrais nucleares ucranianas, e mesmo o Canadá, a quem convidou a tornar-se o 51º estado da União!
Por falar em NATO, ficámos também a saber que Trump não garante que os Estados Unidos respeitem o artigo 5º do Tratado, o “um por todos, todos por um”, que é o fundamento da organização. Mas como poderia garanti-lo se ele próprio fala abertamente em tomar posse de territórios, ou mesmo de países, seus aliados na NATO? A sua regra é simples: se é do seu interesse, da sua segurança ou do seu aprovisionamento estratégico, os Estados Unidos têm o direito de fazerem o que quiserem. Ao mesmo tempo que ele, Trump, ordena aos aliados europeus que desatem a gastar fortunas em armamento comprado aos Estados Unidos e delicia-se a receber, em audiências de vassalagem, os grandes da Europa, Keir Starmer e Macron, ou o seu pau-mandado Mark Rutte, secretário-geral da NATO, que lhe foi dizer que as suas ordens serão obedecidas e que a organização atlântica está pronta a marchar “under your comand, Sir”.
Entretanto, ameaça os palestinianos com o “inferno”, como se fosse novidade para eles, e bombardeia os hutis no Iémen para se substituir ao “parasitismo europeu”, como lhe chamou Pete Hegseth, um atrasado mental vindo da Fox News directamente para chefiar o Pentágono. A devoção de Trump por Israel é tanta, o seu desejo de tudo dar ao seu amigo Netanyahu é tamanho, que a polícia de emigração está a expulsar do país estudantes que participaram em manifestações contra o massacre em Gaza, mesmo que sejam residentes legais nos Estados Unidos, e a impedir de entrar no país quem se manifestou pela Palestina: agora, para entrar nos Estados Unidos é preciso nunca ter posto em causa as acções de Israel e sair é arriscar não poder voltar a entrar. Uma após outra, as principais universidades do país vêem o governo federal cortar-lhes os fundos sempre que alguém, no governo de Trump se lembra de ter lá visto manifestações pró-Palestina: Harvard ainda resiste, Columbia já ajoelhou, pronta a alinhar com o desejo de Trump de “banir esta insanidade antiamericana de uma vez por todas”. De caminho — coisa verdadeiramente inédita — encarregou a ministra da Educação de extinguir o respectivo Ministério, declarando que “agora é que vamos ter educação a sério!”. O pretexto é a invocada “esquerdização” do ensino e das universidades, das suas políticas de integração agora proibidas ou o desperdício de dinheiros públicos em aprendizagens inúteis ou antipatrióticas. Mas, na verdade, esta fúria contra o saber que está a paralisar a investigação nas universidades e a aterrorizar todos fundamenta-se numa coisa que é própria da ignorância arrogante de Donald Trump: o ódio à inteligência e ao conhecimento, que, para ele como para os seus apoiantes do MAGA, representa apenas a justa revolta do povo contra as elites intelectuais e académicas. O programa de Trump não é o de aproveitar e tirar partido do melhor dos Estados Unidos — a excelência de um ensino universitário que deu ao país dezenas de Prémios Nobel e o colocou na vanguarda do conhecimento científico e tecnológico. O seu programa e o seu génio político é ter sabido interpretar a nova luta de classes, que não é entre quem tem e quem não tem, como imaginou Marx, mas entre quem sabe e quem odeia os que sabem.
Mas, bem entendido, a grande ameaça de Trump à democracia americana e ao Estado de Direito na América e no mundo é o seu profundo desprezo por princípios que temos como universais nas nações civilizadas. Trump comporta-se como um Nero reencarnado, cego de vaidade e embriagado com o desfrute de um poder sem limites. O exemplo extremo disto foi a deportação para a Guatemala, e para uma prisão tida como a mais desumana do mundo, de uma centena de imigrantes venezuelanos que alguém decretou subitamente serem membros de um grupo de criminosos. Sem julgamento, sem instrução e sem defesa, foram expulsos dos Estados Unidos e enfiados numa prisão guatemalteca, sem prazo definido de detenção. Assim, o Presidente americano, sem qualquer interferência da Justiça, arroga-se o poder de acusar, julgar, condenar, decretar e executar a sentença, mesmo em país alheio: juiz de instrução, juiz de julgamento e juiz de execução de penas. E quando um juiz verdadeiro quer saber porque não foi obedecida a sua ordem de suspender a expulsão dos venezuelanos, Trump ameaça afastar esse e todos os juízes federais que contrariem judicialmente os seus desejos, e começou a perseguir, com as suas já célebres notas executivas, até as sociedades de advogados que representaram ou onde trabalhou alguém que o tenha investigado no passado. Trata-se daquilo a que agora chamam o “brokenism”, a política de partir tudo, mesmo a Constituição dos Estados Unidos e os direitos e garantias individuais, em nome da revolução conhecida como Projecto 25 — a tomada de poder por um homem e uma facção ao seu serviço no mais poderoso país do planeta. E, sobre tudo isto, alia a um desejo de vingança sobre quem não lhe reconheceu a vitória eleitoral em 2020, uma crueldade assustadora. O Presidente que se dispõe a fazer propaganda a favor do homem mais rico do mundo, transformando a Casa Branca num stand de automóveis Tesla, é o mesmo que da noite para o dia extinguiu a USAID, mandando para o desemprego todos os seus funcionários e condenando milhões de pessoas à fome, à doença e à miséria, em África e na Ásia pobre, e que corta todas as verbas para a investigação de vacinas para doenças como a malária.
Como é que chegámos aqui? Como é que a “land of the free”, uma nação de referência do mundo democrático, num instante se está a transformar num fascismo unipessoal? Como é que chegámos aqui? Chegámos pelo voto popular, pela escolha da maioria dos americanos. Porque hoje já não é necessário derrubar as democracias por golpe militar: derrubam-se nas urnas por voto popular manipulado e planeado por golpistas silenciosos nas redes sociais.»
Miguel Sousa Tavares, in Jornal Expresso, 27/03/2025
Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=10237432238331143&set=a.10207599050640096
Ilustração Hugo Pinto
Este é o título de um artigo que saiu hoje no Jornal Expresso (a tauromáfia andará assim tão endinheirada?), onde se conta a vidinha vazia e inútil do matador de Touros, conhecido por Pedrito de Portugal, desde que nasceu, e não direi, até morrer, porque ele ainda não levou uma cornada a sério. Os Touros têm sido muito benevolentes para com esta criatura, que NÃO pertencerá ao Reino Animal, e muito menos à espécie humana, por vários motivos e mais este: o indivíduo diz que já levou seis cornadas, pernas todas abertas, e NÃO morreu de dor, porque naquele momento, nem se sente. Só assim fala quem gosta da sensação da dor, por possuir uma desordem psicossexual, normalmente conhecida por masoquismo ou sadismo ou sadomasoquismo. E sabemos que há gente assim.
Ninguém MORRE DE DOR. Poderá morrer das consequências provocadas na carne perfurada por um corno [veja-se a imagem] se não for imediatamente levado ao hospital e tratado adequadamente. No caso dos torturadores de Touros, estes são levados aos hospitais e tratados com os dinheiros públicos – e quem gosta de levar cornadas, e delas sai ferido, deveria pagar os tratamentos com o próprio dinheiro, assim como paga os funerais, quando o Touro, em legítima defesa, manda um desta, para melhor. Os Portugueses não têm a obrigação de pagar os tratamentos a quem pelo simples PRAZER de ferir e matar, vai para uma arena atacar Touros, que são seres sencientes, conceito que o tal Pedrito desconhece, e, ao dizer o que disse, leva-nos a pensar que será um sadomasoquista, além de demonstrar uma ignorância descomunal sobre a Dor, sobre a Senciência e sobre os Animais, algo que ele também, em princípio, será – a não ser que seja uma erva daninha.
Todos os animais dotados de sistema nervoso central sentem dor.
Todos os animais humanos e não-humanos sofrem, sentem dor, têm emoções, sentem medo, sentem fome, sentem sede, e até gostam de brincar...
E isto quem nos diz são as Ciências Biológicas.
Logo, o tal Pedrito de Portugal, ao dizer que levou cornadas, teve pernas abertas e não morreu de dor, não será nem um animal humano nem um animal não-humano (ou seja, um Touro, por exemplo). Será um animal pouco-humano, desumano ou uma erva daninha fantasiada de humano?
Os Touros, porque têm sistema nervoso central e um ADN que se aproxima do ADN do ser humano, obviamente sofrem, e quando os seus torturadores estão a torturá-los eles BERRAM dolorosamente, de tal modo que, enquanto os torturadores os lidam, ouvem-se os trompetes a tocar pasodobles para que não se ouçam os gritos dos Touros. E nenhum animal, quer seja humano ou não-humano grita dolorosamente se NÃO sente dor.
Que o tal Pedrito precise de parangonas para dizer que ainda está vivo, entre os pingos da decadência tauromáquica, e um jornal se preste a dar-lhe essa parangona, é uma coisa lamentável. Que venha a público disseminar ridículas ignorâncias, achando que todos são idiotas como o são os torturadores de Touros, é simplesmente intolerável, em pleno século XXI depois de Cristo.
É no mínimo estranho, que um jornal com 50 anos de existência, ainda não se tenha apercebido de que o mundo já deixou a Idade Média há muito, a Ciência evoluiu, e os que não quiseram perder esse comboio evolutivo, evoluíram também. Hoje em dia, já não há lugar para trogloditas.
Dar parangonas a disparates, a ignorâncias, a alguém que nada mais fez na vida do que torturar seres vivos sencientes, a algo que pertence ao submundo, é simplesmente inaceitável.
Isabel A. Ferreira
Por
Prótouro – Touros em Liberdade:
«O jornal “Expresso” de ontem publicou em manchete que o deputado socialista João Pedro Alves vai apresentar um projecto-lei para modificar as touradas em Portugal de modo que as mesmas sejam feitas com velcro tal como acontece nos E.U. A. (Califórnia e Texas) e no Canadá. A Grécia não tem touradas nem com velcro nem sem velcro tal como o jornal menciona. A única tourada que se realizou na Grécia teve lugar nos anos 70 organizada por um tauromafioso português.
Afirma o jornal que o senil Manuel Alegre acha interessante e que a “prótoiro” e o PAN acham que é uma solução possível.»
«Quando lemos a manchete tivemos de imediato a certeza que o PAN jamais aceitaria tal solução como possível, porque estamos a falar de um partido que apresentou um projecto-lei para abolir a tauromaquia, projecto esse que foi rejeitado pelo parlamento.
E não estávamos errados porque de imediato o PAN se apressou e bem a desmentir tal declaração.
Resta portanto saber no que à “prótoiro” diz respeito se a mesma aceitaria tal solução possível como o jornal afirma ou não. O presidente da “prótoiro” Paulo Pessoa de Carvalho afirma que jamais disse tal coisa o jornalista afirma que o que publicou é exactamente o que o mesmo lhe disse.
E com este diz que disse os aficionados entraram em parafuso porque para os mesmos a possibilidade de touradas com velcro é inaceitável já que é transformar a suposta cultura e arte num circo.
Se as touradas com velcro são um circo – note-se que somos absolutamente contra as mesmas porque embora os bovinos não sejam dilacerados por bandarilhas são sujeitos a altos níveis de abuso e stress – então a pergunta que se impõe é porque é que os tauricidas portugueses aceitam participar nas mesmas no E.U.A. e no Canadá e não aceitam tal prática em Portugal?
A resposta é simples porque o dinheiro que esta escumalha recebe fala mais alto. Já o dissemos várias vezes a tauromaquia não é arte nem cultura é um negócio, negócio sujo em que o único inocente é o animal explorado, torturado e morto num espectáculo de terror que enche o bandulho a todos os terroristas que vivem do mesmo e que delicia todos bandalhos que o aplaudem!
Prótouro
Pelos touros em liberdade»